01 | NO CORPO DE OUTRA
MINHAS COSTAS DOÍAM, será que cai da cama? Não… não era isso, estava chovendo, e eu me lembro de estar no terraço do prédio que era minha casa… porque o chão parece ser macio? Ou melhor, porque estou viva? Abri meus olhos com dificuldade, minha mente turva. Olhei ao redor e percebi que estava deitada em uma cama em um quarto que eu não reconhecia. As paredes eram pintadas com tons suaves de lavanda, a mobília era frequentemente em tons de branco com detalhes em ferro forjado. Os acessórios de decoração incluíam cortinas florais, almofadas decorativas em padrões xadrez, e pôsteres de ídolos adolescentes nas paredes. A iluminação era suave, com luminárias com abajur de tecido.
Que quarto era aquele?
Com cuidado, pus os pés no chão e me encarei no espelho que adornava a parede. O que vi me fez recuar em choque e bater a cabeça na parede de gesso.
— Que porcaria é essa? — murmurei.
Aquilo era bizarro demais.
A mulher que me olhava no espelho não era eu, Sophie Henson, mas eu a reconhecia de algum lugar. Seus olhos eram de um verde profundo, enquanto os meus cabelos eram castanhos. Se eu ainda não estiver louca, tenho quase certeza de ter cabelos curtos e olheiras.
Uma onda de pânico se apoderou de mim. O que diabos estava acontecendo? Como eu havia ido parar nesse corpo estranho? Minhas mãos tremiam quando batia em meu novo rosto, como se esperasse que tudo fosse apenas um sonho ou pesadelo. Ouvi alguns toques na porta me fazendo dar um pulo.
— Querida, vai se atrasar.
— Ah… — limpei a minha garganta. — Eu já vou.
— Seu pai tem uma coisa pra você, se apresse. — a voz foi ficando distante, me deixando congelada no lugar.
Pai? Então aquela seria minha… mãe? Eu tinha inúmeras perguntas, mas nenhuma resposta. Olhei para as roupas que estavam jogadas sobre uma cadeira próxima e vesti-as rapidamente. Era uma calça de cintura baixa, pro meu desprazer e coloquei uma blusa cor creme mais longa para esconder minha barriga e um casaco curto.
Olhei para uma mochila azul com traços marrons… Aquilo deve ser minha? O que eu tô falando? Nada me pertence. Nem esse corpo!
Peguei ela e saí do quarto, a casa era de dois andares. Desci as escadas com cuidado, vendo a entrada da casa meio rústica, a sala e a cozinha compartilhada.
— Bom dia, meu amor! — era uma mulher muito parecida com essa minha nova aparência.
— Bom dia. — Senti ela beijar minha bochecha.
— Alguém resolveu acordar. — ele só podia ser o pai, tinha grandes olhos azuis iguais aos… meus?
— Aquilo é um jornal? — apontei querendo ver a data.
— Hm? É sim. — ele me olhou estranho como se isso não fosse um ato normal. Corri até ele e abri a primeira página … Espera, estamos em 2008? Eu tinha oito anos, por que tô com cara de dezessete? — Você está bem?
— O que? Sim, tô.
— Jess, você tá estranha hoje. — murmurou um garotinho fazendo eu dar um outro pulo. Vou sair pelo telhado daqui a pouco.
— Eu… você é quem mesmo? — todos me olharam estranho e quis me bater por deixar aquela pergunta sair.
— Prazer, Isaac, seu irmão de dez anos, sua bobona. — resmungou indo abrir a geladeira.
— Você está bem mesmo? — perguntou minha "mãe".
— Sim, sim.
— Que bom. Eu quero te dar isso. Seu primeiro dia esse ano no colégio, e pra te dar sorte, comprei isso vindo pra casa. — O meu "pai" me deu uma correntinha de trevo. — É um orgulho saber que você é a jogadora número um de vôlei e futura oradora.
— Eu… vôlei? — ele assentiu e sorri amarelo. Eu sou sedentária, tio. — Obrigada. Eu amei.
— Acho que logo o Mike vem te buscar. — comentou a mulher mais velha colocando um torrada em minha boca me fazendo embuchar.
Ah... Mike?
— Aquele loiro azedo?
— Respeito com ele, Isaac! — pediu o meu pai, que eu queria saber o nome.
Eu quero um computador para saber mais, nessa época o Facebook estava no auge.
Eu iria perguntar algo mas uma batida na porta de casa fez minha "mãe" ir sorridente abrir a porta.
— Bom dia, senhora Stanley. — Espera… arregalei os olhos. Aquele era um ator. Já vi ele em séries e em crepúscu…
— PUTA MERDA! — berrei colocando as mãos no rosto.
— JESSICA! — ralhou meu "pai" me fazendo sorrir culpada.
— Desculpa… pai. — ainda não saberia dizer o nome dele, Jéssica Stanley não era a principal do filme, não tinha muito o que falar sobre ela, além da inveja que ela tinha da protagonista. — Mike, podemos ir?
— Isso, leva esse… — Meu "pai" abraçou meu irmão e tapou sua boca.
Sorri para os demais, e puxei Mike comigo para sair daquela casa, murmurei apenas um "até logo".
— Que pressa, Jess. — murmurou andando em direção da parada onde o ônibus escolar iria nos pegar.
Suspiro olhando minhas mãos, Jessica tem pais tão amáveis, por que ela era ruim com os outros?
— Você tá legal? É por causa do jogo de hoje?
— Jogo? Que jogo? — merda, no início do filme quando a Bella entra na escola, eles jogam vôlei. Eu tô toda ferrada.
— Vôlei. Ei, soube que vamos ter uma aluna nova, que é da Arizona? — o ônibus vinha chegando e parou para nós entrarmos. — Ela deve ser bonita, as pessoas de lá são bem bronzeadas.
— Mais branca que um papel. — ri pelo nariz e recebendo uma careta de confusão de Mike. — O que? Você pode estar errado sobre a aparência dela.
— Mas provavelmente é bonita, isso tenho certeza. — ele deu um soco de brincadeira no meu ombro que me fez ferver de raiva. Jéssica gostava de um cara que a tratava como um garoto?
Caminhei até o fundo do ônibus, mas vi Mike novamente me olhando como um et. Ri nervosamente e corri até se sentar ao lado dele. Pessoas que nunca vi na minha vida me cumprimentaram. O que eles diriam se eu falasse que são tudo figurante?
Notando a paisagem pela primeira vez, senti meu coração bater mais rápido. Sempre quis visitar Forks, eu e minha irmã sempre assistíamos aos filmes em dia de chuva, e morávamos em Aspen, Colorado e levava praticamente horas pra chegar até aqui, mas estávamos muito ocupados para viajar. O céu estava nublado, querendo chover, e pra tudo que quer lado que eu olhasse havia mato.
Esse clima… me lembra dos meus últimos momentos, antes da minha… morte.
— Jess! — Mike me sacudiu me fazendo o olhá-lo mortalmente. — Onde você tá?
— Aqui, onde mais estaria?
— Alguém tá te ligando. — Olhei para minha mochila e tirei de lá um celular de empurrar para cima. Espera, como se usa aquilo?
Mike revirou os olhos e atendeu pra mim.
— Hey, Lauren!... ela tá aqui sim. — ele me olhou de canto enquanto eu analisava a cena. Isso parecia cenas deletadas sinceramente. — Estamos no ônibus. Ela tá meio estranha.
— Me dê isso aqui. — Peguei o celular dele. — Alô?
" Alô? É isso que você tem pra me dizer? "
— Ah… é.
" Jess, o Mike e você transaram e você não tem nada pra dizer? "
— É O QUE? — berrei recebendo olhares estranhos. Isso já tá virando mania. — Não aconteceu isso não.
" Não? Aff, achei que você era uma mulher de atitude. " — ergo minha sobrancelha ouvido aquele papo. — Alguém tá me chamando, tenho que ir agora, beijos vadia. "
Meu Deus, isso é o que ela chama de amigos? Jassica sua problemática. Olho para Mike e o vejo falar com alguns garotos do time dele. Será que me jogo de outro prédio?
Senti o ônibus parar, coloquei minha mochila no ombro e desci do veículo, sentindo Mike nas minhas costas. Ele não desgruda?
Caminho em direção do prédio tentando ignorar tudo em minha volta mas alguém me pegou pelo braço me fazendo quase dar um soco, mas recuar quando vi a face assustada de Lauren. Pelo visto o livro e o filme se misturaram. Ela tinha cabelos ruivos e uma maquiagem meio exagerada.
— Iria me acertar?
— Não, desculpa, acordei meio estranha hoje. — fingi um sorriso.
— Com certeza, olha pra você? Que roupa é essa?
— Foi a primeira que encontrei literalmente. — fingi brincar. — Bem, eu… tenho dabate.
— Debate?
— Quero dizer discurso pro time… ah sei lá. — Angela, Tyler e outros se aproximaram. Ah, eu adorava a Angela, era a única que prestava. — Oie Angie! — berrei animada. Ela me olhou confusa mas me deu um sorriso singelo. — Adoro você, viu?
Angela riu ficando com as bochechas vermelhas.
— Você bebeu ontem? — perguntou Lauren.
— O que? Não, mas tenho que ir. Nós vemos na aula. — avisei correndo pra dentro daquela escola. Alguns alunos me cumprimentaram novamente mas não era tantos, Lauren era mais popular que a Jessica e tudo mundo sabia disso.
Quase caindo, bati em uma pessoa que parecia ser feita de concreto.
— Ô seu brutamontes, olha pra frente! — ralhei olhando pra cima e dando de cara com ninguém menos que Edward Cullen. — Puta merda.
Ele franziu o cenho confuso.
— Ai meu Deus, Edward Cullen exite!... espera, Edward Cullen existe? — acho que tô sonhando e meu corpo tá em coma.
Ele deu um suspiro cansado. Ele sabia que Jéssica era apaixonada por ele, mas eu… eu não sou a Jess. Eu iria correr para longe mas minha visão ficou turva, e só senti as mãos geladas de Edward na minha cintura, não me deixando cair.
— Nem morrer em paz eu consigo. — comentei antes de deixa a escuridão tomar conta da minha visão.
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