13 | SOZINHA
EDWARD NÃO OLHAVA para Bella ou para mim enquanto dirigia que nem um condenado pela estrada de terra cheia de árvores em volta. Eu odeio toda essa situação. Como eu esqueci dos nômades? Algo está errado comigo. Eu não esqueceria algo importante.
— Escutem, James é um rastreador. A caçada é sua obsessão. Eu li a mente dele e minha reação no campo detonou tudo.
— Ele quer matar nós duas? Jasper me disse que...
— Sim, seu sangue não é como o da Bella. O negócio dele com você é mais...
— Sexual? — questionei fazendo uma careta de nojo e Bella arregalou os olhos.
— Isso.
— Eca!
— E tornei isso num jogo mais emocionante pra ele. Ou é você ou ela. — explicou acelerando ainda mais. — Ele nunca vai parar.
— O que vamos fazer? — questionou Bella.
— Emmett, seu miserável. — resmungo comigo mesma. — Tinha que me envolver nisso.
— Não é culpa dele, você se envolveu demais. — defendeu Edward.
— Ah, é? Quem me salvou na beira da estrada, hein? Te enxerga múmia viva.
— CHEGA! — berrou Bella fazendo eu e Edward encararem ela chocados com o tom de voz. Ela estava sempre tão calma. — Podemos retornar para o negócio dele me querer morta?!
— Temos que matá-lo, esquartejá-lo em pedaços e queimá-lo. — explicou Edward como se matava um vampiro da sua raça.
— Aonde vamos? — indagou Bella.
— Para bem longe de Forks, pegamos um navio para Vancouver. — respondeu Edward.
— Eu não vou a lugar nenhum com você. — reclamo. Eu preciso de tempo pra pensar, caramba.
— Então fique e morra.
— Awn, você adoraria me ver morta. — debochei e ele não me respondeu.
— Preciso ir para casa, agora. Precisa me levar. — exigiu Bella nervosa.
— Não pode, lá é o primeiro lugar que ele vai procurar. — avisou Edward a olhando de canto.
— Mas meu pai tá lá.
— NÃO IMPORTA! — gritou Edward já irritado.
— Importa sim, ele vai ser morto por nossa causa! — alegou Bella ficando irritada também.
— Deixa eu te tirar primeiro daqui, tá? — aí eu me desliguei.
Virei meu rosto pela janela, vendo vultos das árvores.
Relaxa, Soph, relaxa.
Respiro fundo.
Eu assisti os filmes e livros, eu posso impedir James. Preciso deixar o plano péssimo de Edward seguir para depois contar onde James irá atacar.
Percebi o carro parando com o solavanco. Estávamos de frente para minha casa.
— Venho te buscar depois que ajudar a Bella com o pai. — explicou. — Anda.
— Seu rude. — resmunguei abrindo a porta. Assim que saí, ele acelerou para longe.
Merda!
Nunca vou me cansar de exclamar essa palavra.
Entrou dentro de casa, vendo meu irmão com a boca cheia de sorvete na cozinha. Meus pais já tinham se retirado para dormirem.
— Não conta pra mamãe.
— Não conto, relaxa. — resmunguei pegando uma colher e roubando um pouco dele.
— O que você tem? — ergui uma sobrancelha. — Parece cansada.
— Tô surtando com umas coisas ai. — declarei comendo o sorvete. Fechei os olhos com dor quando o sorvete tocou meus dentes. Tenho sensibilidade até aqui, inferno.
Isaac riu.
— Dói, né? — assenti. — Tá surtando com o baile?
— Não, quem dera.
— Garotos?... Garotas?
— Isaac, você quer saber demais. — exclamei. Encarei ele, vendo alguns traços de Jessica nele. Como o sorriso. Acho que ele é minha segunda chance de ser uma boa irmã. O puxei pelo braço e o abracei o fazendo tentar se soltar.
— Jess! Solta.
— Mas você é fofo e é meu irmão. — merda, minha voz saiu embargada.
— Jessica! — ele me empurrou de leve para trás. — Não ultrapasse limites.
Esse menino tem mesmo dez anos?
— Ok, ok. — digo respirando fundo para me acalmar. — Avise pra mamãe que irei sair para acampar com meus amigos esse fim de semana, tá bom?
— Vai quando?
— Agora.
— O quê? — sorri me afastando e subindo as escadas pro meu quarto. — Jess!
Assim que entrei no meu quarto, arranquei as roupas, desesperada por um banho. Até nisso a Jessica era metida— tinha banheiro no quarto.
Sorte dela e minha.
Soltei um suspiro frustrado. Eu não queria fazer parte da ação do filme, porra.
Abri o registro, deixando a água morna deslizar pelas costas. O calor ajudou a aliviar a tensão nos músculos, e aproveitei para lavar o cabelo, tentando espantar a dor de cabeça latejante.
Meus dedos encontraram a cicatriz familiar. Será que vou ganhar outra dessas?
Um barulho repentino me fez parar.
Estiquei o pescoço para espiar fora do box. Nada. Apenas a janela aberta e o vento balançando as cortinas.
Ainda assim, um arrepio subiu pela minha espinha. A sensação era sutil no começo, como um leve formigamento na nuca, mas logo se espalhou. Meu corpo reagiu antes da minha mente — coração acelerado, músculos enrijecidos, a respiração presa na garganta.
Balanço em negação e volto minha atenção pro banho.
Terminando, penteei meus cabelos e coloquei algumas roupas em uma mochila. Vesti algo confortável e desci para baixo, encontrando agora, Isaac dormindo na bancada. Vou até ele e beijo sua bochecha.
Assim que saí de casa, vi o carro de Bella vindo. Era Edward dirigindo, no entanto.
— Conseguiu falar com seu pai? — indaguei se aproximando da janela do passageiro. Bella assentiu não querendo falar muito disso.
— Entra. — mandou Edward. Bella se aproximou mais dele para me dar espaço para sentar. Entrei e ele deu partida.
— Como convenceu seus pais? — perguntou Bella e dei de ombros.
— Saio quando quero. Eles confiam em mim.
— Não deveriam. — murmurou Edward e o encarei com raiva. O ódio por Jessica era tão grande assim?
— Que sorte. — comentou Bella ignorando o namorado.
Um barulho chamou nossa atenção me fazendo segurar o cinto com força.
— É o Emmett e Alice está no carro de trás. — avisou. Passamos por um restaurante, onde nossos amigos passavam.
Jessica deveria estar ali, e eu estraguei isso entrando no seu lugar.
Passando alguns minutos, chegamos na casa dos Cullen. Mas assim que entramos encontramos Laurent.
Edward foi rápido colocando nós duas para trás.
— Calma, ele veio nos avisar sobre o James. — explicou Carlisle.
— Essa luta não é minha. Eu estou cansado dos joguinhos dele. Mas ele tem sentido incomparáveis. Ele é leta. Eu nunca vi ninguém como ele em meus 300 anos. E a mulher, Victoria... querida. — ele olhou para mim. — Ela odeia o fato do namorado estar louco por uma humana. James não quer matar você, ele quer você pra ele.
— Isso significa?
— Que a outra humana é diversão, porém você... — explicou mas não terminou. O encarei sem medo, sabendo que esse safado iria tentar matar Bella no futuro. — Vejo o porquê.
Eu ouvi Edward rosnar e Carlisle franzir o cenho.
— Relaxem. Não irei fazer nada. — ainda.
Ele foi embora passando por nós rapidamente. Ele queria fugir do amiguinho dele.
Revirei os olhos.
— Que merda. — reclamo e Carlisle parecia pensar.
— Jessica, viu alguém em volta da sua casa. — Neguei com a cabeça. — Edward?
— Não senti nenhum cheiro, só o perfume dela. — avisou e franziu o próprio cenho ao perceber o que falou.
Bella pareceu perceber também, então bastava eu fazer piada.
— Sou muito cheirosa. — confesso jogando o cabelo pra trás.
Depois da cena anterior, onde quase fiz Carlisle rir, seguimos para a garagem da casa. Emmett, como sempre, não conseguia ficar quieto.
— Sério, pequena, eu não queria ter te metido nisso e...
Revirei os olhos, massageando as têmporas.
— Emmett, eu tô com dor de cabeça. Já te desculpei. Relaxa.
Ele hesitou.
— Sério?
— Sim.
Antes que pudesse respirar aliviada, Alice puxou meu braço com seu toque leve, mas insistente.
— Me desculpa também?
Assenti, e ela me envolveu em um abraço rápido, o cheiro doce de seu cabelo impregnando o ar.
Jasper, sempre mais contido, abriu um armário no canto da garagem, analisando seu conteúdo com um olhar afiado.
— Já lutei contra gente da nossa espécie. Não são fáceis de matar, mas não é impossível.
Emmett, que já havia voltado ao seu estado normal — ou seja, animado com qualquer possibilidade de caos — se aproximou para ajudá-lo.
— Vamos esquartejá-lo e queimar os pedaços. — anunciou com um sorriso afiado.
E lá estava ele, de volta ao seu jeito de sempre.
— Não gosto de matar outra criatura. — declarou Carlisle. Com essa voz calma me apaixono. — Mesmo um sádico com o James.
Alice me jogou um casaco vermelho que provavelmente era dela.
— E se matarem um de nós primeiro? — perguntou Rosalie pegando um casaco rosa choque meu, que Emmett entregou.
— Pegou o meu pior casaco. —
resmunguei dando um tapinha no ombro dele que deu de ombros.
— Eu vou levar Bella pro sul. — avisou Edward. — Jessica pode ir com vocês. Podem despistar o rastreador?
— Não, Edward. James sabe que não deixaria Bella. Ele vai te seguir.
— Levamos Bella conosco. — disse Alice. — Jasper e eu levaremos Bella para o sul.
— Jessica pode ir com a gente. — avisou Carlisle com Esme. — Vamos para um hotel o mais longe possível.
— Eu vou a qualquer lugar com vocês dois. — digo passando por Edward que segurou meu pulso.
— Eu... eu não queria que tivesse metida nisso.
— Acho que nem você teve escolha. — suspiro. — Estamos de boa, Ed?
Ele concordou e me soltou. Entrei no carro azulado com Carlisle e Esme, e ele rapidamente deu partida.
(...)
Em poucas horas, o enjoo de tanto andar de carro já começava a me consumir, mas se era para a minha segurança, então que fosse. Mal sabem eles que a morte é minha melhor amiga.
— Depois disso, seria melhor você se afastar de nós, Jessica. — Carlisle disse com pesar na voz. — Gostamos muito de você, mas...
— O perigo é maior com vocês. Eu sei. Vou tentar.
Esme suspirou, sua expressão gentil carregada de preocupação.
— Sinto muito, querida.
Forcei um sorriso, sem muita vontade. No fim das contas, meu plano sempre foi só observar.
O carro finalmente parou diante de um hotel luxuoso. Carlisle pediu dois quartos, e, assim que me joguei na cama king size, o cansaço venceu. Dormi um pouco, mas minha mente não me deixaria descansar por muito tempo.
Acordei com um peso no peito, como se algo estivesse me empurrando para a ação. Coloquei um roupão e caminhei até o quarto deles. Precisava falar.
— Então ele vai fingir que é a mãe de Bella e atraí-la para um estúdio de balé? — Esme repetiu, tentando processar a informação.
Assenti, balançando levemente o corpo de um lado para o outro, desconfortável por revelar tanto.
— Como sabe disso? Alice não nos falou nada.
— Er... bem, eu... eu apenas sei.
Carlisle me analisou em silêncio, o punho encostado no queixo.
— Não podemos arriscar, Jessica. — Seu tom era gentil, mas firme.
Suspirei, levando a unha à boca. Dessa vez, acabei mordendo fundo demais e senti o gosto metálico do sangue.
Esme se adiantou, pegando um band-aid da bolsa e me entregando.
— Aqui.
Carlisle não tirava os olhos de mim.
— Seu coração está acelerado... Mas eu não acho que você esteja mentindo. — Ele refletiu por um momento antes de continuar. — Tem certeza do que está dizendo?
— Totalmente.
Ele soltou um longo suspiro e pegou o celular.
— Vou ligar para os outros.
Se retirou para a varanda, deixando Esme e eu sozinhas. Ela me observava com uma expressão suave, mas atenta.
— Você está bem?
Tentei enrolar o curativo no dedo sem muito jeito.
— Tô... tô sim.
Mentira. Inferno, por que eu não consigo ficar calma?
Carlisle voltou, já pegando as chaves.
— Alice teve uma visão. E Jasper viu Bella saindo de táxi.
Levantei o olhar.
— Eu disse.
Ele me estudou por um segundo antes de perguntar:
— Mas como você sabe?
Mordi o lábio, o cérebro trabalhando rápido.
— Eu... uhm... sou médium.
— Médium? — Esme repetiu, trocando um olhar com Carlisle.
Eles claramente não acreditaram, mas decidiram deixar isso para depois.
— Vamos ajudar os outros com James. Fique aqui, sim? Não ligue para ninguém. — pediu Esme, antes de seguir Carlisle até a porta.
— Prometo.
Assim que eles saíram, me joguei na poltrona e voltei ao hábito irritante de morder as unhas.
Agora era esperar. E torcer para tudo dar certo.
(...)
Eu voltei para meu quarto pronta para dormir, mas meu celular apitou com uma mensagem de Alice.
" Bella estava lá como disse, um pouco machucada, mas sozinha. Apenas o cheiro forte e nojento dele. Obrigada por avisar, precisamos falar disso depois. "
Eu salvei Bella e esse povo quer saber porquê sou mentirosa.
Desligo e tento dormir.
Aquela cama era meu paraíso, mas o silêncio era inquietante. A luz da lua refletia nos móveis elegantes, mas eu não me sentia segura. Carlisle e Esme ainda não tinham voltado, o que me deixava totalmente sozinha.
Ou pelo menos achava que estava.
O primeiro barulho veio da varanda — leve, quase imperceptível. Um estalo na estrutura metálica, como se algo tivesse se movido lá fora.
Senti meu errado as batidas.
James não veio atrás de mim, certo? Sangue é melhor que sexo, né? Eu não sei.
Me levantei devagar, os olhos fixos na cortina branca que tremulava levemente. Talvez fosse só o vento...
Então, a porta de vidro deslizou.
Merda, merda, e merda!
James entrou no quarto como uma sombra viva, silenciosa e letal. Senti o ar preso nos pulmões. Ele estava encostado à parede, observando-a com aquele olhar faminto, um sorriso quase preguiçoso nos lábios.
— SAI DEMÔNIO! — berrei puxando o abajur e jogando nele, mas ele pegou no ar.
— Que grosseria, Stanley. — A voz dele era baixa, quase hipnótica. Como ele sabia meu sobrenome? — Pesquiso quem eu quero.
Não respondi. Meu corpo inteiro gritava para fugir, mas para onde? Ele estava entre mim, e a única saída.
James deu um passo à frente e me encolhi na cama.
— Você atrapalhou minha caçada, Jess. Avisou os Cullen, salvou a humana... — Ele inclinou a cabeça, os olhos brilhando de diversão cruel. — Isso foi ousado.
Engoli em seco.
— Eu não gosto quando roubam minha diversão — ele continuou, agora perto o suficiente para que eu sentisse o cheiro selvagem dele. Ele vivia no mato pelo visto. — Mas você... você me intrigou.
Os olhos dele percorreram meu rosto até meu corpo. Nojento.
— Quero você.
Estremeci. Não pelo que ele disse, mas pelo jeito como disse. Como se já tivesse decidido.
— Você está delirando — cuspi pegando o outro abajur.
James riu, um som baixo e perigoso.
— Sério? — Ele zombou.
Num movimento rápido demais para acompanhar, ele estava em cima de mim, na cama, os dedos segurando meu queixo, forçando a encará-lo. — Você é diferente... — James murmurou, os olhos analisando cada detalhe meu. Ele cheirou tão profundamente meu pescoço que pensei que ele iria me comer ali mesmo. Merda, isso soou estranho. — E eu sempre pego o que quero.
Então ele me pegou de surpresa, me beijando.
Foi bruto. Possessivo. Nada humano. Ele me forçou a abrir a boca, para sua língua deslizar.
Eu tentei empurrá-lo com as pernas, mas era como tentar mover pedra. Sua força era esmagadora. Eu virei o rosto, mas ele puxava de volta ou aproveitava para beijar meu pescoço.
Então, tudo aconteceu muito rápido.
A porta do quarto foi escancarada com um estrondo. E, em um borrão de movimentos impossíveis, os Cullen estavam ali.
Edward foi o primeiro a atacar ele. Em um segundo, ele agarrou James pelo colarinho e o lançou contra a parede, rachando o gesso. Emmett veio logo atrás, rosnando, enquanto Jasper já se posicionava para o próximo golpe.
James se ergueu em pé, rindo.
— Mas me diga, Cullen... você ainda ama de verdade aquela humana, que já está sobre suas asas, ou está apenas tentando convencer a si mesmo de que ela é a sua única opção?
Do que esse doente tá falando?
A forma dele mexer usando a língua pelos dentes afiados, como se estivesse saboreando cada palavra.
— Será que você vai ser capaz de escolher entre as duas quando a hora chegar? Porque, cá entre nós, Jes é uma delícia.
Ela me olhou de canto de olho, deixando claro o quanto está se divertindo com a situação.
— Ou será que, no fundo, você está só esperando uma oportunidade para trocar de time, Edward? Ah, não me diga...
Jasper o calou, o pegando pelos ombros e jogando para um canto.
Alice e Rosalie já estavam ao meu lado, puxando-a para longe enquanto Carlisle e Esme se moviam para cercar James.
— Você nunca mais vai tocá-la! — Edward rosnou, a voz carregada de ódio.
James apenas sorriu.
E então, tudo virou caos.
Vidro se estilhaçou quando Emmett o arremessou pela sacada. Um grunhido ecoou quando Jasper o atacou antes que ele pudesse se erguer.
James era forte. Mas ele estava sozinho. E os Cullen estavam furiosos.
Eu assisti, tremendo, enquanto a luta se desenrolava rápido demais para seus olhos humanos acompanharem. Até que, de repente, tudo ficou quieto.
James estava morto.
Eu não conseguia respirar direito. Alice segurou seu rosto com cuidado, os olhos dourados cheios de preocupação.
— Acabou. — ela sussurrou.
Mas eu sabia que não.
Eu sentia o gosto amargo daquele beijo forçado em meus lábios. Ainda sentia o peso do toque de James, a certeza de que, por um momento, ele realmente acreditou que poderia me ter.
E, no fundo, o que me assustava não era só ele.
Era Victoria.
(...)
Edward foi levar Bella para o hospital, o que significa que eu não pude evitar dela ser marcada por James. Alice e Jasper me trouxeram para casa. Era quase de manhã. Sorri para Alice e Jasper, tentando parecer convincente.
— Eu estou bem, de verdade. Só foi um longo dia — disse, mantendo a voz firme.
Alice estreitou os olhos para mim claramente desconfiada, mas não insistiu. Jasper, sempre atento às minhas emoções, pareceu hesitar. Eu senti ele tentando me animar o caminho todo. Sou agradecida por isso, ele nem imagina o quanto.
— Se precisar de qualquer coisa, estamos aqui — Alice garantiu, me abraçando. Ela foi embora com Jasper
Enquanto fiquei parada até os dois desaparecerem, o sorriso ainda no rosto, mas os ombros rígidos. Só que quando fechei a porta de casa a máscara começou a rachar.
Eu perdi minha família.
Quase morri diversas vezes e agora quase fui...
O silêncio era pesado. O peso do que aconteceu caiu sobre mim como uma onda. Minha respiração ficou irregular, e minhas mãos tremiam quando as passei pelo meu rosto.
— Eu estou bem... — sussurrou, mas a mentira soava vazia agora.
A pressão no meu peito se tornou insuportável. As lágrimas vieram sem aviso, quentes e furiosas, manchando meu rosto, enquanto eu deslizava pela parede até o chão.
Cada soluço ecoava em casa.
Eu queria voltar. Queria minha vida de volta.
Mas tudo o que restava era Jessica Stanley — um corpo que não era meu, uma vida que não fazia sentido.
E pela primeira vez desde que voltei, permiti que a dor me consumisse.
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