Capítulo 29
Já era o quarto dia que estávamos treinando com Wala na arena, a protetora era fenomenal, ver ela manejar qualquer tipo de arma me fascinava. Seus movimentos precisos, sua agilidade e o que eu mais adorava, era como ela provocava o oponente até ele cair na sua armadilha.
Todas as selecionadas tinham que praticar todo o tipo de arma e ao contrário de Ansal, Wala começou a introduzir duelos entre nós. No primeiro dia, ela queria testar a nossa habilidade de combate corpo a corpo, além disso, ela tinha proibido o uso dos nossos elementos nesse primeiro duelo.
Não foi novidade nenhuma quando Calisto se destacou entre nós, Wala olhava para ela com certo orgulho eu diria. Meu primeiro duelo foi um pouco estranho, pois pela primeira vez, estava testando meu corpo sem as amarras mágicas.
Senti que minha velocidade estava maior, assim como minha visão também tinha melhorado, isso foi de extrema importância, para conseguir fugir dos golpes da minha oponente.
Apesar de ter treinado antes, ainda me sentia estranha no meu corpo e demorei alguns duelos até começar a entender como ele estava funcionando. As ninfas tinham estilos de combates únicos, nenhuma se movimentava como a outra.
No final do primeiro dia, eu não tinha apanhado, pelo menos não muito, perdi alguns duelos e consegui empatar outros, não venci nenhum e acho que isso meio que decepcionou Wala, pois ela ficou um pouco afastada.
Durante todos esses dias de treinamento com duelos, eu tentava aprender o máximo possível, mas a minha paciência estava se esgotando com Calisto. Essa ninfa era intragável, se achava por não ter perdido para nenhuma de nós, sua habilidade de combate era enorme, mas seu ego era igualmente inflado.
Ela debochava e tentava nos fazer perder a concentração, Calisto jogava sujo, em um duelo a vi mexer na lança de sua oponente antes de batalharem e a mesma se partiu no meio da briga, tenho certeza que ela sabotou a arma para ganhar, já que lança não era seu ponto forte e era da sua oponente.
Na frente das instrutoras ela se fazia de santa, mas por trás era uma cobra, provocava verbalmente para tentar desequilibrar nossas mentes, fazia intriga e fofocas, eu não sabia por quanto tempo mais aguentaria isso.
A rainha tinha aparecido duas vezes em nosso treinamento, acredito que ela quisesse ver em que nível estávamos, pois nas aulas dela, iríamos aprender a controlar nossa magia e isso incluía aprender a batalhar com ela.
Quando Wala nos dispensou, eu agradeci a Deusa, meu corpo todo doía, eu tinha sido jogada no chão vezes de mais para contar. Todo esse treinamento me fez lembrar de Matmata, os guerreiros de lá eram bons, mas não chegavam nem perto dessas mulheres.
Fiquei imaginando o que Raoni e Kuana diriam, se me vissem lutar após eu ser treinada por Wala, quer dizer, se eu sobreviver a toda essa loucura de seleção.
Um sorriso pairou nos meus lábios, pois finalmente, eu achava que conseguiria ganhar de Raoni em uma luta corpo a corpo. A lembrança de nossos combates fez eu relembrar do seu corpo colado ao meu, automaticamente meu corpo se esquentou.
Balancei a cabeça para afastar a lembrança, não podia deixar ele me distrair, o que tivemos foi ótimo e sinto saudades, mas jamais daríamos certo juntos, nossas vidas se divergem muito e tudo só pioraria quando a rainha soubesse quem eu era.
Com meu corpo todo dolorido, fui caminhando quase me arrastando para meu quarto. Tirei uma hora do dia para me lavar e descansar, mas não podia descansar totalmente ainda, precisava estudar as poções.
Todo dia desde que minha tia nos passou a tarefa, uma hora antes do horário da aula, me dirigia a sala de poções. Estava lendo o livro e fazendo anotações, não sabia que existiam tantos venenos.
O livro mostrava desde os mais básicos venenos que provocavam apenas um mal-estar, até os mais fatais. Minha tia sempre que dava a hora da aula ia para a sala, nos primeiros dias só ficou nós duas na sala, mas conforme a semana ia passando, algumas ninfas se juntaram a nós.
Algumas tinham dúvidas para tirar com Ansal, outras assim como eu, iam para lá somente para ler. Shanri aderiu esse hábito quando soube que eu fazia, uma que não vi foi a animale, até Calisto apareceu.
Faltavam somente vinte e quatro horas antes do teste final, eu já tinha terminado de ler o livro todo, estava estudando minhas anotações, quando me dei conta de uma falha minha.
Me levantei e fui até a minha tia, ela me olhou intrigada, pois durante toda essa semana, eu não tinha me dirigido até ela. Apontei para alguns nomes de venenos que eu tinha dúvidas em minhas anotações.
- Mestra – Era estranho me referir a minha tia assim, mas tinha gente na sala e eu precisava ser formal – Estou com duvidas nesses venenos, nunca os vi pessoalmente, não sei seus cheiros, gosto e nem cor.
Minha tia apenas me encarava serenamente, esperando eu concluir o meu pedido.
- Você os teria aqui e caso tenha, eu poderia vê-los?
Ela olhou novamente para a lista de nomes que eu tinha escrito antes de me responder.
- Eu os tenho guardado no palácio, irei traze-los.
Algumas ninfas na sala ao escutarem meu pedido, também pediram para ver alguns venenos, minha tia concordou e então se retirou da sala. Voltei para o meu lugar e continuei estudando.
Ansal não demorou muito para voltar com um caixote cheio de vidrinhos, cada um tinha uma etiqueta rotulando do que se tratava, ela entregou os venenos que cada uma de nós pediu e avisou que tinha trago mais alguns, caso quiséssemos olhar.
Examinei cada frasquinho atentamente, suas diferentes colorações, cheiros e até mesmo gostos. Misturei eles com o vinho para ver como se comportavam, alguns pareciam imperceptíveis a olhos nus, mas deixavam um gosto adocicado ou amargo na bebida, alguns mudavam até a textura da bebida.
Molhei meu dedo em todas as misturas que fiz, o levava a boca para prova e depois cuspia para não ser envenenada. Anotava cada detalhe dos experimentos que fazia e percebi que não era a única a fazer tais pesquisas.
Todas já tinham se retirado da sala, Ansal tinha permitido que eu ficasse por mais duas horas e que depois uma sentinela iria trancar a porta. Estava sozinha na sala, mexendo no caixote que minha tia tinha trazido.
Muitos vidrinhos eu já tinha pego para fazer os meus testes, outros eu já conhecia por ajudar minha mãe em nossa vila, ela tinha me ensinado sobre ervas, mas também a reconhecer alguns venenos.
Estava quase desistindo de achar algum outro veneno raro, mas então bem no fundo, um frasco me chamou a atenção. Um frasco pequenino, com um líquido transparente e uma etiqueta que estava quase apagada.
Peguei o frasco na minha mão e o levei até uma parte mais clara da sala, onde a luz do luar iluminava melhor o ambiente, do que as plantas luminescentes. Tive certa dificuldade de ler o que estava escrito, a letra não era muito boa e a tinta já estava bem apagada.
- dŵr bywyd – Franzi meu cenho para o frasco – Água da Vida, nome estranho.
Fiquei encarando o frasco, o líquido era transparente, destampei o frasco e o mesmo era inodoro. A olho nu realmente pareceria somente água, mas tinha certeza que não era.
Fui até minha mesa e comecei a folhear as minhas anotações atrás daquele veneno, lembrava de ter visto a menção do nome em algum lugar, mas não me recordava a gravidade do mesmo.
Quando achei, vi o porque de eu não ter gravado, esse veneno era um dos poucos da minha lista, que eram uma mistura de vários venenos juntos. A água da vida era uma mistura de arsênico, chumbo, cianeto e beladona.
Era classificado como um dos piores venenos já criados, pois ele não tinha cor, cheiro, gosto e era altamente mortal. Apenas com uma pequena dose matava uma pessoa, além disso, não deixava traços.
A água da vida era extremamente rara de ser encontrada, por isso era extremamente cara, pois para se ter esse efeito mortal, tinha-se que misturar as medidas exatas dos seus compostos, além é claro, de que o mesmo requeria uma dose de água da floresta de Emlax.
O nome começou a fazer sentido para mim, pois a água da floresta tinha propriedades mágicas, em algumas lendas humanas, dizia-se que ela poderia até curar doenças terminais.
Ri com a ironia, pois um dos venenos mais mortais tinha como principal ingrediente, um componente que poderia devolver a vida a alguém. Inclusive, as águas da floresta eram o único antídoto contra esse veneno.
Misturei um pouco do veneno com o vinho, esperei que talvez fosse modificar a textura da bebida, assim como outros venenos faziam, mas não aconteceu nada. Se eu não soubesse que ali tinha veneno, diria que era um copo de vinho normal.
Fiquei observando bem a bebida a minha frente, alguma forma tinha que ter de identificar tal substância. Peguei a taça na mão e a inclinei, o líquido então mostrou uma fina camada transparente, fiquei intrigada, pois não sabia se isso era do vinho ou do veneno.
Meus olhos começaram a pesar, guardei o vidrinho com cuidado no caixote, peguei as minhas coisas e me retirei da sala. Avisei a sentinela que estava na porta, que já iria me deitar, ela me desejou bom descanso e então foi trancar a porta.
No caminho para o meu quarto fiquei pensando em tudo que tinha descoberto hoje. Estava com medo de esquecer alguma coisa para amanhã e ser reprovada.
Deitada em minha cama, fiquei revisando mentalmente cada veneno, suas características e efeitos. Como eu poderia identifica-los e não falhar, minha mente ficou funcionando até que o cansaço me venceu e meus olhos se fecharam.
Olá galerinha, como falei para vocês irei liberar mais capítulos essa semana para ajudar nesse período que estamos vivendo de quarentena. Como estou liberando os capítulos hoje, não terá capitulo novo no fds.
Espero que estejam gostando da história até aqui, me contem nos comentários o que vocês estão achando, estou tentando responder a todos.
Sei que estamos a bastante tempo no reino ninfico, mas se acalmem que a hora dos elfos vai chegar, sei que vocês estão curiosos, mas tudo ao seu tempo. ;)
Bom se está gostando não esquecer de curtir que me ajuda muito.
Um grande bj em todos.
Thalita Naine
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