Capítulo 5
A ilha onde estávamos era simples, em sua borda se tinha praias fluviais com coqueiros, que formavam um corredor por toda a extensão da mesma. No centro, um grande campo gramado a céu aberto se encontrava, na extremidade sul da ilha entre os coqueiros e a praia, uma pequena casa verde se encontrava.
Estávamos na praia em frente a casa, entrei dentro do rio, a água morna me banhava na altura da cintura. Ansal estava a minha frente, usávamos somente uma tanga e um pano para cobrir os seios. Minha tia tinha um corpo fenomenal, mas o mesmo carregava muitas cicatrizes.
Desde que terminamos de comer Ansal só falava no idioma antigo, contudo cada vez que eu abria a boca para responde-la, ela me concertava, explicando onde meu sotaque estava errado.
Agora disse que eu precisava aprender a ter postura e equilíbrio, por isso me arrastou para dentro da água. A mulher encostou a mão na água e fez um retângulo de gelo surgir, esse ao contrário da ponte que andamos, era bem grosso.
Ela empurrou o retângulo na minha direção o deixando bem a minha frente, com um simples acenar de mão mandou eu subir em cima do gelo. Encarei aquele bloco gelado a minha frente, apoiei minhas mãos para fazer força para subir.
Meus dedos escorregavam na superfície lisa, depois de diversas tentativas consegui ficar de quatro em cima do gelo. Ansal me olhou e mandou eu ficar em pé no gelo, minhas pernas tremiam para conseguir me manter em pé, equilibrada e sem escorregar.
Quando a mulher viu que fiquei mais ou menos equilibrada no gelo deu um sorriso, eu não gostei nada daquilo, sem nenhum aviso a água que estava calma começou a se agitar, o bloco de gelo tremia sob os meus pés, não demorou muito e eu caí dentro da água.
Assim que emergi das águas minha adorável tia mandou eu subir novamente no gelo, a perguntei para que servia aquilo, ela simplesmente disse que meu equilíbrio era péssimo e que precisávamos melhora-lo urgentemente.
Perdi as contas de quantas vezes fui parar na água, a cada mergulho que eu dava, Ansal se irritava, ao contrário de Ani, suas palavras tinham urgência e não eram nada animadoras.
Quando finalmente consegui ficar em pé na porcaria de gelo, enquanto Ansal comandava as águas a ficarem turbulentas, comemorei, assim que ela mandou eu descer, não resisti e dei um salto para frente, fazendo espirrar uma boa quantidade de água no cabelo dela, que até então estava seco.
Quando levantei, me deparei com uma Ansal totalmente plena, minha intenção de molhar seu cabelo não deu certo, ela tinha desviado a água para não a atingir.
-Amanhã praticaremos mais seu equilíbrio que está péssimo.
- Mas eu consegui ficar em cima do gelo!
- Uma única vez, e isso porque não mexi muito a água. Agora ande, vá se secar que precisa aprender sobre sua espécie.
Sai da água revoltada, mas não falei nada e fiz o que ela pediu. Quando estava seca e vestida, me juntei a minha tia ao redor de uma fogueira que ela tinha acendido.
- Muito bem sobrinha, na cerimonia você encontrar todos os tipos de ninfas, vou te mostrar a identificar quem é quem, para o caso de você precisar.
Acenei com a cabeça e a olhava com extrema atenção. Ansal agitava as mãos, fazendo com que uma porção de água do rio viesse flutuando até perto de nós.
Quando ela começou a explicar os tipos de classes ninficas, a água que ela manipulava tomava forma da ninfa que ela estava falando, roupas, tons de pele, cabelo.... Eu olhava admirada para a água que planava a minha frente.
" Existem oito tipos de ninfas, a primeira classe são as Efidríades, que é o meu tipo. Nós somos ninfas dos mares, temos dons com a água e com o gelo, temos como características marcantes cabelos brancos, olhos azuis e pele clara.
Nós somos responsáveis por proporcionarmos uma boa viagem de barco, cuidar para que as águas não fiquem poluídas, congelar lugares que precisam ser mais frios e protegermos nosso litoral de invasores.
A segunda classe são as Epigéias, que são as ninfas da terra, elas têm cabelos castanhos, pele morena e muitas das vezes com tatuagens marrons espalhadas pelo corpo, além disso seus olhos são amarelos, da mesma cor dos olhos de gato.
As Epigéias são responsáveis por nutrir nossos solos, contudo, da mesma forma que ela pode levar vida para a terra ela também pode retirar os seus nutrientes o tornando infértil e seco.
As próximas são as Náiades, que são as ninfas dos rios e córregos, suas habilidades com a água são fundamentais para a vida, pois elas conseguem trazer as águas doces do subterrâneo para a superfície.
As Náiades são responsável por manterem as águas limpas para todos os seres vivos poderem usufruir. Elas são facilmente reconhecidas, pois normalmente utilizam roupas praticamente transparentes, deixando o corpo a mostra.
Elas têm cabelos loiros escuros e olhos cor de mel, são elas que normalmente estão nas lendas dos humanos como extremamente sensuais e perigosas por afogarem que chegar perto dos seus lares.
A quarta classe são as Oreádes, ou ninfas das montanhas, elas são responsáveis por cuidar de todo território montanhoso, essas ninfas podem fazer surgir uma montanha de um dia para o outro.
Elas são conhecidas por usarem uma vestimenta cinza, da cor da rocha das montanhas, seus cabelos normalmente são ruivos e têm olhos verdes. Não são muito sociáveis por viverem a maior parte do tempo isoladas nas montanhas.
A quinta classe são as Dríades, as ninfas das florestas, essas ninfas são as mais peculiares, pois gostam de usar alguma parte do seu corpo como uma parte da floresta, por exemplo, fazem seus braços parecerem galhos de árvores.
Elas são responsáveis por cuidarem da floresta em si, a nutrindo e a protegendo. Elas são reconhecidas pelo cabelo e olhos verdes, além disso raramente usam alguma vestimenta, normalmente se utilizam da própria floresta para se vestir.
A sexta classe são as Alseídes, as ninfas das flores, elas são extremamente amáveis, estão sempre sorrindo e espalhando os deliciosos aromas florais por onde passam.
Elas são responsáveis por cuidarem das flores, as preservando e as reproduzindo. Essas ninfas amam a cor rosa, seus cabelos e vestimentas são nos tons dessa cor e seus olhos são violetas.
A sétima classe é a Animales, ninfas dos animais, como o próprio nome diz elas são responsáveis por cuidar de todos os animais. Essas ninfas tem uma afinidade muito grande com os bichos, tanto que podem invoca-los em batalhas para lutar ao seu lado.
Normalmente sempre estão acompanhadas de algum animal, seja um beija-flor ou um tigre. Essas ninfas, tem cabelos loiros e olhos pretos, normalmente usam roupas confortáveis, mas sempre se utilizam de um capuz vermelho.
A última classe são as Amíades, as ninfas do ar, essas mulheres são responsáveis por nos proporcionarem as brisas e os ventos. São bem difíceis de se ver, pois normalmente estão flutuando em alguma corrente de ar.
Essas ninfas são caracterizadas pelo seu tom de pele extremamente claro, seus cabelos pretos como a noite e os olhos cinzas. Elas normalmente usam roupas brancas, que dificultam vê-las quando estão flutuando. "
- E eu vou me passar por qual delas?
- Você irá se passar por uma Oreáde, você já tem o cabelo ruivo e os olhos claros, e como elas vivem normalmente isoladas é o disfarce perfeito para você.
- Ok, e qual é o elemento que elas têm afinidade?
- Terra.
Estava assimilando todas as informações que minha tia estava me passando.
- Lia, isso que acabei de te falar são nossas afinidades, contudo podemos ocupar cargos diferentes. Qualquer ninfa pode fazer parte da guarda, ou se tornar uma artesã, cozinheira, política, espiã entre tantos outros cargos. – Ela me olha séria – O único cargo que é designado exclusivamente a Efríades e a Niádes é o de curandeira, por causa da habilidade de cura pela água.
- Ansal você me falou somente das ninfas e aonde estão os hãn... ninfos?
Ansal dá uma gargalha bem alta, eu a fico encarando sem entender o porque dessa reação.
- Desculpe sobrinha, não existem ninfos, somos um reino formado somente por mulheres, só existe ninfas.
- E como vocês nascem então?
- Da mesma forma que os humanos – ela da um sorriso de lado – e pelo que vi nas suas memórias você já esta familiarizada com tal prática.
Sinto o meu rosto esquentar com esse comentário, tinha me esquecido que ela tinha visto essa parte também em minha memória.
- Nós temos parceiros humanos quando queremos ter filhos, você já deve ter reparado que seu ciclo vem somente uma vez ao ano. Nesse período, quando a ninfa quer ser mãe ela se deita com um humano de seu gosto.
- Você disse que só tem mulheres aqui correto?
- Sim – Ela estreita os olhos para mim.
- E se nascer um menino o que vocês fazem?
- Não produzimos bebes do sexo masculino, os genes ninficos se sobressaem aos dos humanos, gerando sempre lindas meninas.
- Então quer dizer que o meu pai é humano?
Ansal deixa a água que estava manipulando cair em cima da fogueira, produzindo uma leve fumaça.
- Não Lia.
- Como assim não?
- Não sei quem é o seu pai, mas ele não é humano. Minha irmã quebrou um tratado muito antigo e se envolveu com um elfo.
- Como você sabe disso?
- Porque somente os elfos podem manipular o fogo como você manipula.
Se eu não tivesse sentada, provavelmente teria caído de bunda no chão. Não estava preparada para saber que meu pai era um elfo, e de acordo com o que Ansal me contou essa união era proibida.
- Por você ser uma mistura das duas espécies, pode não ser bem vista por muitos, e por isso temos que ir com calma a apresentar você ao mundo.
- Como posso descobrir quem é meu pai?
- Não vamos fazer isso agora, é muito perigoso entrarmos nesse território, além do mais, precisaríamos da ajuda de alguém que conheça muito bem os elfos, e mesmo assim, podemos não o encontra-lo, pois o elfo que é seu pai provavelmente encobriu que teve um caso com uma ninfa, e talvez nem saiba da sua existência.
Apesar do que minha tia falou, uma esperança surgiu dentro de mim por saber que meu pai pode estar vivo. Ansal se levantou e foi até a casa, disse que eu teria uma hora de descanso antes da próxima lição.
Fiquei sentada aonde estava, observando o rio fluir e absorvendo tudo que estava me acontecendo. Descobrir todo esse mundo novo, era extremamente excitante.
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