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Camila Cabello
Poin't of view
Sempre ouvi falar de que somos traídos pelas pessoas improváveis, ou aquelas em que nós mais confiamos. E pensar que eles estavam mesmo certos.
Se me dissessem a dois meses atrás que eu seria exposta para a escola inteira por uma das minhas melhores amigas, eu iria rir até a minha barriga doer. Mas, agora posso ver o quanto minhas perspectivas estavam erradas. O quanto coloquei expectativas em coisas sem futuro algum.
Mas hoje não, eu não pensaria nas traições, muito menos no que aconteceu no passado. Meus pais não sabiam do vídeo, eles só sabiam de alguns boatos e brincadeiras. Mas se algum deles soubessem o que aconteceu, eu não sei o que poderia acontecer, principalmente, pelo meu pai ser cardíaco.
Ao estacionar o meu carro na porta, percebo um conversível vermelho ao lado do carro do meu pai. Visitas? Pedi a Deus para que eu estivesse errada.
Já se passavam das cinco horas e as luzes da varanda estavam acessas, destacando a cor da madeira escura da porta de entrada. Uma semana longe dos meus pais pareciam uma eternidade, pensei que ao mudar para um alojamento eu não precisaria olhar para os olhos dos meus pais escondendo algo tão importante deles, cortar esse cordão umbilical é mais complicado do que parece.
Seria tudo mais fácil se eu tivesse contado e continuado em casa, mas eu continuaria convivendo com aquelas pessoas que tanto me fizeram mal. Eu não teria nenhuma desculpa melhor do que "conheci uma escola melhor do que a South Side..."
O importante é que eu finalmente veria meus pais novamente depois de todos esses dias longe deles, tudo o que eu precisava era de um momento com eles. Desço do carro e pego uma pequena mala do banco de trás do meu carro, tranco o carro e bato na porta.
Depois de três consecutivas batidas na porta, sou surpreendida por Selena na porta. O que ela fazia aqui?
Selena Gomez é a minha prima mais nova, sobrinha da minha mãe e filha de Mandy, minha tia. Mandy conseguia ser insuportável e nem fazia esforço para que isso fosse possível. Ao contrário da minha mãe, Mandy não deu certo com nenhum dos seus quatro maridos e ela continuava se comportando como uma adolescente de quinze anos, como a filha. Era vergonhoso o comportamento das duas.
-Camila! -Selena diz ao envolver seus braços envolta do meu pescoço. Se essa garota não fosse minha prima, eu diria que ela planejava me sufocar naquele abraço. -Quanto tempo, senti saudades.
-Oi, Selena. Vejo que não mudou nada. -Digo com um sorriso forçado no rosto, tentando ao máximo ser gentil com aquela garota.
-Já você, está ficando mais linda com o passar dos anos. -Minha tia se intromete com um copo de whisky na sua mão direita, seus braços abertos e esticados prontos para me receber. Assim que seus braços envolvem meus ombros sinto o forte cheiro de álcool invadir minhas narinas. -Sinto falta dos laços e daquelas suas saias.
-Eu resolvi mudar um pouco sabe. Amadurecer. Sempre é bom. -Digo gesticulando com as mãos, assim que me afasto e finalmente entro na minha casa. -Viram os meus pais?
-Estão na cozinha com Austin. -Mandy diz e tenho que segurar o queixo para que ele não caia no chão. Austin? O que ele fazia aqui, na minha casa?
Assim que entro no corredor, retiro meus sapatos e deixo a mala ao lado deles, viro a esquerda e lá estão eles. Austin ria enquanto cozinhava ao lado do meu pai, e minha mãe parecia estar em uma conversa interessante com Austin enquanto cortava tomates.
-Mamãe! - Digo assim que me aproximo mais deles. O suficiente para escutar, Austin e meu pai em uma conversa sobre futebol e os principais times classificados da temporada.
-Camila, minha filha. -Minha mãe diz com um sorriso no rosto enquanto limpa as mãos no pano a sua esquerda e se levanta para me abraçar. Um abraço tão aconchegante, com a aparecia de lar para mim. -Senti tanto a sua falta, a casa não é a mesma coisa sem você! -Minha mãe diz ainda me abraçando, segurei as lágrimas dentro de mim para não chorar ali, com Selena, Mandy e Austin ao redor. Eu poderia culpar as cebolas mas não tinha nenhuma cortada por perto.
-Papai, como está se virando sem mim no piano? -Pergunto me aproximando do meu pai, assim que minha mãe me solta para continuar seus afazeres.
-Nada bem, não é a mesma coisa sem você tocando para mim todas as noites. -Ele responde meio triste, mas ainda com um sorriso largo e brincalhão no rosto. Ele me abraça fortemente e carinhosamente deixa um beijo na minha testa.
-Não é para tanto, você me ensinou tudo o que eu sei. - Brinco assim que nos afastamos.
-Nada é a mesma coisa sem você, Camila. - Austin diz enquanto tento ao máximo ignorar sua presença ali.
-O que você está fazendo aqui? - Pergunto, desmanchando imediatamente o sorriso que preenchia meu rosto.
-Camila! Isso não é jeito de tratar as visitas. -Minha mãe me repreende e eu peço para que ela se acalme.
-Precisamos conversar, eu preciso te contar tudo o que aconteceu. -Ele diz retirando o avental de abacaxis da minha mãe.
- O que aconteceu, Camila? - Meu pai pergunta com o seu semblante fechado e consigo perceber Austin gaguejar.
-As coisas que estão acontecendo na South Side, vocês sabem, preciso me atualizar. - Minto e meu pai assente, mas ele me conhecia. Ele já sabia que tinha algo que eu estava mentindo ou escondendo algo.
Meu pai me conhece mais do que qualquer pessoa no mundo inteiro. Ele me ensinou tudo o que eu sei hoje e me ajudou a me tornar uma pessoa boa, gentil e humilde. Alejandro Cabello foi e é o meu herói, foi a melhor pessoa que o universo me enviou. Meu pai é o que eu tenho de mais valioso na minha vida e eu não sei o que eu faria sem ele na minha vida.
Nada caiu da céu para os Cabellos, tivemos que lutar dia e noite para alcançarmos tudo o que temos hoje. Minha mãe é uma arquiteta renomada e meu pai um empresário de sucesso. E pensar que tudo isso começou com uma barraca de frutas em Cojimar e cresceu para algo maior.
-Venha, pode me contar tudo na varanda. -Digo e ele assente me acompanhando para fora da cozinha. -Antes de ir... -Digo dando dois passos para trás e virando para os meus pais que se atentam em mim. -Senti tantas saudades de vocês dois.
-Também sentimos, querida. Agora vá. -Minha mãe diz com seu rosto sereno. Como ela conseguia ser tão tranquila?
Austin e eu atravessamos a sala e percebo a troca de olhares entre Austin e Selena. Ele pisca seu olho esquerdo rapidamente com um sorriso malicioso no rosto e as bochechas dela avermelham-se. Isso é sério? Eles dois juntos?
O que mais eu perdi enquanto estava fora?
Calço minhas pantufas amarelas e visto o meu casaco preto, observando a cena a minha frente. Selena e Austin faltavam se engolirem com os olhos.
-Eu sei que você provavelmente está furiosa comigo. -Austin diz assim que a porta se fecha. -Mas, tudo tem uma explicação, pode parecer que fui eu mas, não foi.
-Eu sei que não. Foi Lauren. Mas ainda me pergunto o por quê me gravar? -Pergunto indiretamente e percebo suas bochechas corarem levemente.
-Não pense que só te gravei para mostrar para os meus amigos. Aquela foi de longe a melhor transa que eu já tive e...-Austin começa mas logo se interrompe ao perceber minha reação negativa. -Na verdade, nem eu sei o porquê fiz aquilo. Acho que eu esperava tanto por aquele momento com você, que não queria esquecer de forma alguma.
Austin havia me conquistado por esse jeito descontraído e o olhar fofo que ele tinha. Ele veio com seu passado ruim, notas horríveis e a pinta de "bad guy". Meus pais o odeiam, só estavam sendo gentis por terem Mandy e Selena em casa, e se eu tivesse uma irmã, provavelmente também não iria com a cara de Austin.
-E como Lauren conseguiu o vídeo? Você mandou? -Pergunto cruzando os braços e fechando o meu semblante.
-Não sei como ela conseguiu, acho que foi em alguma das vezes em que dormimos juntos e...-Ele se interrompe ao perceber o que acabou de falar.
Lauren e Austin? Uma mistura bastante improvável, já que os dois se odiavam e Lauren sempre estava o afastando do grupo. E então me vem a mente, ela o afastava para que eu não suspeitasse de nada, assim como falar mal um do outro.
-Então, vocês faziam tudo isso pelas minhas costas e não sentiam nada ao mentir na minha cara? -Pergunto espantada pela confissão de Austin e pelas peças montadas na minha cabeça. Lembrando de cada momento dos dois nos corredores da escola, de todas as trocas de olhares e de Lauren dizendo o quando Austin não era certo para mim.
-Eu estou arrependido, de ter deixado ela te magoar e também por ter dormido com ela.-Ele responde rapidamente, tentando segurar em minhas mãos mas me esquivo.
Senti meu coração se partir em bilhões de pedaços mas, novamente, eu não demonstraria algo assim. Não ali, muito menos na frente dele. Eu respirei fundo tantas vezes para não perder o controle, Austin não merecia nenhuma das minha lágrimas. Eu repetia na minha cabeça.
-Sabe, eu andei pensando nessa conversa durante toda essa semana. E a última coisa que eu pensei era em algo como isso. Lauren estava realmente certa, por incrível que pareça, você nunca foi certo para mim. Você é certo para ela, dois estúpidos e traidores juntos. -Cuspo as palavras, mantendo a postura e a voz correta.
-Me perdoe, Camila. Eu juro que se eu pudesse voltar atrás eu mudaria tudo o que aconteceu. -Austin diz e junta suas mãos, entrelaçando-as, e franzindo seu cenho olhando novamente nos meus olhos.
-Como tem coragem de olhar nos meus olhos e mentir mais uma vez? -Pergunto com ódio no meu tom de voz. Sim, eu sentia raiva naquele momento. Eu não sei o que eu seria capaz de fazer ali. Poderia bater em Austin ou gritar, dizer o quanto fodido ele era. Mas não adiantaria, eu sei que não. Ele continuaria sendo um babaca, imbecil e imaturo.
-Camila, eu sinto muito. - Ele diz com a voz fraca. Seus olhos nebulosos não me diziam nada. Eu não conseguia lê-los, nunca consegui. E por isso, nosso fim era esse.
-E Selena? O que foi aquilo na sala? -Pergunto apontando para dentro da casa, Austin agora mantêm os olhos nos pés com um sorriso ladino nos lábios.
-Estamos dormindo juntos. Nada demais. -Ele responde desviando o olhar dos pés para mim.
-Nada demais? Não pareceu nada demais para mim, não para ela. -Digo furiosa, minha voz estremeceu e meu corpo estava prestes a fazer algo que eu me arrependeria.
-O que foi, Camila? Não vejo problema nisso. Nós terminamos, Austin e Camila chegou ao fim. -Ele diz e novamente me olha. - A não ser que não queira que chegue ao fim. Então volte para mim. -Ele diz se aproximando de mim.
Eu não sei o que aconteceu, mas quando dei por mim. Minha mão esquerda ardia assim como a bochecha de Austin. Ele cambaleia para trás e seus olhos ainda eram indecifráveis.
-Austin, se afaste de Selena e de mim. Não quero você perto de mim ou da minha família. - Digo enraivecida, ele se apoia na parede de madeira da varanda.
-Eles não sabem do vídeo, não é? -Ele pergunta no meio de uma risada cínica. -Eles sabem ao menos que você não é mais virgem?
-Cale a boca. - Digo e Austin se recompõe. - Vire homem, pare de ser um imaturo, imbecil. Cresça e amadureça. Talvez se não tivesse sido tão infantil, estaríamos juntos.
-Estaríamos? - Ele pergunta e eu o ignoro. - Então, você me ama?
- Não, seu babaca. Eu não te amo. Eu vivi dois anos e meio em um relacionamento tóxico e eu nem ao menos havia percebido. -Digo e seus olhos se abaixam novamente para os seus pés. - Porra, como posso ter sido tão burra ao não ver tudo o que estava acontecendo na minha frente?
-Camila, posso até me afastar de você e do seus pais. Mas se ousa tentar estragar o que Selena e eu estamos tendo. Eu mesmo irei mostrar o vídeo para os seus pais. -Ele ameaça e minha respiração cessa.
-Ok, você pode até mostrar o vídeo mas ficarei feliz em te ver sendo acusado no tribunal por pornografia infantil. Quatro a oito anos de pena. Selena e as outras são otárias mas não ao ponto de abrir as pernas para serem revistadas na cadeia. - Digo com um tom sarcástico na voz e ele me olha boquiaberto. - Você tem vinte anos e eu vou fazer dezoito e meus pais ainda respondem por mim já que eu sou imigrante. - Continuo e mais nenhuma palavra vinda de Austin. -Então não ouse me ameaçar ou sua pena pode aumentar. Vire homem e vá embora.
Não chorei, nem uma lágrima. Moleques como ele, não merece nenhuma das minhas lágrimas.
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