Capítulo 35
Acho que Cameron deve ter ficado muito bravo comigo por ter sugerido que ele buscasse ajuda para controlar a raiva. Estou ligando para ele o dia inteiro e ele não me atende.
— Tudo bem, Cam, isso já é exagero. Você vai falar comigo querendo ou não. — Falo comigo mesma enquanto subo para seu apartamento.
Ao parar em frente da porta bato, e ela se abre sozinha. Acho estranho Cameron ter deixado a porta aberta e entro hesitante em seu apartamento.
— Cam? Cam, sou eu! Cameron!
Procuro por todo o apartamento, mas ele não está aqui. É muito estranho Cam ter saído e deixado a porta aberta.
Escrevo mais uma mensagem para ele e ao passar pela porta, noto algo no chão. Abaixo-me e sinto uma sensação ruim, um mau pressentimento.
Sinto meu sangue gelar ao perceber que são gotas de sangue no chão.
Levanto-me e ligo para Garrett. Pergunto se ele teve noticias de Cam e quando ele me diz que não, conto sobre o sangue em seu apartamento e sobre o fato que não consigo encontra-lo.
Garrett me pede para ligar para todos que possam ter falado com ele hoje e eu faço o que ele me pede, ou seja, ligo para minha mãe, para a casa noturna onde ele conseguiu o emprego de segurança, para Brian e até mesmo para Mia, que ainda não reencontrou com Cam.
Quando ligo de volta para Garrett é para dar a noticia que nem minha mãe nem ninguém ouviu falar de Cam hoje. Garrett larga tudo e vem ao meu encontro.
Sinto uma sensação péssima de que algo de muito ruim aconteceu com Cameron e quando Garrett chega ao apartamento não consigo disfarçar meu desespero.
— Você acha que ele simplesmente foi embora sem avisar ninguém, como ele fez antes? — Garrett pergunta e eu penso em nós. Não, ele não iria embora sem motivo justamente quando nós dois finalmente voltamos.
— Não. — Digo com confiança. — Cam não iria embora agora que ele e você estão se dando bem, ele não abandonaria a Liv.
E a mim, tenho vontade de dizer, mas Garrett ainda não sabe sobre o amor entre seu filho e eu e acho melhor que ele não descubra assim.
— Se ele foi embora, é porque alguém o forçou. — Digo e Garrett me olha sério.
— Então nós temos que ir à policia, Nina. — Ele diz sério e é para lá que nós vamos.
***
Eu fui a última pessoa a ver Cameron antes dele desaparecer. Me fizeram várias perguntas e eu fui honesta em quase todas. Quando me perguntaram se eu sabia de alguém que poderia querer machucar Cam, eu menti e disse que não.
Não sei por que eu fiz isso quando na verdade eu queria dizer que sim, tinha alguém que poderia querer feri-lo. Hardy.
Uma pequena sensação de que eu estaria traindo Cam ao falar de Hardy me fez mentir, mas agora eu me arrependo.
E se foi ele quem fez Cam desaparecer? Talvez ele não tenha aceitado a noticia de que Cameron iria embora tão bem assim.
Mas no fundo, bem lá no fundo eu sinto que Hardy nunca faria isso. É loucura, eu sei.
Eu nem conheço esse cara e o próprio Cam me disse o quanto ele é perigoso, mas o modo como ele falou sobre a amizade dos dois me faz pensar que existe outra pessoa por trás do desaparecimento de Cameron.
Volto para casa e choro. Rezo para que Cameron esteja por aí, que ele tenha saído por conta própria e tenha esquecido de me avisar. Que ele esteja bem e esteja seguro.
Adormeço no sofá e acordo com meu celular tocando. Atendo rapidamente, sem nem ao menos ver o nome na tela.
— Alô? Cam?
— Não, sou eu, amiga. — A voz de Mia chega até mim.
— Ah, oi.
— Liguei para saber se teve noticias do Cam, mas pela sua voz ainda não.
— Não, amiga. — Começo a chorar baixinho. — Garrett e eu fomos a policia e denunciamos o desaparecimento, mas você precisava ver, ninguém lá deu bola para nós. Pegaram nosso depoimento, preencheram os papéis tudo como deveria ser, mas eles quase riram da nossa cara quando disse que não fazia nem 24 horas que eu o tinha visto pela última vez. Mesmo eu falando sobre o sangue, acho que o Cam não será prioridade, e você sabe que quanto mais demorar para achar ele, mais é provável que...
— Não, não diga isso. Nós vamos encontra-lo. Se alguém sequestrou ele, logo devem ligar para pedir o resgate, não é? Garrett vai pagar o que for preciso e vão solta-lo.
— Não acredito que isso está acontecendo, e o pior é que eu não posso fazer nada. Nós tínhamos nos acertado, Mia, ele e eu estávamos juntos.
— Você está falando sério? Você deu outra chance para ele?
— Sim, mas agora ele sumiu. — Digo e choro.
— Calma, amiga, tudo vai dar certo, você vai ver.
***
Dois dias. Dois malditos dias se passaram e não tivemos nenhuma noticia.
Não consegui dormir, não consegui comer, não consegui fazer nada a não ser ficar perto do meu celular.
Mamãe veio com Liv para a cidade e está ficando na casa de Garrett junto com ele.
A coitadinha da Liv não está entendendo nada do que está acontecendo, mas ela sente que algo está errado e está assustada.
Eu também estou. Tenho muito medo de nunca mais ver Cameron.
Acaba comigo não saber quem e o porquê levaram ele. Ninguém ligou pedindo resgate ou algo do tipo, então qual o motivo de terem sequestrado Cam?
Uma partezinha bem pequena em um canto obscuro da minha mente insiste em me dizer que Cam me abandonou de novo, mas eu sei que dessa vez não, dessa vez alguém tirou ele de mim.
Eu preciso fazer alguma coisa, não sei o que, mas não posso continuar de mãos atadas esperando que a maldita policia faça algo para encontra-lo.
— Amiga, infelizmente não há nada que você possa fazer, tem que deixar a policia fazer o seu trabalho. — Mia diz, tentando me consolar.
Ela veio me visitar porque está preocupada comigo, mas como ela quer que eu pense em alguma coisa que não seja Cam? Eu o amo e não sei onde ele está, se está segura ou se...se está morto.
Sinto um calafrio percorrer meu corpo. Não, ele não pode ter morrido, tenho que ter fé que quem quer que o tenha sequestrado, o queira vivo.
— Esses incompetentes não conseguiriam acha-lo nem que ele estivesse embaixo no nariz deles. Eu preciso fazer alguma coisa, Mia, não posso simplesmente ficar sentada aqui enquanto eles fazem nada. Cam precisa de mim, eu sinto isso. — Digo apreensiva, uma angustia dominando meu peito.
— Mas fazer o que? Não temos pista nenhuma, ninguém viu ou ouviu nada.
De repente me lembro de algo que Cameron me disse um dia.
"Ele é maluco, mas é o melhor amigo que eu já tive. Ele faz qualquer coisa por aqueles que ele ama e se importa. Qualquer confusão que eu me meter, Hardy é o cara que eu quero por perto."
— É isso! — Exclamo.
— O que?
Hardy não é o problema, ele é a solução. Cameron confia nele, disse que ele faria qualquer coisa por aqueles com quem ele se importa, e ele se importa com Cam. Eles são melhores amigos.
Eu sei que Cam disse que preferia me manter longe de Hardy, pois sua vida é perigosa, mas esse é o único jeito.
— Preciso pedir ajuda a Hardy.
— Quem é Hardy? — Mia pergunta e só então percebo que expressei meus pensamentos em voz alta.
— É um amigo de Cam, ele tem dinheiro e poder, ele pode nos ajudar a acha-lo.
— Então vamos falar com ele!
— Tem um pequeno problema, ele mora em Las Vegas e é um cara perigoso, ele tem uma casa de acompanhantes e diversos outros negócios duvidosos.
— E você pretende ir até lá?
— É o único jeito, eu não sei muito sobre ele, só que ele tem um lugar chamado 'Paraiso' em Vegas.
— Nina, você está maluca? Se esse cara é perigoso você não pode ir se encontrar com ele!
— Mas eu tenho, Mia, é pelo Cam. — Digo e vou para meu quarto.
Pego uma mala pequena e coloco algumas roupas dentro enquanto que com meu celular procuro por passagens para Las Vegas.
— Nina, não vá, deixe a policia cuidar disso. Você não sabe o que esse cara pode fazer com você.
— É um risco que eu tenho que correr. Cam precisa de toda a ajuda que puder. Quem o pegou não está procurando por dinheiro, ou ele foi pego por algum psicopata que sente prazer em matar ou por alguém que quer vingança.
— Vingança?
— É, vingança contra o Cam, o Hardy, o Garrett, não sei, de qualquer forma, Hardy vai poder ajudar.
— Isso é um erro. — Ela diz e some. Continuo arrumando minha mala.
Talvez seja um erro, talvez seja perigoso conhecer esse tal de Hardy, mas se isso pode salvar Cam, então é isso que eu tenho que fazer.
***
Ao abrir a porta dou de cara com um Brian muito furioso.
— O que você está fazendo aqui? — Pergunto.
— Você enlouqueceu de vez, não foi? Eu vim para te impedir de fazer uma loucura sem tamanho. Não vou deixar você ir para Vegas se encontrar com um criminoso.
— Como é que você sabe disso?
— Mia me ligou. — Ele diz e passa por mim, entrando no apartamento.
Viro-me para minha amiga com raiva no olhar e ela parece constrangida.
— Desculpa, mas eu não posso deixar você fazer isso, Nina, esse cara é um bandido.
— Ele é amigo do Cam! — Protesto.
— O que não vale muita coisa. — Brian diz sarcástico e eu lhe lanço um olhar ácido.
— Se Cameron confia nele, eu também. Hardy é o único que pode me ajudar agora, ele tem meios para descobrir quem levou Cam.
— Não posso deixar você fazer isso, Nina, sinto muito.
— Quero ver você tentar me impedir. — Digo, o maxilar tenso, raiva faiscando de meus olhos.
Vou até meu quarto, pego minha bolsa e minha mala e volta para a sala.
Antes de Brian chegar liguei para Cherry e ela disse que vai cuidar do Scooby por mim, não liguei para minha mãe é claro, assim como Mia e Brian ela nunca aceitaria que eu fosse me encontrar com Hardy.
— Por favor, amiga, não vá, é perigoso.
— Mia, eu o amo, não posso ficar aqui sem fazer nada. Sinto que Hardy é a melhor chance que eu tenho de encontrar Cam.
— Você não vai mesmo desistir dessa maluquice? — Brian pergunta, parecendo contrariado.
— Não. — Respondo com veemência.
— Então eu vou com você. — Ele diz, me surpreendendo.
— O que? Não, você não vai. — Digo.
— É o único jeito de eu deixar você sair desse apartamento. — Ele se aproxima e segura meus braços.
— Nina, acima do amor que eu sinto por você e independentemente de você ter escolhido ficar com Cameron, eu quero que você fique segura. Não posso deixar você ir sozinha, eu vou com você e vou te proteger se for preciso.
— Eu vou também. — Mia diz. — Se você vai mesmo fazer isso, então também vou estar lá para proteger minha melhor amiga.
— Gente, eu não... — Começo, mas sei que não temos tempo a perder, e para falar a verdade fico aliviada em não ter que fazer isso sozinha.
— Tudo bem, vou comprar a passagem de vocês.
— Não, deixe que eu compro a minha e a sua também, Mia. — Brian diz pegando o celular.
— Vocês conseguem ir arrumar a mala e me encontrarem no aeroporto em uma hora? — Pergunto.
— Claro.
— Tudo bem, não sei quando tempo vamos ficar lá, mas tragam apenas o essencial, ok?
— Espera, você não vai nos enganar, não é? Não falou para nos encontrarmos no aeroporto apenas para chegarmos lá e você já ter ido.
— Claro que não. Nos vemos em uma hora.
No taxi a caminho do aeroporto eu só consigo pensar em uma coisa.
Espero que Hardy possa me ajudar.
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Alguém aqui está igual a Elsa, ansiosa para saber o que aconteceu com o Cam e o que vai acontecer nesse encontro entre o Hardy e a Nina?
Não se esqueçam de votar e comentar se gostaram, ajuda bastante :)
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