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VINTE E TRÊS



           Os ovos estão prontos! – grito da cozinha, observando o amarelo da gema se misturar com o branco da clara à medida que mexo a colher de pau.

Ergo o olhar e observo a sala, do outro lado do balcão. Tudo parece demasiado claro e eu volto minha atenção para os ovos.

– Ashley! Levanta ou vai se atrasar!

– Melinda. – Ouço uma voz que não é a da minha amiga e ergo a cabeça. Dou de cara com a minha mãe. Ela parece séria e assustada ao mesmo tempo... – Acorde.

– Eu... Estou acordada... – murmuro sem entender. – O que está fazendo aqui?

Ela não responde, apenas volta o olhar para o fogão e eu faço o mesmo. Na frigideira, os ovos sumiram e eu vejo várias margaridas. Levanto a cabeça, ainda mais confusa, e vejo que minha casa está coberta de neve.

– Acorde. – Minha mãe repete. – Eles precisam de você...

E eu fecho os olhos.


Sinto alguma coisa roçando minha bochecha e me esforço para voltar a pensar. A coisa geladinha continua, abro lentamente um dos olhos e vejo um nariz cor-de-rosa. Abro o outro e um ratinho montanhês aparece para tomar conta do meu campo de visão.

– Leopoldo? – sussurro. Tadinho, acho que vai ficar com as bochechas manchadas de roxo para o resto da vida!

Ele mexe os bigodes e eu sorrio fracamente. Fecho novamente os olhos e tento me espreguiçar, parece que estou acordando de uma hibernação! Quando estico a mão, encosto em algo que parece ser uma orelha. Ergo a cabeça e abro os olhos.

– Max...? – O garoto que vejo parece dormir tranquilamente. Não sei por que eu acordei, mas agora temo que o meu amigo não tenha tido a mesma sorte que eu. – Max! Acorda! – Eu sento parcialmente, sacudindo-o. – ACORDA, MAX!

Deus, não se pode nem morrer em paz! – Ele geme, se contorcendo.

Você está vivo! – Eu grito de alegria, me jogando de novo nos braços dele.

– Vivo sim, mas não cem por cento! – Ao ouvir a reclamação dele, eu me afasto rindo. Estou sentada ao seu lado e ele se espreguiça. – O que aconteceu?

– Não sei, eu simplesmente... – Minha frase fica no ar quando vejo, ao nosso redor, uma relva verdinha. Tem algumas florzinhas minúsculas aqui e ali e uma borboleta amarela passa voando perto de mim. – Morremos? Jurava que estava viva! – exclamo chocada.

– Acho que não, olha. – A alguns metros de nós a neve é alta e branquíssima.

Tem um campo verde em formato circular ao nosso redor, enquanto todo o resto continua congelado como sempre esteve. É como se a um metro e meio de nós fosse primavera, e todo o resto fosse inverno. E a rocha branca onde nos abrigamos agora é negra como carvão.

– Ok, isso é estranho. Sabe o que está parecendo? Aqueles contos de fadas quando... – Olho para o Max, que me aguarda terminar a frase. Eu ia dizer que parece quando os heróis dão o beijo do verdadeiro amor e tudo fica bem: a moça acorda dos mortos, o sapo vira príncipe, etc. Mas eu não amo o Max e ele não me ama, porque, bem, não podemos amar. Eu gosto dele tanto quanto gosto do Johnny, então, se eu disser algo sobre "beijo do verdadeiro amor", isso vai soar mais ridículo do que já é. – Quando... Os heróis... Hã... São magicamente salvos. – Ufa, essa foi por pouco!

– Aham, sei... – Ele diz sorrindo. Droga, não me faça essa cara de espertinho!

Ficamos assim, nos encarando por um tempo. Queria perguntar a ele: ei, cara, o que foi aquele beijo mesmo? Queria perguntar se, por acaso, ele sentiu alguma coisa, porque eu não senti nada, tudo o que eu conseguia pensar naquele momento era que estávamos morrendo juntos. Mas ele não diz nada e eu desvio o olhar para o Leopoldo. Se o Max não comentou alguma coisa, talvez seja porque não há nada a dizer. Algumas vezes a gente faz coisas sem pensar, principalmente quando achamos que não vamos estar vivos no minuto seguinte.

– Devíamos continuar – comento.

– É. – Está um clima estranho entre nós, porém eu tento ignorar isso.

Quando vou pegar o Leopoldo, ele guincha e corre. Tento de novo, mas o bichinho é rápido demais!

– Vem cá! Anda, estamos indo! – Eu reclamo, irritada.

– Acho que ele gostou da grama.

– Não me diga, sério? – E lá está meu sarcasmo de volta.

– É melhor do que a sua mochila. – Lanço um olhar fumegante para o Max, que levanta as mãos em sinal de rendição.

– Tudo bem... – Digo ao Leopoldo, ajoelhando-me perto dele. – Os filhos um dia saem de casa e os ratos, das mochilas... Foi mais rápido do que eu esperava. Seja um bom roedor, ou eu volto aqui, hein? – Dou um carinho nele e me levanto.

– Vamos? – Max pergunta, com a mochila pronta.

Eu pego a minha, depois de deixar as amoras para o meu filhote, então me viro e digo para o Max, ao passar por ele:

– Vamos. E se tentar me beijar de novo, dou-lhe um murro. – Ele ri e o clima tenso desaparece.

Acho que ficamos desmaiados por horas, porque já é de manhã! Então "tomamos café" enquanto caminhamos.

– Por que eu sinto algumas coisas melhor do que outras? Por exemplo: quando eu tenho o pseudossentimento de medo, ele parece mais forte e real do que a compaixão... – pergunto, mordendo um biscoito.

– Eu acho que é porque alguns sentimentos são mais gerais, como o medo. Então seu cérebro se vira sozinho. Já o amor, por exemplo, é muito inconstante. Você pode amar muito uma pessoa e outra mais ou menos, mas você nunca vai amar duas pessoas exatamente da mesma maneira. E é por isso que ninguém aqui consegue se amar ou odiar. Esses dois são sentimentos muito pessoais, você precisa do seu coração para senti-los.

– Huumm. – Está comprovado, então, que ele também não sentiu nada ao me beijar. E parte de mim fica aliviada por isso.

– Eu achei que morreríamos ali... – Max comenta com um tom de voz estranho. – Não sei exatamente o que aconteceu, mas também não me importo. Só quero sair desse lugar e chegar o mais rápido possível na Lagoa Real.

– Eu adoraria saber, mas também não estou a fim de parar para investigar.

Guardo o restante da comida na mochila e volto meus pensamentos para Nova Iorque. Eu definitivamente não pensei direito quando escolhi ficar aqui. Mas... Se eu não tivesse tomado aquela decisão, provavelmente estaria me entupindo de chocolate em casa, assistindo todos os filmes de drama do mundo e chorando a boa notícia do Adrian. Sem falar que eu jamais teria conhecido as pessoas que conheci aqui. No fim das contas, não sei se foi ou não uma boa ideia...

Quatro horas depois, avistamos um pontinho preto ao longe. E, à medida que nos aproximamos, percebemos que se trata de uma enorme árvore negra, sem qualquer folha. Ela parece ter sido queimada, porém o mais estranho é que os galhos dela são todos estendidos na horizontal! Como se alguém tivesse pegado um pente e dividido os ramos: metade para a esquerda, metade para a direita. Sem falar que eles são cheios de umas protuberâncias esquisitas.

– Uau, isso é que eu acho de uma árvore aterrorizante! – Deixo escapar, enquanto analiso-a de longe.

– Parece que atravessamos Nebrasca. Olha a placa. – Viro o rosto na direção apontada e vejo o objeto que demarca o início de cada aventura.

– Por favor, me diga que ela fala algo com unicórnios cor-de-rosa... Estou tão cansada... – E meu desânimo não é pelas horas de caminhada, é por tudo o que já tivemos que passar até aqui!

– "Zona Vulcânica: a melodia da natureza te guiará rumo à certeza de dias melhores". Ele estava inspirado quando escreveu esta! – Max está sorrindo, mas eu não.

– Droga. Apesar de bonito, não faço ideia do que isso seja!

Ouço um assobio e viro na direção da árvore, porém não enxergo nada. Aparentemente Max não ouviu, porque ele continua tentando decifrar a placa:

– Bem, vulcão e natureza tem tudo a ver... Mas onde a música entra nisso...? – Ele coça a cabeça e eu escuto outro assobio.

– Quem está aí?! – grito, quase como uma ordem.

– Hã?

– Alguém está assobiando! – Ele puxa seu arco e flecha e se prepara para o disparo. – Vai, apareça! – desafio, tentando parecer mais corajosa do que realmente sou.

Alguns minutos se passam e tudo o que ouvimos é o vento. Max abaixa a guarda e volta a atenção para a placa, porém eu continuo olhando na direção da árvore. Sabe aqueles filmes de terror quando a pessoa está ouvindo coisas estranhas, acha que não é nada, vira na direção oposta e morre? Eu não sou tão burra assim. Não mesmo!

De repente, vejo algo na árvore se mexer.

– Mexeu! Mexeu! – grito, histérica, apontando para o local. – Pega a arma, Max!

Novamente ele se prepara para o disparo, mas nada acontece por alguns minutos.

– Melinda, eu não vou dizer que você é maluca, porque já provamos que o imaginário e o real aqui são bem similares, então vamos combinar o seguinte: só me chame quando você ver algo realmente fatal. Ou, no mínimo, assustador, porque eu estou tentando decifrar essa porcaria aqui!

Suspiro, irritada, e volto toda a minha atenção para a árvore. Odeio quando não me levam a sério...

Escuto mais um assobio e dessa vez tenho certeza absoluta que veio da árvore. Cerro os olhos e tento prestar atenção em todos os mínimos detalhes dela. E é aí que eu vejo.

Uma protuberância deu um giro de cento e oitenta graus. Abro a boca espantada e fico observando atentamente dois olhinhos aparecerem e um bico alaranjado. Outro assobio. O receio dá lugar à curiosidade, que se transforma em encanto quando vejo, em todos os galhos, dezenas de pássaros pretos aparecerem tal como o primeiro.

Uau! – É tudo o que consigo dizer.

– O quê?! – Max vira e também fica boquiaberto.

O sol bate na árvore e o passarinho que estava assobiando repete o mesmo piado.

– Claro, a melodia da natureza! – O garoto dos olhos verdes fala sorrindo. – Será que eles vão sair voando para nós os seguirmos?

– Não acho que será assim. – O passarinho parece me encarar e eu fico com a sensação de que ele está tentando me dizer alguma coisa. Ele bate as asinhas e parece gostar do sol. Pia outra vez e fica me encarando. – Sei que a resposta está na árvore, só não consigo vê-la... – Olho para o Max e digo, empolgada: – Talvez seja isso! Estamos olhando do ângulo errado!

Começo a andar aleatoriamente, observando a árvore, e o Max faz o mesmo. Alguns passos depois, abaixo a cabeça, frustrada. Não consegui ver nada. Olho para o pássaro, que continua me fitando.

– Se você pudesse ao menos falar... – Ele pia e eu volto a olhar para o chão. – O que é isso? Ai, meu Deus!

– O que foi? Descobriu, Melinda?

– Olha para a sombra da árvore – digo, pasma.

Max obedece e sei que ele vê o mesmo que eu: os pássaros pousados estrategicamente nos ramos horizontais da árvore formaram uma partitura! E meus olhos estão marejados ao reparar nisso.

– A melodia da natureza... – Ouço-o dizer, encantado como eu.

– E é assim que eles vão nos guiar. Aposto que isso é um mapa.

Max pega a caneta dele e começa a anotar a partitura em seu braço esquerdo, indo das pontas dos dedos até o fim de seu antebraço. As linhas e os pontos parecem um estranho código, que eu infelizmente não faço ideia do que significa.

– Sabe o que devemos fazer com isso? – Ele pergunta e eu balanço a cabeça negativamente, sorrindo. Aposto que você também não sabe. – Então vamos caminhando e, se precisarmos, recorremos ao mapa.

– Não acho que deveríamos fazer isso, mas eu não tenho nenhuma outra ideia, então...

Damos os primeiros passos rumo ao leste-sudeste dessa Terra, porém alguns metros depois, Max se desequilibra e eu o puxo para trás.

– O que aconteceu? – pergunto, porém ele não precisa me responder.

O local onde o Max tinha pisado afundou, ficando um pequeno lago de fogo no lugar.

– Estamos em cima de uma crosta vulcânica! Isso é lava. – É por isso que o chão daqui tem essa cor estranha e nada de neve!

– Meu Deus! – Estou chocada. Quando você pensa que essa Terra já te surpreendeu de todas as formas...

Ergo o olhar e observo o horizonte. O caminho parece ser feito como... Uma partitura!

– Max, é isso! – Eu me viro na direção dele, com os olhos brilhando de emoção. – Está vendo como o terreno parece ser tracejado? – Pego seu braço esquerdo e o mostro. – Você desenhou a partitura da árvore observando os galhos, da esquerda para a direita, certo? E anotou, de cima para baixo, como se tivesse colocado o desenho de pé, não é?

– Foi...

– Está vendo essa primeira nota, no seu dedo mindinho? É a primeira pedra da direita. – Eu mostro o rachado no chão. – Pise ali, com cuidado. – Ele obedece, mas diferentemente da outra vez, o chão não afunda. – Veja qual é o próximo pontinho!

– Está anotado no meu dedo anelar... Então acho que seria aquela região ali, próxima a essa... – Ele diz isso e salta para o local apontado.

Eu prendo a respiração, com medo do chão ceder e ele morrer queimado, mas nada acontece. Inspiro aliviada e vou para onde o Max estava há alguns minutos.

– Continue assim. Lembra que o mapa no seu braço está invertido: você o seguirá de cima para baixo conforme avançar!

E, assim, nós fomos cruzando aquele contraste de terra: Max ia pisando e saltando nos locais de acordo com a partitura no braço dele, e eu ia seguindo-o logo atrás.

Três horas depois, os rachados no chão desapareceram. Nós havíamos acabado de atravessar a Zona Vulcânica.

– Estou faminta... – reclamo, apoiada em meus joelhos e de cabeça baixa. – E exausta...

– Olha, bem ali. – Inspiro fundo e volto a ficar ereta. No horizonte eu vejo o que parece ser uma montanha num formato muito estranho. – A Lagoa Real.

– Finalmente! – digo, num misto de alívio e ansiedade.

Pego na mochila a minha água, que já está quase totalmente descongelada, além das nozes e o queijo. E vamos comendo e caminhando, rumo ao nosso tão sofrido destino.

Não estávamos longe. Logo a paisagem vai ganhando mais detalhes: é uma montanha de cindo pontas, como se fosse uma coroa cinza, rodeada por um lago.

Duas horas depois, estamos parados diante de uma ponte de rochas brancas. Ela é enorme, deve ter uns duzentos metros de comprimento e, lá no fim, podemos ver a gigantesca e majestosa entrada da caverna. As águas da Lagoa não estão congeladas e eu imagino que seja por causa da proximidade com a Zona Vulcânica, que a mantém líquida mesmo no meio de um poderoso inverno.

– Pronta para descobrir se conseguimos ou não? – Eu inspiro fundo. Se o coração da Rainha não estiver aí... Dou um jeito de explodir esse mundo!

– Não – respondo.

– Nem eu. – Max confessa.

Paramos lado a lado, no comecinho da ponte de rochas, e nenhum de nós tem a coragem de dar o primeiro passo. Sorrio ao imaginar essa cena... Passamos por tanta coisa e agora estamos com medo de adentrar a caverna da Lagoa Real e descobrir se valeu a pena ou não!

– Juntos? – pergunto, estendendo-lhe minha mão.

– Para o que der e vier. – Ele responde sorrindo, segurando-a.

Encarando os metros à nossa frente, Max e eu damos um passo decisivo.

E caminhamos assim, a passos firmes sobre a ponte, de mãos dadas e prontos para enfrentar qualquer coisa que aparecer no caminho. Porque, depois de enfrentar a morte e vencer, o que mais podemos temer?     

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