Kim
Naquele dia, Seungmin estava exausto, sua perna latejava e, mesmo com o tratamento médico que recebeu enquanto estava preso naquela cela, sentia suas pálpebras cansadas devido à febre alta. Mantia-se acordado muitas vezes tentando conversar sobre algo com o seu, agora, vizinho de cela, Hyunjin.
Neste dia, em que foi chamado mais uma vez para um interrogatório, ele sabia bem o que viria a seguir. Na sessão anterior fizeram perguntas sobre sua irmã mais nova, que o deixou claramente perturbado, o que foi visto como uma vitória para o General, pois agora tinham uma boa carta de troca. Lealdade por proteção.
Ele só não esperava que, durante o breve tempo em que aguardava pelo General ou quem fosse o interrogar, a pequena garota de doze anos entraria pela porta, ao lado do Hwang e do Governador, correndo na direção dos braços do irmão mais velho. Estava assustada, mas visivelmente aliviada em estar ao lado da sua figura protetora. Seungmin levantou de sua cadeira, ajoelhando-se no chão para receber Soo Hee.
— Irmão, o que está acontecendo? — ela perguntou em um murmúrio.
Seungmin segurava sua irmã de forma extremamente protetora, como se estivesse a protegendo de um grande predador. Soltando seu abraço com a garota e se afastando apenas o suficiente para encarar o seu rosto, tentando enxugar uma pequena lágrima de medo que escapava dos olhos lacrimejantes da Kim.
— Soo Hee, está tudo bem, okay? O maninho vai resolver tudo.
Ele deixou seu olhar cair sobre a figura do General, parado em frente à porta de ferro fechada atrás de si. Se levantou, mantendo Soo Hee ao seu lado, essa que o abraçava, escondendo seu rosto em suas roupas. Ela normalmente não ficava tão nervosa assim ou ficava com muito medo, provavelmente o Hwang teria a ameaçado, como fez com Seungmin no dia anterior.
— Agora você vê que não era um simples blefe do General, espero que sirva para fazê-lo pensar melhor na nossa proposta — Jongho disse, se sentando em uma das cadeiras de metal postas no local, presas ao chão.
— Como vocês podem ter a capacidade de envolver Soo Hee? Ela só tem doze anos e não tem nada haver com tudo isso!
— Ela é uma boa moeda de troca, não concorda? Sua lealdade pela proteção da sua amada irmã. Seungmin, só preciso da sua ajuda para pegar pessoas que você sequer conhece direito. Entre eles e sua irmã mais nova, qual você prefere?
Seungmin não respondeu, a resposta parecia muito óbvia, Soo Hee era a pessoa que o Kim mais amava, não conseguia sequer pensar na hipótese de perdê-la para proteger outro alguém. Mas parecia tão inumano colocar a vida de outras pessoas em uma balança e escolher qual ele achava que valia mais, havia pessoas naquele grupo que eram boas. Bang Chan e Changbin fugiram com ele, Changbin somente queria ficar longe daquele cenário sanguinário e levar seus amigos junto. Minho e Felix eram irmãos, Seungmin sabia que provavelmente eles se amavam tanto quando o Kim amava a pequena Soo Hee. E ele esperava que Jeongin não estivesse envolvido naquilo também, a última vez que se viram o mais novo voltava para casa apressado após um enorme susto.
Aquilo era tão… Cruel.
A vida deles não valia menos que a sua ou a de sua irmã, mas ele a amava e estava disposto a sacrificar tudo para deixá-la segura.
E se "sacrificar tudo" significava entregar um grupo inteiro de bandeja para aqueles que com toda certeza os condenaria a um final ruim, Seungmin estava disposto. Ele iria perder toda a sua credibilidade, seria tachado como monstro pelo grupo, e o próprio povo de Andena ainda o odiaria por ser um "ser repugnante" que nunca deveria ter saído de Yxen. Mas isso valeria a pena se pensasse que Soo Hee poderia crescer em um lugar mais pacífico, sem precisar se preocupar sempre com sua saúde frágil enquanto estava rodeada de um lugar que exalava podridão e odores asquerosos.
— O que exatamente vocês querem? — Seungmin perguntou, a voz arranhou sua garganta com brutalidade, saindo áspera e demonstrava bem o esforço e a luta interna que estava tendo enquanto pronunciava cada palavra.
— É bem simples, preciso que os incite, os incite a atacar o Governador — Hwang Donghoon respondeu.
— Mas… Vocês não querem evitar isso?
— Seungmin, isso os jogará diretamente em meus braços, eles não conseguirão ir muito longe. Tudo estará sob o nosso controle. Siga nossas ordens e os dois estarão seguros. — o Hwang se aproximou dos Kim's — Agora, se me der licença, preciso levá-la, e você será levado de volta para sua cela. Daremos um tempo para pensar no que você irá fazer.
— Se aceitar nos ajudar, você poderá sair da delegacia e da capital com segurança — Jongho abriu a porta de ferro.
— E Hyunjin? Ele ficará preso?
— Não se preocupe, ele irá com você — Donghoon respondeu após finalmente conseguir puxar Soo Hee para perto, a separando do Kim.
Os policiais entraram novamente na sala de interrogatório com a saída do Governador e do General, puxando o Kim para segui-los, o algemando e o guiando até seu bloco de celas novamente.
Donghoon e Jongho seguiram juntos com Soo Hee, em silêncio, até o Choi se manifestar.
— Também irá soltar Hyunjin? — a falta de resposta o fez continuar — Eu entendo, ele é o seu filho, no fim das contas. Mas não ouse deixar que isso atrapalhe ou coloque a minha vida em risco.
±
Sinceramente, ele estava ficando mais do que cansado com toda aquela situação, às vezes pegava-se pensando que teria sido mais fácil se nunca tivesse saído daquele maldito lugar. Se tivesse impedido, Changbin estaria vivo. Se não tivesse saído, Jeongin continuaria seguindo sua própria vida, talvez eventualmente conseguisse ingressar no exército e viver uma boa vida na capital, saindo do interior, como era o seu sonho. Ele não teria perdido a vida daquela forma.
Tudo parecia tão… Injusto.
Era injusto alguém que só queria ter uma boa vida, ter uma vida em que pudesse viver o resto de sua vida com amor ao invés de mortes, ter um final tão cruel e ser julgado como um demônio perante à pessoas completamente ignorantes enquanto queimava, sufocando-se com cinzas da labareda incessante da qual trouxe a sua morte lenta.
Era injusto um jovem que havia acabado de chegar em sua vida adulta se envolver nesse conflito, um jovem que só queria dar uma boa vida não só para si, mas para seus familiares, ter um fim repentino em que sequer tinha sua família para vê-lo em seus últimos momentos ou uma boa terra para abrigar o seu corpo.
E o pior era saber que ele tinha uma grande parcela de culpa.
Tinha vergonha de olhar nos olhos dos seus outros colegas de grupo, pois sabia que era uma pessoa odiável. Todo e qualquer fio de esperança que ele sentiu no início foi partido de forma brutal, foi obrigado a encarar a realidade e ver qual seria seu fim se continuasse com a ideia de que sozinho iria sobreviver nessa nova terra.
Mas ele não estava sobrevivendo por si mesmo, o futuro pelo qual sempre sonhou de forma maravilhosa dependia dessa sobrevivência, os sonhos da pessoa que ele mais amava também dependia da sua capacidade de sobreviver aos custos da vida de outros.
Seungmin parecia uma praga, um parasita que pregou-se naqueles jovens fortes e habilidosos, sugando sua capacidade de continuar lutando, voracidade e até mesmo as suas vidas, trazendo desespero e insanidade. Mas ele também não estava imune aos efeitos que causava nos que estavam à sua volta.
Ele via todos próximos, criando laços fortes a cada dia que se passava, e sentia que estava ficando para trás, como alguém completamente descartável. Estava sozinho e não conseguia se sentir confortável ao lado dos quatro do grupo. Ele não queria fazer mal à eles, mas sabia que estava fazendo, mesmo que não fosse com suas próprias mãos.
Seungmin também sentia atenção em si, mais do que o desejado, não ficava sozinho por muito tempo, e sentia como se seus movimentos atraíssem olhares tortos dos outros em sua direção. Eles estavam alertas.
"Me encontre o mais rápido que puder em Vynas. Assim que chegar, será escoltado para uma hospedagem segura."
"Seu trabalho chegou ao fim."
Seungmin leu a mensagem que havia chegado silenciosamente, o pequeno celular de modelo antigo em suas mãos, pequeno o suficiente para esconder com facilidade. O dia em que recebeu aquilo, foi o dia em que perdeu um de seus amigos para o governo. Ele não imaginava que no momento em que estava recebendo aquilo, seu amigo estava sendo capturado e levado para longe, e que a última vez que pôde ver o seu rosto foi em meio ao caos da casa dos Shin. Caos esse que ele mesmo criou no momento em que resolveu deixar um pedaço de papel velho que encontrou no carro com a localização do grupo.
Agora finalmente chegaria ao fim, poderia ganhar o que tanto quis e que cobrou um enorme preço do Kim. Agora ele poderia ter uma vida nova e dar um bom crescimento para Soo Hee, ela cresceria ao seu lado em Andena, mesmo que fosse um simples vilarejo como a antiga Sacred Lakes. Soo Hee poderia conhecer outras pessoas de sua idade, criar amigos, brincar de forma alegre, ver as árvores soltarem suas folhas amareladas, ver a neve cair pela janela de uma pequena casa limpa e bem organizada, poderia correr em meio às gloriosas árvores que ganharam novamente as suas folhas e poderia se agraciar com a linda visão das flores florescendo lindamente. Poderia ter um pequeno jardim de flores frágeis e graciosas no quintal de casa para que Soo Hee pudesse todos dias vê-las assim que abrisse os olhos pela manhã, e inalar o seu belo cheiro assim que abrisse a janela do seu quarto.
Seungmin queria poder dar isso para Soo Hee, queria poder vê-la sabendo que estava segura e feliz, que teria mais pessoas para amá-la e se encantar com a linda garotinha sorridente que dificilmente se abalava. Seungmin não se importava consigo mesmo, já tinha vivido as coisas ruins que Yxen poderia lhe fornecer, já havia crescido e perdido toda a sua infância e adolescência dentro de um campo de treinamento para aprender a proteger uma Nação que pouco se importava com a sua vida. Mas ela ainda poderia ter esse gostinho, mesmo que pela metade.
E por ela, o Kim não iria abaixar sua cabeça, voltar atrás agora que estava tão perto não estava em cogitação. Se abandonasse tudo, não só privaria Soo Hee de tudo isso, como também tudo teria sido em vão. As mortes teriam sido em vão, o sofrimento e os machucados teriam sido em vão, toda a preparação seria em vão.
E se já chegou tão longe, iria levar até o fim, mesmo que isso significasse perder todos que estiveram ao seu lado durante essa luta. Ele pouco se importava com o seu caráter duvidoso, pois agora não era algo que só dizia a respeito de Kim Seungmin, envolvia a bela vida que Kim Soo Hee poderia ter.
Oi! Eu felizmente ainda estou com o wifi aqui em casa!
Bom, as coisas vão começar a serem explicadas para esse ponto de interrogação na cabeça de vocês desaparecer! Expliquei o lado de Seungmin e logo vocês descobrirão sobre Bang Chan! Até porque, vocês vão perceber uma clara diferença no objetivo dessa dois.
Espero que a resposta não esteja tão óbvio na cabecinha de vocês e que eu possa pelo menos tentar surpreender.
A Soo Hee com o Min... Aiai hehe
Espero que tenham gostado do capítulo e logo mais coisas serão explicadas!
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