Ajuda de desconhecidos
Uma coisa que deixava todos na casa inquietos era o tédio, não podiam sair para a rua e não tinha muitas coisas para se fazer na casa, pela primeira vez na vida Hyunjin se via triste por não ter nada para limpar a sua volta, ninguém conseguia dormir direito por causa dos nervos. Não saber o que aconteceria daqui para frente os deixava aflitos, não sabiam aonde iriam e não poderiam ficar na casa dos Shin por muito tempo. O carro do Han foi abandonado no meio da floresta para evitar muitas suspeitas no vilarejo.
- Sinto muito por você estar no meio dessa bagunça - Felix diz enquanto se aproxima de Hyunjin.
- Não precisa dizer isso, ajudei você porque quis.
- Você me ajudaria se soubesse o que teria acontecido com você e sua reputação?
Hyunjin não respondeu, porque era muito óbvio, não, ele não ajudaria.
Não é porquê ele odeia todos ou quisesse que o Lee mais novo tivesse morrido, mas sim porque ele não sabia se isso valia a pena. Perdeu seu emprego, prestígio e o respeito de seus amigos e familiares para salvar um fugitivo, valia a pena?
Ele deveria saber no que aquilo resultaria, tinha muitas pessoas ao redor e é claro que alguém o veria ajudando Felix, nem ele mesmo sabia o porque de ter ajudado o Lee mas ele ajudou e não era algo que poderia ser mudado, muito menos tinha que se remoer e culpar por fazer isso. Talvez tenha o ajudado por perceber o medo que Felix estava sentindo, o medo de perder sua vida? Por deixar seu irmão para trás? Não sabia qual era o medo, mas aquilo serviu como gatilho para a reação de Hyunjin.
Felix sabia a resposta, por isso não insistiu que ele falasse.
- Ryujin disse que Han está instável e que seria melhor que ele fosse tratado em algum hospital próximo da capital - ele disse encarando as costas do seu irmão sentado próximo à janela.
- Não acho isso nem um pouco seguro.
- Eu também não, ela disse que tem duas amigas que trabalham em um hospital, mas elas ficaram de folga recentemente, talvez possam nos ajudar.
- Se elas forem confiáveis.
- Está ficando tão desconfiado quanto meu irmão.
Hyunjin riu sem-graça.
- Só estou sendo prevenido.
- Elas não precisam saber de nós, só ajudarão o Han.
O Hwang ainda não se mostrava convencido com isso, é muito perigoso e idiota da parte deles aceitarem isso? Sim, mas não podiam ignorar que Jisung precisava disso, Ryujin não conseguia fazer o suficiente por ele e se tinha alguém que poderia, tinham que colocar sua fé nessa pessoa.
- Bom, Ryujin já as chamou para vir e resumiu a situação como pôde, sem muitos detalhes sobre nós ou como o ferimento aconteceu, elas virão essa tarde.
- Sabe pelo menos o nome delas?
- Choi Jisu e Hwang Yeji. - como se tivesse levado um choque, Hyunjin se levantou e encarou Felix - O que foi?
- Jisu já trabalhou no exército e Yeji já trabalhou em Yxen cuidando dos doentes! As duas me conhecem. Tenho que ficar longe delas.
- Mas essa casa é minúscula, não tem onde se esconder...
- Tenho que ficar longe dessa casa enquanto elas estiverem aqui.
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Logo no início da tarde, Jisu e Yeji chegaram na casa dos Shin, Felix ajudou Hyunjin a sair da casa e o Hwang cobriu o rosto com uma máscara de pano improvisada, o plano era levá-lo para a floresta ao lado de Grim e ficar lá até o fim da tarde, quando elas estivessem fora da casa, voltariam. Felix explicou a situação para os meninos antes de saírem, sair da casa era perigoso, mas não podiam arriscar que as duas percebessem de quem estavam cuidando.
Quando as duas chegaram, Hyunjin e Felix já haviam saído há alguns poucos minutos, elas foram o mais simpáticas possíveis com os garotos, Ryujin havia contado que era um grupo de jovens caçadores que havia se machucado durante uma caça na floresta, elas não se questionaram muito sobre isso, confiavam em Ryujin e só estavam lá para ajudar alguém que precisava delas.
Demorou um tempo para que elas saíssem do quarto onde Jisung estava, mas quando saíram foram recepcionadas por olhares curiosos e nervosos.
- Felizmente o Hanji não perdeu uma quantidade de sangue que o colocaria em alto risco, porém vamos precisar fazer uma transfusão e Ryujin já cuidou do ferimento no olho. - Jisu disse simplista dando um sorriso pequeno para os meninos.
Hanji...?
- Vocês se conhecem? - Minho perguntou abruptamente.
- Já cuidei dele e da família Han várias vezes - Jisu disse ignorando o tom ameaçador do Lee.
Todos se entreolharam, não sabiam se ela conhecer Jisung era uma boa ou uma má notícia. É claro que a essa altura elas já desconfiavam da identidade dos meninos, mas elas estavam lá para ajudarem Jisung, Jisu não era super próxima dele, mas queria ajudá-lo, como já fez antes. Sempre que o Han ficava doente ou se machucava, Jisu era chamada pra cuidar dele, o garoto tinha uma péssima mania de se machucar todos os meses e sempre era por causa de alguma experiência nova que dava errado.
Após dar notícias sobre o estado do Han, as três voltaram para o quarto, Ryujin seria a doadora de sangue para Jisung, já que tinham sangue compatível, segundo Jisu.
Estando novamente trancadas no quarto, Minho se jogou em seu canto próximo à janela, os dias estavam maçantes para ele. Era tão estranho que nas últimas semanas ele se viu várias vezes em situações assim; primeiro Felix, depois ele mesmo e agora era Jisung.
Estava escurecendo e todos estavam ficando sonolentos, mas lutavam para continuar de olhos abertos, Changbin foi chamar Hyunjin durante a tarde e todos estavam reunidos da casa, não fazia mais sentido escondê-lo das duas, já que elas conheciam Jisung.
Quando o céu estava sem nenhum vestígio do sol, Yeji saiu do quarto para comer alguma coisa e voltou para dentro após dizer que a febre de Jisung estava baixando aos poucos. A ansiedade de Minho ficava cada vez pior, nem Felix conseguia mais confortá-lo por alguns segundos.
As horas se passaram de forma arrastada e prolongada, as vezes eles conseguiam ver de relance a figura de Jisung deitado na cama, ganhando aos poucos cor no rosto pálido e com uma faixa branca cobrindo seu olho esquerdo, mas era por poucos momentos, já que elas fechavam a porta.
Os meninos na sala adormeciam sem conseguir controlar o sono, Felix e Hyunjin estavam jogados em cima da mesa de jantar, com os olhos fechados em um sono pesado e profundo, Jeongin acabou adormecendo com a cabeça no ombro de Seungmin, o usando como travesseiro, Changbin e Bangchan se espremeram juntos no único sofá que tinha no lugar, somente Minho conseguiu lutar contra seu sono e ficou alternando seu olhar da janela da sala para a porta do quarto onde Jisung estava.
Ele realmente queria acreditar que Jisung ficaria bem, agora com a ajuda dessas duas desconhecidas, sua esperança talvez tenha melhorado um pouco, queria poder conversar com Jisung novamente e se desculpar com ele, se desculpar da forma que o tratou anteriormente, queria vê-lo recuperado e bem, queria saber se ele o perdoaria. Ele não conseguia dizer quando o perdão ou o bem-estar desse Han começou a ser algo tão importante para ele, só sabia que se sentia prestes a sufocar, cada segundo que ficava sem notícias do seu estado o deixava mais nervoso e ansioso. Não conseguia dormir ou descansar como os outros, estava se sentindo muito pressionado para isso, sentia que só conseguiria descansar novamente quando Jisung acordasse, nem que por míseros minutos.
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Após terminar a transfusão de sangue, Ryujin somente comeu um pouco e foi dormir em seu quarto, cansada e quando estava cansada ficava estressada, então ninguém perguntou nada a ela, só a deixou ir descansar sem impedimentos.
Quando Ryujin se sentiu um pouco mais disposta, saiu do seu quarto e foi ao encontro de Yeji e Jisu, as duas explicaram como cuidar de Jisung e deixaram alguns dos medicamentos que trouxeram e suas maletas, elas se despediram e avisaram que voltariam outra hora para ver a situação do Han.
Com o passar das horas e dias, Jisung foi apresentando pequenos sinais de melhoras, Yeji e Jisu voltaram algumas vezes como prometeram para checar o estado dele, a febre dele baixava cada vez mais e murmúrios ou delírios ficaram cada vez mais raros, ele só não havia acordado ainda, o que deixava Minho preocupado, já era para ele ter pelo menos alguns poucos segundos de lucidez, não é?
Ryujin tentava tranquilizar os meninos, falando que Jisung poderia acordar logo e se recuperar, todos a ouviam e tentavam acreditar plenamente em suas palavras.
Como o estado de Jisung não era tão crítico quanto antes, os meninos passaram a se reunir novamente para conversar sobre a rebelião proposta por Seungmin, agora todos que eram contra ficaram á favor, não sabiam porque, mas o que aconteceu com o Han foi o gatilho para que eles quisessem agir. As armas que Jeongin encontrou no porta-malas do carro do Han fez com que eles ficassem mais firmes com essa decisão perigosa.
Tinham Hyunjin, alguém que sabe os pontos fortes e fracos das defesas e ataques do governo de Andena e conhece cada canto da cidade. O objetivo era claro, poderia ser simples ao se falar, mas era extremamente difícil de ser realizado; matar o governador, todos próximos a ele politicamente e os chefes militares. Eliminariam cada um com poder dentro de Andena.
Hyunjin começou a criar um mapa enorme que ilustrava a sede do governo da capital, com tudo que ele lembrava, com as posições dos guardas, salas e pontos estratégicos, a parte dos fundos tinha uma segurança mais fraca, tudo foi esclarecido da forma mais detalhada que conseguiu. Demoraria alguns dias para que o Hwang terminasse o mapa, enquanto isso Changbin, Bangchan e Minho exploraram a bolsa cheia de armas, separaram as munições para suas respectivas armas cuidadosamente, sem cometer erros, isso foi bom para distrair o Lee mais velho. Enquanto todos trabalhavam com suas especialidades, Seungmin ensinava Jeongin a atirar escondidos na floresta, conseguiram pegar uma pistola comum e um silenciador para treinarem, Felix também estava ensinando lutas corporais para o Yang.
Não foi muito difícil para que ele se acostumasse com a arma, Jeongin poderia ser chamado de jovem prodígio, aprendia as coisas bem rápido e não precisava de muitas repetições, era um bom aluno na visão do Kim e do Lee. Durante esses treinamentos, Seungmin e Jeongin conseguiram ficar mais próximos do que antes, era bom passar um tempo sozinhos, longe de todo aquele sufoco de rebelião, mesmo que tenha sido o Kim a dar a ideia e o Jeongin a concordar, eles ainda se sentiam assustados com isso.
Sempre que arrumava um tempo, Felix ia dar uma olhada na chamada "obra de arte" que Hyunjin estava criando, aos poucos mostrando a parte interna de um prédio, com a pesperctiva de vários ângulos diferentes, mostrando cada lugar que o Hwang conhecia e lembrava.
Os dias seguintes seguiram essa mesma rotina, até que Ryujin entrou correndo na sala.
- Ele acordou.
3k de leituras? É isso mesmo que eu estou vendo? Calma que meu coração não aguenta e meu cérebro do tamanho de uma uva ainda não conseguiu processar.
Obrigada, muito obrigada mesmo 💙.
Juro para vocês que eu não tenho paz quando vou escrever, já disse isso antes e repito. Não é possível que é só eu começar a escrever que ficam me chamando, só durante esse capítulo fui chamada cinco vezes 😀. Paz, cadê você, minha filha?
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