EU ENCAREI AQUELE OLHOS  dourados – nada discretos –, tentando entender por que diabos ele estava no meu quarto como um espírito obsessor ou, talvez, um vampiro sedento por sangue. A segunda opção era mais realista nesse mundo.

— Que porra é essa, Cullen? — recuei um passo, estreitando os olhos. — Isso é invasão. — Rosnei, pegando meu abajur e erguendo contra ele como uma arma improvisada.

Ele suspirou. — Largue isso.

— Nem fodendo.

— Vai quebrar isso.

Quebrei.

O impacto foi ridículo, e agora só restava o estrago: o abajur espatifado no chão e Edward parado no mesmo lugar, intacto.

— Eu avisei.

— Merda. Esqueci. — Praguejei, mais revoltada comigo do que com ele.

— Podemos conversar ou você quer continuar jogando coisas em mim?

Mordi o lábio inferior, incerta, mas por fim me joguei em um puff.

— Fala logo antes que eu grite.

— No hospital, você disse que me viu no dia do acidente. Quero saber o que quis dizer com isso.

— Você sabe o que significa.

O silêncio pairou entre nós, até que fiz um barulho estranho e encostei os dedos nos caninos, como presas.

— Agora entendeu?

Ele revirou os olhos. — Não é bem assim.

— Ah, é?

Edward passou a mão pelos cabelos, incomodado.

— Como sabe disso afinal? — perguntou sem enrolação.

— Eu sou observadora e te conheço há uns três anos. — minto, fingindo um tom de voz óbvio.

— Mentira. Ninguém nunca descobriu.

Fiquei em silêncio, pensando em uma saída.

— Não quero falar sobre isso.

— Acho que você não tem escolha. — indagou com aquele tom de voz que eu odeio.

— Vai fazer o que, hein?

Ficamos em silêncio novamente até ele bufar.

— Se sabe tanto, deve saber que alguns de nós têm habilidades.

— Claro, Emmett é forte demais pro meu gosto. — tento brincar. — O que foi? Bella está em perigo? — Isso não estava nos planos agora.

— Alice viu sua morte.

Engoli em seco. Meu corpo ficou tenso, e comecei a massagear o pescoço instintivamente.

— Eu só dei um mergulho hoje cedo.

— Mas a visão não foi isso. — Seus olhos se fixaram nos meus. — Você pulava de um prédio. Por isso vim aqui.

Merda.

— No fundo, acho que não desejo tanto sua morte quanto imaginei.

— Obrigada?

— De nada. — Ele sorriu convencido, e joguei um travesseiro no rosto dele.

Ele pegou o travesseiro no ar sem esforço algum, ainda com aquele maldito olhar superior.

— E Bella? Já contou pra ela sobre você? — questiono o vendo mexer na minha estante de livros. Nem eu sei o que a Jess lia.

— Vou contar. — disse fazendo um barulho, parecendo um riso. Me ergui para enxergar o que ele viu, e era uma revista sobre moda.

Pelo menos a Jessica tinha bom gosto.

— Então eu tinha razão, ela é a sua garota. — Sorri, provocando e voltando a me jogar no pufe.

Ele bufou. — Você não sabe de nada.

— Sei que tá louco pra ser meu amigo.

Edward revirou os olhos, caminhando até a janela. Abriu-a, pronto para sair.

E sumiu na noite.

Sempre tão invasivo.

(...)

O dia estava ensolarado, o que significava ficar um dia livre dos olhares fulminantes dos Cullen em mim. Acho que finalmente consegui prestar atenção em uma aula e agora estava tomando aquele sol.

Bella olhava à procura do vampiro stalker e Angie falava sobre ter convidado Eric pro baile, o que me fez fazer cara de bunda o momento todo.

— Para com isso, Jess. — pediu dando um leve empurrão no meu ombro.

— Eu não gosto mais dele com você. — retruco fechando meus olhos, sentindo o sol esquentar minha pele tão branca quanto a de Bella.

— Eu sei, mas eu não encontraria ninguém até lá.

— Diga por você. Eu acharia um, embrulhava em presente e te enviava. — resmunguei levando outro empurrão.

— Obrigada, mas agora já foi. Qualquer coisa você dá um soco nele por mim.

— Fechado. — digo aceitando aquele fardo de aceitá-los juntos. — Ele não tá aqui. — olho pra Bella. — Toda vez que o tempo tá bom, os Cullen somem. — Aleluia.

— Simplesmente somem?

— Não. O Dr.Sex…Cullen. — eu tenho que parar com essa mania. — Os tiram da escola para acampar e caminhar. Tentei fazer isso com meus pais mas não rolou. — respondo com a fala do filme, mas a verdade é que eu e minha irmã realmente tentávamos isso com os nossos pais.

— Você tem mesmo que sair da cidade? — indagou Angie para Bella que a olhou encolhida.

— É, sabe, coisa de família.

Pelo que me lembro, Jess vai comprar vestidos com elas. Eu poderia impedir o que acontece com Bella, mas aí Edward não a protegeria.

— Vamos para Port Angeles hoje? — questionei tentando ver se estava certa.

— Sim! Combinamos a semanas atrás. — lembrou Angie e sorri concordando.

— Posso ir com vocês? — Questionou Bella me vendo levantar da mesa.

— Claro, Swan. — brinquei a fazendo sorrir minimamente.

(...)

Angie escolhia vários vestidos, não sabendo qual decidir e eu peguei o vestido que Jess havia usado.

— Lilás fica bem em mim? — perguntou Angela.

— Fica sim. — digo a vendo experimentar um vestido longo com detalhes no busto.

Olho de canto, vendo Bella ler um livro. É estranho ver pessoalmente.

— Ae, delícia. — disse um dos homens que passavam na frente da loja.

Apenas apontei o dedo do meio, recebendo um assobio e risadas. Um deles implicou com Bella, que estava perto do vidro, mas ela os ignorou.

— Depois julgam quem mata essas pragas. — digo arrumando meu vestido da frente do espelho.

Realmente, ganhei peitos maiores.

— Nossa, Jess. — riu Angie. — Mas concordo.

— São uns idiotas. — resmungou Bella.

— Bella, o que você acha? — perguntou Angie se virando para ela.

— Ficou ótimo.

— Admita, você não veio pra cá pra isso. — digo brincando com meu novo decote no espelho.

— Você adivinhou. — disse sorrindo me vendo pular na frente do espelho.

Qual é, eu literalmente ganhei silicone grátis.

— Você não curte muito isso, né? — indagou Angie.

— Na verdade eu queria ir em uma livraria.

— Pode ir, Bells. Depois nos encontramos pra comer. — digo meio marota, por saber o que vai acontecer.

— Certo. Encontro vocês depois. — avisou pegando suas coisas e saindo.

— Por que continua pulando?

— Meus peitos estão lindos. — digo sinceramente fazendo ela gargalhar.

(...)

Angie me pegou de surpresa ao dizer que sua mãe queria encontrá-la em Port Angeles antes de irmos ao restaurante. Sem muita escolha, acabei ficando sozinha pelas ruas da cidade. O céu já começava a escurecer, e o vento frio trouxe um arrepio à minha pele. Puxei o casaco mais para perto do corpo e segui caminhando sem pressa, observando as vitrines iluminadas.

Eu sempre gostei de fazer compras com minha irmã. Ela adorava gastar, e, de certa forma, acho que herdei isso dela. Um sorriso involuntário surgiu em meus lábios ao lembrar de como ela se empolgava com qualquer peça nova, como se estivesse montando um figurino para algum evento importante.

Foi então que meus olhos pousaram em uma sapatilha vermelha na vitrine de uma loja. Por um momento, o tempo pareceu desacelerar. Imagens dela vestida de Dorothy para o Halloween invadiram minha mente — o vestido azul, as tranças bem-feitas, o brilho divertido em seu olhar enquanto girava para exibir os sapatos vermelhos.

A lembrança apertou meu peito antes que eu percebesse. Pisquei rapidamente, mas não o suficiente para impedir que algumas lágrimas silenciosas escapassem, traçando um caminho quente pelo meu rosto frio.

Eu não deveria estar chorando.

— O que as sapatilhas fizeram pra você? — aquela voz. Limpei minhas lágrimas rapidamente e vi Edward me encarando, escorado na parede de tijolos da loja.

— Que merda você está fazendo aqui? Pra quem me odeia está me seguindo muito!

— Eu não te odeio. Só não te suporto, o que é diferente. E estou de olho em você. Não é todo dia que uma sem cérebro descobre nosso segredo.

— Olha aqui, sem cérebro é a sua… — Droga, droga… Engoli o resto da frase e foquei no que realmente importava. — Você tá de carro, né? — perguntei, já começando a andar e puxando ele pela mão.

— O quê? — Edward franziu a testa, confuso, mas acabou me acompanhando.

— Bella está em perigo.

Ele parou abruptamente em frente ao seu Porsche.

— O quê? Como você sabe? — perguntou de novo, a hesitação na voz me irritando.

— Destranca essa porra logo. — ordenei, e ele obedeceu sem mais perguntas. Assim que entrei, ele ligou o carro num movimento ágil.

— Sabe onde fica a livraria Trovão e Baleia? — perguntei, torcendo para não ter errado o nome.

— Sei. — Ele respondeu sem hesitar e acelerou, fazendo-me agarrar no painel para me segurar.

Com a velocidade quase no máximo, chegamos em tempo de vê-la cercada dos homens que nós assediaram mais cedo.

Eu saí do carro tão rapidamente que nem sei como soltei o cinto.

— Entra no carro! — mandou Edward para Bella, que obedeceu.

— Seu filho da puta! — berrei,
pulando em cima do homem que
estava mais perto de Bella. O
impacto me fez ver estrelas,
uma fisgada aguda rasgando
minha barriga quando caímos no chão. Mordi o lábio, ignorando a
dor latejante do ferimento do acidente de carro. Enquanto ele tentava se defender e eu continuava a bater
nele. — Quem te dá o direito de
fazer o que faz? Seu merda! —
Eu não sabia bater, mas puxava
o cabelo dele com força,
arrancando gritos.

— Me solta sua maluca! AI! TIREM ESSA DOIDA DE CIMA DE MIM. — Senti mãos frias na minha cintura, bem onde o curativo apertava minha pele sensível.

Soltei um gemido abafado quando Edward me puxou para
cima.   

— Deu, chega. Vamos embora. — disse me colocando no chão novamente.

— Segura essa vadia, se não ela vai ser a próxima. — berrou limpando o sangue na bochecha. Acho que o arranhei.

Edward não o respondeu, ele encarava eles com tanto desejo de morte, de forma tão selvagem que essa necessidade me fez segurar sua mão e desta vez, eu puxá-lo pro carro. Entramos, e ele acelerou o carro, afastando os perseguidores tão rapidamente que eles ficaram olhando boquiabertos para nós, sem entender.

Eu atropelaria.

Deitei minha cabeça no estofamento, colocando a mão contra o meu ferimento e virei minha cabeça pra Bella.

— Cê tá legal? — questionei a vendo olhar para as próprias mãos.

— Sim.  — Sua voz ainda estava alterada, sem dúvida por causa do medo.

— Sinto muito, mas não sei como ajudar. — confesso com pesar. — Mas estou aqui se precisar de alguma coisa. — entendi a outra mão para ela, oferecendo conforto. Bella hesitou por um segundo antes de se deixar segurar.

Sorri um pouco pra ela, mas ela lançou um olhar de soslaio, com os lábios pressionados em uma linha fina.

— Vocês estavam juntos? — perguntou tentando ser sutil ao ciúmes e senti ela soltar minha mão. — Não sabia que eram amigos.

— Não somos. — respondemos em uníssono e eu ri sem graça, continuando. — Nós encontramos. Angie
foi ver a mãe antes de ir pro restaurante que combinamos, então vi que estava escurecendo demais e pensei ir atrás de você. Como um belo cavaleiro… — ele me olhou de canto, percebendo o deboche na minha voz. — Eddie me ofereceu uma carona até você.

— Bem, obrigada. Vocês dois. — ela olhou para Edward que voltou a olhar pra frente com irá.

— Eu deveria voltar lá e arrancar a cabeça deles.

— Eu apoio! — comemoro mas ele me encara mortalmente.

— Você é uma idiota! Pulou em cima do cara com outros em volta. Tem o que na cabeça?!

— Cérebro.

— Parem vocês dois! — pediu Bella se aproximando um pouco dos bancos da frente.

— Você não sabe as coisas sujas e repulsivas que estavam pensando.

— E você sabe? — Bella o olhou esperançosa por alguma resposta.

— Não é difícil de imaginar. — declarou a fazendo morder o lábio inferior decepcionada com a resposta. — Podem falar de outra coisa? Me distrair para que eu não volte lá?

— Coloque o cinto. — pediu a Swan. Sorri animada, mordendo a ponta da unha. Aquela cena era do filme.

— Você que deveria colocar. — respondeu ele dando um leve sorriso.

Ele me olhou.

— Seu cabelo tem formato de abacaxi. — mencionei.

Ele franziu o cenho e balançou a cabeça se arrependendo de me pedir alguma distração o elogiando.

Em alguns minutos paramos no restaurante que deveríamos estar comendo há algumas horas.

Tô varada de fome por sinal.

— Jess, Bella! Eu liguei para vocês, mas eu estava com fome então comi sozinha! — choramingou Angie. — Wow.

Ela viu Edward atrás de nós. Não disse que é um espírito obsessor?

— Desculpe, a culpa foi minha. — disse Edward sendo cavaleiro que ele não é.

— Eu fui atrás da Bella na biblioteca e Edward meu deu carona. — dei continuação pra história.

— Ata. Mas vocês estão bem? — Olhei para Bella que assentiu, então fiz o mesmo.

— Me leva pra casa? — pergunto para Angie que concorda.

— Acho melhor você… vocês comerem um pouco. — sugeriu Edward.

— Como em casa. Mas leva a Bella pra comer. — ele me olhou sabendo o que eu queria.

— Certo. Vem, você esqueceu seu casaco no carro. — ele disse me puxando pelo pulso e deixando Bella com a Angie.

Ele abriu a porta do passageiro e pegou meu casaco, mas antes de me entregar, ele segurou com ele.

— Como sabia que Bella estava em perigo?

— Para de fazer tantas perguntas, nem eu faço isso com você. — digo tentando puxar meu casaco.

— Você sabe demais. — eu peguei com mais força e ele soltou. O coloquei, puxando meu cabelo para trás da gola.

— Edward, salvamos ela, isso que importa.

— É, acho que sim. — ele estava  pensativo.

— Fique feliz por isso.

— E você? Está bem? Senti cheiro de sangue. — apontou pro meu machucado.

— Vou pedir pra Angie me levar no médico, pra refazer o curativo e ver seu pai de novo. — brinquei o fazendo me encarar. — Eu tô legal, salvamos o dia. — o tranquilizei e entendi a mão pra cumprimentar, na qual ele aceitou relutante. Ele tocou levemente a minha mão. O toque demorou apenas um momento a mais do que o necessário, o que fez meu coração acelerar e se assustar com isso.

Puxei minha mão rapidamente.

Ele franziu o cenho e se afastou, indo até Bella enquanto Angie vinha na minha direção. Cobri o meu rosto com as mãos, sobrecarregada pela situação, enquanto tentava bloquear o mundo.

Aquela sensação foi estranha demais pra mim.

Finalmente saiu o capítulo que muitos esperavam kskskksks
Me desculpem a demora mas aconteceu algumas coisas e nem sempre o bloqueio da um tempo. Isso pode acontecer muito, já vou avisando 😋

Enfim, quero divulgar o meu tiktok e insta, para que a gente fique mais próximo ^^

O user dos dois é: stuffflyy_