Estava agachada atrás de uma árvore nos arredores do barracão, observando a movimentação e tentando descobrir quantas pessoas haviam por ali. A maioria armado com rifles da Polícia Militar.

Se tínhamos alguma dúvida em relação ao envolvimento do grupo no contrabando, agora já não tínhamos mais.

Levi estava do lado oposto, esperando o meu sinal, ele iria atrair os sequestradores para fora usando o 3DMT enquanto eu iria invadir a cabana e procurar pelo irmão de Briana, Brandon.

Tinha três pessoas diferentes dentro do local sem contar os dois que estavam de vigia do lado de fora. Assim que um deles se aproximou da janela dei o sinal para meu parceiro de missão, o barulho dos cabos sendo disparados colocou os guardas em alerta e quando Levi se apresentou na frente deles com a capa verde imediatamente os homens começaram a dar ordens. Os cinco partiram na direção que ele seguiu me dando tempo o suficiente para sair do esconderijo e entrar pela porta aberta.

Como esperado o garoto estava amarrado na cadeira o rosto todo machucado e inchado por conta das agressões. Levi havia me entregue a adaga dele então usei para cortar as cordas.

O menino imediatamente pendeu o corpo para frente. - Brandon? - Chamei tentando uma resposta, coloquei a mão em seu pescoço checando os batimentos. Por sorte estavam ali.

Brandon abriu o olho menos inchado pra me olhar – Vou te tirar daqui mas preciso que colabore comigo tudo bem?

Um leve aceno por parte dele e eu terminei de cortar as cordas – Vou te carregar tente segurar o máximo que conseguir. – Os braços dele logo alcançaram os meus ombros, usei meu antebraço de apoio e o peguei no colo. Brandon não devia ser muitos anos mais velho que a irmã, julgaria que ele devia ter entre doze e treze pois era esguio e leve.

Nesse ponto que eu devia ser rápida, a fuga, Levi só esqueceu de falar que seria carregando alguém.

Respirei fundo e parti pela floresta o mais rápido que meu corpo permitia. Não era tão densa então havia espaço o suficiente pra passar com nós dois sem precisar se preocupar em bater nas árvores, mas quando os passos soaram atrás de mim comecei a me preocupar.

Como alguém tinha me visto? O primeiro tiro foi disparado e pegou na árvore à minha esquerda, não podia correr mais em linha reta então tive que começar a fazer um zigue zague, chegaríamos ao ponto de encontro logo então teria que dar um jeito nele antes disso.

Desviei o caminho tentando ganhar alguma distância entre nós, apenas o suficiente para que conseguisse sair da visão do perseguidor por um instante.

Coloquei Brandon no chão, e o cobri com a minha própria capa na tentativa de criar uma camuflagem. Em seguida segurei com firmeza o cabo da faca me preparando para derrubar a pessoa que estava nos perseguindo.

Escondida atrás da árvore aguardei o momento certo para atacar, um passo dois passos... Avancei contra o sequestrador um corte no braço foi o suficiente para que ele soltasse a arma, imediatamente chutei a perna dele fazendo com que caísse no chão. Ele era novo, novo demais para ter participado do incidente.

Com um golpe na cabeça fiz com que desmaiasse. Em seguida, consegui ouvir os cabos do equipamento cantarem e logo Levi estava ao meu lado. Não precisava questionar sobre as manchas vermelhas em suas vestes.

-Ele está morto? – perguntou, indicando a pessoa caída à minha frente.

Balancei a cabeça e estendi a mão devolvendo a adaga para o dono original – Ainda não. – Me voltei para Brandon o voltando a pegar no colo. Mesmo que fosse devagar, duvidava que ele pudesse andar.

-O que pretende fazer? – disse com o menino nos braços.

Ele olhou para a faca e em seguida para o homem – Não olhe para trás.

A voz firme dele foi clara o suficiente para que eu seguisse sem ao menos questionar, os cavalos não estavam tão longe então ainda poderíamos chegar a Yakell durante o dia. Briana se manteve escondida como o prometido e apenas quando dei o sinal ela se revelou.

-Você conseguiu! – ela pulou a minha volta – Brandon! Brandon! Ele está bem?

-Sim – respondi – Apenas cansado.

-Eu não disse pra manter a voz baixa? – Levi a repreendeu, por trás dos olhos acinzentados uma sombra que era nova até mesmo para mim.

-Briana – chamei a garota – Sua mãe, você se lembra onde ela está? Ou onde é sua casa?

-Sim, fica à esquerda da ponte de entrada – respondeu.

-Não deveríamos perder tempo aqui – comentei com Levi e ele deu um breve aceno de cabeça e consegui colocar Brandon no meu cavalo enquanto a garota iria com Levi. Ah, foi uma cena e tanto ver ela segurando a cintura dele como se fosse um urso de pelúcia.

Mas antes que pudesse comentar alguma coisa ele se foi.

Parti logo em seguida e como imaginamos foi mais algum tempo até que chegássemos até a cidade, Levi havia trocado as vestes na primeira chance. Afinal, estar com roupas ensanguentadas e chamando atenção era a última coisa que queríamos.

A identidade dos irmãos também estava escondida, por hora. Com uma certa inteligência, Briana nos guiou pelas ruas mais vazias até que chegássemos numa simpática casa de madeira com telhado vermelho. Antes que Levi pudesse descer, a garota pulou do cavalo e correu na direção da porta.

Por sorte não havia ninguém na rua.

De dentro da casa uma mulher magra vestindo um avental azul surgiu, estava pálida e as olheiras denunciavam a falta de sono. Ao ver Briana a sua frente simplesmente caiu de joelhos e abraçou a pequena contra o corpo, soluços escapando junto com um choro de alívio.

-Com todo respeito Sra.Moore, não acho que seja bom ficarmos na rua – falei – e Brandon precisa de cuidados.

-Sim! Claro, por favor – ela secou as lágrimas nas próprias vestes – Temos um pequeno quintal nos fundos não é muito, mas vai servir para abrigar os cavalos... De maneira segura.

Levi acenou com a cabeça e eu entrei na casa, a anfitriã me indicou para colocar o garoto no sofá.

-Meu pobre menino, o que fizeram com você? – imediatamente ela se adiantou e pegou um pano e um balde de água. Foi apenas quando se aproximou do garoto colocando uma mecha do próprio cabelo atrás da orelha que consegui reparar na mancha arroxeada e nos pequenos cortes que adornavam sua feição.

Se passaram apenas alguns minutos entre Levi entrar na casa e Briana desmaiar de sono abraçada com uma almofada. Deixando apenas nós três numa situação complicada.

-Sinto muito, pelo que aconteceu.

A mulher balançou a cabeça – Não sinta, se tivesse que culpar uma única pessoa seria meu tolo marido e seu estúpido senso de justiça. Não que faça muita diferença agora.

-Eles sabem? – Levi perguntou, o homem estava próximo a janela observando a movimentação do lado de fora.

-Não... Não tive coragem de contar. Eu disse a Rowan que era perigoso demais ele se envolver, a carta já tinha sido enviada a Erwin, ele não precisava se meter.

-Sra. Moore.

-Ally – ela interrompeu – Apenas Ally está bom.

-Ally, tivemos sorte em encontrar os dois. São crianças muito corajosas - Sorri minimamente - Mas precisamos que compartilhe conosco tudo que sabe.

Ela ficou em silêncio por mais alguns minutos, apenas limpando os últimos ferimentos de Brandon. – Sim, eu posso contar tudo que sei. Desde que me prometam que vão acabar com isso de uma vez por todas.

-É pra isso que estamos aqui – Levi respondeu.

Ally se levantou e andou até um ponto específico da sala onde retirou um fundo falso e em seguida uma caixa tom de verde escuro – Acho melhor se sentar – ela disse na direção de Levi

-É uma longa história.

N/A: Bom, eu acabei e terminar esse capítulo. São exatamente 02:02 da manhã, então desculpe se tiver algum erro. Infelizmente a agenda não me permite me dar ao luxo de postar mais tarde. (visto que ainda tenho mais duas atualizações de outros livros para fazer)

Quem será que são esses criminosos misteriosos?

Vamos descobrir nos próximos capítulos.

Obrigada por acompanhar até aqui.

Até mais, Xx.