
Me desculpe
Tudo parecia estar seguindo bem, o plano ficava cada vez mais completo, com mais detalhes e várias outras alternativas caso alguma abordagem desse errado, a confiança dos meninos ficava cada vez mais alta, Bangchan já não estava tão pessimista com essa ideia como estava no início, ele tinha confiança o suficiente nos meninos e em suas habilidades para conseguir se deixar mais calmo, esquecendo por alguns minutos a possibilidade de que poderiam perder alguém de vez com tudo isso e que poderia ser um enorme fracasso.
Mesmo que Jisung os ajudasse tanto dizendo o que sabia do governador e de sua vida pessoal, já que cresceu ao lado de Jongho e seu filho/sobrinho, ele ainda sentia um pequeno sentimento ruim no peito, como se sentisse que alguma coisa estivesse dando errado, não sabia se era desconforto por trair seu Governante ou um pressentimento ruim.
O grupo se preparava para sair novamente, estavam treinando no local que iriam emboscar Jongho para que estivessem acostumados com aquelas terras e tivessem vantagem com o terreno, Ryujin deu uma olhada rápida no ferimento do Han para que ele pudesse partir sem preocupações, Seungmin gostava de fazer pequenas brincadeiras dizendo que um tapa-olho combinaria com Jisung, Jeongin acabou sendo contagiado pelo Kim e fazia o mesmo com o Han. Ainda doía para Jisung saber quem fez aquele ferimento, mas as vezes queria que tratassem isso dessa forma mais cômica e despreocupada para que aliviasse essa dor, não queria ser tratado como um boneco de porcelana que tinham que tomar cuidado para que não acabasse rachando e quebrando, isso o fazia se lembrar de tudo novamente e era cansativo.
- Cuidado, não quero que mais alguém chegue aqui todo quebrado, chega de trabalho para mim! - Ryujin brincou dando um soco leve no braço do Han.
- Acho que vamos estar aqui novamente na madrugada - Bangchan disse caminhando até a porta com a bolsa de armas pendurada em seu ombro direito.
- Está bem, irei esperar por vocês, só não façam muito barulho, meu avô tem estado com febre ultimamente, não quero que perturbem o descanso dele na madrugada. - a Shin disse já acenando - Podem ir agora.
- Está nos expulsando? - Changbin reclamou.
- Estou, tchauzinho!
- Você nos trata muito mal, Ryujin! - Changbin se vitimizou - Um dia vai implorar para que nós fiquemos aqui.
- Espero que esse dia demore bastante.
- E se nos assaltarem na estrada? E se nos espancarem? Não vai se culpar por ser tão insensível comigo?
Os meninos, principalmente Hyunjin e Seungmin, riram de Changbin e de sua vitimização e paranóia. Ryujin revirou os olhos e deu um tapa no braço do Seo, o expulsando de casa mais uma vez.
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Seonghwa estava parado na frente do general Hwang, já havia dado o bilhete que encontrou no carro de Seojun, mas não pareceu surpreendido, como se já estivesse esperando por isso.
- Vá até a casa desses Shin, faça o possível para não deixá-los escapar.
- Mesmo que isso mate nosso informante?
- A vida dele não importará quando tivermos o grupo inteiro morto.
Seonghwa assentiu e se curvou, pedindo permissão para sair. O Park caminhou pelos corredores rapidamente, ele passou rapidamente no gabinete de Jongho para avisar que iria sair para a missão de captura, então o governador teria que deixar HueningKai sobre os cuidados de outra pessoa de confiança.
Seonghwa juntou o grupo de soldados que o general não mediu esforços para deixar à sua disposição e liderança, ele explicou de forma breve sobre a missão, omitindo o detalhe que os alvos eram os fugitivos de Yxen, esse detalhe poderia ser omitido por hora para evitar que isso vazasse de alguma forma, só deveriam saber que os alvos estavam armados e eram perigosos para o governador.
O Park só precisava pegar o grupo desprevenido, sem chances de revidar o ataque, isso não era só uma questão de proteger o governador ou honra, mas sim uma questão de prestígio e fama. O quão famoso Park Seonghwa seria se fosse lembrado como aquele que atuou ativamente como líder na captura dos demônios de Yxen? Fama e prestígio eram necessários para ter uma boa vida na capital, e ele estava mais do que interessado nisso, não seria mais tratado como somente "guarda-costas" de Kai Kamal Huening, um pirralho que não sabia nada sobre a verdade por trás do seu "pai", ele seria um herói.
Ele não se importava se o que faziam com os Yxenianos era desumano, só queria seguir o sistema já estabelecido e estar ao lado de todos que estavam no topo, queria ser superior, tinha ganância por mais poder, mais adoração e, principalmente, dinheiro. Não importa qual seja o caminho usado para alcançar isso, todos já viviam às custas de um povo miserável atrás das muralha, viviam as custas do sangue e suor que derramavam todos os dias, mesmo que já não tivesse mais sentido algum nessa divisão, virou algo normal para todos a ideia de ficar cada vez mais ricos e poderosos às custas dos Yxenianos. Os Andenianos eram os verdadeiros demônios, só não admitiam isso para si mesmos.
- Temos que chegar em Grim hoje à noite, então vamos partir imediatamente.
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Os oito jovens não faziam idéia de quanto tempo já havia se passado, mas estavam exaustos e a escuridão não os ajudava muito, por isso decidiram voltar para Grim, a estrada para Lyfis era bem irregular e havia até mesmo troncos e galhos caídos que deve ter sido a consequência de alguma chuva forte, isso poderia ser usado como uma boa vantagem, então não reclamavam, mas voltar para casa enquanto evitava tropeçar em algum galho ou tronco era estressante, Felix quase caiu quando se distraiu, mas foi segurado rapidamente por Hyunjin que estava ao seu lado, evitando que o Lee caísse.
Quando finalmente chegaram em Grim, já era de madrugada, mas as luzes da casa dos Shin continuava ligada, Ryujin provavelmente estava os esperando chegar, como disse que iria. Estavam aliviados por terem chegado, poderiam finalmente descansar de forma digna após tanto tempo de treino e caminhada. Bangchan tomou a frente e bateu na porta, após alguns segundos ouviram a voz de Ryujin pedindo para esperarem e a porta foi aberta devagar. A Shin não parecia estar muito bem, na verdade estava pálida e trêmula, não entenderam o porquê disso então ficaram preocupados com ela.
- Ryujin, você está bem? - Bangchan perguntou preocupado - Aconteceu alguma coisa?
- Não, está tudo bem, entrem logo, antes que alguém os veja na rua - ela deu espaço para que eles entrassem.
Nada parecia estar diferente dentro da casa ou desarrumado, somente Ryujin que parecia assustada.
- Aconteceu alguma coisa com Doyun? - Jeongin perguntou.
- Meu avô está bem, está dormindo no quarto. - ela sorriu de forma fraca - Vocês não devem ter comido nada, não é? Fiz bastante comida para o jantar, para que vocês pudessem comer quando voltassem.
- Obrigado, Ryujin! Eu realmente estava com fome - Changbin disse já se sentando em uma das cadeiras ao redor da mesa, sendo seguido pelos outros meninos.
Bangchan colocou a bolsa de armas em cima do sofá e se sentou junto com os meninos, ainda estava preocupado com Ryujin, ela não parecia estar se comportando de forma natural, estava nervosa e tremia levemente de forma quase imperceptível, mas as vezes ela acabava deixando isso bem visível quando segurava algum objeto. Logo ela terminou de servir os meninos, colocando os talheres e panelas em cima da mesa, e se sentou no sofá, ficando afastada dos meninos.
Hyunjin foi o único a não se sentar com os outros meninos, não estava com fome e sim cansado, queria tomar um bom banho e dormir, se importaria com a fome somente quando acordasse com as energias renovadas, por isso foi diretamente para o quarto, para poder se trocar e tomar um bom banho. Ele só não esperava que no momento em que abrisse a porta do quarto, fosse recebido com um soco bruto em seu rosto, que o fez ficar atordoado por alguns segundos, já que não esperava por aquilo. Os meninos que já estavam começando a comer, ouviram o barulho e se levantaram rapidamente, afobados e logo a sala abrigou vários soldados armados, que conseguiram pegar a bolsa de armas antes que Felix conseguisse se aproximar dela. Ryujin evitava olhar para eles, parecia culpada e arrependida por isso, mas sabia que não podia fazer nada contra, então estava impotente.
- É bom ver você novamente, Capitão. - Seonghwa disse de forma sarcástica para Hyunjin, que estava sendo imobilizado por dois soldados - É triste ver como você decaiu, vendo você dessa forma tão inferior, acho que me sinto mais prestigiado.
- Seonghwa, eu nunca serei inferior a você, isso garanto.
- Veremos se não será inferior. - o Park sorriu e mudou sua atenção para os irmãos Lee - Acho que estavam felizes com a ideia de tentar escapar das mãos do governo para sempre, mas sinto informar, que terão que me acompanhar até a capital para que possam ser julgados.
- Para quê um julgamento? - Minho bufou - Só seja sincero e diga que vão nos executar.
- Vocês terão direto a um julgamento, porém, tenho que concordar com você, Lee, com toda certeza serão executados. - Seonghwa caminhou até a Shin sentada no sofá, paralisada e se sentou ao seu lado - Fiquei um pouco desapontado quando cheguei aqui com meus subordinados e não os encontrei, felizmente, essa Shin aceitou nos abrigar aqui para que pudéssemos esperar pela volta de vocês.
- O que ele disse para que você o ajudasse, Ryujin? - Jisung disse olhando para a Shin, que ainda evitava contato visual.
A Shin olhou para a direção do quarto do seu avô e deixou um soluço fraco escapar.
- Ele é minha única família, não posso o perder... Me desculpe.
Agora eles entendiam o porquê dessa "traição" vinda de Ryujin, ela não teria feito isso por vontade própria, era mais lógico pensar que ela faria isso se fosse ameaçada.
- O avô dela é muito hospitaleiro, ele abriu a porta quando chegamos, é um senhor muito gentil. - Seonghwa se levantou do sofá - Infelizmente os Shin são traidores.
Felix deixou sua atenção em Hyunjin, não parecia estar machucado, só não conseguia se soltar dos dois soldados, comparando o Hwang com o Lee mais novo, Hyunjin era muito inferior na luta corporal, então ele não conseguir escapar era mais do que esperado, ainda mais com o cansaço que estavam sentido após ter um treinamento intensivo. Mas eles não podiam simplesmente aceitar seguir Seonghwa na direção da morte certa, só precisavam pegar alguma arma ou começar um caos dentro da casa.
Seonghwa se aproximou do grupo, andando na direção de Seungmin e parou na sua frente, sem senso algum de perigo, até porque tinha muitos soldados no local para servir de proteção e eles não estavam armados.
- É melhor que você volte para a capital conosco, sua irmã está com saudades.
O Kim não o respondeu, continuou quieto e olhando para o chão, evitando contato visual com o Park. Felix aproveitou o momento em que Seonghwa estava focando sua atenção em Seungmin e pegou uma das adagas que nunca se desapegava. Os soldados se aproximaram para imobilizar o resto do grupo quando receberam a ordem de Seonghwa, esse foi o momento que o Lee conseguiu de passar uma das duas adagas para que Hyunjin pudesse se soltar.
Quando conseguiu dá-la para o Hwang, a primeira coisa que ele fez foi se soltar dos braços que o apertavam e afundar a adaga nos pescoços dos dois soldados, Felix também se soltou do que estava o segurando e o atacou com um golpe rápido nas suas pernas, assim conseguiu a arma com o soldado e a passou para Minho.
O caos se intensificou, aos poucos os outros meninos também se rebelaram e atacaram os soldados, Minho e Felix já eram temidos por terem conseguido escapar de Yxen matando a maioria dos soldados da muralha, agora eles mostravam que realmente temer era o certo, Seonghwa até mesmo se sentiu intimidado inicialmente quando percebeu as baixas que estava sofrendo, o nível da habilidade dos meninos, principalmente dos Lee's, era bem superior aos dos soldados, o único que não conseguia seguir o ritmo do grupo era Jisung, que não havia se acostumado ainda estar sem seu olho esquerdo e mostrava a exaustão em seus movimentos de forma clara.
Changbin conseguiu duas armas e passou uma delas para Bangchan, Jeongin se aproveitou do caos e conseguiu chegar até a bolsa de armas, já que era o que mais estava perto dela no momento, Ryujin tentou buscar abrigo no quarto de seu avô, mas o caos impedia sua passagem. Nesse momento, Doyun provavelmente já teria acordado com todos os barulhos de disparos e gritos que preencheram a casa, ele não sabia o que estava acontecendo, não sabia quem era Seonghwa, ele acreditava que era mais um grupo de pessoas que precisavam de ajuda e sua neta estava cuidando deles, mas ouvindo todos esses barulhos, se preocupou com Ryujin.
Eram muitos soldados para que eles conseguissem derrotar, ainda mais com seus corpos implorando por descanso, por isso decidiram recuar aos poucos até a porta da saída, isso deu certo e logo tiveram um espaço maior e aberto, eles correram enquanto os que tinham armas dentro do grupo atirava contra os soldados que os perseguiam, os moradores do vilarejo acordaram assustados e não se atreveram a sair de casa com medo de serem atingidos acidentalmente.
Eles correram e por causa da escuridão, se perderam um dos outros, ficando em duplas ou trio.
Felix e Hyunjin.
Minho, Jisung e Bangchan.
Jeongin e Seungmin.
Mas Changbin acabou ficando sozinho, se perdendo de todos os outros meninos, o desespero não deixou que ele percebesse isso. Os soldados o perseguiram de perto e ele já perdia as esperanças de conseguir fugir, até que foi alcançado e capturado.
- Vamos levá-lo para a capital - Seonghwa disse arfando, tentando recuperar seu fôlego - O governador fará o que quiser com ele.
Não me matem, por favor.
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