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PRÓLOGO

QUINZE ANOS ANTES

O céu de fim de tarde começava a ficar banhado em tons dourados quando cheguei em casa tão cansada que quase não conseguia me manter de pé.

Foi um longo e triste dia para todos, principalmente para aqueles que eram conhecidos da família, como meus pais, alguns vizinhos e eu.

Pendurei meu casaco preto em um dos ganchos livres atrás da porta e vesti uma blusa de moletom para não ficar com frio antes de rumar até o quintal onde sabia que ele estaria.

O dia todo eu pensei em como ele estava, nos seus motivos para sumir e não comparecer em um momento tão tétrico mas ao mesmo tempo tão importante.

E no instante em que avistei seu corpo dobrado sobre o balanço pendurado na árvore que separava nossa propriedade da deles, por alguns segundos, o tempo parou e o ar se esvaiu dos meus pulmões me fazendo soltar um suspiro denso.

Então sem mais alternativas, obriguei minhas pernas a continuarem se movendo até parar na sua frente com braços cruzados na altura dos meus peitos e uma expressão furiosa no rosto.

Quando Viktor levantou a vista, ofeguei ao ver o seu estado e meus ombros pesaram tanto que me ajoelhei até ficar na sua altura para tentar olhar nos seus olhos e pegar alguma pista de como ele estava se sentindo, por mais que fosse óbvio.

O que mais ele poderia sentir em um funeral?

As lágrimas escorriam pelo seu rosto angulado em uma enxurrada carregada de tristeza. Suas bochechas vermelhas de tanto chorar e os olhos injetados e arregalados como se ele não estivesse acreditando no que está acontecendo.

Os dedos calejados não paravam de torcer o cordão de ouro que enfeitava seu pescoço, segurando o pingente de cruz uma e outra vez.

Seus braços tonificados começavam a engrossar na medida que seu corpo mudava e quase já não entravam debaixo da blusa de mangas compridas.

Vê-lo assim me fez compreender que ele já não era mais um simples adolescente como eu. Sua voz agora estava rouca, como se tivesse adquirido o hábito de fumar e até mesmo o seu olhar tinha se transformado com o tempo.

Agora ele estava mais frio, mais distante.

Sem falar na sua altura.

Deus, o garoto era enorme, parecia um viking de tão alto.

Não que eu fosse baixinha com meus quase um metro e oitenta, mas Viktor já quase chegava aos dois metros, o que chamava a atenção de todas as garotas do bairro.

E isso às vezes me deixava levemente enciumada.

Mas mesmo assim nunca sai do seu lado.

E o que mais me surpreendeu, foi saber que Viktor Schultz acabava de perder os pais em um acidente, no entanto, ele não tinha ido ao velório.

O pior de tudo, foi chegar no cemitério e ver que dentre todas as pessoas presentes, a única que eu desejava ver, abraçar e consolar com todas as minhas forças, não se encontrava ali.

Ele era meu vizinho, meu melhor amigo, mas acima de tudo, foi o primeiro garoto que teve a coragem de se aventurar no meu coração e tomá-lo para si mesmo sem fazer a menor ideia disso.

E no caminho de volta para casa com meu peito apertado e o ar escapando pelos meus pulmões pelo medo de nunca mais vê-lo, foi como um balde de água fria perceber que ele nem mesmo se incomodou em vestir uma roupa adequada para a ocasião.

O que ele estava pensando?

Eu sei que cada um tem uma forma de lidar com a dor, mas caramba, tudo isso estava passando dos limites.

Me sentei ao seu lado no pequeno espaço vazio que sobrava na tábua de madeira e ao contrário das outras vezes, ele não se moveu, não me abraçou, porra, Viktor sequer olhou para mim.

E ao não fazer nenhum movimento, de uma maneira estranha e inapropriada, as memórias do dia em que insisti para que meu pai construísse esse balanço me açoitaram como chicotadas e meu corpo inteiro se estremeceu com os golpes inexistentes.

Eu queria uma forma de nos aproximar, de ter uma desculpa para passar mais tempo com o garoto da casa ao lado, e como sempre o via lendo aquele mesmo livro sentado de uma maneira desajeitada na varanda dos fundos da sua casa, pensei que seria uma ótima ideia ter um lugar para que ele pudesse fugir da sua realidade, como me disse várias vezes.

Viktor sempre foi apaixonado por histórias e passávamos horas e horas sentados ali ou debaixo da árvore encostados no seu tronco áspero, lendo livros até que ficasse tão escuro que não era mais possível distinguir as letras no breu noturno.

Às vezes eu quase não dormia o suficiente para descansar e ir para a escola no outro dia.

Mas não me importava.

Tudo o que eu fazia era mais por ele do que por mim.

E no final das contas, ele jamais me devolveu o favor.

— Qual é a sua, heim, Vic? - Segurei seus dedos nos meus, sentindo aquele frio na barriga sempre que o tocava. — O que deu na sua cabeça ao faltar no funeral dos seus próprios pais? Pensei que fosse melhor do que isso, caramba. -Seu olhar se dirigiu até onde meus dedos se uniam aos dele e uma risadinha escapou pelos lábios carnudos antes dele apertá-los com cuidado se distraindo com a vermelhidão que se espalhava pela minha pele esbranquiçada pelo frio.

Porque Viktor era assim.

Antes dele se abrir, ele preferia jogar.

E eu sempre caía como um patinho.

— Você não faz a menor ideia do que está falando, Coelhinha. Infelizmente, não consegue enxergar por essa venda de ingenuidade que tampa seus olhos.

Um ofego cavou do mais profundo do meu ser ao escutar o apelido que ele tinha me dado a algum tempo atrás quando estávamos lendo Alice no País das Maravilhas.

Segundo o meu amigo, eu parecia o Coelho Branco, sempre incitando-o a se divertir, a fugir da realidade.

Sempre provocando-o até que não lhe restava outra alternativa senão me seguir pela toca metafórica que eram nossas tardes depois das aulas.

Mas na verdade era todo o contrário.

Como ele disse, eu era uma garotinha ingênua, cegada pelo seu brilho, idealizando uma pessoa que pudesse me entender como eu era, me apoiar nas minhas loucuras e principalmente me segurar quando eu caísse.

No entanto, essa ilusão foi o que me quebrou, no final das contas quando eu me estilhacei com a queda.

— Ingênua? -Murmurei ofendida. Tudo bem que ele era três anos mais velho que eu, mas mesmo assim eu já entendia muito sobre o mundo.

Ou pelo menos era o que pensava.

— É, Alícia, essa sua cabecinha não seria capaz de compreender nada. -Ele tocou minha testa empurrando levemente minha cabeça para trás. — Mas isso não tem nada a ver com você, eu...

— Um momento, Viktor. -Interrompi seu discurso com um dedo em riste. — Está me dizendo que eu sou burra? Ou que sou uma maldita criança? -Meus olhos se encheram de lágrimas comprovando amargamente o que ele acabava de afirmar e sem querer deixei que uma delas escorresse pelas minhas bochechas ao perceber como estava sendo imatura.

Meu amigo então deslizou a ponta dos dedos limpando minha pele fria ao mesmo tempo em que balançou a cabeça lentamente para os lados.

Seu olhar estava tão perdido, tão... indiferente.

E porra, aquilo me assustou tanto que eu simplesmente não soube como reagir e parti para a hostilidade.

Mas eu estava farta de que ele não se abrisse comigo.

Era óbvio que eu não entenderia porcaria nenhuma, afinal de contas, ele nunca me disse nada.

— Sabe muito bem que não foi isso que quis dizer. Você é uma das garotas mais inteligentes que conheço, é só que... -Seu dedo deslizou pela minha bochecha e seu olhar se prendeu no meu como se ele estivesse hipnotizado pelas minhas íris castanhas.

— O que pensa que está fazendo? Só pode ter ficado louco. -Engoli em seco sentindo o seu calor me invadindo conforme ele falava.

O que diabos estava acontecendo?

Eu não sou louco. É só a minha realidade que é diferente da sua. -Respirei fundo reconhecendo a frase de imediato.

Tínhamos lido aquele bendito livro tantas vezes, que eu já sabia cada palavra de cor.

— Então por que não me diz o que está acontecendo? Por que não se abre comigo? -Indaguei tentando não me distrair com a sua proximidade.

Viktor negou com a cabeça novamente, soltando um pequeno suspiro.

— Porque se eu fizer isso, tenho certeza de que você não será mais a mesma comigo.

— Eu mereço saber, sou sua amiga, caramba!. -Arregalei os olhos ficando realmente assustada.

— E quero que continue assim.

— Viktor...

— Eu sei, Alícia, sou um idiota, mas eu realmente gosto de você, quero dizer, da nossa amizade. -Agora eu estava completamente destruída, contudo não daria o braço a torcer.

— Se gostasse mesmo, não estaria chorando sozinho no meu balanço quando deveria estar no maldito funeral dos seus pais, ao meu lado. -Por mais que soasse ridiculamente egoísta da minha parte, aquilo era o que eu estava sentindo.

Eu queria estar lá para ele, consolá-lo e fazê-lo entender que jamais o abandonaria, que ele sempre teria alguém com quem contar independentemente do que o futuro nos reservava.

Mas ao exteriorizar o que estava sentindo, todas essas palavras pareciam pesar na boca do meu estômago quando me levantei com a intenção de me afastar e soltei uma longa respiração ficando zonza subitamente.

A sensação foi tão ruim, que tive que me segurar para não vomitar ali mesmo.

O que Viktor tinha na cabeça?

Ou melhor, por que era tão difícil contar para mim suas tristezas, medos e decepções?

Me retirei com passos firmes para longe para que ele não visse as lágrimas escorrendo novamente pelo meu rosto conforme eu sentia meu coração se quebrando pedaço por pedaço ao finalmente compreender que minha amizade com ele sempre seria assim: eu lutando para significar algo mais, para não dar passos no escuro ao seu lado e ele sem se importar comigo ou com meus sentimentos.

Cambaleei na direção da porta dos fundos da minha casa lutando para respirar como se uma mão invisível estivesse apertando a minha garganta, mas antes mesmo que pudesse chegar a tocar na maçaneta, fui puxada para trás e seus braços que começavam a ficar ridiculamente musculosos me apertaram contra o seu corpo pelo menos vinte centímetros maior que o meu.

— Não faça isso. -Viktor sussurrou me virando de frente para ele.

— Fazer o quê? Me afastar de alguém que claramente não confia em mim depois de todos esses anos? -Não tinha a intenção de alfinetá-lo dessa maneira, mas não voltei atrás.

O problema com as palavras ditas no auge da fúria, é que geralmente são mais ácidas, mais corrosivas e assim como um rio cuja correnteza sempre vai para frente, não há forma de retroceder.

— E-eu não me sinto preparado para te contar, Coelhinha, só por favor, não me odeie. -Minha pele arrepiou por inteiro quando o calor dos seus lábios se espalhou pela minha testa fazendo meu corpo inteiro tremer, mas dessa vez não tinha nada a ver com a queda de temperatura e saber disso fez meus batimentos cardíacos ficarem tão rápidos quanto um cavalo de corrida.

— Jamais seria capaz de fazer isso, Vic. -Suas mãos seguraram meu rosto com delicadeza e respirei profundamente sentindo meu estômago se contorcer enquanto ele ainda beijava minha pele.

Por alguns minutos pensei que o gesto acabaria ali, mas então ele continuou descendo devagar, como se o mínimo movimento brusco fosse me espantar, como uma coelhinha.

Viktor continuou beijando minha bochecha, deslizando lentamente para o queixo até chegar nos meus lábios e os tomou para si, se consagrando como o meu primeiro beijo.

Meu coração agora explodia dentro do peito, a visão ficando nublada pela magnitude do que acabava de acontecer e no mais profundo do meu ser, uma leve pontada de esperança ao imaginar que ele pudesse chegar a sentir por mim o mesmo que eu sentia por ele.

Então toda a magia se perdeu no instante em que ele encostou a testa na minha antes de soltar um suspiro angustiado.

— Me desculpe, Alicia. Não deveria ter te beijado...

Eu sabia que isso acabaria acontecendo.

Sabia que algum dia eu terminaria apaixonada pelo meu melhor amigo, sabia que deveria ter me protegido, no entanto, eu também sabia que esse sentimento era inevitável.

Ao que tudo indicava, eu realmente era uma maldita garotinha ingênua no final das contas.

Viktor me abraçou parecendo realmente arrependido pelo beijo e apesar de estar sofrendo por dentro, eu amargamente entendi o seu lado.

Ele precisava liberar toda essa tensão e convenientemente eu estava ali, disponível como sempre.

Só isso.

Indo contra toda a tristeza que corria pelas minhas veias, devolvi o abraço apoiando a cabeça no seu peitoral, tremendo ainda mais ao escutar as batidas aceleradas do seu coração.

— Deveria ter ido ao funeral... passei o tempo inteiro te procurando entre os adultos. -O tecido áspero da sua blusa roçou meus lábios quando falei e ele não me respondeu de imediato. — O que vai acontecer agora? -Só de pensar no fato de que meu amigo estava literalmente sozinho, meu coração errou uma batida e engoli em seco.

— Não sei, Alícia. -Viktor murmurou cansado e puxei uma longa respiração. — Eu não sei...

Ficamos abraçados por quase meia hora, até que nos despedimos já que precisei voltar para casa e depois de um banho rápido, me deitei na cama com todos os acontecimentos do dia dando voltas na minha cabeça.

Passei a noite inteira em claro tentando compreender seus motivos para não comparecer ao funeral, suas expressões enigmáticas, até mesmo seu jeito de agir quando o encontrei e para o meu desespero, não cheguei a nenhuma conclusão.

Tudo aquilo estava tão bagunçado quanto um quebra cabeças recém saído da embalagem, mas eu estava disposta a montá-lo, mesmo que isso significasse abrir mão até mesmo da minha sanidade mental.

No outro dia quando acordei, tomei um banho fugaz e fui direto para a sua casa determinada a averiguar o que estava errado sem sequer me preocupar em tomar um café da manhã.

Meu coração batia rápido em expectativa e um sorriso triste enfeitava meus lábios com a ideia de que o veria novamente mesmo através das circunstâncias.

Eu estava tão nervosa e ansiosa por encontrá-lo, que demorei alguns minutos do lado de fora da sua casa para tentar me tranquilizar antes de levar minhas mãos até a maçaneta de cobre e girá-la com leveza para não assustá-lo.

A porta de madeira entalhada se abriu lentamente, produzindo aquele rangido que já fazia parte do meu cotidiano e puxei uma longa e última respiração colocando um pé para dentro da enorme sala esperando o momento em que ele aparecesse para me ver.

Mas quem acabou levando uma surpresa foi eu no momento em que abri os olhos e dei de cara com o imóvel no estilo colonial completamente vazio.

Então como se aquela venda tivesse sido retirada dos meus olhos, eu entendi que tudo o que tinha acontecido no dia anterior, não foi uma ocasião bonita entre nós dois, não foi uma declaração de amor e muito menos uma promessa de que continuaríamos sendo amigos sem importar o que acontecesse.

Tudo aquilo foi uma maldita despedida.

Ele simplesmente sumiu de um dia para o outro como um covarde.

Viktor Schultz desapareceu da minha vida sem nenhuma explicação.

E apesar de ter afirmado o contrário, eu o odiava por ter sido meu primeiro beijo, mas também o odiava por ter sido o primeiro garoto a quebrar meu coração.

NOTA DO AUTOR

Eitaaaa nenéns! 
O negócio já começa tenso... 
Bom, antes de mais nada, como já puderam perceber
esse livro será em outro estilo de escrita e
espero de coração que gostem.
Dessa vez as postagens não terão dias definidos pq 
eu vou revisar bem os caps antes de postar pra vcs
terem o melhor sempre, então por favor

peço um pouquinho de paciência haha
Agora sim, peguem seu baldinho de pipoca e venham 
comigo que a diversão acaba de começar! 

Não se esqueçam de votar e comentar!

Tenham todos uma ótima semana,

Amo vcs,🥰
Bjinhosss BF 🖤🖤🖤

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