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Capítulo 41

PATRICK

Agora são oito horas da noite quando vejo a mensagem de confirmação de Aurora. Checo tudo com os olhos conforme ando de um lado para o outro, até que escuto palmas soarem e viro o rosto para ver de onde provém o som.

— O que você está fazendo aqui? — Torno a encarar Richard que está com um sorriso nada carinhoso nos lábios. Ele está todo de preto, assim como eu. Por esse motivo, não o vi chegar.

— Que romântico! — Ele diz sarcástico.

Fecho o punho e tento controlar a raiva que cresce em meu peito. Se ele estiver aqui para de algum modo estragar essa noite...

Richard, com aquela prepotência, se aproxima mais. E antes que eu possa fazer qualquer coisa para impedir o ato, ele estraga a decoração da mesa. As rosas de decoração se esvoam em pérolas vermelhas, e a comida cai no chão.

Agora, meus dentes trincam, mas não é por causa do frio.

— Vá embora! — Rosno e fecho meu punho — Não se lembra do estado em que te deixei?

— Claro que eu me lembro. — Ele se aproxima mais de onde estou. Suas feições estampam ódio — Graças aquilo tenho uma cicatriz no rosto — Ele aponta para o rosto. Em todo o momento me encara profundamente nos olhos.

Engulo em seco ao sentir a aproximação de Richard ficar cada vez mais próxima.

O que esse desgraçado quer dessa vez?

— Sabe o que eu também me lembro?
— Ele pergunta. Aquele sorriso ainda permance em seus lábios. Ele está cada vez mais próximo, que tenho medo do que possa fazer — Também me lembro da sensação dos meus lábios na pele da Aurora.

Eu estou tentando controlar minha raiva, mas depois desse comentário, não mais.

— Vá embora, seu desgraçado! — Minha voz é firme e contém raiva enquanto seguro o colarinho da sua camiseta.

Richard em todo momento me encara com um olhar indecifrável.

— O quê? — Ele dá um sorriso de escárnio — Você tem medo que eu coma sua namoradinha?

Depois desse comentário, dou dois socos nele. Continuo segurando a gola da sua camisa para mantê-lo em seu lugar. Mas ele continua me provocando.

Se ele continuar assim...

— Imagina a Aurora gemendo meu nome enquanto eu a fodo com força. — Richard continua com divertimento.

Dou mais dois, ou três, socos nele. Há sangue na lateral de sua boca. Se ele não parar de me provocar, não sei do que posso ser capaz de fazer. Minha raiva está se esvaindo por completo, e só de ouvi-lo falar essas coisas de Aurora, meu estômago embrulha e sinto vontade de vomitar.

Não quero que Aurora presencie essa situação. Tenho que fazer alguma coisa para ele ir embora...

Mas o que?

— Olha, Patrick  — Ele continua, quando não digo nada — Olha ó para você! Não acha que a Aurora merece alguém melhor?

Vacilo enquanto cambaleio para atrás. Ele está tentando me intimidar. Está tentando mexer com minha insegurança. É isso o que ele quer; fazer com que eu me sinta mal. Mas não vou cair no seu papinho.

— Vá embora, Richard, por favor. Estou pedindo com educação. — Repito tentando controlar a raiva — Não quero partir para a violência.

Richard me encara com desapontamento. Acho que não vou ser capaz de cumprir com minha última fala; tudo o que eu quero é socar esse maldito até que ele pare de falar merda.

— Poxa... Mas eu quero. — Richard, com passos firmes, se aproxima mais, e levanta o punho para me acertar.

Tento impedir. No entanto, não consigo.

E tudo o que escuto é o grito estridente de Aurora soando de algum lugar do parque. Desabo no chão enquanto vejo sangue na palma da minha mão.

Mas não é o meu sangue.

Só consigo dar um pulo para trás quando noto que fios de ruivos-avermelhados preenche toda minha visão. Não consigo notar todos os detalhes devido a penumbra do lugar, mas, percebo que, Richard sai correndo, largando a faca ali mesmo.

Consigo ver que Aurora se aproxima, com passos rápidos e firmes. Ela parece horrorizada, assim como eu.

— O que aconteceu? Ela está ferida? — Questiona rapidamente, parando do meu lado.

— Eu não sei. — Murmuro, apalpando o corpo de Melissa que esta no chão — Richard queria me acertar, mas ela entrou na minha frente. Foi tudo muito rápido...

Passo as mãos pelo meu cabelo em sinal de nervosismo. Aurora me lança um olhar significativo enquanto encara o local, a decoração estragada por causa de Richard. Ela engole em seco e parece querer dizer algo, mas não diz nada.

— Aurora, eu... — Começo dizendo, mas ela me interrompe.

— É melhor levarmos ela para casa. — Sua voz neutra, seu rosto indecifrável. Ela segura a barra do seu vestido com força — Temos que tratar o ferimento dela.

Assinto e seguro Melissa em meus braços. Encaro o céu escurecido, pingos de água atingem minha testa. Aurora parece perceber o mesmo.

— É melhor corrermos.

A chuva começa a ficar mais forte e com Melissa resmungando de dor em meus braços o trajeto foi mais complicado do que o esperado. Em todo momento da corrida, Aurora nem ao menos encarou meus olhos.

Tento impedir que Melissa caia dos meus braços, mas, é difícil, pois ela não para de se rebater. Encharcados entramos na casa conhecida. Escuto murmúrios espantados reverberando por todo o local.

— O que aconteceu? — Laura pergunta. Ela arregala os olhos ao encarar a menina em meus braços.

— Melissa? — Ela sussura espantada ao se aproximar dela.

— Precisamos tratar o ferimento dela. — Digo apreensivo ao colocar Melissa no sofá.

— O que aconteceu? — Ela pergunta.

— Longa história... Mas ela levou uma facada. — Respondo, enquanto limpo o sangue da minha palma.

Com determinação, Laura assume o cargo. Depois de um momento, Caio trás uma toalha para estancar o sangue. Alice pega as ataduras e um kit de primeiros socorros e entrega a Laura.

Laura não deixa ninguém chegar perto de Melissa à medida que trata seu ferimento. Seu rosto é uma máscara sólida. Caio e Alice encaram a cena com rosto aflitos.

Richard queria me acertar, e teria feito se Melissa não tivesse entrado na frente. Escuto passos soarem, levanto meu olhar, logo encontro Aurora subindo as escadas. Sem pensar duas vezes a sigo pelo corredor.


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