• The End •
No meio do caminho de volta às Montanhas Hednar, nos despedimos das Bruxas, dos Elfos, e dos Lobos. Apesar do que aconteceu, aparentemente nenhum deles notou, ou fingiram não notar, se despedindo de mim com agradecimentos e elogios. Os dragões continuaram conosco pra nos auxiliar.
Voltamos a Trinie até bem rápido. Como da primeira vez, foi estonteante ver as árvores e demais plantas abrindo passagem pro exército passar. Ao chegarmos na cidade, fomos recebidos com festa e honraria, entre muitos abraços apertados e lágrimas de reencontros familiares.
- É uma vergonha saber disso. Peço desculpas em nome da família e da cidade. Irei já escrever uma carta ao Conselho e ele terá o que merece.
- Obrigada Fydria. E não há o que desculpar, a culpa foi exclusivamente dele.
Assim que contamos á irmã mais nova de Yedryn sua traição, ela imediatamente mandou o levarem pras masmorras do castelo. Os dois sempre divergiram e Fydria era quem ficava com o trabalho árduo chefiando a guarda e concertando os erros do mais velho.
- Não há de que. Mas enquanto ele aguarda no calabouço, festejemos! Afinal ganhamos uma guerra amigos!
E assim eu, Cassandra, Jason e Lucian, viemos ambos pros nossos respectivos quartos nos preparar pra festa de hoje a noite.
Nada de vestidos luxuosos desta vez. Aproveitei que em Trynie a corte e o povo festejam juntos para poder me vestir a vontade, bem á camponesa mesmo. Uma saia rodada marrom escura pra aproveitar as danças, uma blusa vermelha caída nos ombros acompanhada de um corpete preto, e minhas botas. Soltei meu cabelo a tanto tempo preso o escovando até brilhar e o joguei pra frente. Hoje a noite era de bebida e muita música e nada melhor que uma roupa simples que te dê movimento.
E assim saio do meu quarto ao escutar o som dos instrumentos e me deparo com os três conversando de frente as portas.
- Agora sim, a última que faltava. Podemos ir? - pergunta Lucian.
- Calma, a festa não vai sair andando - Cassandra responde.
- Está linda Cas, como sempre. - comento.
- Você também Mia Bella. Acho que estamos até bem gêmeas - Rimos juntas.
Havíamos combinado de irmos mais simples pros festejos então ela vestiu uma saia vermelha com blusa branca e corpete preto também além de botas de salto alto. Os cabelos bem maiores que os meus, mas da mesma cor caem em cascata pelas costas tendo algumas pequenas trancinhas finíssimas dando charme.
- Bom Lucian acho que agora é a hora em que acompanhamos as damas, isso caso elas queiram. - Jason comenta piscando pra mim.
- Concordo meu amigo. Então o que me dizem garotas? Milady Cassandra, posso acompanhá-la nesta esplêndida noite? - se curva em uma mesura exagerada fazendo graça.
- Oh mas é claro gentil cavalheiro. Será um honra - Cassandra entra na brincadeira e entrelaça o braço ao dele.
- O que me diz Sam? - Jason me pergunta chegando perto.
- Pra você eu nem preciso responder - passo os braços ao redor de seu pescoço.
- Acho que precisa sim. - me dá um de seus sorrisos de canto.
- Ah é?
- Aham.
- Que tal isso. - puxo ele pra mais perto e levo minha boca á dele num beijo provocativo. - serve de resposta?
- Não deu pra ouvir direito sabe...
- Que erro o meu, deveria ter falado mais alto, tipo assim. - dessa vez ele me puxa pra si e corresponde ainda mais provocativo que eu. Até que alguém pigarreia.
- Com licença casal do ano, mas temos uma festa pra ir. - Cassandra interrompe.
- Certo certo. Me parece que vocês dois também resolveram combinar não é mesmo?
Reparo que os dois usam camisas de mangas largas e abertas no peito com calças bem certas no corpo e botas. A diferença é que Lucian como sempre veste preto, e Jason marrom. O engraçado é que ambas as cores combinam respectivamente com a cor dos cabelos de cada um.
- Não se tem lá muitas opções de vestuário masculino, fazer o que. - Lucian responde.
- Então chega de conversa e vamos logo.
Atravessamos o castelo indo para a praça pública do Centro Administrativo. É aqui onde todas as comemorações oficiais são feitas. Toda a praça foi delicamente decorada á perfeição: bancos longos de madeira rústicos foram postos junto à mesas lustrosas de cedro enormes nos cantos do espaço, sem precisar de toalhas para cobrir, pois esconderiam todos os entalhes dourados que permeiam as laterais desses móveis. Em cima delas, um banquete imenso com muito porco, frango, frutas de todos os tipos e cores, pães, bolos, tortas, doces diversos, e ponches, sendo este último para as crianças até doze anos.
Para os adultos a bebida já se diversifica, tendo grandes barris cheios de hidromel, cerveja preta, vinhos em abundância, sidras e uma bebida típica dos elfos chamada Vaslen, carinhosamente apelidada de Bebida dos Cinco Paraísos. Dizem que um gole te relaxa, dois, te eletriza, e três te leva á mil mundos diferentes. Os barris também todos entalhados em runas mágicas que quando perguntei antes me disseram ser para manter o sabor e o gelo da bebidas.
O centro tem um enorme círculo destinado aos que se arriscam na dança, que segue cercado a uma altura segura dos bêbados, de cipós entrelaçados cheios de flores perfumadas e coloridas, além de plantas trepadeiras cheias de folhagens lindas. Ao redor de toda a praça essa decoração se encontra, mas as de fora do círculo, ostentam flores brilhantes como pequenas lamparinas de acordo com a cor das pétalas. Obra das fadas.
Gostaria de esclarecer que esse lugar é imenso, afinal tem muita gente pra abrigar, e obviamente as ruas aos redor também foram devidamente arrumadas e organizadas pra servirem de braços extras.
Tudo já se encontra cheio das criaturas mágicas de Trynie, perambulando pra lá e pra cá. As Náiades usam simples vestidos esvoaçantes sempre brancos ou azuis, as Dríades complexas vestimentas intrincadas de ramos e folhas que se você não olhar bem jura que é tecido, as fadinhas suas habituais roupas floridas, os Sátiros apenas as coroas de flores que todos eles tem em comum, e as Sereias transformaram as caudas em pernas e assim como as Dríades vieram a caráter com vestimentas cheias de algas, pérolas e conchas, e da mesma forma que as colegas tão bem trabalhadas que a primeira vista parece pano.
Os elfos já são mais simples, e se apresentam com tecidos de verdade, em variações diversas, indo de saias simples á vestidos muito bem elaborados. Isso tudo apenas pra simplificar, eu não poderia dizer todos os tipos de seres que existem aqui. Á medida que vamos andando, recebo diversos elogios e agradecimentos, enquanto uma banda de músicos tocam no canto esquerdo da praça. Eu e meus amigos nos sentamos em uma das mesas longas junto de outros cidadãos e começamos a comer e conversar.
- Então Cas, o que você planeja agora que tudo acabou?
- Estou pensando em dar uma volta pelas terras do Povo Fada, depois uma temporada entre os Bárbaros do Norte.
- Mas você já não havia ido pros Lados escandinavos alguns anos atrás?
- Sim, mas foi uma visita rápida. Quero aprender melhor sobre a cultura deles, são um pessoal que ainda se mantém muito arraigado na velha tradição dos antigos.
- E sobre o Povo Fada? Soube que restaram poucos deles hoje em dia.
- De fato. Eles foram dominados a muito tempo, mas ainda existem comunidades escondidas entre eles, e quero aprender lá também. Os costumes dos druídas me intriga, só que infelizmente eles foram dizimados em massa. São poucas as sacerdotisas e sacerdotes que ainda existem por lá e todos sob risco de fogueira caso sejam descobertos. Em contrapartida existem bruxas e bruxos isolados por toda a parte, lá eles tinham um tipo de hierarquia, então há diferença entre ser uma bruxa e uma sacerdotisa. Quero desvendar a tradição.
- E você fica quanto tempo aqui ainda? - Lucian pergunta receoso. É garoto Lobo, eu te avisei.
- Bastante. - ela pisca em resposta - Ainda quero me certificar do bem estar de Samhara, e dar todo o apoio que posso antes de pegar estrada outra vez. Afinal a gente sempre se vê em intervalos de meses ou anos. De qualquer forma antes de partir pro Norte, volto a te visitar Sam.
- Falando nisso Samhara - Jason começa - o que decidiu sobre onde morar?
Todos olham pra mim em expectativa.
- Então, agora minha família são vocês, e eu não tenho lugar algum pra ir. Mas durante a viagem de volta vim pensando, e decidi que vou ficar aqui em Trynie.
- É uma ótima escolha. A Cidade Do Novo Começo, cai como uma luva não? - Lucian comenta gestuando com as mãos em arco arrancando risadas.
- De fato. Mas e você Garoto Lobo o que pretende a partir de agora?
- Bem, eu estava pensando e, como sou órfão, não sou acorrentado á alcatéia. E me deu uma vontade imensa de ir visitar o Povo Fada.
- Ah é? Que coincidência o seu destino não? - Cas ironiza.
- Pois é! Uma baita coincidência. - ele bebe um gole da cerveja.
Pelos olhares trocados entre ambos ficou óbvio que eles já haviam conversado sobre isso antes. O que eles resolveram não faço a mínima ideia.
- Mas e você Jason? O que vai fazer? - Lucian pergunta.
- O que venho fazendo desde a morte do meu avô. Acompanhar essa Marrenta aqui é claro. - passa um braço por meus ombros. - Não há nada que me prenda á Wallya, e além do mais o que eu faria sem as ironias dessa garota?
- E o que fazemos com a biblioteca? - questiono.
- Vou encomendar que busquem os livros e os tragam pra cá. Já falei com Fydria e ela disse quem tem um lugar pra mim na Biblioteca Mágica. Samhara você precisa ir lá, é uma obra divina!
- Tudo bem minha Traça preferida, tenho certeza que vou adorar conhecer. Parece que eu sou a única que precisa dar um jeito na vida não é? Apesar da decisão ainda não arrumei nada.
- E nem precisa - A voz da Lady Elfo soa atrás de nós se aproximando - Vocês tem lugar exclusivo no Castelo, e poderão viver aqui como parte da nobreza, faço questão.
- Olha Fydria eu agradeço, mas não posso aceitar. A estadia eu até aceito, mas temporariamente.
- Ah vai aceitar sim. Vocês desmascararam meu irmão e prestaram serviço a todo o mundo. Não é apenas cortesia, é um reconhecimento.
- Mesmo assim, não posso aceitar.
- Vai fazer o mesmo que seu companheiro pelo jeito. Ele me procurou perguntando se haveria uma vaga na biblioteca da Cidade e quando fiz a mesma oferta de agora ele recusou e não cedeu de forma alguma.
- Pois é. Somos um casal de cabeças duras. - respondo sorrindo.
- Então está bem. Aceita então ser a nova Chefe da Guarda?
Certo. Essa me pegou de surpresa.
- Fydria, você sabe que eu só tenho dezesseis anos não é?
- Deixe de besteira Samhara! Você chefiou todo um exército, teve êxito nas campanhas e venceu a guerra com um número absurdo de tão mínimo de baixas. Pouco importa sua idade você é um prodígio de guerra.
- Tivemos ajuda de Magia além da élfica, a dracônica, pra resolver essa questão. Sem eles provavelmente as baixas teriam sido imensas, não foi mérito meu.
- Foi sim e sabe disso, foi você quem coordenou toda a situação além da defesa e contra ataque. Competência e maturidade em combate é o que não te falta, e isso nada tem a ver com a idade. Todos aqui te respeitam, e sabem da sua capacidade. Eu desempenhava o cargo, mas agora que ocupo o de meu irmão preciso de alguém de confiança e talento assim como você. Não abro mão de te ter nessa posição dentro de nossas forças Samhara.
- Sendo assim, então eu aceito! - Ela abre um sorriso largo e me levanta da cadeira, pedindo silêncio ao pátio.
- Felicitem cidadãos de Trynie, A nossa nova Chefe da Guarda, Samhara... - ela vira o rosto pra mim inquisitivo.
Já havia refletido sobre isso antes. Eu ainda não lidei direito com a situação sobre quem sou eu, mas de uma coisa eu sei, o nome de alguém que sempre me protegeu mesmo sem nunca ter me visto.
- Rutherford - Respondo.
- Samhara Rutherford! - e a praça irrompeu em aplausos e assovios. - Tragam uma Vaslen pra nossa nossa irmã!
De um barril de tampa dourada retiraram um líquido rosé e o trouxeram numa cuia prateada. Fydria me disse que era tradição entre todos os soldados ou guardas que entrassem pros batalhões. Tomei um gole generoso da bebida e minha cabeça pareceu ficar leve como uma pluma. A sensação de anestésico não me agradou e logo tomo outro gole pra comprovar se os boatos são verdadeiros. E é verdade, a segunda golada fez uma carga elétrica passar por meu cérebro e corpo numa velocidade incrível, é como tomar duas bebidas totalmente diferentes, apesar de ser o mesmo gosto doce-amargo.
- Gostou?
- É uma delícia! Como vocês a fabricam?
- É com com um elixir que extraímos das pérolas e um pouco de pó de fada misturado a frutas vermelhas. Além claro do estocamento em nossos barris rúnicos.
- Adorei! Vocês são geniais!
- Agora vai aproveitar essa festa direto garota! - Ela diz num tom cúmplice e acena pros músicos.
Logo eles recomeçam a tocar só que dessa vez um ritmo diferente. A música é rápida e contagiante, e de repente os Sátiros se adiantam, puxando as ninfas pro centro circular, e elas passam arrastando outras pessoas com elas, e em um piscar de olhos toda a praça está a dançar. Lucian puxa Cassandra que me puxa e eu a Jason e acabamos no meio do povo. Uma dança sincronizada começa, ao ritmo dos tambores e flaitas, enquanto giramos e rodamos em uma coreografia que parece fluir como água.
E dançamos até os pés não aguentar mais. Tomei mais doses de Vaslen, e também um ou dois canecos de cerveja preta. Não estou de fato bêbada, mas o equilíbrio já não está mais o dos melhores. Lucian e Cassandra já sumiram de vista e os músicos trocam a melodia, saindo do ritmo acelerado para o lento.
- Ainda está consciente o suficiente pra dançar? - consigo até ver o sorriso de canto.
- Porque não experienta Senhor Sabe Tudo?- respondo com a mão na cintura.
- É o que pretendo.
Jason me puxa pelo braço e me cola junto a ele, pousando as mãos na minha cintura enquanto as minhas sobem pros seus ombros. Inspiro fundo e o cheiro de Sândalo que sempre o acompanha invade minhas narinas fazendo mais efeito em mim do que as doses de Vaslen. Levanto a cabeça e o pego já me observando.
- Sabe, eu nunca imaginei que nossa primeira dança fosse ser aqui, e depois de tudo que passamos. - ele comenta.
- Mas essa não é nossa primeira dança Jason, está variando assim tão novo? - rio.
- É a nossa primeira dança como casal. Quando dançamos antes éramos amigos.
- Será que éramos? Depois de tudo isso acho que apenas amigos nunca fomos. - o encaro.
- Ah éramos sim. Por que hoje a gente faz isso. - ele segura a ponta do meu queixo e toma a iniciativa. Não sei se foi o Vaslen ou a cerveja preta, mas um arrepio quente me correu a pele.
- É, temos essa vantagem hoje em dia. - rimos os dois. - Eu sou muito feliz sabia? Por você ter entrado na minha vida desde tão cedo e nunca ter saído.
- Você não sabe o quanto eu sou feliz por meu avô ter mandando eu te atender aquele dia. Era tudo tão cinza antes de você Sam, e você trouxe as cores e as luzes.
- Posso dizer o mesmo.
Recostei a cabeça em seu peito e ficamos a dançar até a música acabar. Então eles retomaram o ritmo rápido e saímos do círculo de dança correndo pra não nos arrastarem de volta. Foi muito divertido, mas extremamente cansativo e estamos mortos. Decidimos andar de volta ao Palácio pelas rua afastadas, onde não haveria o barulho pra incomodar.
As ruas vazias, inundadas de luz prateada nos recebem silenciosas enquanto passeamos pela calçada de braços dados.
- Obrigada por ficar aqui comigo. - quebro o silêncio. - Por um momento achei que iria embora.
- Nem se eu quisesse eu conseguiria. O que eu faria em Wallya Sam sem meu avô e sem você? Me tornaria um velho ranzinza, quase uma versão masculina da Dona Hilda. - ao mencionar a mulher acabamos por cair na risada. - Mas brincadeiras a parte, simplesmente não dá eu não consigo ficar longe de você. Ficar sem ouvir sua voz, sem olhar pros seus olhos ou sentir o perfume da sua pele? Impossível. - paramos na entrada do Castelo de frente um pro outro.
- Você é inacreditável. - respondo - simplesmente inacreditável.
Por fim entramos seguindo em direção aos quartos. Pouco antes de chegar lá, novamente o arrepio quente me percorre a pele, e desvio o olhar da minha frente pra ele. A luz que entra pelas janelas realçam o caimento da roupa no corpo, e noto como a camisa veste tão perfeitamente em seu peito, que me pego pensando em como estaria ainda melhor sem ela. Afastei o pensamento da mente e voltei a caminhar, mas logo uma brisa repentina passou por nós e trouxe seu cheiro de Sândalo que me subiu á cabeça. De repente, nós dois paramos de caminhar.
Um silêncio se forma enquanto apenas ouvimos nossas próprias respirações e eu posso sentir o calor que vem dele ao meu lado.
- Jason.
- Sam.
Meu braço encosta no dele e ele aumenta o contato. Eu olho pra ele e vejo ele virar virar o rosto pra me encarar de volta.
- Você...
- Sim, também estou...
- Sentindo. - completo.
Olho em seus olhos buscando a resposta que preciso e a encontro estampada com todas as letras.
O arrepio surge uma terceira vez, e serve de impulso pra eu trazer ele pra mim e unir nossas bocas. O beijo quente me estimula a querer a maior proximidade possível de nossos corpos, e sinto o mesmo vindo dele. A gente começa a andar pelo corredor aos tropeços enquanto eu agarro o tecido da camisa e ele me prende forte pela cintura. Me surpreendo ao ser prensada na parede e involuntariamente sorrio sem afastar minha boca da dele. Suas mãos passeiam livres por mim e as minhas seguem da mesma forma, e quando sinto a dele chegando em minha coxa, seguro firme nos ombros e pego apoio pra entrelaçar minhas pernas em volta de sua cintura. Agora quem sorri é ele.
Mais uma sessão é iniciada conosco dessa maneira e minhas mãos deslizam sobre o tecido da camisa indo sugestivamente parar na borda. Ele me desencosta da parede e me gira pelo corredor, até chegarmos na porta do meu quarto comigo a tateá-la em busca da maçaneta, pra não sair da posição que estou. Giro a peça e adentramos o cômodo, indo parar em minha cama.
- Sam, melhor não, você está bêbada, e não quero que se arrependa disso depois. - ele diz ao encerrar um beijo.
- Bêbada? Você está de brincadeira não é? Você já me viu bêbada Jason, sabe que estou longe de estar embriagada. - o impeço de se afastar.
- Tem certeza disso? - o cabelo dele cai em torno do rosto e a única certeza que eu tenho agora é essa.
- Sem dúvidas. - o puxo pra mim - eu quero você agora. - sussurro em seu ouvido, e ele aproveita a exposição do meu pescoço pra depositar um beijo ali.
Eu arrepio ao toque, e ele continua ao longo da pele exposta, até voltar pra minha boca e roçar os lábios no meus.
- Eu também te quero Samhara - sussurra contra minha boca - quero muito.
Em resposta capturo sua boca outra vez. Ele responde com avidez e leva a mão ao cordame do meu espartilho, e eu novamente á barra de sua camisa, a puxando pra cima.
É engraçado porque, não é somente desejo, não é apenas coisa de pele. É coisa de alma.
Ele já me tinha a muito, muito tempo, e o corpo era apenas uma questão do momento certo.
E apesar das roupas no chão, não vejo diferença, afinal meu coração sempre esteve despido pra ele.
♤♡♤
É, uma coisa que a vida dá é voltas. Em menos de um ano, tudo que eu conhecia caiu por terra, eu me vi em uma batalha sangrenta, onde meu psicológico foi mais debilitado que meu corpo. Quase morri várias vezes. Na verdade passei um tempo de fato morta por dentro. Renasci. Descobri quem estava de fato ao meu lado e quem não.
E eu jamais imaginei que um dia estaria numa cidade escondida entre montanhas, acabando de vestir meu uniforme de Chefe da Guarda Real de Trynie em frente ao espelho do meu quarto, enquanto a pessoa da minha vida também se arruma pro seu emprego na Biblioteca Mágica que também se localiza aqui.
Eu jamais imaginei ter minha própria cabana com o cara que está comigo desde os dez anos de idade, muito menos ser alguém respeitada querida dentro de algum lugar.
Já se passaram alguns meses desde que voltamos da Guerra. Cassandra e Lucian partiram juntos um mês depois daquele dia e nos escrevem sempre que podem. Yedryn foi condenado a vida humana porque segundo os elfos a morte seria simples e rápida demais, e soube que ele está trabalhando como alimentador de porcos e na limpeza de estábulos. Sobre minha antiga família soube que anda vagueando de Vila em Vila desde que os marquei, sendo que Agatha já foi pega pelo Tribunal e condenada. Se por acaso sentirem pena dos gêmeos não se preocupem eles foram mandados pra algum parente no Oriente.
Agnes não deu sinal de vida desde nosso encontro. Ela simplesmente sumiu do mapa, e eu não me preocupo com isso.
Quem iria imaginar que eu me apresentaria tão diferente hoje de quando me apresentei lá no início. E depois de tanto tempo eu já sei quem sou.
Eu sou Samhara Rutherford, Chefe da Guarda Real de Trynie, filha de Sebastian Rutherford e Agnes Volworth. Eu sou a bruxa elementar vencedora da Guerra.
Eu sou a Rainha Negra.
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