1° ano - IX
Todas as meninas já estavam prontas, exceto apenas por Alicia, que ainda estava tentando cada vez mais alongar seus cílios enquanto se olhava no espelho.
Quando elas desceram para o salão comunal, além dos alunos mais velhos que estavam indo para o baile, estavam os meninos sentados em um sofá, todos de cara fechada.
- Porque vocês estão com essa cara de fome? - pergunta Emily, Laís se senta entre Nicolas e Carlos.
- Porque eu estou com fome. - murmura Bernardo, levantando-se até a mesa de petiscos que havia no canto da comunal.
- Tá cheio de professor e fantasmas nos corredores pra impedir os alunos de irem para alguma festa clandestina. - choraminga Carlos cruzando os braços e deitando no ombro de Laís - Aparentemente, não podemos nem nos reunir com amigos de outras comunais.
- A gente precisa dar um jeito de ir, eu não me arrumei pra ficar olhando pra cara feia de vocês. - diz Alicia, sentando-se logo a frente de Laís.
- E se a gente usar magia? - pergunta Isis, todos olharam para ela de maneira duvidosa.
- Usar magia contra um professor? Tá esperta em Isis... - brinca Diana.
- Não contra um professor, apanhadora em treinamento! - diz Isis, dando um peteleco na testa de Diana, que esfrega o local reclamando de dor - Como forma de nos camuflarmos, sei lá.
- Eu nunca ouvi falar sobre um bruxo que consegue ficar invisível sem o uso de algum artefato mágico, a menos que seja um bruxo muito poderoso. - comenta Bernardo, cruzando os braços.
- Mas as nossas varinhas são raras, nós somos diferenciados. - diz Ravi dando de ombros, todos sorriem - Vocês lembram o que a diretora falou com a gente? No mínimo somos poderosos.
- Certo, não custa tentar. - diz Laís.
Eles esperaram os últimos grupos de alunos saírem, deixando a comunal vazia, eles se levantaram e formaram um círculo.
- O que a gente faz agora? - pergunta Nicolas.
- Parece que estamos indo fazer uma reza. - Emily comentou com Alicia, que deu risada.
- Aponta a varinha para si mesmo... - diz Isis, seguindo a própria orientação. - E desejem ficar invisíveis.
A pele de Isis começou a formigar, após alguns segundos ela estava completamente invisível, assim como todos os seus amigos.
- Eu não estou conseguindo ver nenhum de vocês, isso só pode ser boa notícia! - diz Isis.
- Ótimo, vamos logo, já perdemos tempo demais aqui. - diz Ravi, ao mesmo tempo a porta se abre.
Eles passaram por vários professores sem serem pegos, vez ou outra, em um corredor deserto, algum deles dizia alguma coisa para terem certeza que não estavam sozinhos.
Assim que chegaram a porta da comunal Sul eles voltaram a ser visíveis novamente, Laís sorri, satisfeita com o sucesso do feitiço.
- Ok, agora é só fingirmos que somos bruxos normais. - diz Carlos, abrindo a porta e entrando na comunal.
O salão era surpreendente, do mesmo tamanho e formato que a comunal Oeste, porém as suas paredes tinham mais janelas, assim como o teto era feito de vidro. Haviam muitas luminárias de formatos diferentes, e os móveis estavam encostados nas paredes para ter mais espaço no salão.
Pela quantidade de comida, a comunal sul esperava mais convidados. Mas mesmo com a vistoria pesada dos professores, ainda havia alguns grupos de alunos de outras comunais.
Isis e Laís se afastaram do resto do grupo, indo em direção a mesa de comidas e bebidas.
- O que é isso? - pergunta Laís, pegando uma caneca com uma bebida espumante.
- Cerveja amanteigada. - responde Isis, pegando um copo e dando um gole, fazendo Laís arregalar os olhos.
- Desde quando você bebe cerveja? - pergunta Laís, Isis começa a rir.
- Não é igual cerveja trouxa, é só o nome da bebida, mas não tem álcool. Experimenta, é bom. - sugere Isis, Laís toma um gole - Você também precisa provar esses pasteis de abóbora, nunca comi um tão gostoso.
Emily já estava entretida com outros alunos, conversando animadamente com um grupo no canto da comunal, Alicia dançava animadamente no centro do salão, tentando coordenar Ravi, Carlos e Nicolas que pareciam ter duas pernas esquerdas.
Diana e Bernardo discutiam sobre seus cantores favoritos em um sofá, Diana gesticulava com a expressão concentrada e Bernardo a encarava atenciosamente.
- Ótimo, nem começou a festa e eu já vi que a gente vai sobrar. - comenta Laís e Isis ri.
- Sério que você imaginava que ia ser diferente? - ela pergunta, olhando para os lados - Vamos sentar naquele sofá e esperar dar a hora de ir embora.
Depois de alguns minutos conversando, sem conseguir aceitar o fato de que não estavam aproveitando a primeira festa em Castelo Bruxo, Laís puxou Isis para onde Alicia estava, de modo que as três começaram a dançar, de maneira nada sincronizada, várias músicas antigas brasileiras.
- Eu teria vergonha de ter uma família como a dela e andar com gente daquele tipo... - Laís escuta alguém dizer, mesmo com o som alto, ao seguir a voz ela percebe que trata-se de Priscila, ela estava em um canto, junto com seus amigos.
- Ao menos Galvani é uma mestiça... - corrige um garoto alto e magro, de cabelo cacheado e loiro, Josué Siqueira , Laís começa a sentir a sua pele esquentar, por mais que fosse perceptível que eles estavam falando tão alto justamente para atingir a menina.
- Tem o sangue tão imundo quanto a outra. - diz Amelia, rindo. Sem pensar duas vezes Laís pegou a sua varinha apontando para Amelia, que voou em direção a parede, logo que realizou o feitiço ela se arrependeu.
- O que você fez? - gritou Benicio Paiva, um menino baixo, de olhos enormes e pele negra, correndo até a amiga que estava desmaiada no chão.
- Me desculpa... eu não queria machuca-la eu... - Laís gagueja, em seguida ela respira fundo - Ela chamou a mim e a Isis de sangue-ruim, se ela parasse com isso...
- Você pararia de atacar os outros? - Benicio se levanta, apontando a varinha para Laís que também aponta a varinha para a garota, porém Ravi entra na frente de Laís - Sai da minha frente, Ravi. Você não vê que essa sua amiga é completamente violenta?
- Para de ser covarde, Benício! - ordena Ravi - Não sei se vocês lembram mas essa festa não é autorizada, então nós não podemos ficar criando briga.
- Ravi, essa sujeita sangue ruim, ladra de magia... - inicia Priscila, mas Ravi estende a mão interrompendo-a.
- Cala a boca Priscila, uma vez na vida, ninguém aguenta ouvir a sua voz. - ele diz, fazendo ela arregalar os olhos, a pele ficando inteira vermelha - Tenho certeza que a sua amiguinha vai ficar bem, nós vamos voltar para a nossa comunal, não vamos, pessoal?
Todos os outros assentem, antes de saírem, Diana sussurrou um feitiço, para consertar a janela quebrada onde Amelia fora lançada. Seguiram Ravi para fora da comunal Sul e voltando invisíveis e em silêncio para a comunal Oeste.
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