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UM

            Sinto a neve queimando minha pele e uma dor de cabeça como se estivesse levando marteladas... Não consigo me mexer, é como se tivesse perdido contato com meu corpo. E tem essa dor no meu coração, uma profunda tristeza que me consome por dentro... Abro os olhos e a luz me cega. Não posso ver, mas posso lembrar... E eu me lembro do Adrian. Como eu vim parar aqui? A biblioteca. Mas houve coisas antes disso...


❄ ❄ ❄


Sob a luz da vela eu checo pela milésima vez a maquiagem que a Ashley fez. Olho para o meu reflexo no espelho e, por um momento, não reconheço a linda mulher refletida nele. Eu cresci, mas não mudei tanto assim... Continuo a mesma garota romântica e impressionável. Guardo o espelhinho na bolsa e tento relaxar. Adrian também não deve ter mudado muito, afinal continua se atrasando para os compromissos... Certos hábitos a gente nunca perde. O garçom aparece e eu dou um sorriso envergonhado, então ele se afasta de novo.

Viro-me na direção da janela, onde lá fora a neve enfeita Nova Iorque. As luzes da cidade iluminam tudo como se ainda fosse Natal e o fluxo de pessoas passeando pelas calçadas, os carros parados no trânsito e os flocos branquinhos caindo do céu de repente me levam a divagar em memórias...

Quinta série. Eu era apenas uma garota de óculos de grau e roupas bregas, como a maioria de nós é nessa idade. Vivia agarrada a um livro e, frequentemente, era alvo das brincadeiras malvadas das colegas de classe: altas, cabelos perfeitos e roupas de revista, elas eram intimidadoras. Foi aí que conheci o Adrian. Ele tinha o cabelo castanho escuro cacheado, olhos tão sagazes quanto os de uma raposa em caça e era relativamente alto. Na época, usava aparelho, as espinhas estavam começando a aparecer e também era meio excluído... Assim, nós rapidamente nos identificamos e começamos a andar juntos, conversando ora sobre videogames, ora sobre livros. Foi na sétima série que ele se tornou o garoto popular e a distância começou a aparecer entre nós.

Adrian estava ficando cada vez mais lindo, cada vez mais chamava a atenção das garotas, logo eu e ele já não éramos assim tão parecidos. Foi então que eu e a Ashley nos conhecemos, nos aproximamos e nos tornamos melhores amigas; ela era novata e eu era a conhecida-desconhecida de sempre.

Mas eu e o Adrian nunca nos separamos completamente, sempre estávamos a conversar por mensagem, Skype, ou então, mais raramente, saíamos com o irmão dele e a Ashley. Durante o Ensino Médio, eu o vi namorar e terminar centenas de vezes. Sempre era o ombro-amigo para onde ele ia se refugiar quando o término era mais difícil. E, toda vez que isso acontecia, eu imaginava quando ele iria perceber que eu poderia ser muito mais do que a amiga, a conselheira, que ele poderia dividir comigo não só os maus momentos, mas também os bons... Eu costumava pensar que a nossa música era a "You belong with me", da Taylor Swift.

A única pessoa para quem eu contei, anos depois, sobre a minha paixão secreta foi a Ashley. Enquanto que algumas garotas apaixonam-se e desapaixonam-se dezenas de vezes ao longo do ano, eu sempre amei o Adrian. Talvez a explicação seja porque quando gosto de alguém, é um amor forte e verdadeiro. Como eu poderia amar alguém profundamente em questão de dias e depois odiá-lo profundamente em questão de segundos? Sinceramente, não compreendo essas garotas cujo coração parece uma bola de pingue-pongue.

Quando me lembro disso um leve sorriso me escapa e percebo que o cara da frente está me olhando, sorrindo. Droga! Acho que agora ele pensa que eu estava flertando com ele... Mas, o quê?! Ele não se levantou para...

– Boa noite, senhorita. Está sozinha? – Ele não é feio, se veste bem e, como percebi, supereducado. Mas eu estou aqui para encontrar o amor da minha vida e não quero que nada atrapalhe.

– Não, ele já vai chegar... Só está um pouco atrasado... – Olho em volta e murmuro. – Como sempre.

– Moça, eu não sei qual é o problema desses caras que fazem mulheres como você esperarem. Acho uma falta de consideração. – Sorrindo, ele se apoia na cadeira. Tomara que não invente de sentar.

– Infelizmente eu não controlo o trânsito... – Ouço uma voz atrás de mim e o outro apruma a postura. – Não precisa ficar aqui, ela está muito bem acompanhada, obrigado.

O homem volta para a mesa dele e eu levanto bem a tempo de dar de cara com um deus grego.

– Adrian?

Ele está tão surpreso quanto eu. Sério, boquiaberto e me encarando desse jeito eu fico até constrangida! Sabia que não devia ter deixado a Ashley me maquiar, agora ele deve estar pensando que eu estou tentando seduzi-lo. Mas, Jesus, o que ele andou fazendo? Que bíceps!

– Melinda... – Adrian murmura antes de me dar uma olhada dos pés à cabeça. Não sinto que mudei tanto, mas ele sim: está mais alto do que eu me lembro, mais malhado e com aquela voz que sempre me fez derreter por dentro!

Ele quebra esse momento estranho deixando tudo ainda mais constrangedor, pelo menos para mim: me puxa pela cintura e me dá um beijo... Não é na boca, mas também não é na bochecha, pega metade das duas... E ele nunca me beijou assim! Sinto meu coração falhar e, quando nos afastamos, dou um sorriso forçado, estou morrendo de vergonha.

– E então? Como você está? Que saudade! – Lá está o Adrian que eu conheço: divertido, atencioso, brincalhão...

Começamos, então, a por o papo em dia e assunto é o que não falta depois de passar quase dois anos longe. Eu conto que estou cursando Direito, divido um apartamento com a Ashley, que está cursando Arquitetura, e falo da minha Bulldog, que se chama Cotone... Rindo o tempo inteiro, contamos casos do passado, do tipo: "você lembra quando eu pus uma barata de plástico na mochila da Emma?" e, quando me dou conta, já estamos comendo a sobremesa.

– Adrian, você ainda não me disse nada sobre a sua nova vida... – Menciono como quem não quer nada, comendo uma colherzinha de mousse.

Estranhamente ele não responde logo. Fica pensativo e mexendo na torta de chocolate. Aquilo faz meu coração palpitar. O que há de errado? Ele engole em seco e diz, sem me encarar, como se o que dissesse fosse um pecado ou algo assim:

– Você está linda, Mel...

– E isso é um problema? – Sem perceber, eu agarro com mais força o garfo, esquadrinhando-o com o olhar, mas ele não me olha... Que droga! Por quê?!

– Não, mas você não era assim quando estávamos na escola. – Ele finalmente ergue a cabeça e, pela primeira vez, eu não sei o que aquele olhar significa. – Eu gostava de você.

Inclino e dou-lhe um beijo, aquele que eu queria dar há tantos anos e nunca tive a chance, ou a coragem. De repente, percebo o que estou fazendo e volto a me sentar, corando como uma pré-adolescente. Olho para ele e vou pedir desculpas, mas o que sai de minha boca são outras palavras:

– Então por que nunca fez isso?

Ele me encara estático, enquanto sinto meu coração batendo forte em meu peito, os frios na barriga indo e vindo como ondas e sei que devo estar vermelha como um tomate. Achei que ele ia me puxar, me beijar mais, que ia dizer alguma coisa legal, ao invés de ficar me olhando com essa cara! Mas ele disse que me amava, não disse?

– Melinda, eu... – O celular vibra e ele olha para a tela. Malditos celulares! São os maiores estraga-prazeres da face da Terra! – Ela veio me buscar. – Adrian sussurra ainda olhando para o aparelho.

Meu coração consegue bater ainda mais rápido. Ela?! Adrian, você não mudou mesmo! Mais uma pobre coitada para entrar na sua lista de ex. Ele fita algo atrás de mim e sorri. Mas eu não me viro, não quero olhar para a cara dela. Nesse momento, tudo o que consigo fazer é encarar o Adrian com uma raiva que nunca pensei que fosse capaz de sentir dele.

– Oi, amor – diz a mulher, passando por mim e dando um selinho nele. Ela é alta, loira e tem o corpo que eu queria ter. Meleca...

– Oi, docinho. – Ele diz, antes do selinho. Ela, então, se volta para mim e eu me sinto uma bruxa: a garota está sorrindo simpática e parece supergentil... Adrian faz as apresentações. – Chris, essa é a Melinda, a minha melhor amiga de quem eu tanto falo. Mel... – Ele para, me olhando com uma cara de desesperado, enquanto a Chris diz um "muito prazer". – Essa é a minha noiva, Chris.

Noiva. Noiva! Não consigo pensar, deixo o garfo cair no prato e tudo parece congelar ao meu redor. O Adrian vai se casar... Com outra! Fecho os olhos por um instante, sinto meu estômago embrulhar e tento reorganizar os pensamentos. Melinda, pelo amor de Deus, aja como um ser humano normal e diga alguma coisa!

– Uau! – exclamo como uma idiota. Olho para o Adrian, volto-me para a Chris e depois para o Adrian de novo. – Parabéns! – Dou o sorriso mais falso do mundo e uso todas as minhas forças para soar verdadeira.

Levanto-me rapidamente e Adrian faz o mesmo. A Chris tem os braços em sua cintura e durante alguns segundos tudo parece acontecer em câmera lenta. Ela agradecendo-me, Adrian sem reação e eu o fitando magoada, com o coração em pedaços, até que murmuro fracamente:

– Eu preciso ir... – Os olhos azuis acinzentados dele encaram os meus. Sei que ele pode ver o quanto estou arrasada. E, para não ter que fitá-lo por nem mais um minuto, viro-me e saio correndo o mais rapidamente possível dali.

As lágrimas estão embaçando minha visão e as luzes da cidade parecem vagalumes voando desnorteados na minha frente. Não consigo parar de chorar e quase sou atropelada ao atravessar uma rua...

Idiota! Olha por onde anda!

O que eu estava pensando? Que seria a garota diferente?! A "Chris" da vida dele? Fala sério, Melinda! Ele nunca deu bola para você, não do jeito que você queria... O que me fez pensar que ele realmente seria o meu Romeu? Sinceramente? Não sei.

Paro de repente e percebo que estou de frente para a Biblioteca Pública de Nova Iorque. Não sabia que estava vindo para cá, mas, ao que parece, o meu subconsciente me levou para o único lugar onde eu sempre me senti acolhida: os livros. Entro e não sei pelo que exatamente estou procurando.

Há algumas pessoas sentadas lendo, outras estão em seus computadores e eu me sinto incomodada com a simples presença delas ali. Um soluço me escapa e atraio alguns olhares. Maravilha! Vou procurando desesperadamente por um local afastado, alguma estante esquecida, só quero ficar sozinha...

Finalmente acho o lugar perfeito e me deixo escorregar, sentando no chão e cobrindo o rosto com as mãos, numa falha tentativa de abafar o choro. Mil pensamentos, centenas de lembranças, tudo passa na minha mente como um tornado demolidor. Eu queria que eles também me deixassem em paz...

Não sei quanto tempo fico ali, sentada, escorada na estante esquecida da Biblioteca. Tudo o que sei é que meus olhos estão inchados e, por mais que eu queira, não tenho mais lágrimas para chorar... Deito a cabeça de lado, suspirando, quando noto um livro mal encaixado, pertinho de mim... Estico a mão e ao invés de ajeitá-lo, puxo.

Ele é pesado e quase o deixo cair. "A Terra dos Sem-Coração" é o título daquele livro azul com detalhes em dourado. Parece muito antigo e está meio empoeirado. Num impulso, abro-o e começo a folheá-lo. Faz bem, não é? Ler para esquecer...

À medida que folheio o pesado livro, pior vou me sentindo. São várias histórias e cada capítulo conta uma desgraça diferente: uma mãe que perdeu as trigêmeas num acidente de carro, uma garota que foi estuprada, um menino que amava a melhor amiga e ela era apaixonada por outro... Começo a folhear mais rápido, lendo apenas algumas linhas de cada história: "ela não podia suportar a angústia", "Max curvou-se sobre a ponte e pensou se não seria melhor dar um fim àquilo tudo", "ela jogou-se na cama e deixou que as trevas envolvessem sua alma"... Dor, tristeza, solidão, desespero... Eram pessoas que estavam exatamente como eu: despedaçadas. Esse definitivamente não é o livro certo para quem precisa se animar. Mas quando vou fechá-lo, as folhas escorregam e vejo um título que me chama a atenção: "Rainha dos Corações Congelados".

Começo a ler o capítulo e percebo imediatamente que não se trata de um drama como as outras histórias... Pelo contrário, fala de uma terra onde as pessoas que se sentiam tristes e desesperadas podiam ir, um lugar para não mais sentir o que as machucava, onde não existiam sentimentos ruins. Só queria que tal lugar existisse, seria perfeito! Viro a página e percebo que ela está em branco. Mas o livro é grosso e estou apenas na metade, não é possível que iriam publicar um livro com centenas de páginas em branco! Viro umas dez folhas quando vejo, por fim, uma página escrita. Bem, mais ou menos... Tem apenas uma pequena frase lá em cima e uma manchinha no centro:


"Só olhe através da fechadura se você quiser ir para a Terra dos Sem-Coração e nunca mais sentir o que lhe fere."


O autor só podia estar de brincadeira! E isso não tem graça, poxa... Eu realmente queria fazer a tristeza que sinto desaparecer! Olho novamente para a página e percebo que a minúscula manchinha tem o formato de fechadura. Sacana. Eu queira que tal lugar existisse... Sinto-me uma idiota, mas, como não tem ninguém por perto, me aproximo da página do livro e finjo olhar pela fechadura...

Ok, devo ter chorado minha massa cinzenta, porque agora definitivamente posso ver algo através da fechadura. Talvez o livro seja rasgado nessa parte e tem um desenho atrás. Não consigo identificar o que vejo e vou me inclinado cada vez mais. Começo, então, a ver uma montanha branquinha pela neve... Sinto-me cada vez mais atraída e a imagem vai ganhando mais detalhes, como a floresta de pinheiros e o que parece ser um castelo... Cerro meus olhos, tentado enxergar melhor, quando tenho a sensação de ser sugada para dentro da fechadura... E essa é a última coisa de que me lembro.


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