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6 - Garota má fica boazinha

"Posso te dizer uma coisa,
apenas entre você e eu?
Quando ouço a sua voz
sei que estou realmente livre
Cada palavra é perfeita como deve ser
E eu preciso de você aqui comigo"

Marshmallo - Here with me

××××××××××

QUARTA DE MANHÃ:

A avó de Cornélio sempre preparava ovo frito com pão para o café da manhã. E claro, o café preto não podia faltar. Todos os dias eles comiam juntos antes das aulas e aproveitavam para ler um versículo da bíblia, porque a senhora de idade era muito religiosa.

Ao acordar naquela quarta feira comum, Cornélio fez exatamente o que fazia todos os dias antes do colégio, até mesmo se sentar a mesa e começar a comer. Mas não teve a leitura da bíblia porque dona Lucrécia decidiu avisar logo de uma vez:

— Sua mãe vai vir no final de semana —  soltou a informação e foi como se ela ficasse flutuando no ar, quase palpável.

Ele a encarou, esperando por mais informações.

— Ela disse que só vai jantar e que quer conversar sobre suas notas do semestre.

— Hm...

Cornélio nunca tinha muito o que dizer sobre a mãe, e sua avó também não. Praticamente só moravam os dois naquela casa, já que apesar de terem se mudado por ela, a mãe dele nunca estava em casa.

Ela era a assistente do gerente comercial de uma empresa multinacional e fazia todo o trabalho de campo. O tal gerente ficava pleno com a bunda sentada da cadeira, enquanto sua mãe viajava para diversas cidades em busca de parcerias comerciais.

Como se as viagens não bastassem, quando ela firmava parceria com alguma empresa, precisava ficar um tempo na cidade para acompanhar o desenvolvimento do negócio. Esse era o motivo de se mudarem tanto.

E quando ela se mudava, os outros dois tinham que ir junto.

Mas dona Lucrécia ainda era mãe dela e queria que seu neto se desse bem com sua filha. Então, repetiu o que sempre falava:

— Cornélio, você sabe que ela te ama.

Ele olhou para a avó, sorriu e concordou. Porém, sabia que era uma mentira.

— Assim como o seu pai te amou com todo o coração.

Ela pegou a mão do neto sobre a mesa e fez um carinho ali. Cornélio sorriu para ela outra vez.

— E eu amo a senhora — ele falou e o sorriso genuíno da avó fez o incômodo que sentia diminuir.

Porque sempre sentia algo ruim ao ouvir sobre seus pais.

Tudo o que ele sabia é que eram melhores amigos, decidiram levar o relacionamento a um novo patamar e bum, ele nasceu. Não conseguiram ficar juntos romanticamente, mas concordaram em criar juntos a criança.

Sua avó diz que o pai estava sempre presente e nas fotos os dois apareciam juntos. Pena que seu pai morreu de infarto quando ele tinha apenas cinco anos e após isso sua mãe se afastou cada vez mais.

Então, com certeza, Cornélio sabia que não era por amor toda essa distância. E sinceramente, procurava não pensar muito sobre o assunto.

— Filho — Dona Lucrécia o chamou antes que ele saísse. — Ela prometeu, essa foi a última vez em que nos mudamos.

Cornélio estava com a mão na maçaneta da porta de entrada, pronto para ir embora, mas as palavras de sua avó o irritaram. Ela sabia que todas as promessas de sua mãe eram vazias.

Mas enquanto ele pudesse fingir que acreditava, apenas para que sua avó achasse que ele ainda era o mesmo garotinho inocente e obediente de sempre, o faria.

— Eu sei vó. Tchau.

Abriu a porta e sem olhar para trás, saiu.

Eles nunca criaram raízes em algum lugar. Algumas de suas lembranças mais antigas era de conhecer lugares novos, novas pessoas, se apegar e ter que ir embora. A sensação de perda era uma velha conhecida.

Mas apesar de saber que a promessa de sua mãe era totalmente vazia, pois já tinha sido feita pelo menos umas três vezes antes, dessa vez não se preocupou.

Em pouco tempo faria dezoito anos e receberia por completo a herança que seu pai deixou. Depois disso, estaria livre. Não precisaria pingar de cidade em cidade, ficaria onde queria estar pelo tempo que parecesse certo.

Com esses pensamentos, respirou fundo e tentou desviar sua mente de coisas ruins.

Mas não precisou se esforçar tanto para isso, já que uma colega de escola, da qual ele realmente não se lembrava o nome, surgiu ao seu lado com um sorriso amigável.

— Cornélio, que coincidência a gente se encontrar — ela falou.

Não era exatamente uma coincidência, já que eles estavam indo para o mesmo lugar.

— Pois é! — Sorriu para ela.

— Você mora por aqui?

— Algumas ruas atrás.

— Eu moro naquela rua ali, pertinho — ela contou e apontou para a rua de baixo da de onde estavam.

Sem ter muito o que dizer, ele apenas concordou e deixou o sorriso gentil no rosto. Não queria deixar tão na cara o quanto não se importava com aquela informação.

— Falando nisso, estou pensando em chamar uns amigos lá pra casa no final de semana, só pra gente conversar, comer alguma coisa, dançar, quem sabe jogar alguns jogos divertidos... — Olhou para ele e piscou com um olho. — Essas coisas.

Cornélio ficou sem entender o motivo da piscadela. Também não entendeu a parte em que ela estava o convidando já que eles não eram amigos.

— Legal.

— Você quer ir?

Ele abriu a boca, pronto para negar, mas ela parecia realmente animada e Cornélio não queria magoá-la.

— Hã... eu vou ver se dá, qualquer coisa te aviso — respondeu e o sorriso dela aumentou.

Cornélio sabia que não avisaria nada, e que se ela viesse cobrar depois, arrumaria alguma desculpa. Só não conseguia fazer isso naquele momento.

Mas a garota estava determinada e tirou o celular da bolsa logo estendendo para ele.

— Me passa seu número pra mim te mandar as informações.

Ele engoliu em seco. Pegou o celular dela e colocou o número lá. Devolveu e viu ela escrevendo alguma coisa, até que ele sentiu seu celular vibrar dentro do bolso da calça. Era uma mensagem dela e enquanto ele abria, sentia que era observado.

— Quer que eu salve seu contato como? — ele perguntou e viu claramente quando os olhos dela brilharam.

A questão é que ele não sabia o nome dela.

— Pode ser Roberta Anjos, meu nome mesmo.

— Tá bom.

Ela se distraiu por cinco segundos e ele apagou o número sem salvar.

Cornélio olhou para frente e não conseguiu reprimir o suspiro alto aliviado que saiu de sua boca. Pelo canto do olho, viu que ela ainda estava o encarando.

— Vamos?

A garota apenas concordou e andou na frente dele, dando tudo de si para movimentar seu quadril sensualmente.

Pena que seu alvo já tinha entretenimento o suficiente com Delfina que estava sentava em um banco na frente da escola.

Ela segurava um livro entre as mãos, não era didático e a capa era rosa choque. Estava tão concentrada que parecia nem sentir o mundo ao seu redor.

Dentro da mente de Cornélio, uma frase gritava:

A gente se beijou
A gente se beijou
Meu Deus, a gente se beijou

Quais são as consequências de um beijo em um ser humano?

Cornélio não sabia ao certo, só sabia que a cada vez que pensava no beijo de Delfina sentia seu corpo se esquentar por inteiro. Isso sem contar as lembranças dos olhares que trocaram enquanto cantavam, e claro, na voz dela dizendo: "vou te mostrar coisas incríveis."

As cenas do dia anterior tinham praticamente total domínio de sua mente.

Ela ainda estava distraída e Cornélio aproveitou a chance para entrar no colégio sem ser percebido. A conversa no dia anterior tinha sido boa, o beijo emocionante, mas ele não queria que os outros os vissem juntos, para evitar problemas maiores.

Só o fato de conversar com ela lhe traria problemas, ele sabia. Ainda mais se seus amigos soubessem. A reação de Nathyaska com certeza não seria nada boa.

E evitou mesmo, pelo menos até o fim do dia, quando ela o puxou pela alça da mochila na frente de todos os seus colegas para o lado de fora dos portões.

Isso era justamente o que ele não queria que acontecesse.

— Delfina! — protestou enquanto era arrastado. — Mas que merda... me solta!

Abruptamente, ela o soltou. Delfina era mais baixa do que ele, contudo, estranhamente forte.

Ela sorriu quando Cornélio a olhou como se estivesse prestes a matá-la.

— Temos assuntos pendentes, querido.

-— Que assuntos? — Cornélio quase gritou, irritado, e sua voz saiu falha. — A gente passou duas horas juntos ontem só conversando!

— Só conversando? — seus lábios se curvaram em um sorriso malicioso.

Ele engoliu em seco.

— Eu gostei de conversar com você. — Delfina deu de ombros.

— E eu tenho mais o que fazer!

O sorriso não saiu dos lábios dela. Gostou de vê-lo estressado e rabugento. Ele não estava fingindo ser gentil, e era como se só ela pudesse ver esse lado.

— Ah, para de ser chato, eu pago o sorvete hoje, vamos — Delfina falou e estendeu a mão.

Cornélio olhou ao redor e percebeu que ninguém teve a coragem de segui-los. Ele não sabia se isso era bom. Talvez ninguém se importasse o suficiente com o que aquela maluca pudesse fazer com ele.

Olhou para a mão dela estendida e decidiu que não era tão ruim assim ir com ela e tomar um sorvete, já que agora estavam sozinhos.

Só por isso.

Então foram até lá, de mãos dadas, fingindo para si mesmos que isso não significava nada e que suas palmas não estavam ficando suadas.

Entraram na sorveteria e Delfina pagou os potes pequenos de sorvete que pegaram, daqueles que você enche com o sabor que quer e paga no quilo. Comeu o seu em duas colheradas e saiu para o lado de fora. Cornélio franziu as sobrancelhas, se perguntando se ela poderia ser ainda mais imprevisível.

Próximo da sorveteria havia a tal praça com mais mato do que árvores e onde o sol castigava até mesmo os calangos de rua. Era pequena e parecia ter sido feita apenas para ser possível construir um espaço de brinquedos mal acabados para crianças. Não tinha criança nenhuma pelo horário e Cornélio não entendeu bem a intenção de Delfina ao entrar no cercado e tirar os sapatos.

Ela pisou na areia e quase saiu correndo ao sentir seu pé pegando fogo. Mas não desistiria tão fácil do balanço. Olhou para trás e acenou para Cornélio, o chamando.

O garoto bufou, mas foi atrás dela. Não tirou os sapatos ao entrar e se sentou no balanço ao lado enquanto comia o seu sorvete. Parecia um espeto na grelha, sentindo seu corpo assando debaixo da roupa. Delfina apenas balançava para frente e para trás, aproveitando o momento e tentando não se concentrar tanto no calor.

— Eu gosto desse parquinho — ela comentou.

— Deve ser bom mesmo. — Cornélio não conseguia abrir totalmente seus olhos por conta da claridade. — De noite.

Delfina soltou uma risada e continuou se balançando coma uma criança.

— Cara, aproveita essa brisa.

Ele olhou para ela e pensou que não tinha mais muito o que fazer além de balançar. Colocou seu potinho de sorvete na areia, impulsionou seu corpo com o pé e começou a ir para frente e para trás.

Olhou para Delfina, que já estava rindo, e a sensação de subir e descer, a adrenalina de ir cada vez mais alto o fez gargalhar. Ela pulou do alto uma vez, ele tomou coragem e pulou também.

O sol não parecia mais estar cozinhando sua pele.

Fizeram isso várias vezes, como se fossem duas crianças de cinco anos que não tinham mais nada para fazer.

— Por que você gosta de cantar? — ela perguntou em um grito, lá do alto.

O balanço dele começou a desacelerar e voltou a comer seu sorvete, calado, sem saber ao certo o que responder. Ela estava esperando um significado profundo e isso ele não tinha.

— Sei lá. — Deu de ombros. — Me fala primeiro de você.

Cornélio sabia que Delfina sempre tinha o que dizer.

— Minha irmã — respondeu ao passar rapidamente ao lado dele.

Se surpreendeu com a resposta.

— Irmã? Você tem uma?

Ele a observava subir e descer. Percebeu que o movimento fazia o cabelo voar e que isso tampava o rosto dela e Cornélio não entendeu em que tom ela estava falando aquilo, se era com tristeza ou felicidade.

— Tinha. Ela morreu.

Apenas o barulho do balanço se esforçando ao máximo para não quebrar enquanto era testado ao limite estava presente. Cornélio não sabia o que dizer e Delfina não sabia como continuar sem sentir sua garganta se fechando.

— Ela... ela morreu — repetiu, e seus olhos se encheram de lágrimas.

Foi nesse instante que ela percebeu os reais motivos para tudo isso, toda essa insistência, toda essa necessidade da atenção de Cornélio.

No início, quando percebeu que tinha certa vantagem sobre ele, pensou em usá-la ao seu favor. Mas apesar de tentar provar o contrário, a bondade fazia parte de Cornélio, e talvez, o único motivo de sentir tanto incômodo sobre isso era que ninguém a tratava com gentileza e ela sempre precisava ser tão má para disfarçar a falta.

Delfina precisava de alguém que a acalentasse, e apenas aconteceu de ser ele.

E quando olhou nos olhos de Cornélio, viu a expressão de espanto que logo se transformou em tristeza e algo parecido com empatia, e entendeu que tinha que ser ele, porque só aquele garoto assustado e bondoso podia fazer com que ela, a indesejada e estranha, se sentisse um pouco melhor.

××××××××


Oiê! 😎

Agora entramos na fase de conhecer melhor esses personagens 👀

O que você achou da família "normal" do Cornélio? Kkk

E agora, irmã morta?

No próximo capítulo Defilna vai explicar isso melhor.

Até a próxima 🤭

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