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UM

Silêncio. Finalmente a ausência de sons altos no segunda andar da casa, mais precisamente no quarto de Akemi. Além de a semana estar sendo uma das mais intensas da sua vida, ter que lidar com qualquer tipo de barulho - por mais natural que fosse - parecia uma afronta à saúde mental da garota. Sua mãe assistindo à novela na televisão, seu pai folheando o jornal que ele já tinha lido pela manhã e sua irmã no celular com alguma amiga, planejando o final de semana... Tudo isso estava deixando Akemi desnorteada. Após fechar a porta do quarto e colocar o fone de ouvido, se jogou na cama, percebendo que as sombras projetadas no teto por conta da luz do poste da rua eram a coisa mais interessante que ela havia visto durante esta longa e exaustiva semana. Que ironia.

All we need is just a litte patience
(tudo que precisamos é de um pouco de paciência)

Enquanto as estrelas tomavam o céu lá fora, Gun's Roses invadia os ouvidos e pensamentos de Akemi. As coisas precisavam acontecer, mágoas antigas precisavam ser curadas para que novas mágoas fossem construídas. E assim continuaria a vida, porque ela nunca se interrompe para que você levante de uma queda; é justamente essa continuidade que faz as feridas cicatrizarem.

— Não sei como a Akemi, logo a Akemi, se deixou abalar tanto por causa de uma amiga qualquer. A gente faz novas amizades o tempo todo! Se a pessoa escolhe estragar a amizade, problema dela! — Sayumi, a irmã mais nova de Akemi, enfatizava a situação da irmã ao telefone.

É estranho como ela é fechada e não tá nem aí pros meninos, né? Eu sempre pensei nela como uma mulher tão forte e decidida. Não consigo acreditar que tá assim por conta da Yumi. Elas nem eram tão grudadas... — respondeu a amiga.

— Eu nunca entendo nada da minha irmã. Nunca entendi — finalizou Sayumi.

De fato, Akemi nunca se importou com o que os garotos pensavam dela. Os longos cabelos pretos com algumas mechas lilás e as muitas tatuagens (já contabilizara seis.) costumavam fazer sucesso no Ensino Médio, quando ainda nem entendia direito o que, de fato, era estar apaixonada por alguém. Akemi possuía um olhar arrebatador e extremamente expressivo. De tempo em tempos, os mesmos rumores circulavam: ela havia se encontrado com algum garoto em tal lugar, e os dois até ficaram por um tempinho, até Akemi se cansar e decidir colocar um ponto final naquilo. E por nunca ter negado as histórias sobre sua vida pessoal, ela era reconhecida como uma das garotas populares de personalidade mais forte que aquele pessoal já havia visto.

Assim como ocorria na escola, ela preferia manter seus relacionamentos longe dos ouvidos dos pais. Claro que eles também já ouviram alguns boatos sobre a garota, mas sabiam que ela conversaria com eles caso fosse algo sério.

Morar em Tóquio tem suas vantagens e desvantagens. Mesmo sendo uma cidade imensa, Akemi tinha a impressão de que todos se conheciam ou possuíam certa ligação. Todas as vezes que ela saiu à noite para tentar se enturmar melhor com o pessoal da escola, avistou um ou dois rostos conhecidos da família observando cada passo seu. E ela sabia o motivo. A mãe, Nara, era uma mulher de meia-idade, com o cabelo castanho na altura do ombro, elegante e conhecida por muitos japoneses. A razão? Formada em Jornalismo e Letras, e com mestrado e doutorado nas costas, ela apresentava o maior telejornal regional.

Akemi sempre pisou em ovos em relação aos locais públicos. Pensava que estava sendo observada constantemente por algum informante de sua mãe. E não era paranóia! Isso já havia acontecido inúmeras vezes. A mínima vontade de sair, somada à paixão por música, fez Akemi se apaixonar pelo admirável mundo novo dos adolescentes platônico: o Kpop e o Jpop.

— Oi, Naomi. Vi que você me mandou uma mensagem mais cedo e só agora consegui te ligar. Era algo importante? — Akemi resolveu dar um sinal de vida para Naomi, uma de suas melhores amigas.

Não, Akemi. Estou muitíssimo bem se considerarmos que a minha melhor amiga sumiu às três da tarde e até dez da noite sequer atendeu o telefone ou visualizou minhas mensagens — Naomi falava calma e ironicamente. — Mas tirando isso, tá tudo beleza!

Akemi hesitou um pouco. Sabia que havia deixado a amiga preocupada, mas precisava desse tempo. Desde pequena, preferia lidar sozinha com seus problemas e tinha dificuldade em pedir ajuda ou depender de alguém.

— Que drama... Você sabe o que aconteceu. Aliás, é a única pessoa que sabe de toda a história com a Yumi. Desde o começo. E você também me conhece o bastante pra saber que lido com meus problemas desse jeito. Desculpa, Naomi. De verdade. Não quis que ficasse tão preocupada assim — Akemi tentou amenizar a situação.

Não é drama, Akemi! Eu conheço você o suficiente para me assustar com qualquer desaparecimento repentino, ainda mais depois de uma decepção tão grande. Simplesmente sei que você se importa com seus amigos a ponto de se esquecer de si, e, se fosse atrás da Yumi, eu teria ficado muito brava — desabafou Naomi.

— Naomi, você lembra o que eu te falei na última vez que a Yumi fez alguma coisa que me magoou? — Akemi questionou.

Que seria a última vez meeeesmo. E que você sabe reconhecer seu próprio limite e não ultrapassaria por alguém que não atravessasse uma rua por você — respondeu Naomi prontamente.

— Exatamente. Toda essa situação da Yumi me deixou pensando se eu realmente sou uma boa amiga. Me questionei diversas vezes sobre onde eu errei, mandei um monte de mensagens para ela... Tentei, de verdade, entender tudo que estava acontecendo. E essa é a minha certeza no momento: sou o único lado da história que tentou. E acredito que basta — constatou Akemi, com a voz embargada. — Preciso dormir, amiga.

Eu já cansei de te falar que não há nada de errado com você. O problema tá nela. Você bem sabe que eu seria a primeira pessoa que falaria caso a errada da história fosse você. Enfim, amiga, amanhã a gente conversa melhor. Vai contar pelo menos isso para sua mãe, né?! — Naomi questionou.

— Prometo que vou tentar — respondeu Akemi, olhando para o teto.

Não me faça te obrigar. Boa noite, diaba! — Naomi encerrou a conversa e a ligação.

Ao desligar, Akemi decidiu continuar observando as sombras projetadas no teto, mas agora estava com a alma um pouco mais leve. O que mais poderia ter feito? Ninguém sabe o que se passa na cabeça de outra pessoa, mas quem está preparado para uma decepção? Mesmo sabendo que pode acontecer, que as chances foram de 10 para 50%, a gente nunca está pronto para enfrentar algo assim. Simplesmente por querermos acreditar que é possível mudar alguém. Acreditamos que, quando entregamos nossa alma a uma pessoa, receberemos algo à altura. Ninguém nos ensina como evitar uma decepção. Sentir que persistiu ao lutar por uma amizade é mais forte do que a dor de perdê-la tão de repente.

Akemi ouviu alguém bater levemente na porta do quarto.

— Akemi, quer conversar?

— Entra, mãe — respondeu Akemi, enquanto se ajeitava para sentar na cama e apoiar as costas na cabeceira.

Nara entrou no quarto e rapidamente fechou a porta. Notou que a filha estava com olheiras e com o cabelo preso de qualquer jeito. Uma aparência cansada.

— O que aconteceu? Não me esconda nada, Akemizinha. Você sabe que pode confiar em mim sempre — Nara encarava a filha enquanto falava. — Vamos lá, desembucha!

Akemi concordou com a cabeça e respirou fundo.

— Então, mãe... Eu realmente não tenho muito o que falar sobre tudo que não aconteceu. Sim, não aconteceu. Você sabe que a Yumi é minha melhor amiga há mais de onze anos, né?! E também sabe que ela sempre foi tratada igual rainha aqui em casa; eu fazia de tudo para ela se sentir à vontade diante de qualquer situação — Akemi percebeu que a mãe estava concordando com ela. — A Yumi foi, por muito tempo, o meu ideal de família: para quem eu podia ligar no meio da noite pra falar sobre qualquer coisa; alguém que estava sempre presente, apesar da distância; uma pessoa que entendia todos os meus anseios e não me diminuía nem por um segundo se não concordasse comigo. Yumi era alicerce pra mim. E não são dois ou três anos de amizade, são onze! — desabafou Akemi, olhando fixamente para baixo.

— Akemizinha, você está me assustando. É claro que eu sei de tudo isso. A Yumi é — Nara pensou melhor —, ou era parte da nossa família também. Infinitas as vezes que afirmamos isso.

— Mãe... ela era. Há mais ou menos um ano, a Yumi começou a agir de uma maneira muito estranha e não contava mais nada para ninguém; nem para mim, nem pra Naomi. Depois que terminei com o Haroki, ela fez mil perguntas sobre o que havia acontecido, se mostrou superpreocupada, mandava mensagens e me ligava toda hora. Normal. Até, que isso começou a desaparecer... Ela não era mais tão ativa no nosso grupo e, quando ela foi estudar em outro colégio, a situação piorou. Ela ficou praticamente incomunicável, quase como se quisesse que a gente não ficasse perguntando sobre a vida dela — Akemi falava rapidamente enquanto gesticulava com as mãos.

— Logo estranhei ela não ter vindo no aniversário da Sayumi. Enviei até um convite! Quem faz isso hoje em dia?! — Nara indignou-se e arrancou um sorriso de Akemi. — Continue, filha.

— Depois de dois meses de muita insistência minha e da Naomi, decidimos deixar quieto. Mandamos um monte de mensagens, fomos na casa dela umas três vezes, e em todas a dona Mari atendeu a porta e disse que a Yumi não estava. Mesmo quando eu vi que a mochila e o celular dela estavam jogados no sofá da sala. Fiquei me perguntando o porquê de tudo aquilo, questionei de diversas maneiras e hoje até me arrependo um pouco de ter acreditado que aquela situação toda poderia ser culpa minha, mesmo que a minha consciência me avisasse a todo momento que eu não tinha feito nada de errado — Akemi continuou a história.

— Como ela pôde fazer isso? Você tem certeza de que não houve nada? Nadinha mesmo? Nem uma briguinha boba, uma discussão qualquer... Nada? — Nara questionou Akemi enquanto encarava a filha negando com a cabeça todas as perguntas.

— Nada. E calma que eu não cheguei na melhor parte... — Akemi pegou um travesseiro e colocou nas costas para ter mais conforto. — Anteontem eu estava no Facebook. Como sempre, parei de seguir uns, excluí outros e de repente... TCHARAM! Surge uma foto da Yumi com o Haroki. Eu estava tentando entender aquela foto quando a Naomi e o Sasaki me chamaram no chat dizendo exatamente a mesma coisa: "COMO ASSIM A YUMI E O HAROKI ESTÃO NAMORANDO?", quase em coro. E aí eu cliquei no perfil da Yumi e... Yumi está em um relacionamento sério com Haroki — Nara não esperou Akemi concluir, levantou-se logo da cama e gritou:

— AKEMI, O QUE VOCÊ TÁ FALANDO? É o mesmo Haroki que eu tô pensando?

— Mãe, fala baixo! E, sim, é o Haroki que você tá pensando. Meu ex-namorado. O mesmo que a Yumi sempre soube como era difícil. Mãe, eu lembro como se fosse ontem ela me falando que eu merecia coisa melhor! E eu realmente mereço. Fiquei muito preocupada quando vi que ela tá com ele agora, porque o Haroki abalou meu emocional de uma forma que não desejo pra ninguém. Mesmo. Você sabe que ainda não me recuperei de todos aqueles abusos psicológicos, mesmo depois de oito meses. Depois dessa agradável novidade, até cogitei ligar para a minha terapeuta e voltar a me consultar, mas desisti — desabafou Akemi.

— Eu não sei o que falar, por incrível que pareça. E você sabe que palavras são o meu forte. Acredito que ela não pensou em ninguém além de si e que não cabe a você fazê-lá ouvir. Não precisa ser diplomática vinte e quatro horas por dia, Akemizinha. Ninguém é de ferro, mesmo que eu tenha certeza de que você é feita de um material bem resistente — Nara deu uma piscadinha para a filha, que sorriu de leve. — O que você pode fazer é simples: continuar com a sua vida e tentar focar apenas nos momentos legais com a Yumi. As pessoas mudam, filha. E nem sempre essas mudanças nos agradam — concluiu.

— É, mãe... Depois de pensar muito e de levar uma megabronca da Naomi, e olha que quem geralmente dá bronca sou eu, percebi que fiz o possível. Namorar o Haroki me ensinou a dizer "não" sem precisar me justificar. E é exatamente isso que estou buscando agora: aprender que o primeiro passo é aceitar que só eu posso afirmar que tentou mudar ou reverter a situação; e que as coisas nem sempre saem como a gente espera, mas, pelo menos, ensinam algo. Quando não nos agradecem como pessoas, servem de experiência — concluiu Akemi, sorrindo sinceramente pela primeira vez naquela semana.

— Me orgulho muito de você, principalmente sabendo o quanto você se importa e é cuidadosa com suas amizades. Azar de quem não sabe valorizar isso. E serve tanto para amizades quanto para seus amores, senhorita — falou Nara, olhando diretamente para Akemi. — Agora me diga: tem algum gatinho novo na parada, hein?!

Akemi revirou os olhos e foi caminhando calmamente até o banheiro.

— Mãe, a conversa tá tão legal... Não passe dos limites, ok? — pediu em meio a gargalhadas.

— Ok, desculpa — Nara brincou. — Vou dormir porque amanhã o batente é cedo! Vê se não demora pra ir também!

— Vou tomar banho, ver algum seriado e dormir também. Boa noite, mãe! — Akemi despediu-se enquanto observava a mãe mandar beijos e sair do quarto.

A conversa reveladora com a mãe tirou um peso enorme das suas costas. Nem sempre gostava de compartilhar suas mágoas e anseios, mas parecia impossível manter todo aquele emaranhado de sentimentos para si. E, ao deitar a cabeça no travesseiro, Akemi teve certeza de que havia feito a coisa certa.

Continua...

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