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• Verdades Ocultas •

Agnes olha ao mesmo tempo incrédula e raivosa, alternando entre mim e a escudeira, até que vem em minha direção. Seu andar magnata impõe presença e personalidade, mas os olhos estão agora inexpressivos, enquanto o vento sopra seu cabelo e o tecido verde escuro do vestido.

- Não é possível que seja você mesma...- sua voz sai ainda inacreditada seja lá em qual fato for - Mégara como isso está acontecendo?

Ela vira o rosto pra cretina. Seus passos a trouxeram até mim, a colocando em minha frente.

- A culpa não foi minha Agnes. Eu fiz exatamente tudo ao meu alcance, tudo! Infelizmente suas ordens diretas limitaram minhas ações - a megera respondeu deixando claro sua aversão ao ocorrido, e seu ressentimento em relação à monarca - Ela tem sorte, é tudo que eu poderia dizer.

- Alguém por favor, poderia me explicar essa loucura? - pergunto fazendo os olhares se voltarem pra mim - Porque pelo que me disseram era pra ela estar morta! - aponto com a cabeça pra Agnes.

- Eu, a Rainha das Bruxas, morta? Quem anda difamando meu nome, isso chega a ser um insulto.

A risada alta de Mégara irrompe e chama a atenção.

- O mais hilário de tudo é você realmente ter acreditado naquela historinha patética! - eu ficaria com raiva dela rir da minha cara se não estivesse perplexa.

- Espera, como... - antes de eu terminar, ela me interrompe.

- Outra vez você e sua confiança cega em seus familiares. - Ela estala os dedos.

"Não pode ser... Não seja isso por favor" antes de eu terminar meus pensamentos, mais aparições surgem do meio do caos.

Tia Agatha.

Michel.

Minha mãe.

Meu pai.

Vazio. É minha cabeça no exato momento. Não sei como reagir a isso, além de olhar e esperar o próximo golpe.

- Fala sério! Como alguém acredita em almas fragmentadas e varinhas? Foi a história mais ridícula que ouvi em toda minha vida e eu sinceramente achei que não fosse convencer, mas você e sua ignorância me surpreenderam.

O contentamento e a alegria em sua voz retumbam nos meus ouvidos parecendo navalhas, enquanto perfuram minha mente com a junção dos fatos. E a única coisa que eu sei é que algo muito grande está doendo em mim.

- O que vocês fizeram? E porque? - pergunto em sussurro para minha família - vocês trabalhavam pra ela assim como Raymond?

- Já não mereço mais o título de tio?- apenas lanço um olhar feroz em sua direção.

- Não Samhara. Não trabalhávamos pra ela. Na verdade fizemos um acordo a anos atrás, que nos prometia segurança durante a invasão. - Tia Agatha responde.

- Vocês me trocaram por um acordo? Eu sou sua sobrinha! Mãe, sou sua filha! Como puderam? - Viro pra Mégara - Porque você me queria sua cretina?

- Espera aí? Agora quem não está entendendo nada sou eu, que história é essa? - Agnes se manifesta outra vez.

- Se vocês me derem licença eu posso explicar toda a situação. - ela põe as mãos na cintura.

- Pois eu adoraria. - respondo.

- Não é possível que você ainda não juntou os pontos fedelha. Não reparou? Você não se parece com nenhum de seus familiares.

Automaticamente olho pros meus parentes. Cabelos castanhos ou loiros, com excessão de meu pai e eu. Todos altos, e eu mediana pra baixa. A fisionomia dos rostos, mais leve e suave, ao contrário do meu. Mas...

- Eu...sou sua filha, não sou mãe? - meu estômago se revira esperando a resposta. Não só revira como congela e espalha esse frio ao longo de todo o corpo.

Seus olhos castanhos esverdeados encontraram os meus.

- Não, eu não sou sua mãe Samhara. Nós não somos sua família.

A sensação é a de uma pancada dada em minha cara. Um nó se instala em minha garganta, e cresce cada vez mais e mais a medida que vou ouvindo. Meu rosto esquenta e sinto câimbra nos músculos da face. Uma lágrima fria escorre por minha bochecha.

- Se eu não sou filha de vocês. Quem sou eu? - junto toda a força que me resta pra formar a pergunta. Meus olhos se enchem com mais lágrimas insistentes enquanto pisco diversas vezes para espantá-las.

Um vento frio corta o ar entre todos nós. Então uma das vozes responde minha pergunta.

- Você é minha filha Samhara. - Atordoada, viro o rosto na direção da Rainha das Bruxas.

- O que? Não, não, não, isso... isso é uma mentira - balanço freneticamente a cabeça em negativa - Não pode ser verdade!

- Mas é. Não reparou? Você é praticamente um reflexo meu.

Ela se aproximou e pela primeira vez a notei de fato. Como disse antes ela tem os cabelos negros como ébano. A pele clara faz contraste, além das feições fortes e marcantes. O rosto altivo e delgado, bem diferente das faces redondas de Lindsey e Agatha. Percebi que a impressão de altura que ela tem é devido ao porte que ela ostenta, pois é apenas um pouquinho mais alta que eu.

E além de tudo, os olhos.

Os mesmos olhos negros e vazios que lembram um abismo. Que dão frio na barriga ao encarar de perto. Que refletem nada mais que o escuro.

E é verdade. Eu sou praticamente sua versão mais jovem.

- Isso não prova nada. Mera coincidência. - Retruco indignada negando os fatos. Eu simplesmente não consigo aceitar.

- Pois bem. Se é prova que queres. Prova terás.

Ela solta minhas amarras mágicas e prende minhas mãos na frente do corpo. Então sua mão direita começa a ficar avermelhada enquanto ela percorre meu braço direito com os dedos. Automaticamente meu braço arde enquanto veias negras aparecem sob a pele e vão se desenhando rumo ao pulso onde se encontram numa tatuagem que surge no ali. Uma lua crescente negra com uma coroa dentro. Vejo seu braço e a mesma marca com as veias seguindo acima se destacam.

- Essa é a nossa marca. Marca da nossa família. - não sei o que há em sua voz, não sei distinguir suas emoções, ela é uma muralha intransponível de sentimentos que ninguém consegue passar.

Eu poderia contradizer e falar que ela fez essa marca em mim agora. Mas não adiantaria. No fundo, eu acho que sempre soube que não era de fato da família.

Minha cabeça gira tentando organizar as informações. Um turbilhão de emoções começa a se formar, girando cada vez mais rápido e mais forte.

Mais rápido e mais forte...

- Se você é minha mãe, porque eu fui parar com eles? E quem é meu pai? - minha voz fica rouca e baixa enquanto encaro o chão.

- Acho que essa, é aquela hora chata e clichê de se contar histórias. - Faz uma careta ao mencionar o fato.

" Bom, Seu pai é Sebastian Evern. Nos conhecíamos desde muito cedo, isso a muito, muito tempo e acabamos nos apaixonando. Só que naquele tempo uma ameaça surgiu. Um tribunal. O maldito tribunal. E minha família foi a primeira a sofrer nos porões e a serem queimados na pira. Eles caçaram um por um dos meus, até não sobrar nenhum e apenas eu sobreviver. Depois disso minhas prioridades mudaram e o caminho que eu segui me separou de Sebastian."

- Foi quando você entrou pra magia sombria suponho. - comento. Ela concorda com um meneio de cabeça.

"- Nossos caminhos seguiram cursos distintos. Eu fui criando meu império, meu exército. Enquanto isso seu pai se tornou o melhor entre os bruxos de " bem". Era o melhor de sua época, o mais poderoso. Então eu coloquei minha invasão em andamento na Grande Guerra. Íamos voar sobre as cidades humanas e iríamos carbonizar todos da mesma forma que eles nos reduziram às cinzas!"

Os olhos dela se inflamaram de ódio e rancor subitamente.

" Mas os bonzinhos bruxos do bem, resolveram se unir e lutar contra nós. Seu pai obviamente estava lá, a dezesseis anos. Foi em uma das campanhas da guerra que acabamos nos vendo outra vez. Infelizmente nem eu nem ele fomos capazes de nos aniquilarmos. Muito pelo contrário. Nossas diferenças ficaram de lado, e naquela noite você foi gerada."

" Eu não queria uma criança. Acho que você imagina os motivos. Tentei abortar de todas as formas possíveis não vou mentir, mas você se recusava a morrer. Eu não tive escolha a não ser aceitar a gestação. Extremamente ridícula a situação. Quando enfim você nasceu, eu novamente fui fraca. - Ela desfoca a visão e o rosto novamente se torna inexpressivo - Quando olhei pra você, vi tudo aquilo que eu havia perdido quando nova. Vi minha mãe, meu pai, meus irmãos e meus primos. E via Sebastian também. Incapaz de lhe matar, ou sequer mandar que lhe matassem, ordenei que Mégara a deixasse em algum lugar inóspito. Não nego, a intenção era que fosse devorada por algum animal selvagem. Preferia vê-la morta a criada por humanos, mas na verdade eu tinha esperanças de que alguém lhe encontrasse. Depois que lhe entreguei á minha escudeira, não tive mais notícias. Na verdade tive, a de que você havia morrido."

Ela encara a comandante de suas tropas com olhar inquisidor. A bruxa apenas dá de ombros e pigarreia.

- Minha vez suponho.

" Bem, eu te odiei desde o dia em que Agnes voltou já grávida da campanha. Afinal quem seria melhor que a própria filha pra se tornar a nova braço direito da Rainha? Você era uma ameaça ao meu cargo. Minha felicidade foi quando ela disse que queria lhe abortar, e eu fiz de tudo junto à ela pra isso. Mas como já disse antes você é um inseto insistente e não morria de forma alguma não importava o que a gente fizesse. Usamos os feitiços mais poderosos pra lhe matar e você resistiu. - diferente da Rainha, Mégara transpira raiva em cada respiração. - Quando você nasceu eu estava confiante de que agora sim conseguiríamos concluir o serviço, mas aconteceu que Agnes fraquejou. Os "instintos maternos" dela, mesmo que distorcidos, impediram que ela acabasse com você ali mesmo, e o pior é que ela ME impediu de fazer qualquer coisa a você! Foi um ultraje. Quando ela decidiu por fim a situação, mandou que eu lhe levasse pra longe, mas deu ordens expressas de não lhe matar diretamente. Foi o cúmulo do sentimentalismo! E eu claro, fiz o que foi mandado e te levei pra uma das florestas mais perigosas, cheia de predadores famintos pra não lhe dar vez de sobreviver. Deixei um lacaio de olho pra me avisar quando finalmente tivesse virado janta e regressei pois tinha afazeres mais urgentes. Só que ai tive uma grande surpresa - Ela trava o maxilar e cerra os dentes se contendo pra não gritar - meu lacaio voltou, e disse que um dragão havia aparecido e te levado embora. É claro que eu não ia voltar com um fracasso em mãos. Então menti pra Agnes, até poder resolver toda a situação."

O olhar furioso da bruxa mirou Rakmett com todo o ódio que ela tinha dentro de si.

- Não fique com ressentimentos Mégara, isso faz mal à saúde.

- Rakmett até você? Até você me traiu? - pergunto ainda de cabeça baixa e a voz sai mais rouca do que gostaria.

- Nunca Samhara. Apenas não cabia a mim lhe contar a verdade. Existem propósitos maiores dos quais não devemos interferir, e o Destino é um deles. Creio que seja minha vez de Relatar.

" Eu era o braço direito de Sebastian, de seu pai. Éramos grandes amigos e companheiros de jornada. Ele era um homem nobre, um verdadeiro herói de muita dignidade e honra. Infelizmente também era um homem apaixonado. Assim que voltou da Campanha, disse-me que seria pai, que havia tido uma visão da filha, e me incumbiu uma tarefa. Assim como sabia de seu futuro nascimento, também sabia que tentariam acabar com você e ele já não estaria mais aqui pra poder ajudar. Naquele dia ele sumiu e ninguém mais o viu desde então. A minha missão era garantir sua sobrevivência e lhe entregar um presente, o seu colar de obsidiana."

" Eu cerquei o ninho das bruxas por meses, escondido em meus feitiços, te protegendo de todas as tentativas de aborto que tentaram. Quando Mégara saiu contigo eu a segui até o local onde lhe deixou e assim que ela foi embora, eu me aproximei. Até hoje me pergunto como Agnes conseguiu ser tão inescrupulosa a ponto de deixar uma criança, a própria filha, pra morrer. Você era um bebê tão risonho, me lembro bem, tanto que quando cheguei perto ao invés de chorar de susto você riu pra mim. Eu queria ter tido meios de levar você comigo e criá-la como uma sobrinha uma vez que Sebastian era quase um irmão pra mim, mas acho que asas e escamas não são tão eficientes quanto polegares pra cuidar de uma criança. Fiz a única coisa que podia. Levei-a pra casa de bruxos mais próxima, uma fazenda pra ser mais exato. Deixei o colar de seu pai na manta e com um pouco de magia deixei escrito o nome que ouvi sua mãe lhe dar, bordado nela. A partir daí, não tive mais notícias suas. O Conselho Draconiano impediu-me de interferir mais do que eu já havia feito na história. Digamos que eu praticamente cometi um crime mudando o rumo das coisas. Mas antes de obedecer ao Conselho eu precisava cumprir a palavra dada a seu pai e assim o fiz. "

As palavras ecoam e sussurram na minha cabeça bagunçada, os relatos se tornam imagens geradas pela imaginação, meus sentimentos entram em profusão e se chocam e colidem enquanto giram.

Cada vez mais rápido e mais forte.

- Era a nossa casa. - Lindsay toma a narrativa. - naquela época morávamos em Horn.

" Eram tempos difíceis pra agricultores. Horn havia passado por uma estação chuvosa maior que o de costume e o aguaceiro acabou com as plantações. Ao mesmo tempo a criação estava sofrendo uma doença que assolou a região, praticamente todos os porcos estavam falecendo por causa dela. Então em uma certa noite ouvimos um choro na porta. Fomos até ela e quando a abrimos, você estava lá, embrulhada em mantos escarlate e chorando de fome. A recolhemos na mesma hora, completamente empolgados, afinal nós nunca tivemos um filho. Naqueles dias Agatha estava conosco, havia perdido sua filha á pouco tempo, vítima da Peste."

-Pode parecer estranho uma filha de feiticeira morrer de Peste, mas não estou mentindo. Agatha havia traído Allan com um humano e a filha nasceu sem poderes. Assim como eu. Te contar que magia pula gerações foi outra mentira. Filha de bruxa, sempre será bruxa. Eu também fui fruto de uma traição, por isso sou quase completamente humana.

" Como dizia, a filha de Ágatha foi vítima da Peste, portanto ela tinha leite, e serviu como sua ama quando você apareceu. Estávamos em polvorosa, depois de tantos anos emfim teríamos uma filha! Você era tão linda, seus olhos eram tão brilhantes que pareciam duas pedras ônix. Dois dias após sua chegada, Mégara veio nos visitar e nos fez uma proposta depois de contar quem você era de fato. Ela disse que não podia mandar que te matássemos, o que eu achei melhor afinal eu jamais conseguiria cravar um faca ou asfixiar uma criança. Mas então ela nos propôs que fôssemos " pais descuidados" e que se não adiantasse, que mantivéssemos você longe de sua verdadeira história. Em troca, nós teríamos segurança durante a próxima invasão que as bruxas sombrias estavam planejando, além de uma mudança financeira radical em nossas vidas."

"Acho que você nos entende não é? Nós tínhamos que fazer isso. Não possuíamos escolha. Estávamos com os armários vazios e o fogão praticamente inativo. Iríamos acabar morrendo de fome uma hora ou outra. Além do mais, você não era nossa filha de sangue e pior, era cria da Rainha Negra. Era um mal entre todos nós! Então aceitamos o acordo. Confesso que depois que soube sua origem, não conseguia mais te ver com os mesmos olhos."

" Cumprindo o acordo, deixávamos você com fome por horas, mas de uma hora pra outra você parava de chorar e simplesmente parecia que não estava mais com fome. Não a vigiávamos quando começou a engatinhar, deixando que se aventurasse onde quisesse, na esperança de que você sofresse um acidente. Mégara cumpriu sua parte e nós nos mudamos pra Illydia, e subimos na vida. E nós ainda não havíamos cumprido a nossa palavra, e então como ela mesma disse pra fazermos se não funcionasse, a mandamos pra morar com Agatha, onde você ficaria mais afastada e se tudo corresse bem, viveria uma vidinha medíocre sem nunca descobrir a verdade."

- Deixa que eu continuo Lindsay. - Agatha interrompe.

" Nada do que fazíamos parecia adiantar. Mais tarde descobri que o responsável por tudo isso era seu colar. Que você não tirava do pescoço por nada no mundo. Ele te protegia e nós não conseguíamos dar fim nele. Eu já cheguei a queimá-lo, a explodi-lo, a jogar no poço e a vender ele a um comerciante qualquer que passava pela vila. Mas ele sempre voltava pro seu pescoço! Eu também fiz minha parte no acordo, deixei você perto sempre que eu mexia com minhas poções pra ver se você pegava em algo perigoso, deixava você perto de mim na cozinha pra ver se tocava nas facas, mas você nunca se cortava, nem se envenenava, e sempre escapava por um triz de qualquer acidente! Quando comecei a treinar Michel, fiz o mesmo com você pra tentar fazer uma fatalidade qualquer acontecer e nunca acontecia, pelo contrário, você se tornou foi boa em quase tudo que lhe ensinávamos!

"Por isso você nunca me ensinou nada sobre meus poderes" pensei comigo mesma.

Eu nunca reparei, mas consigo lembrar de várias ocasiões perigosas em que ela me deixava por perto. Nunca me afastou dos ingredientes perigosos que manipulava, nem me impedia de mexer no faqueiro. Nunca me repreendeu quando eu mexia nas armas que ficavam penduradas na parede do porão. Pensando bem agora lembro de diversas vezes que me deixou passear livre pelas ruas nos dias de feira entre caixas pesadas, pregos e martelos, carroças e cavalos sem nunca nem dizer pra eu ter cuidado.

-" Os anos passaram e não conseguíamos fazer nada. Afinal de contas nada adiantava. Então recebemos uma mensagem de Mégara. A invasão iria começar e era essencial que déssemos fim a você, ou de alguma forma você descobriria a verdade. Contamos a Ela seu hábito de andar sozinha a noite e ela mandou Dillan atrás de você. "

- Eu já não aguentava mais você fedelha. Agnes e suas ordens que fossem pro inferno! Eu já estava cansada e não podia fazer a invasão com você a solta.

- Então você me desobedeceu. Bom saber disso Mégara. Além de ter mentido pra mim todos esses anos. Vamos tratar disso mais tarde. - Agnes comenta sombriamente.

- Dillan infelizmente foi um tolo estúpido e não consegui dar fim a uma garotinha de dezesseis anos. No dia seguinte você apareceu lá em casa sem o colar e tratamos de avisar aos irmãos dele que já estavam de vigia que aquela seria a hora e eles então atacaram a vila. Todos nós sabemos no que deu. - Agatha retoma a fala.

- E porque não deixaram os aldeões me queimarem então? - Minha voz baixa contradiz o redemoinho em minha cabeça.

- Porque humanos tem uma sede de sangue muito viciante. Eles se tornam animais psicóticos quando queimam um dos nossos na fogueira. Ficam com tanta sede que não conseguem parar. Se eles lhe pegassem, seria impossível conter a psicopatia que se espalharia e impedir que nos queimasse junto à você. Portanto não podíamos deixar que eles se animassem. Tanto que quando você fugiu tratamos de ir para Illydia e deixar os ânimos se acalmarem. Caso não tenha percebido, te mandei pra floresta amaldiçoada apenas com flechas e uma faca. Não havia um pedaço duro de pão ou cantil de água. Era pra você novamente ter morrido em Widnyr.

Era verdade. Eu fui em péssimas condições pra lá. E além do mais, Widnyr era uma floresta etérea, lembro de quando achei a clareira e parei em outra dimensão. Pelo menos imagino que tenha sido isso. Jason foi que me salvou de lá, além da neblina mágica, e se não fosse meus poderes teria morrido de sede.

- Quando chegou na casa de Lindsay, ficamos surpresos por estar viva.

Lembro de quando cheguei e ela falou que não me esperava ali e que eles acharam que algo tinha me acontecido no caminho. Então era por isso.

- Nossa última cartada foi dizer que seu namoradinho estava morto. Sabíamos que o choque seria grande. Michel viu quando ele se levantou da pilha dos mortos antes do coveiro reaparecer e sair da vila sem falar com ninguém. De fato foi a única coisa que conseguimos fazer durante todos esses anos que finalmente lhe surtiu efeito. Como já estava abalada, novamente nos comunicamos com Mégara e ela invadiu Illydia. Além do choque estava sem seu colar, era agora ou nunca.

- Então porque me mandaram pro Raymond?

- Foi mais um golpe de azar. A intenção era fazer com que não desconfiasse de nada, pra nos prevenir caso desse errado como de fato deu, e além do mais Raymond trabalhava pra Mégara oficialmente. O plano era você ser pega no caminho, mas caso fugisse, ir direto pra um dos criados dela. E foi o que aconteceu.

- E por qual razão meu querido titio não me matou? - questiono com a voz ainda mais baixa.

- Porque eu cansei de você sempre escapar e sobreviver garota. - Mégara respondeu. - Então eu resolvi me divertir um pouco a suas custas. Dei as ordens a Raymond e ele fez muito bem. Aquela altura você já estava acreditando na historinha patética que te contaram, então mandei ele fazer com que você realmente achasse que a solução do problema era me enfrentar. Manipulei toda essa sua jornada ridícula. Claro que algumas coisas saíram do contexto, Maxuel rapidamente foi convencido a se juntar a mim, mas infelizmente Brendan já é um lobo das antigas e preza por valores e blá blá blá com ele nem gastei meu tempo mandando Raymond tentar. Depois vocês foram atrás de Yedryn, e ele já era um aliado meu á muitos anos.

O prazer que há em sua voz assume o lugar da raiva que antes ali estava. Ela praticamente se exalta relatando como sempre moveu todas as peças desse jogo sem que eu sequer notasse nada.

- Devo admitir que você tem competência apesar da ingenuidade. Era pra Trynie ter ido ao chão aquela noite. E a cidade mais forte dos elfos levaria as outras a perder força também. Só que mais uma vez você resolveu me atrapalhar.

- Então foi você a responsável pela invasão á cidade. E Yedryn obviamente sabia de tudo.

- Olha só ela pensa.

- E isso tudo simplesmente porque os elfos jamais mudariam de lado, e provavelmente o Lord era o único que pensava diferente e seria destituído do cargo caso apresentasse formalmente sua opinião um tanto quanto exótica.

- Finalmente está usando a cabeça. Isso é quase um milagre vindo de você. Naquela noite você novamente me impediu. Reconheço, foi muito competente da sua parte, mas depois disso tive que apelar. Programei que te raptassem durante a retaliação aos orcs. Eu sabia que você não iria morrer mesmo, que de alguma forma ia acabar sobrevivendo, então quando levou aquela espadada ordenei que te levassem pro covil. E estava indo tudo finalmente bem com você desmemoriada, até aquele cachorro maldito ir te salvar.

- Você lave essas boca imunda pra falar dele entendeu?!! - pela primeira vez grito desde que esses relatos começaram.

- Deve ser mal de família não é? Patético. - ela ri.

- Agora quem vai mandar você lavar essa boca antes de falar de minha família sou eu Morgana. Não se esqueça quem manda aqui. - Agnes levanta a voz apenas um pouco pra ameaçar a escudeira.

- Ok Mégara, já entendi que você moveu todo esse jogo de xadrez a sua maneira. Mas me diga como você soube de cada passo nosso? Tudo bem que Raymond era informante, mas seria preciso mais que isso pra você me manipular tão bem.

- É aquele ditado: Se quer que algo seja bem feito, faça você mesmo.

Então seu corpo se tornou mais magro e esguio, a pele mais pálida quase translúcida, os olhos ficaram verdes brilhantes e os cabelos negros como pixe.

- Obrigada, obrigada por me salvarem!

E eu pensei que seria impossível eu ser ainda mais tola do que já tinha sido.

- Você é tão fácil de usar Samhara. Tão ingênua. Bastou eu fingir um rapto, inventar um historinha e passar uns dias com você que logo sua guarda estava baixa.

Agora me lembro porque a achei tão familiar. No dia que a ruiva nos atacou em Lyseria, eu quase morri e ela pra me salvar usou um feitiço. Durante a magia ela voltou a sua verdadeira forma e eu a vi antes de desmaiar. Os olhos e cabelos brancos.

- Enquanto eu brincava com você, ia trazendo mais gente pro meu lado. Assim ficava cada vez menor o número de pessoas que poderiam se voltar contra nós e a favor dos humanos. Só que mais uma vez várias peças se moveram sem minha permissão. Rakmett apareceu com seus dragões do seu lado, e Cassandra veio com sua horda de bruxas. Mas depois de tantos anos passando raiva com você, finalmente tive minha alegria com toda essa situação. Te manipular, mexer com você, brincar com você enquanto via de perto você acreditar que realmente estava fazendo algo importante, não teve preço. E enfim agora que tudo isso acabou, posso dar-lhe o fim que você merece. Agora me diga cara Samhara, como é o sentimento de ser á maior trouxa de todos os tempo?

Minhas costas parecem pesar toneladas. Minha cabeça dói e lateja como se estivessem a bater nela com uma marreta.

Então todos os pensamentos, todas as emoções, todas as cenas que passaram em minha cabeça durante essas revelações se uniram. Concentradas em um ponto único, acumuladas uma em cima da outra, vibrando e pulsando e se contraindo até chegar ao máximo.

E como toda energia que se concentra ao máximo, ela explodiu.

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