3° ano - VII
Laís só se lembrava de ter sido expulsa dos colchões e ter passado para o sofá, ela só não se lembrava de ter Nicolas como companhia.
Emily, Ravi, Carlos e Alicia dividiam os colchões que estavam no chão, Bernardo e Diana estavam no sofá oposto ao de Laís, Diana estava usando o peito de Bernardo como travesseiro, e Isis havia usado duas poltronas para se deitar.
Laís estava sendo usada de apoio para Nicolas, ela se preocupou dele estar se machucando com os detalhes do seu vestido, mas ele dormia de maneira tão serena que ela não quis muda-lo de posição.
Aos poucos todos começavam a despertar, Nicolas finalmente levantou, envergonhado pela posição que estava dormindo, e foi até a cozinha preparar algo para eles comerem.
Depois de tomarem o café da manhã, que foi repleta de pedaços de pizza de todos os sabores, eles resolveram retornar a comunal para trocar de roupa e resolveram passar o resto da tarde na caverna para aproveitar o último dia em Castelo Bruxo antes das férias.
As fadas já não eram mais como nos últimos anos, de modo que elas ainda estavam dormindo quando eles entraram em seus quartos.
– A gente podia deixar algumas coisas aqui na caverna antes de ir embora. - sugere Ravi - Coisas pessoais, aqui tem muita coisa útil, mas não tem quase nada que é nossa cara.
- Concordo plenamente. - disse Bernardo - Inclusive tem algo que eu quero pegar, eu já volto.
Bernardo se levanta abruptamente, Diana franze a testa.
- O que você vai pegar de tanta importância? - pergunta Diana, Bernardo ri.
- Você sabe o que é! Mas eu quero mostrar para os outros. - explica Bernardo.
- Agora eu fiquei curiosa. - diz Alicia, cruzando os braços e rindo.
Bernardo sai da caverna, deixando seus amigos curiosos esperando-o. Ao sair da floresta Bernardo vê Amélia em frente ao fervedouro, como se estivesse acabado de sair dele, ela parecia atordoada ao vê-lo.
- Bernardo! - ela chama, ele estranha mas se aproxima - Você sabe onde está a Illary?
– Não, não vi ela hoje. - mente Bernardo.
Amélia resmungou algo que Bernardo não conseguiu entender.
– Bom, então terá que ser você mesmo. Arofa. Garcia pediu que ela passasse pelo fervedouro para pegar uma correspondência com o Sr. Menedez, que está esperando do outro lado, será que você pode fazer isso?
- Mas o fervedouro não se "tranca" depois que todos os alunos passa por ele? - pergunta Bernardo.
- Você acha que a profa. Garcia nãosabe de magia o suficiente para reverter o feitiço quando bem entende? - diz Amélia, revirando os olhos - Você pode ou não?
- Ele está do outro lado? - pergunta Bernardo, já caminhando em direção ao fervedouro.
- Sim, sim, ele está te esperando. - diz Amélia, virando-se de costas e se afastando do fervedouro, ela não queria ver mais nada.
***
Mais de meia hora havia se passado e Bernardo não havia voltado ainda, todos na caverna já estavam impacientes e preocupados.
- Acho que deveríamos procurá-lo- diz Diana levantando-se, Ravi e Laís a acompanham.
- Vamos logo então, ele deve estar enchendo uma caixa de coisas para trazer. - diz Isis se levantando.
Eles procuraram desde as comunais até os pontos extremos do jardim, os olhos de Diana já começavam a arder, ameaçando chorar de tanta preocupação. Por vezes Carlos passava o braço pelos ombros de Diana como forma de conforto, mas era visível em seu rosto que ele também não estava bem.
Eles caminharam em direção a sala da diretora que parecia estar esperando-os, visto que a porta dela estava aberta.
- Ao que devo a honra da visita de vocês? - pergunta a professora sorrindo.
- Bernardo sumiu. - diz Nicolas, imediatamente - Nós o procuramos por todo lugar e nada.
O sorriso da professora imediatamente se esvaiu, ela tirou as mãos da mesa e as colocou sobre o colo.
- Quando vocês o viram pela última vez? - pergunta a diretora.
- Nós estávamos conversando perto do rio. - mente Laís - Ele falou que ia buscar algo na comunal e não retornou.
A professora analisou-a, como se pudesse perceber a mentira, porém ela apenas assentiu.
- Irei conversar com os demais funcionários da escola, fiquem tranquilos, qualquer informação nós iremos comunica-los. - responde a professora - Por favor, voltem para as suas comunais.
***
Naquela noite nenhum dos oito dormiram, de modo que quando amanheceu eles estavam acabados.
Eles foram os primeiros a chegarem no fervedouro, a Profa. Oliveira sorri carinhosamente para eles.
- Vai ficar tudo bem com o amigo de vocês, fiquem tranquilos. - ela conforta, eles sorriem sem graça e atravessam o fervedouro juntamente com o Sr. Menedez, que devia ficar do outro lado monitorando os alunos.
Assim que chegaram do outro lado um grito estridente de Alicia assustou a todos, mas não mais do que a visão que eles tinham. Bernardo estava caído no chão, com os olhos abertos e sem vida fitando o céu, em seu braço direito estava gravado as palavras "sangue-ruim", uma gota de sangue escorria na última letra pelo seu pulso.
Isis caiu de joelhos no chão, os olhos cheios de água, ela levou as mãos até a boca reprimindo um grito de pavor, sentindo-se tonta.
- Bernardo... - murmura Ravi, trêmulo e impotente, com um forte gosto de metal na boca.
Diana se aproximou dele, ajoelhando-se ao seu lado e passando a mão pelo seu rosto.
- Bê, olha pra mim. - pede Diana, colocando-o em seu colo, a sua voz tremia tanto quanto as suas mãos.
- Nós precisamos tirar ele daqui. - diz o Sr. Menedez, se aproximando dele, temeroso com a chegada a qualquer momento dos pais dos alunos, porém Laís o impede.
- Quem poderia ter feito isso? - pergunta Laís, o rosto vermelho e a respiração ofegante - Porque fizeram isso com ele?
- Porque ele é nascido trouxa... - diz Nicolas, sem olhar para Bernardo.
- Eu sou mestiça e estou viva! - diz Diana, com o rosto vermelho e cheio de lágrimas - Nicolas é mestiço, Isis é mestiça, Carlos é mestiço... Laís é nascida trouxa! Isso é injusto!
– Diana... - Laís sentiu o coração dar um nó, Isis a puxou pela mão.
Diana chorava tanto que lhe faltava ar, ela apertava a mão de Bernardo, esperando que ele demonstrasse alguma reação.
- Tem que haver uma maneira de descobrir quem fez isso... - fala Isis, uma lágrima queimando o seu rosto - Sr. Menedez, não tem nenhum feitiço que faça ele melhorar?
- É melhor voltarmos para Castelo Bruxo. - aconselha o Sr. Menedez quase em um sussurro, vendo a movimentação de alunos que aos poucos atravessavam o fervedouro.
O professor fez um feitiço para que Bernardo levitasse, obrigando Diana a se levantar. Todos desejavam que aquilo fosse apenas um sonho e, ao acordassem, Bernardo ainda estivesse vivo.
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