Capítulo 40
Ando pela floresta ainda confusa com tudo que aconteceu, a marca da rosa que parecia ter sido feita a ferro e fogo em minha pele, queima bastante. Encosto em uma das árvores, retiro uma das minhas adagas e então, faço um rasgo em minha blusa.
Minha pele está vermelha, mas o vento fresco batendo nela, alivia um pouco da dor. Me concentro ao meu arredor, não escuto nada por perto, somente o barulho no vento, quando abro meus olhos, foco na névoa que esta ao meu arredor.
Em poucos minutos consigo transformar o vapor de água em líquido novamente, manipulo o filete cristalino a minha frente, para suavizar a minha pele que está em chamas.
Quando a água toca em meu corpo, é como se eu tivesse apagando fogo, vejo uma pequena fumaça sair do contato, dói e muito, mas não desfaço o contato e aos poucos, a queimação vai melhorando.
Continuo andando pela floresta, me guio por um laço mágico que não sei explicar, mas ele me leva na direção da capital ninfica. Não sei por quanto tempo caminho, até sair da floresta enevoada e me deparar com a trilha aberta para a capital.
Caminho pela trilha iluminada pelo sol, estou perdida nos meus pensamentos, preciso saber do que se trata a profecia que minha visão me mostrou e como isso se liga a mim, afinal, minha mãe abriu mão de sua vida por ela.
Vários pensamentos passam por minha mente, eu tinha dois focos, entender a profecia e achar o meu pai, eu precisava entender o que aconteceu no passado, algo me dizia que essas duas coisas estão ligadas.
Perdida em meus devaneios, quase não reparo na quietude anormal da floresta, quando me dou conta do silêncio, paro e olho ao arredor, algo não está certo.
Apresso o meu passo, meu coração se acelera, fico preocupada com minha tia e minha avó, pois a última vez que as vi, elas estavam prestes a entrarem numa batalha sangrenta.
Corro até um penhasco, dele consigo ver a capital de cima, e para minha surpresa, minha visão está bem mais aguçada do que eu imaginava, era como se eu tivesse a aumentado em dez vezes.
Vejo minha tia no pátio do palácio, ela parece estar tensa, contudo, somente respiro aliviada, quando vejo minha avó surgir em uma armadura toda suja de sangue de dentro da porta do castelo, mas meu alivio dura pouco, pois atrás dela, três elfos estão amarrados.
Os elfos são arrastados por sentinelas, que não são nada delicadas ao jogarem eles no chão, bem aos pés da minha avó, que olha para os orelhudos com um extremo ódio.
Não consigo escutar o que ela fala, mas consigo ler os seus lábios, ela gesticula enquanto fala, nunca a vi tão enraivecida, pensava que o ódio por eles tivesse abrandado com o tempo, mas eu estava absolutamente errada.
" Hoje, prendemos esses três elfos em nossos territórios e de acordo com as leis do antigo acordo, eles iram pagar por entrarem em nossas terras. "
As ninfas que escutavam o discurso de minha avó, ficam em êxtase com suas palavras, eu olhei novamente para os elfos, eles estavam amarrados e amordaçados, tinham cortes por todo o corpo e não vi uma arma em nenhum lugar, não pareciam oferecer nenhum perigo para as ninfas.
"Essa escória teve a ousadia de vir até nós, mesmo sabendo da punição, por isso, eu, Hérmia, rainha de todas as ninfas, os condeno a morte e que cortem suas orelhas, vamos enviar para seu querido rei, como forma de lembrar o que acontece ao seu povo quando invade o meu território. "
As guardas que estavam presentes começam a bater seus pés no chão, minha avó sinaliza para minha tia, vejo um breve hesitar dela, mas então rápida como o vento, Ansal retira sua lâmina da cintura e crava no coração do primeiro elfo, ela repete o gesto com os outros dois, que caem mortos no gramado.
Vejo minha tia dar uma olhada discreta para os corpos dos elfos e então, pronunciar algo que não conseguir ler, ela não parecia contente com o que fez, ou com o que estava acontecendo.
"Que isso sirva de lição para esses orelhudos imundos e de um lembrete, que qualquer um que se alie a esse povo maldito, mesmo sendo uma ninfa, será tratada dessa forma. "
Minha avó pega a sua espada suja de sangue e aponta para os corpos caídos, vejo as sentinelas que antes seguravam os prisioneiros, agora cortarem suas orelhas e colocarem em uma bonita caixa de madeira.
Fico sem reação com o que vejo, eu sabia que eles se odiavam, mas saber e ver esse ódio, são coisas totalmente diferentes. Os pobres elfos estavam indefesos, minha avó não precisava mata-los.
Caio de joelhos na terra batida aos meus pés, eu não podia voltar, não depois do que eu vi, pois, mesmo a rainha tendo um carinho por mim, seu ódio pelos elfos era maior do que qualquer coisa e eu acabei de ver a prova disso.
Começo a entender o medo de Ansal por contar a verdade a minha avó, pois um destino igual ou pior ao dos prisioneiros poderia me aguardar e a ela também.
Eu não podia voltar, não agora, eu preciso encontrar respostas, preciso aprender a controlar o fogo, preciso saber quem é meu pai e só vou conseguir isso em um único lugar, que minha tia jamais me deixará ir.
Ainda olhando para os três elfos mortos, faço uma oração para que seus espíritos encontrem a paz e então, obrigo o meu corpo a levantar e os meus pés começarem a caminhar para bem longe de Cornália.
Eu precisava sair do território ninfico e para isso, teria que dar a volta na capital, me esgueirando pela mata e seguindo a trilha até a fronteira. Para a minha sorte, todos estavam preocupados de mais com a invasão na floresta, que não prestaram atenção a uma ninfa passando pelos vilarejos e indo em direção a fronteira.
Assim que atravesso a fronteiro sinto a força da barreira atravessar o meu corpo, a atmosfera da floresta muda, tudo se torna mais sombrio, mais escuro, mas não tenho tempo de ficar pensando nisso, por isso, saio correndo em direção ao meu destino.
Não tenho um mapa para me guiar, estou contando apenas com o laço, eu via como se fosse um fio de luz branca se estendendo pela floresta, esse fio parecia me levar ao meu lugar de desejo, finalmente, eu entendia como Ansal e as ninfas não se perdiam na floresta.
Eu corria o mais rápido que podia, queria chegar o mais rápido possível na cidade dos elfos e torcia, para que eles não tivessem uma barreira tipo o reino ninfico, pois não sei se tenho o bastante de elfo em mim para ultrapassa-la.
Entretanto, como o destino gosta de pregar peças, bem a minha frente, uma batalha sangrenta se desenvolvia, vi homens e raruks lutando lado a lado contra elfos que estavam em menor número.
Procurei uma forma de contornar a batalha, mas não fui rápida o suficiente, pois um dos Raruks me viu e veio em minha direção com tudo. Ele era diferente dos que eu tinha encontrado, esse era mais forte e lutava bem melhor do que os outros dois.
Tive somente tempo de retirar minha espada da cintura e defender o seu golpe, que seria certeiro contra meu coração. O monstro não hesitou ao ver que parei seu golpe e então me deu um chute no abdômen, me fazendo voar para trás e bater com as costas em uma árvore.
Me levantei rapidamente, pois no lugar que antes eu estava, ele tinha cravado uma de suas garras venenosas. Nossas lâminas colidiram novamente, golpe atrás de golpe nós fazíamos uma dança mortal.
Lembrei do que minha tia me disse, que esses monstros têm diferentes posições no exército, não sei qual esse é, mais com certeza não é um rastreador. Eu não conseguia acertar ele, estava em desvantagem por estar cansada da jornada.
Eu tinha duas opções, continuar aquela batalha até um de nós dois se fatigar, ou eu poderia correr. Olhei ao meu arredor e vi, pouco a pouco os elfos caírem um a um.
Minha segunda opção não estava mais viável, pois assim que todos os elfos que estavam ali foram mortos, os outros Raruks e humanos restantes, me cercaram.
Eu estava em desvantagem, não iria conseguir fugir e muito menos lutar com todos eles. Parece que meu fim tinha chegado, somente um milagre poderia me ajudar agora, mas ele não veio, invés disso, recebi diversos golpes, consegui defender a maioria.
Quando cai no chão, um dos meus agressores veio para cima de mim, ficou cara a cara comigo. Então o raruk gigantesco, viu a marca em minha pele e ao invés de cravas sua espada em meu coração, ele bate com o cabo de sua espada em minha cabeça me apagando.
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