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Capítulo 30



ALERTA DE GATILHO: MENÇÃO À TENTATIVA DE SUICÍDIO 

POR VIKTOR

DEZESSEIS ANOS ANTES

— JÁ TE disse para não se envolver, meu amor, não quero que se machuque... -Mamãe sussurrou enquanto limpava os ferimentos no meu rosto e braços com todo cuidado apesar de que ela também tinha arranhões e escoriações na própria pele.

Seus olhos estavam vidrados por conta das lágrimas não derramadas e a raiva só aumentava dentro de mim.

Aquela imagem ficaria presa na minha mente pelo resto da minha vida, eu tinha quase certeza.

Eu estava cansado de ver seu sofrimento cada maldito dia, cansado de não poder fazer nada para tirá-la das mãos dele.

De assistir calado como ela apanhava uma e outra e outra vez sem ter feito absolutamente nada.

Sempre que ele chegava em casa minimamente estressado ou bravo com qualquer merda do trabalho, meu corpo inteiro se eriçava porque eu já sabia o que estava prestes a acontecer e bastava com que mamãe respirasse em um tom diferente que já era motivo para levantar a sua fúria.

— Mas você também está machucada. -Eu disse com a voz embargada sem nem me importar com a dor que sentia por conta das pomadas que ela esfregava em mim para que as feridas não ficassem piores.

— Eu sei, porém eu aguento. Você é apenas um adolescente, não merece nada disso...

— Assim como você, mãe.

Acariciei seu rosto com a mão livre, meus dedos ficando molhados pelas suas lágrimas que agora escorriam livremente fazendo meu peito doer ao finalmente serem derramadas.

— Por que permite que ele te trate desse jeito? -Realizei a pergunta que estava entalada na minha garganta desde o momento em que descobri tudo.

— É complicado, Viktor, você não entenderia...

— Eu não sou mais uma criança. Sei muito bem como ele age, o que ele faz.

A frase soou bem mais enfurecida do que eu pretendia e balancei a cabeça para os lados decidindo que o silêncio era a melhor saída por enquanto.

Mamãe não precisava de mais tensão, não era justo com ela.

Ao terminar de limpar todas feridas em mim, insisti em ajudá-la com as suas.

Ela não podia ficar assim toda machucada e a cada corte que eu limpava, minha vontade de matá-lo aumentava.

Eu não estava nem aí para ele ser meu pai.

Gabriel Schultz já estava morto para mim de todas formas.

— E se a gente fugir? -Eu disse depois de alguns minutos e mamãe soltou uma risadinha desanimada pelo que segurei suas bochechas com cuidado.

— Estou falando sério! Nós podemos ir para a casa do tio Klaus, ele não vai nos achar lá e...

— Vic, infelizmente não é assim que as coisas funcionam. -Ela colocou as mãos sobre as minhas, a pele fria me fazendo arrepiar.

— Por favor, mãe! -Pedi mais uma vez.

O desespero agora era evidente, eu precisava que ela me dissesse que sim.

Que juntasse todas as suas coisas e partisse comigo para longe daquele demônio vestido em pele de cordeiro.

No entanto, ao ver a tristeza estampada no seus olhos claros, eu soube ali sentado em cima da minha cama, que realmente nem sempre as coisas acontecem do jeito que a gente queria.

Também percebi que minha mãe estava com medo.

E eu podia apostar que esse medo não era só com relação a ela.

Havia algo mais.

Algo que a impedia de simplesmente sair dali e mandar meu pai, o seu marido, à merda.

Eu só não sabia ou ainda não entendia o que era.

UM ANO DEPOIS

Gabriel era um maldito.

Um manipulador de primeira e um filho da puta sem escrúpulos.

Todos naquela cidade pensavam que ele era um pai exemplar e um marido carinhoso, quando na verdade era completamente o contrário.

Só de ver como as garotas praticamente se jogavam para cima dele e como ele sequer disfarçava estar babando por elas, meu estômago embrulhava e eu sentia o sabor da bile subindo pela minha garganta.

Ele era um nojento que adorava bater na esposa e graças a isso morreria.

A decisão já estava tomada. Eu não podia deixar que minha mãe sofresse ainda mais nas suas mãos.

Era tudo ou nada.

E por mais que eu estivesse morrendo de medo das consequências, eu sabia que essa era a única forma de nos livrarmos dele.

Eu aceitaria toda a responsabilidade se fosse preciso, com tal de que ficássemos livres.

Mas para não ter que chegar a esse extremo, investiguei durante quase um ano para saber qual era a forma mais fácil de fazer parecer que tudo não passou de um acidente e quando descobri um jeito de matá-lo, não perdi mais tempo.

Então depois de treinar por quase um mês com carros estragados no ferro velho, eu aprendi a maneira correta de cortar os freios de modo que fosse quase imperceptível.

Ele pagaria por tudo que nos tinha feito e eu faria questão de ir até o seu funeral e cuspir no seu túmulo, inclusive mijaria em cima do caixão se tivesse a chance.

— Está tão calado, Vik... aconteceu alguma coisa? -Alicia indagou com o cenho franzido e balancei a cabeça para os lados puxando seu corpo para mais perto de mim.

A garota de cabelos castanhos e olhar sonhador não fazia a menor ideia, mas eu estava louco por ela.

E essa era também uma das razões pelas quais eu estava tão determinado.

Para ser sincero, eu sempre fui apaixonado pela minha vizinha e isso só me incentivava ainda mais a fazer o que eu tinha planejado.

Gabriel odiava Alícia sem nenhum motivo aparente.

Eu não sabia se era por conta dos seus pais ou se era algo pessoal, já que ela sempre me distraía da vida de merda que eu tinha e me fazia desejar fugir dali.

Mas isso já não importava mais.

Em apenas alguns dias eu seria livre para ficar com ela.

Porque, porra, essa garota tinha que ser minha e eu seria capaz de qualquer coisa para que ela entendesse que eu era dela.

— Só estou cansado, Coelhinha. -Menti deslizando o nariz pelo seu cabelo me embriagando com o cheiro do perfume adocicado que amava.

— Anda muito cansado ultimamente, estou começando a ficar preocupada.

Seus dedos folhearam aquele livro pela milésima vez e eu sabia exatamente onde ela tinha parado sem nem mesmo estar lendo.

Sequer era preciso, eu sabia de cor cada palavra.

Conhecia cada parágrafo e poderia recitá-lo para ela de trás para frente.

Alícia provocava isso em mim.

Ela me levava a fazer coisas que jamais imaginei apenas para deixá-la feliz.

Não que eu não gostasse de ler aquela história, mas eu tinha que admitir que só havia me interessado por causa dela e o medo de que Alícia conhecesse alguém, que se apaixonasse por outra pessoa que não fosse eu era tão forte, tão doloroso que eu passava noites inteiras acordado.

Eu sabia que era muita idiotice da minha parte, mas no dia em que ela falou animada sobre uma viagem escolar, eu quase morri de ciúmes.

Não queria que ela pensasse que eu era um maluco obcecado, mas eu não conseguia parar de pensar na possibilidade de ser esquecido ou promovido à tão temida friendzone.

No entanto, quando ela voltou daquela viagem e me trouxe aquele livro, foi como se milhares de fogos de artifício fossem explodidos no meu estômago.

Ela tinha se lembrado de mim.

Alguém, além da minha mãe, ainda se importava comigo.

— Não precisa se preocupar. Tive que estudar até tarde para aquelas provas de merda e não dormi direito, foi só isso. -Arrastei a ponta dos dedos pelo seu braço adorando vê-la se arrepiar com o contato.

— Viktor... -Seus lábios se apertaram um contra o outro em uma linha fina e precisei de muito autocontrole para não beijá-la ali mesmo e acabar assustando-a e correr o risco de estragar tudo.

Nós estávamos acostumados com aquela proximidade, a passar tardes e noites deitados um ao lado do outro, mas a partir do momento em que comecei a enxergá-la com outros olhos, algo dentro de mim mudou.

Eu não conseguia me concentrar quando ela estava perto, não conseguia nem mesmo parar de pensar em como sua pele era macia, como seu corpo era perfeito ou seu rosto, sua boca... caralho, eu não conseguia parar de querer tocar cada centímetro da sua pele e implorar para que ela fizesse o mesmo.

— Se continuar me encarando desse jeito, vou acabar pensando que gosta de mim. -Sua voz baixa me puxou de volta para a realidade e neguei sentindo minhas bochechas esquentarem.

Ótimo, agora eu estava ficando ruborizado.

— É que tinha um bichinho na sua cabeça. -Menti mais uma vez sem ter coragem de dizer a verdade.

Alícia se levantou em um pulo e começou a se sacudir de uma maneira tão engraçada e ao mesmo tempo sensual, que tive que ajudá-la com o inseto inexistente para que ela parasse de se mover e me deixar duro.

Depois de salvá-la, abracei seu corpo com força, uma sensação passando pela minha pele da ponta dos dedos dos pés, até o último fio de cabelo.

Aquilo parecia tão surreal, como se eu não a merecesse.

Como se aquela situação não condissesse em nada com a realidade.

E talvez fosse verdade.

Alícia era uma garota boa. Ela não precisava de toda aquela merda.

Mas eu era muito egoísta para me afastar.

Continuamos abraçados até sua mãe aparecer na janela chamando-a para jantar com o cenho franzido como sempre.

A senhora Medina parecia não gostar de mim quase do mesmo jeito que meu pai não gostava da sua filha e isso me deixava aflito.

Eu queria conversar com ela, explicar que eu amava Alícia e jamais faria algo para machucá-la, mas era muito covarde para me aproximar.

Todos os dias eu rezava para que ela entendesse isso magicamente, no entanto, nenhuma entidade parecia me escutar.

Eu estava sozinho naquela missão.

— Mês que vem teremos um jantar na minha casa, algo sobre a empresa dos meus pais ganhar uma conta milionária e quero que vá. Não adianta vir com alguma desculpa, já coloquei o seu nome na lista. -Alícia sussurrou contra o meu peitoral e soltei uma longa respiração.

Um mês era muito tempo.

Muitas coisas iriam acontecer nesse período e eu não fazia ideia de como ficaria depois do acidente.

Mas mesmo assim me peguei concordando.

Eu simplesmente não conseguia dizer não para ela.

— Tudo bem, só preciso resolver algumas coisas antes disso, mas estarei lá. -Beijei sua testa como sempre fazia e suas mãos apertaram a minha cintura, movendo nossos corpos para os lados em uma dança só nossa.

Nós parecíamos encaixar um no outro, como se tivéssemos sido feitos à medida.

Eu sabia que nenhuma outra garota provocaria o mesmo que ela em mim.

E como se ela conseguisse enxergar claramente o que eu sentia, suas mãos afrouxaram o aperto sobre mim e a cabeça pendeu para trás para que ela pudesse me olhar.

Naquele momento o tempo pareceu parar por alguns segundos.

Ela era tão linda... Será que se eu a beijasse, realmente estragaria tudo?

— Viktor, eu preciso te di...

— Alícia! Não vou te chamar outra vez! -Sua mãe nos interrompeu novamente e respirei fundo soltando-a devagar contra a minha vontade.

Não queria colocá-la em mais problemas, então me despedi com a promessa de que nos veríamos antes dela ir para a escola no dia seguinte e assisti a garota que eu era apaixonado desde que me entendia por gente se afastar sem nem imaginar que aquela seria provavelmente a última vez que passaríamos uma tarde juntos.

DIA DO FUNERAL

Eu estava devastado.
Tinha cometido um erro terrível que ferrou com tudo.
Como pude ser tão estúpido?
Dei um soco no espelho do banheiro quebrando-o em mil pedaços.

Eu tinha nojo de mim mesmo.
Fui um maldito burro e irresponsável por não pensar na possibilidade ir junto com aquele verme.
Eu deveria tê-la avisado, deveria tê-la impedido de entrar naquele maldito carro.

Eu não medi as consequências.
E agora estava sozinha naquela enorme mansão que só me trazia lembranças horríveis.

O mais irônico de toda aquela merda era que planejei salvá-la e no final das contas acabei condenando-a à morte.

E nunca me perdoaria por tirar a vida de quem mais se importava comigo, da única pessoa que me protegia.

Olhei ao redor do meu quarto completamente bagunçado pela briga que tinha acontecido ali dias antes.

Eu nem mesmo me lembrava de qual havia sido o motivo, minha mente estava anestesiada pela dor e eu só queria parar de me sentir como um enorme pedaço de merda.

A arma pesava na minha mão e meu dedo pressionava o gatilho sem impor força suficiente para dispará-la.

Eu era um covarde.

Não consegui nem mesmo tirar a minha própria vida.

Estava aterrorizado.

O medo me consumia e eu tinha plena consciência de que merecia estar lá naquele caixão no seu lugar, mas não era capaz de fazer nada a respeito.

As lágrimas já não escorriam mais pelo meu rosto e a dor tinha se transformado em uma queimação no meu peito.

Mesmo assim eu fazia questão de lembrar uma e outra vez do que tinha provocado.

Porque por minha culpa, minha mãe já não me abraçaria a cada manhã.

Eu já não escutaria a sua voz e não veria o seu rosto antes de dormir.

Ela não merecia morrer.

Ela merecia ser feliz.

Por isso não tive coragem de ir naquele enterro.

Eu prometi a mim mesmo que iria apenas para ter o prazer de ver o corpo de Gabriel sendo enterrado, no entanto, ver também o dela seria demais para mim.

Ter que escutar como as pessoas iriam falar coisas boas sobre ele me deixaria louco.

Eu não aguentaria muito tempo calado e provavelmente iria deixar o clima fúnebre pior ainda.

Guardei a arma no mesmo esconderijo onde havia encontrado-a e fui até o balanço para tentar respirar algo de ar puro e talvez parar de ser um maldito estúpido.

O detetive Harvey tinha passado mais cedo para me convencer a ir até o cemitério para manter as aparências e ao perceber que eu não aceitaria, me deixou lá sozinho com os meus demônios como era de se esperar.

Eu sabia que quando eles investigassem o que diabos aconteceu, chegariam à conclusão de que os freios foram cortados propositalmente e não iriam demorar para descobrir o culpado.

Não iriam demorar para chegar até mim.

Por isso, por mais vergonhoso que fosse, eu precisava de um plano de escape, então liguei para Harvey e fiz um trato com ele, depois liguei para o meu tio e providenciei a minha mudança para a Alemanha o mais rápido possível para não correr riscos.

Embora naquela altura nada mais me importasse.

A única coisa que me doía profundamente, era saber que eu não só perderia a minha mãe.

Também perderia Alícia.

Era o meu preço a pagar por ter sido tão burro.

Eu merecia todos os castigos que o universo quisesse me dar e receberia cada um deles em silêncio.

Era a minha penitência.

Pelo menos a dor me manteria alheio a tudo.

Já estava ficando tarde e pensei em me levantar para ir preparar minhas malas, quando a garota que era a dona de cada um dos meus pensamentos passou pelo portão com nada mais do que fúria no olhar.

Alícia veio direto até onde eu estava sentado e ocupou o lugar ao meu lado com aquela roupa preta típica de funerais.

Seus olhos estavam vermelhos de tanto chorar e por mais que eu quisesse abraçá-la, me mantive firme.

Nem mesmo olhei para ela.

Porque fazer isso iria me tentar a ficar ali, a não ir embora e continuar estragando as vidas de quem ousava se aproximar de mim.

Eu já havia me conformado com a ideia de não vê-la mais, mas mesmo assim essa aceitação doeu como se meu coração estivesse sendo esmagado dentro do peito.

E o pior de tudo, foi que sentados naquele balanço, sentindo o cheiro do seu perfume e o som da sua respiração entrecortada, eu soube que dali adiante nada mais seria igual.

PRESENTE

Meu peito doía com a ideia de que Alícia não voltaria mais.

Mais uma vez eu tinha ferrado com tudo.

Mais uma vez eu perdi uma das pessoas que mais amava e não sabia se conseguiria suportar a dor como antes.

Eu poderia muito bem sair correndo atrás dela, mas sabia que ela não queria um babaca na sua cola.

Não depois de descobrir toda a merda que eu tinha feito.

Então eu fiquei ali, ajoelhado naquele chão frio sem nem mesmo ver o tempo passar.

Minhas pernas simplesmente não funcionavam mais e eu só conseguia pensar no quão injusta era a vida ou no que caralhos eu tinha feito para merecer toda aquela destruição.

Meus batimentos cardíacos estavam tão acelerados que meus braços começaram a formigar e por um instante me peguei desejando que ele parasse de uma vez.

Porque se Alícia não estivesse comigo, não haveria motivos para eu viver de todas maneiras.

Não sei por quanto tempo fiquei naquela mesma posição.

O que me deu uma pista de que já estava anoitecendo, foi a luz alaranjada que entrava pela janela.

— Porra. -Praguejei me levantando e desci até o hall encontrando Tyron e Bertha conversando preocupados antes de notarem a minha presença.

Bertha se aproximou com o cenho franzido, sua mão indo parar no meu ombro.

— Vi Alícia sair correndo na moto dela e até agora não voltou, aconteceu alguma coisa? -Apertei os lábios me controlando para não chorar outra vez na frente deles e acabar parecendo um garotinho assustado.

— Nós... nós brigamos, ela ficou sabendo... daquilo. -Murmurei com a voz trêmula.

— Oh coitadinha. -Bertha suspirou entendendo rapidamente do que se tratava. — Então ela deve estar assustada pois não sabe os seus motivos, você precisa ir atrás dela e se explicar.

Neguei com veemência.

— Eu tentei, mas ela não quer me escutar e para ser sincero, lhe dou a razão. -Murmurei me sentindo péssimo ao lembrar de como ela me olhou com aquela expressão apavorada e enojada ao mesmo tempo.

Tyron escutava tudo sem dizer nada, mas eu sabia que ele provavelmente estava tão preocupado com ela quanto eu.

Os dois eram muito amigos, afinal de contas.

— Mesmo assim ela não pode se arriscar e sair da mansão. Sabe o que vai acontecer se a encontrarem.

Apertei as pálpebras com o coração pesando ainda mais dentro do peito.

Ela não podia se arriscar daquela maneira.

Eu não me perdoaria se algo lhe acontecesse por minha culpa.

— Será que você pode buscá-la? Se eu for, ela não vai querer me escutar... -Me dirigi ao segurança que apenas acenou antes de se virar e caminhar até a porta sem esperar nenhum segundo.

Esfreguei o rosto com as mãos me jogando em um dos sofás, as lágrimas escorrendo pelas minhas bochechas novamente.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Vocês vão se entender.

— Eu não sei, Schatz. Alícia ficou furiosa... e-eu não quero perdê-la, eu a amo com tudo o que tenho. Ela é tudo o que eu tenho. -Soltei uma risadinha triste entre as lágrimas que não paravam de cair.

Meu corpo sacudia conforme eu chorava mais e mais e me vi sendo abraçado pela mulher de meia idade conforme ela me balançava para frente e para trás como costumava fazer quando eu chegava da escola depois de mais um dia horrível.

Os minutos continuaram passando e nada de Tyron voltar, o que me deixava ainda mais preocupado.

Bertha sussurrava palavras que eu nem me esforçava mais em entender.

A única coisa que passava pela minha cabeça, eram as imagens de Alícia na minha cama, dormindo pacificamente ao meu lado ou embaixo de mim enquanto eu lhe dava prazer.

Apertei as pálpebras sentindo o gosto amargo da tristeza e decepção.

Alícia foi minha por tão pouco tempo e agora ela tinha ido embora.

Ainda podia escutar sua voz suave, sentir o cheiro do seu perfume ou a maciez dos seus lábios.

E por mais que eu tentasse, toda tortura do mundo não seria suficiente, nada iria trazê-la de volta.

Mesmo depois de tantos anos, aquele maldito ainda me prejudicava.

O seu fantasma me perseguiria pelo resto da minha vida e de repente um medo real de não vê-la mais se apossou de mim.

— Eu preciso dela Bertha... eu preciso dela como do ar para respirar. -Sussurrei depois de alguns minutos.

— E você vai tê-la. Sabe como Alícia é impulsiva, depois de esfriar a cabeça ela vai te ouvir, querido.

— Você promete? -Encarei seu rosto com os olhos marejados.

Eu tinha voltado a ser aquele adolescente de anos atrás.

Mais uma vez estávamos ali na mesma posição depois de eu ter feito merda.

Bertha acariciou minha bochecha com os dedos gelados antes de sorrir tristemente puxando uma longa respiração.

— Eu prometo, meu amor. Eu prometo.

Depois do que pareceu ser pelo menos uns quarenta minutos, Tyron apareceu com cara de quem tinha acabado de voltar de um funeral e me levantei em um pulo em busca dela com os batimentos disparados.

No entanto, ao ver que ele estava sozinho, novamente o medo se fez presente.

— Alícia vai ficar, cara, pode se tranquilizar agora. -Respirei fundo levemente aliviado. — Mas ela não quer dormir na mansão então vai se mudar para um quarto na ala dos funcionários.

— Nem fodendo! -Dei alguns passos na direção da porta sendo impedido pelos braços musculosos em questão de segundos.

— Viktor pensa com a maldita cabeça de uma vez! Alícia está com medo e magoada e tentar convencê-la a continuar dormindo ao seu lado não vai adiantar em nada!

— M-mas ela... ela não pode... nós somos... -Levei uma mão até o peito apertando-o com força, o ar de repente escapando dos meus pulmões.

— Escuta, eu a convenci de não ir embora e ela aceitou com a condição de que não te encontrasse mais. -Franzi o cenho me sentindo terrivelmente atingido. — Mas eu sei que ela vai refletir melhor e vocês terão a chance de conversar. No momento, dê o seu espaço, não a force a nada, você sabe como ela é com isso.

— Tudo bem... -Abaixei a cabeça balançando-a para os lados. — Você tem razão. Só por favor se certifique de que não lhe falte nada, ok?

Tyron concordou em um aceno.

Em seguida ele subiu até o segundo andar voltando minutos depois com uma mala contendo todas as coisas de Alícia.

Observei em silêncio enquanto ele desaparecia novamente levando consigo a garota que tinha todo o poder sobre mim.

Quantas vezes eu teria que perdê-la para finalmente tê-la?

Quantas vezes eu seria castigado por algo que realmente nunca foi minha culpa?

NOTA DO AUTOR
E começamos a semana como?
Isso mesmo, sofrendo ainda mais kkkkkk
Demorei a postar pq não tinha conseguido acabar o cap.
Espero que tenham gostado,
Não se esqueçam de votar e comentar.

Amo vcs 🥰
Bjinhossss BF 🖤🖤🖤

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