14 | DANDO UMA CHANCE AO BAILE
EU NÃO QUERIA IR AO BAILE.
Nos últimos dias, ignorei todas as ligações e mensagens. Fingi estar doente e, como vivo me machucando, meus pais não questionaram quando preferi ficar em casa. Vesti uma calça larga o suficiente para caber duas de mim e uma camiseta branca qualquer. Prendi o cabelo em um coque mal feito e me joguei na cama, o pote de sorvete equilibrado no colo.
Meus olhos, no entanto, estavam fixos no vestido rosa decotado pendurado na cadeira.
Eu não queria ir. Mas talvez devesse.
O som de uma notificação cortou o silêncio. Olhei para o computador e vi a mensagem de Riley. Ele queria ir comigo.
Soltei um resmungo inaudível até para mim mesma, joguei a colher no pote e me levantei, indo até o banheiro. Quando voltei, parei no meio do quarto, meu coração pulando no peito.
Edward estava sentado na minha cama. Suspirei, exausta.
— Invadindo de novo? Você sabe que eu tenho uma porta, né?
Ele apenas ergueu as sobrancelhas quando me aproximei e o empurrei de leve com o pé para abrir espaço na cama antes de me sentar.
— Você me deixaria entrar? — ele perguntou, divertido.
— Não. — Abri um energético e dei um gole longo.
Ele me observou com a cabeça levemente inclinada.
— Não cansa de comer?
— Você não come. Acho que isso é só inveja se manifestando.
Edward esboçou um sorriso discreto.
— E Bella?
— Melhor. Vai ter alta antes do baile.
— Que bom. — murmurei, tomando outro gole.
Ele hesitou antes de falar.
— Você está bem?
Ri fraco, esfregando os olhos.
— Eu posso cuidar de mim mesma, você sabe.
— Claramente. — Ele olhou ao redor, a expressão carregada de ironia. — Está realmente fazendo um ótimo trabalho.
Forcei um sorriso.
— Ah, vamos lá, não estou tão mal assim.
Ele me encarou, sério.
— Você sabe que está.
Seu tom havia suavizado, o que fez meu peito apertar de um jeito irritante.
— Você deveria ir ao baile — continuou. — Bella não se importaria se fosse conosco.
Soltei um suspiro, me jogando um pouco mais na cama.
— Ed, Ed... acha que meu problema é não ter com quem ir?
— O quê? Não, eu só... — Ele suspirou, frustrado. — Esquece.
— Tentando ser meu amigo?
— Não chega a tanto. —
Sorri de leve.
— Mas não vou com aquele vestido. James... me deixou com marcas demais.
A testa de Edward franziu ligeiramente. Sem pressa, puxei um pouco a gola da camiseta, expondo as manchas arroxeadas no busto e no pescoço.
Ele ficou imóvel, os olhos dourados se tornando uma áurea mais escura.
O silêncio entre nós pesou. Não era desconfortável, mas algo nele me olhando, me fazia querer desviar o olhar. Edward continuava encarando as marcas, a mandíbula travada.
Me ajeitei novamente e larguei a latinha vazia na mesa de cabeceira.
— Ele não deveria ter encostado em você.
— Bom, já encostou. — Cruzei os braços, sentindo o tecido fino da camiseta contra a pele ainda sensível. — Você quer ficar bravo por mim, Ed? Ótimo. Mas a raiva não vai mudar nada. Ele já está morto.
Ele fechou os olhos por um instante, como se estivesse lutando contra algo interno. Quando voltou a me encarar, seu olhar não tinha mais fúria, mas sim uma determinação fria.
— Você ainda pode ir ao baile.
— Ah, claro. Seria ótimo aparecer cheia de hematomas. Como uma verdadeira ícone da moda.
Edward suspirou e se levantou, passando as mãos pelos cabelos de um jeito quase frustrado.
— Você não precisa fingir que está bem.
— Eu não estou fingindo. — Retruquei de imediato. Mas assim que as palavras saíram, percebi que era uma mentira óbvia.
Ele inclinou a cabeça, me analisando como se pudesse ler cada pensamento por trás da minha expressão.
— Se quiser, posso te ajudar a esconder as marcas.
Pisquei, surpresa.
— Como? Você por acaso virou maquiador nos últimos cem anos?
— Alice.
A menção do nome dela fez minha mente imediatamente imaginar a cena: Alice Cullen invadindo meu quarto com mil produtos de maquiagem. Mas também me lembrei do conselho de Carlisle sobre me afastar.
— Não sei se é uma boa ideia.
— Por quê?
Mordi o lábio inferior. Porque aceitar ajuda significava admitir que eu não estava bem. Significava ceder, e eu não cedo fácil.
— Porque talvez eu não queira fingir que isso não aconteceu.
Edward não respondeu de imediato. Apenas se abaixou levemente, para ficar na minha altura.
— Então use outra coisa. — Sua voz estava baixa, firme. — Mas não se esconda.
Havia algo tão sincero em sua expressão que aquilo me irritou.
Me irritou porque ele estava certo.
— Ed, eu te daria um abraço se eu não quisesse te socar. — resmunguei, pegando um travesseiro e jogando contra ele. Edward pegou no ar com facilidade, um canto da boca se erguendo em um meio sorriso.
— Você ainda tem tempo para decidir.
— Tanto faz.
Ele assentiu, como se entendesse algo que nem eu mesma entendia direito.
— Nos veremos.
E no segundo seguinte, ele já não estava mais ali. Edward estava passando muito tempo com os irmãos errado, estava ficando bom em convencer as pessoas.
(...)
Eu cedi.
Alice apareceu animada na porta da minha casa com tanta coisa de maquiagem que Jasper teve que trazer a metade. Eles aproveitaram o horário que minha família não estava em casa, para não dar tentação em Jasper.
Ele ficou na sala, lendo algum livro eu acho, enquanto Alice me usava como boneca que sempre sonhou em ter.
— Aquele cretino! — resmungou passando base no meu busto.
— É, aquele cretino. — repeti rindo.
— Pronto. Veste esse vestido. — ela me entregou um vestido rosado com detalhes mas era mais fechado que o outro.
Principalmente no busto, o que eu quero esconder.
— Riley vai te buscar? — perguntou me vendo tirar a roupa ali mesmo.
— Não, aqui é meio longe da faculdade dele. Vai me encontrar lá. — digo, mas vejo Alice me analisando demais. — Alice?
— Oh, meu deus! — caramba, outra visão?
— Alice? O que você viu?
Ela ignorou minha pergunta, me analisando, até entortar um pouco a cabeça. Ela tá olhando pros meus... peitos?
— Alice! — exclamou chocada.
— O quê? Estou surpresa. — declarou estendendo as mãos e os segurando. — Uau.
Não posso julgar, quando vi, eu amei ter silicone gratuito.
— Não é pra tanto.
— Mas é algo.
— Alice...
— Shh, tô concentrada.
— Concentrada? — Alice finalmente ergueu o olhar pra mim.
— Jess, você tem um ótimo par de...
— ALICE! seu namorado está no andar de baixo. — exclamei vestindo o vestido.
— E daí? Ele sabe que acho isso faz tempo. — apenas comecei a rir com aquela vampira maluca.— Você riu! — comemorou ela.
— Era o objetivo?
— Não, eles realmente são...
— OK, chega. — Pego os saltos e me sento na cama para calçar.
(...)
Chegando no baile, eu realmente havia acertado na hora de escolher alguém para me ajudar. O tema mudou, por causa de toda confusão que tivemos, mas Alice foi rápida e criou algo novo. Agora era noite de cassino e deixou tudo tão bonito quanto em seus esboços.
Caminhei, tentando me equilibrar no salto. Vi Bella conversando com Jacob e resolvi me aproximar até Riley chegar.
Jacob usava uma camisa branca com uma gravata.
— Bella! Você está linda. — elogiei. Ela estava linda, mesmo com a tala. O vestido azul combinava com ela. — Está melhor?
— Sério? Obrigada. Estou sim e você? — assenti, tentando ser firme. — Jacob, essa é...
— Eu lembro. A garota que quase morreu diversas vezes. — Ah, eu falei isso. Fofo ele lembrar.
— Eu mesma. — sorri alegre. — Veio pro baile? Se for de penetra eu te ajudo. Já invadi uma festa infantil.
Era amiguinha da minha irmã, mas ela não me convidou e eu queria doce.
Ele e Bella fizeram careta, rindo.
— Meu pai pagou cinquentinha pra vir falar com a Bella.
— Não esqueça de fazê-lo pagar. Não cai no "na volta a gente compra". — declaro fazendo uma voz séria que o fez gargalhar.
— Anotado.
— Jessica? — me virei vendo Riley. Ele vestia um blazer escuro, camisa branca, e jeans, o tipo de roupa que gritava "já sou adulto, mas ainda sei me divertir".
Que coisa linda!
— Meu par chegou! — digo animada. — Vejo vocês depois.
Jacob sorri e acena, e Bella assentiu com a cabeça.
Me aproximo do mais velho, um pouco nervosa. Acho que os bailes sempre mexem comigo.
— Não imaginei que estaria aqui, pensei que estava lá dentro.
— Gosto de fingir ser diferentona. — zombei o fazendo rir.
Ele me ofereceu a mão e aceitei. Era quente, com o sangue humano ainda correndo em suas veias. Entramos na porta do salão onde tiramos uma foto. Fiz uma careta engraçada e ele me imitou.
— Você sumiu. — disse me guiando entre as pessoas. Acenei pra Angela na área do DJ com Eric. Ela estava maravilhosa.
Olhei de canto e vi Lauren engolindo Mike. Eca.
— Problemas em casa.
— Algo sério?
— Nada pra se preocupar. — minto vendo Bella e Edward entrando também.
— Então, vamos dançar?
— Não sei. Os petiscos me chamam. — mencionei olhando pra mesa.
— E essa é a sua desculpa para não dançar, Stanley?
Bufei, fingindo indignação.
— Eu sei dançar. Só não quero humilhar ninguém hoje.
Ele riu, um som leve e genuíno.
— Isso é muito generoso da sua parte. Mas e se eu prometer que não vou me sentir humilhado?
Pisquei algumas vezes, percebendo que estava sendo desafiada. Meu coração acelerou— não por Riley exatamente... eu acho.
Abriu a boca para responder, mas o nervosismo falou primeiro.
— Certo, mas se eu tropeçar, você finge que foi culpa do chão. Eu ouvi que ele é traiçoeiro.
Riley sorriu de lado e ofereceu a mão.
— Fechado.
E quando os dedos dele tocaram os meus, senti o mesmo frio na barriga que senti quando dancei no meu baile, em outra vida.
Era bom.
(...) EDWARD
O salão estava cheio de conversas, risos e o som abafado da música, mas tudo isso se tornava insignificante. Achei que nada prenderia minha atenção além de Bella, mas meus olhos assistiam a cena que se desenrolava à minha frente.
Jessica Stanley dançava com Riley Biers, um universitário, no meio da pista. Seus passos eram hesitantes, às vezes desajeitados, mas ela ria disso, e ele também.
Ela parecia... feliz.
Não era um sorriso vazio ou ensaiado como tantas vezes antes. Era genuíno, leve, brilhante.
E Riley a segurava com firmeza, guiando-a sem esforço. Seus olhos estavam fixos nela de um jeito que fez algo dentro de mim se contrair.
Ele gostava dela.
Eu não deveria me importar com isso. Eu não me importava com isso.
Senti Bella apertar minha mão.
— Está tudo bem?
Minha mandíbula estava travada. Eu só percebi isso quando tentei responder.
— Sim.
Ela me olhou com um traço de dúvida, mas não insistiu. Eu deveria ter olhado para ela também, para minha Bella, para a garota que escolhi, que amo. Mas minha atenção foi sugada de volta para Jessica no instante em que Riley a girou, fazendo-a tropeçar.
Ela riu, e ele riu junto, segurando-a pela cintura para evitar que caísse.
Senti uma irritação no meu peito, apertando como um nó invisível.
Isso não fazia sentido.
Fotinho do baile 🤏🏻♥️
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