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Este ano seria diferente, não iríamos passar aperto, papai não iria precisar trabalhar horas e horas correndo risco de ser assaltado para ganhar pouco como motorista de aplicativo, não estou me queixando dele ter feito isso, está foi nossa única fonte de renda durante um longo ano, contudo nossa vida melhorou bastante depois do seu atual emprego, já que com ele veio uma maré de boa sorte, primeiro foi seu emprego, menos de um mês depois consegui a minha sonhada vaga de estágio na área de arquitetura, estágio este que já dura quase 7 meses, o melhor de tudo e que havia conseguido na maior empresa de Engenharia e Arquitetura do país, o salário pago ao estagiários eram um valor maior do que eu pensei.
Meu primeiro salário que peguei dei todo ele ao meu pai, pedi para tentar quitar as dúvidas que tinha em atraso da casa, sabia que ainda faltava alguns poucos anos para dizer que a casa era nossa, mesmo sendo um sobrado pequeno, era o maior sonho do meu pai e minha mãezinha que faleceu, tem um lugar para dizer que era deles, com escritura e tudo, o sobrado de esquina não era um palácio Gigantesco, mas era o suficiente para nós, eu tinha meu quarto e minha privacidade nele, e o mesmo acontecia com o pequeno Cris, meu irmão que era minha vida, faria de tudo para sua felicidade ser plena.
Havia me afastado de alguns amigos maldosos nós últimos tempos, pois não gostava nenhum pouco dos comentários homofóbicos feito ao meu irmãozinho, e eu tinha medo de que pessoas piores do que estas tentassem algum mal contra ele, desde pequeno notei que ele era bem diferente de mim e de outros garotos, meu irmão sempre foi mais delicado, sempre foi um doce comigo, sempre se preocupou bem mais com todos a sua volta do que com ele mesmo, quando nossa mãe faleceu ele e meu pai sofreram bastante, tentei com todas as minhas forças não me abalar mais foi difícil, ainda mais o medo de perder eles, durante os dias seguintes após sua morte uma amiga da faculdade me ajudou a superar está perda, foi no carinho dos braços de Fernanda que consegui passar por tudo isso.
Meses após começamos a sair, e foi em uma destas saídas que nosso lance se aprofundo e hoje estamos juntos a mais de quatro anos, está garota se tornou a luz do meus olhos, e minha âncora nas horas difíceis, nosso relacionamento não era 100% perfeito, longe disso, havia nossas brigas bobas, e discussões sem sentido, mas a reconciliação que vinha após cada briga era a melhor coisa.
— Rodolfo, acorda pra vida mano.
Olhei na direção que veio a voz e encontrei o dono dela, aquele cara diante de mim com seus óculos de armação fina e um cabelo loiro bem encaracolado me fez ter mais uma vez esperança em uma amizade verdadeira, desde o nosso primeiro dia de estágio aqui na LAMEU ENGENHARIA, o nosso sangue bateu super bem, Benji é um cara sonhador igual a mim, nossos gostos para filmes e jogos era algo que tinha uma sintonia super foda.
— Caralho viado, nem te vi chegar... E o grande encontro da semana rendeu? _perguntei a ele que tinha um sorriso bobo e apaixonado em seu rosto, eu conhecia bem está expressão, pois sempre a via no espelho após uma longa noite de amor coma Fernanda.
— Sim mano, bem até de mais, as dicas que você me deu, foram certeiras... Se você não fosse hetero diria que tem segredo que você não me contou.
Sorri sem graça com sua frase, pois sim sou um cara hetero, segredos talvez, acho que se não fosse os pequenos segredos em nossa vida a adrenalina nela seria pouca, mas na verdade, o que fazia muito era pesquisar sobre vários assuntos, e depois que eu tive a minha certeza sobre a sexualidade do meu irmão, me foquei muito neste tipo de assunto, queria poder uma conversa super natural com ele, mas não queria forçar sua saída de Nárnia, sabia que ele teria seu momento, e eu estaria ali para poder ajudar meu maninho com tudo.
— Só foi uma sugestão Benji, mas ainda bem que deu certo.
— Sim você acertou bem... Mudando de assunto, alguma ideia para o projeto?
Olhei para a minha mesa de desenhos, e ainda não havia pensando em nada para mudar ele, o projeto em questão era a parte de recreação de um condomínio que a LAMEU ENG. estava fazendo a solicitação do nosso chefe, o senhor Fábio era bem simples, criar algo novo ali dentro que fosse um diferencial para o condomínio, mas ainda não consegui pensar em nada, nem meu parceiro de projeto, ambos estávamos travados.
— Uma dúvida! Você sabe onde vai ser feito o projeto?
— Não! Mas posso descobrir, pensou em alguma coisa? _Benji perguntou me encarando.
— Talvez sim, mas preciso saber se o projeto e de uma área real ou somente um teste para nós dois.
— Não havia pensando nesta possibilidade, pois se for um local real não me diga que pensou em visitar?
— Mano você leu minha mente, realmente pensei em visitar o local, pois da pra tirar algumas fotos é fazer um projeto muito melhor da área.
Benjamin só fez sinal dizendo que iria descobrir é voltava com a informação que precisamos, se o local não existir, então a abordagem seria ver com o Sr. Fabio sobre como e o terreno, se o local existe, aí sim as nossas ideias poderia fluir mais fácil após uma visita, já estava até pensando em falar para o Benji que poderia levar a Fernanda, e ele seu namorado que após nossa "visita técnica" poderíamos pegar um cinema ou beber algo, não demorou muito e meu amigo volto com um grande sorriso no rosto e eu sabia muito bem do que se tratava aquele seu sorriso.
O dia de nossa visita técnica acabou se tornando um pretexto para outra coisa, meu amigo estaria comemorando aniversário de namoro nesta mesma semana, por sorte a alguns meses eu havia conhecido o Cássio, um ruivo super gente boa que era ao namorado do Benji, e ele a alguns dias havia me pedido ajuda para levar o namorado até uma chácara onde pretendia fazer uma festa surpresa, Cássio me passou o endereço do local e a única coisa que tinha que fazer era dizer ao Benji que ali era o local da nossa visita.
Cássio me avisou que ele só foi uma vez no lugar é que provável ele nem lembraria onde ficava, durante as mais de duas horas de viajem ele me perguntava se o endereço estava certo, que acha que não ficava tão longe assim, ele achava que iríamos a São Roque na área do tal condomínio, então a demora para chegar era meio que explicável.
Cássio havia deixado tudo preparado para entramos direto a chácara, assim que meu amigo viu os carros parados ele se virou em câmera lenta.
— Puta que pariu Rodolfo!
Benji ficou super animado ao ver aquele casarão decorado, já havia caído a ficha dele que tudo foi preparado pelo Cássio e sua família.
— Gigante seu cara de pau, você sabia disso tudo? _ele perguntou com um mega sorriso no rosto.
— No dia seguinte que almoçamos Cássio, Você e Eu... Bem o Cássio me chamou para almoçar de novo e me contou ou planos dele.
Para mim a verdadeira surpresa quem teve neste dia fui eu, já que ali entre os convidados havia um rosto muito familiar, não havia como não reconhecer aquele pequeno par de olhos e todos seus trejeitos, mesmo usando uma leve maquiagem no rosto e roupas femininas eu conhecia muito bem aquela garota, melhor dizendo eu conhecia muito bem meu irmão Cris, o que não sabia era que ele conhecia todas aquelas pessoas, e também não imagina que meu irmão na verdade era uma criança Trans, acho que era isso que os meninos e nada haviam me dito.
A tempos já suspeitava que ele poderia ser gay, Benji e Cassio haviam me dado alguns conselhos sobre como conversar com ele, mas mesmo achando super válida cada palavra, aí da sim era difícil, o primeiro a me notar foi o bicudo do Juan, que pegou meu irmão pelo braço e saiu com ele da minha vista.
— Rô aconteceu alguma coisa? _Fernanda me perguntou, assim que parei de andar.
— Não amor, só acho que vi meu irmão.
— Tá brincando? Sério que ele está aqui? _Benji falou olhando na direção que meu olhos estavam vidrados.
— Vamos então... Quero apresentar vocês dois aos meus tios e primos e conhecer seu maninho.
Conforme entramos na casa havia um mar de cabelos vermelhos vindo falar com a gente, não era só a família do Cássio que estava ali, mas também seu pai com sua namorada, após conhecer melhor a história do meu amigo, sentia uma ponta de inveja dele, pois a família dele e do Cássio eram super amorosas, depois de deixar nossas malas no quarto que nós quatro iríamos dividir, mudei de roupa, colocando algo mais confortável e Fernanda fez o mesmo.
No lado de fora próximo a piscina avistei o Juan conversando com dois homens, um deles eu já havia visto antes, era o Sr. Guilherme, agora o outro homem que olhou na minha direção com cara de poucos amigos, ele falou algo aquele peste que ficou todo encolhido, fiquei só observando o que ele iria fazer, ele falou algo que fez aquela criatura se irritar e chamar atenção de todos.
— O que aconteceu ali?
— Amor... Acredito que aquele escândalo todo ali tem a ver com o Cris.
Ela me olhava sem entender bem o que havia dito, mas eu sabia o que havia visto a poucos minutos atrás, e quando vi o Juan sair correndo em direção a casa, somente pedi a ela para arrumar um jeito do pai do Juan e o outro cara não virem atrás de mim, Cássio e Benji me viram passar correndo é eles perguntaram se eu estava bem somente gritei "Dor de Barriga", o que fez todo mundo próximo me encarar, tinha certeza que o Juan havia subido as escadas correndo e fiz o mesmo, vi uma porta no andar de cima ser aberta e no último segundo consegui impedir ele de fechar ela, só não esperava que dentro do quarto além dele e meu irmão haviam dois cachorros enormes que quase me fez desistir de entrar ali dentro.
— Te achei Tampinha! _falei tomando cuidado de não fazer nenhum movimento brusco.
— Rô, eu posso me explicar?
Quando olhei para o meu irmãozinho seu rosto estava todo borrado, e seus olhos inchados de mais, por um momento achei que culpa de tudo àquilo havia sido do Juan e gritei indo na sua direção.
— O que você fez ao meu irmão?
— E melhor você não se mexer muito ou Bono e Oreon te matam.
— JUAN NÃO! _Cris falou segurando um dos cachorros que acho que aquilo fosse um gesto de carinho e lambeu seu rosto.
— Oreon! _O garoto só disse isso e o dálmata parou de rosnar para mim.
— Podemos conversar Tampinha?
Meu irmão tinha um certo olhar de medo e vergonha em minha direção, notei que ele ainda usava uma roupa bem diferente das que ele tinha em casa, melhor dizendo, aquela era a primeira vez que eu via usando aquele blusão, que mais tarde descobrir ser um vestido masculino.
— Você está bravo comigo?
Aquela sua simples pergunta me deixo tão chateado, se ele tivesse aprontando alguma coisa talvez estaria bem zangado com ele, mas a algum tempo eu já desconfiava da sexualidade do meu irmão, o que estava sentido ali não era um sentimento de raiva é sim insegurança e muito medo, medo do que poderia vir acontecer apartir deste dia, o que nosso pai iria dizer quando ficasse sabendo que provavelmente Cris ou era Gay ou uma criança Trans, isso sim me dava medo, pois como Benjamim e Cassio me falaram que se tornou uma memória bem vivida em minha mente todo santo dia;
"Você e seu irmão, principalmente ele está entrando em um mundo novo onde muitas pessoas vão recriminar e descriminar ele, e a única coisa que ele vai precisa e de seu apoio e carinho sempre Gigante"
— Projeto de espanhol da pra tirar esses cachorros daqui só um minuto?
— Si tanto quieres que mis perros salgan, ¿por qué no te los quitas? _Garoto insolente, acha que nasci ontem.
— João, posse ser "Descomunal" contudo não sou idiota! Plaga, saca la pulga de aquí ahora. _Falei já alternado meu tom de voz, pois não acreditava na cara de pau daquele moleque.
— Bono... Oreon... ¡Hoy hay carne gigante para ti!
Só foi ele chamar o nome dos cachorros que eles voltaram a ficar na defensiva rosnando para mim, sabia que aquilo não iria a lugar nenhum, a não ser eu saindo no braço com os cachorros, e no pior das possibilidades Cris tentando me ajudar e ser mordido.
— Me voy a acercar a mi hermano, y si les dices que me ataquen, ¡sabemos que Cris intervendrá!
Só foi eu falar isso e ele baixou sua bola, sabendo que o que eu havia dito era verdade, Cris não pensaria duas vezes em tentar me ajudar, mesmo ele estando com medo de mim ele não me deixaria virar comida de cachorro.
— Cris o Bono vai ficar aqui com você, qualquer coisa e só mandar ele atacar o Gigante...
Ele falou isso e ficou me encarando, Cris só balançou a cabeça em positivo, antes de sair do quanto ele deu um beijo na testa do meu irmão, que se encolheu todo e ficou vermelho de vergonha, já Juan quando passou por mim colocou os dedos na frente dos olhos e apontou na minha direção, este moleque vai ser uma dor de cabeça enorme, mas deixa ele ficar sozinho e longe destes cachorros.
— Oreon! Viene. _Bastou ele chamar que o dálmata de manchas pretas o seguiu, já o outro ficou sentando ao lado do meu irmão quieto.
Assim que a porta se fechou caminhei em sua direção sem tirar os olhos do cachorro que ainda me seguiam a cada passo, com medo de ser mordido pare um pouco afastado do meu irmãozinho e me sentei de pernas cruzadas no chão.
— Agora que seu namoradinho saiu, mas sei que ele está atrás daquela porta nós ouvindo! _Aponteina porta — Eu te respondo de coração, nunca ficaria bravo com você Tampinha.
Falei isso olhando ele que ainda estava sentado na cama me encarando, sem reação alguma, queria me aproximar mais o medo do cachorro não deixou, o melhor mesmo era ficar ali sentando e esperar ele fazer isso.
— Porque vocês vieram aqui?
— Acho que disse isso quando avisei o papai que iria viajar com a Fernanda e um casal de amigos para um chácara, ou melhor no domingo passado lembra!?
— Você não liga dos seus amigos serem Gays? _ele perguntou isso para mim e senti uma dor tão grande no peito.
Eu não era um homofóbico de merda e acredito que nunca dei motivos para ele pensar assim de mim, mas a dor maior era que ele tinha medo de mim e não confia em mim nenhum pouco. Respirei fundo encarando ele que passou uma das mãos nos olhos.
— Antes de te responder te pergunto uma coisa, você se escondeu aqui, dentro deste quarto porque tem medo de mim Cris?
Ele se encolheu novamente, aquela sua reação era um modo do seu corpo se proteger, de tentar não sofrer.
— Não sei ao certo, primeiro senti medo de você me odiar, de dizer que eu não era mais seu irmão... _Ouvir aquelas suas palavras foram como uma facada.
— Depois veio a lembrança do dia que a mamãe morreu, ela estava bem Rô... _ele falou passando a mão nos olhos.
— Ela havia me dito que não ia me abandonar e me fez prometer que não iria chorar mais. _Eu olhei para ele é vi que não era ao único a chorar.
— Ela se foi no dia seguinte e me deixou... _sua maquiagem estava sendo lavada com as lágrimas.
— Quando o Juan me disse que você tinha chegado me deu tanto medo, pois não quero perder meu irmão também. _Isso nunca iria acontecer, o fato dele ser gay, trans, seja o que for nunca me faria abandonar meu irmão.
— Eu... eu não quero que o papai tenha vergonha de mim e deixe de me amar... Prefiro morrer antes disso acontecer... _Fiquei apavorado com o que ele me disse
— Eu prefiro tirar a minha vida...
— Eu prefiro morrer do que te que viver sem... _ele falava passando a mãos no rosto suas palavras saiam como uma verdade, ele iria fazer isso com toda certeza
Meu irmãozinho poderia se matar, eu o perderia para sempre, nunca mais iria ouvir sua voz, sua brincadeiras, mais uma vez alguém que eu amo muito iria morrer, iria me deixar para todo sempre, primeiro mamãe que não consegui mais lugar contra uma doença, e agora ele diante de mim jurando que a morte, que tirar sua vida seria uma escolha.
Não pensei muito e me levantei e acabei tropeçado, e caindo aos pés do meu irmão que chorava bastante, mesmo ajoelhado na sua frente ficamos quase na mesma altura, segurei seu rosto obrigando ele a me olhar.
— Cris pelo amor de Deus, nunca mais diga uma coisa destas, nunca mais diga que você prefere tirar a sua vida, por favor... _Minha voz quase não saia, meu corpo se arrepio de medo e desespero.
— Nunca mais fala isso, nunca mais por favor. _Minha visão já estava bem embaçada por conta das lágrimas que caiam.
Ouvir da sua boca que ele tiraria sua própria vida me fez entrar em desespero, eu não iria deixar isso acontecer, não iria deixar, não iria, nunca eu deixar de amar ele, não iria perder meu irmão como perdi minha mãe, não iria quebrar a promessa que fiz a ela. Abaixei minha cabeça apoiando ela em suas pernas, sentia o frio das minhas lágrimas, tentava procurar palavras para tira está ideia de sua cabeça, mas não conseguia fazer nada além de chorar.
Fiquei um bom tempo ali ajoelhando apoiando a cabeça em suas pernas e simplesmente chorando, eu deveria dar forças a ele, contudo meu irmão começou a fazer carinho em minha cabeça o que me acalmou um pouco.
— Desculpa! Só não quero ver você sofrendo... Eu tenho tanto medo. _Senti sua cabeça encostar na minha e mais uma vez ouvi seu choro voltar.
Agora entendi as palavras do Benji, e porque ele disse que quando foi "Arrancado do Armário" única coisa que tinha em sua mente era acabar com sua dor, mesmo ele só me contando de forma bem resumida tudo o que aconteceu, de sua mãe o descriminando, dele tentando tirar sua própria vida, e que hoje estava vivo por um milagre e capricho do destino que se tornou seu amigo. Eu olhava para o Cássio que menso tendo vivenciado tudo isso com ele, ainda chorava de medo, quando o Benji saiu alguns minutos para lavar seu rosto, Cássio me disse que as vezes tinha pesadelos com o Ben em uma cama de hospital, e que o conselho que ele poderia me dar era "Ame seu irmão, ame ele sempre, nunca deixe de demostrar este sentimento a ele".
— Eu não posso garantir nada em relação ao nosso pai... Mas eu te digo que nunca vou deixar de te amar ou te abandonar.
Fiz carinho em sua perna tentando avisar que iria me levantar, ele levantou sua cabeça mais sem soltar uma de minhas mãos, aquela sua mão pequena, desde que ele nasceu, sempre fui bem desproporcional em relação ao nosso tamanho, não só ao dele mas sempre fui maior que as outras crianças, quando meu maninho fez 6 anos de idade eu já tinha quase o dobro de sua altura, e um porte físico que dava medo as outras crianças, mas ele adorava isso, dizendo que quando tivesse a minha idade iria ser bem maior do que eu, mas aos 10 anos o tampinha não aparentava crescer mais, já eu por outro lado, precisou nossos pais me levarem a um médico para ver se eu não tinha algum problema, o que foi dito por ele que não, que eu era normal e bem saudável, e que meu crescimento era comum.
Segurava sua mãozinha e fazia carinho nela, como disse meus amigos, demostre amor e carinho sempre, e era isso que fazia, queria demostrar a ele que nunca precisava se esconder diante de mim, ter medo ou vergonha.
— Você sabe que consegue algo melhor que aquele projeto de espanhol? Posso te apresentar caras bem mais bonitos e interessantes.
Falei isso e beijei sua cabeça, esperando alguma resposta, mas não obtive nada, ele ainda permanecia em silêncio, talvez tentando organizar seus pensamentos, sobre aquele momento de descobertas.
— Ficou bonito com está roupa!
— Juan que me deu de presente.
— Uma coisa temos que admitir hoje.
— E o que seria? _ele perguntou passando a mão no rosto e me olhando.
— Ele tem bom gosto, não só para roupas, mas por ter escolhido você para namorar com ele.
— Nem sou tão bonito... Fora que as vezes acho que ele pode me trocar por alguma menina, e não querer ficar com alguém que só parece uma...
— Eu gosto de você assim gatinha.
— Viu... Não prévia ter dúvidas bobas... Ele gosta de você como você e Cris.
— E você? Não acha estranho?
— Olha não sei ainda... Pois precisamos arrumar está maquiagem, ela borrou um pouco.
— Eu não sei fazer muito bem, o Juan que me convenceu de passar lápis nós olhos e usar um brilho.
— Como disse Tampinha ele tem bom gosto, depois eu vou pedir para a Fernanda me ensinar a fazer estas coisas, pois se sou bom em fazer desenhos de prédios, devo conseguir ajudar você a se maquiar.
Falei aquilo de coração, eu iria ajudar meu irmão em tudo que pudesse, não queria mais ver ele preso em um casulo se escondendo do mundo, ele era uma linda borboleta que um dia iria mostrar toda sua cor e brilho.
— Você não fica com vergonha de mim... Ou não me acha estranho?
— Nenhum... Nem outro... E se alguém se engraçar com você olha o tamanho desta mão.
— Isso aí boneco de Olinda! _Filho da puta de espanhol.
— Os meus punhos servem para bater em cunhados que pensar em fazer graça com meu...
Parei de gritar feito doido com aquele maluco, que devia está com os ouvidos grudado na porta, e queria tirar uma dúvida com Cris.
— Cris, só uma dúvida? E para eu te chamar no Feminino ou Masculino agora?
Aquela pergunta fez os olhos da minha irmãzinha brilharem tanto que já imaginava sua resposta, eu sabia que A Cris, só queria poder ser aceita como uma criança Trans, melhor dizendo ela desejava ser aceita como uma Garota, somente isso e nada mais e Eu lutaria contra o mudo se fosse necessário para tornar o seu sonho realidade.
O tempo todo depois que sai do quarto fiquei com o ouvido grudado na porta, se aquele Girafão acha que vou deixar ele só e falar qualquer coisa ao Cris e fazer ele se sentir mal está muito enganado, pois volto e acerto ele. Mas nada disso aconteceu e a única coisa que me fez ter medo foi minha princesa ameaçar a fazer uma besteira com sua vida, senti meu coração doer no peito com está possibilidade, ela não irá fazer isso, daria todo amor e carinho que ela tanto deseja.
— O que você está fazendo aí? _Alguém havia falado comigo.
— Fica calado tenho que ouvir.
— Ouvir o que?
— O que falam! _Olhei para quem estava me incomodando e dei de cara com meu Avô e meu pai.
Tentei dá um resumo a eles sobre o que ouvi e o que acontecia ali dentro do quarto, eles me olharam e meu avô falou que tudo bem, e saiu dando bronca no pai Gabriel dizendo que ele e exagerado de mais, e os dois saíram me deixando ali tentando ouvir o que ainda falavam no quarto.
Quando fui encostar minha orelha melhor na porta quase caí para dentro do quarto, mas o gigante havia me segurando, olhei para ele todo sem graça tentando me levantar.
— Sério? Cris você consegue coisa melhor que este espanhol paraguaio.
Me ajeitei já pensando em uma boa resposta para ele, mas deixei para lá, olhei aí Cris que dava risada, sua maquiagem estava um caos, se fosse uma festa de dias das Bruxas ela estaria perfeita, mas para hoje ela teria que ser perfeita, Cris se olhou no espelho e avisou que ia no banheiro e já volta, passou por nós dois que ainda estávamos na entrada do quarto, assim que ela entrou no banheiro o Gigante segurou meu braço.
— Se você magoar minha irmã, fazer ela sofrer, ou qualquer coisa do tipo faço você sumir do mapa.
Olhava para ele que sorria ao dizer isso para mim, não sei se ficava feliz por ele chamar minha princesa assim ou com medo do que ele havia dito.
— Outra coisa... Obrigado!
Ele falou me soltando, agora que não entendia nada que aquele gigante falava, abri minha boca algumas vezes mas não sabia ao certo o que falar para ele.
— Ela mudou muito só começo do ano até hoje, parece mais forte e muito mais decidida, desejo que isso não mude, mesmo depois que nosso pai ficar sabendo. _Ele respirou fundo e passou o olhar por todo o quarto.
— Quero acreditar que vocês não dormiram na mesma cama.
— Elas são grandes... _seu olhos ficaram estreitos e me encarando.
— Cris e uma princesa é nunca vou fazer nada contra sua vontade.
— Assim espero! _ele me disse de forma grossa.
— O que você espera Ro? _fomos pegos de surpresa por ela que voltava ao quarto.
Seus olhos estavam levemente inchados por conta de ter chorado na última hora, mas nada que um corretivo desce um jeito no seu rostinho perfeito.
— Alguém vai me ensinar a fazer maquiagem, ou tentar. _o Tropeço falou colocando aquela mão enorme em meu ombro e apertando ele.
Como se aquele monstro gigante fosse conseguir fazer algo simples e delicado com aquelas mãos de pá que ele tem, um pincel some entre seus dedos, o que dirá algo menor como um lápis de olho, mas pensando bem não faria mal ensinar a ambos sobre maquiagem, ainda mais a está coisa desproporcional.
— Vou ensinar o Girafão, mas não hoje, vem senta aqui e vamos retocar a maquiagem. _Falei me afastando dele e indo para mais próximo da Cris que tinha as bochechas avermelhadas de vergonha.
— Acho melhor não, deixa para... _Ela não queira por conta do irmão, por vergonha dele
— Não senhora! Pode sentar ali e deixar o Raul te maquiar, tenho certeza que a uma Hora atrás você está incrível e não e justo só ele te ver mais bonita do que você já e Tampinha.
A sua cara de criança pidona fez minha princesa aceitar, limpei seu rosto com calma, o gigante sentado na cama só observava tudo com atenção, tentando entender o que eu iria fazer, quando avisei a Cris que tinha terminado ela segurou minha mão, sua pequena mão estava fria e tremendo, ela ainda tinha medo de uma reação negativa vinda do irmão, mas ele olhava ela com admiração, acredito eu que ele se preparava para tudo isso a algum tempo, não vi olhar de reprovação nem nada de negativo vindo dele, ao contrário ele sorria bastante, como se deseja-se pegar qualquer tristeza da minha princesa para ele, era nítido que tudo o que ele me disse antes foi verdade, e eu estou fudido se fizer uma merda por menor que seja, mesmo que não seja minha intenção ele me mata.
— Caramba Raul! Você tem um dom menso, ficou muito mais linda do que minha irmã já é.
— Sério? Não achou estranho? _ela perguntou surpresa e sem graça a ele.
— Você e perfeita, a única coisa estranha e o espanhol paraguaio ao seu lado. _
— Me chamo Juan Álvares, e sou Argentino... Entendeu girafão.
— Viu Cris, você consegue um namorado melhor do que ele, além de ter este nome estranho e Argentino, ninguém merece ele como cunhado.
Cris só olhava e dava risada da nossa cara, e isso me deixava muito feliz, pois o girafão mesmo sendo desproporcional como ser humano tinha um bom coração e tratava a Cris super bem. Após deixar ela incrível com uns retoques no cabelo ele fez questão de tirar algumas fotos com minha princesa e até me chamou para tirar uma com ele depois que eu retoquei a minha maquiagem, estávamos bem distraídos já que todas as fotos que ele tirou de nós dois eu parecia um anão ao seu lado.
— Olha ali Raul! _ele disse apontando para sua irmã na frente do espelho que tirava uma self com um sorriso bem discreto no rosto.
Quando voltamos para onde a festa acontecia todos ficaram encarando nós três, e acredito que realmente foi uma surpresa, do girafão ser amigo dos meus primos é irmão da minha gatinha.
— Vocês dois não sabe como estou desde ontem me segurando para não dar com a lingua nos dentes e estragar a surpresa para o Benji.
Cassio falou vindo até nós junto com Benji e a namorada do meu cunhado, então realmente eles se conhecem e já sabia ou melhor suspeitavam e tiveram só a confirmação das suspeitas.
— Gigante bem que você disse, sua irmã e muito linda e fofa. _ Ela olhou sem graça ao Benji, e aquela sua doçura todo e de me matar.
O decorrer do dia passou calmo e tranquilo, havia desfeito o mal entendido com meus pais e Vô Yuri, explicando toda conversa que ouvi de trás da porta e depois de nós três dentro daquele quarto, pai Gabriel falou que ficou muito feliz e orgulho de eu ter feito de tudo para proteger a Cris, mesmo vendo que não havia chance com o Girafales.
Depois do nosso jantar recebi uma notícia bem triste, mas que havia deixado minha bonequinha feliz, Cássio e Benji pediram para eu trocar de quarto com eles, olhei em desgosto ao comprido que escondia uma risada, tinha certeza que aquele pedido foi ideia dele querendo ficar me vigiando a noite toda para poder me espancar na primeira gracinha.
— Só não falo pra minha irmã dormir na mesma cama comigo pois ela e pequena.
— Lógico você e todo desproporcional
— Espero que vocês não estejam trocando farpas mais uma vez!
— Nãoooo! _Respondemos juntos a pergunta da Cris o que fez todos começarem a rir com nossa resposta.
Antes que eu me esqueça, comente muito, mais muito mesmo nós capítulos e o que estão achando da história, não esqueça de deixar aquela 🌟, pois e assim que sei o quanto estão gostando do livro 😜😘
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