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Capítulo 17

POR VIKTOR

EU SABIA que tinha pego pesado com Alícia, mas porra, eu estava mais do que furioso com a sua atitude.

Ela nem quis compreender os meus motivos para trabalhar com as garotas no cassino e já foi me atirando mil pedras, me acusando de coisas que eu nunca seria capaz de fazer.

Tudo bem que eu não era um santo e tinha uma longa lista de esqueletos no meu armário, só que eu também tinha princípios.

Bem irônico, eu sei, mas até mesmo a alma mais obscura sabe os seus limites.

E era inconcebível que ela me julgasse daquela maneira, não depois de eu tê-la socorrido daqueles idiotas que por pouco não a mataram ali mesmo dentro da sua casa.

E isso era o que mais me irritava, essa falta de reconhecimento comigo.

Por mim, eu teria sido ainda mais cortante com as minhas palavras, no entanto, ao ver o seu olhar arregalado e a boca entreaberta tentando encontrar o que responder ou como reagir, também senti uma vontade insana de consolá-la.

De abraçar seu corpo contra o meu e me certificar de que ela ficaria bem.

Porém, eu não faria isso.

Iria fazê-la provar um pouco da sua própria medicina.

— Viktor, eu não quis... -Ela começou com a voz embargada e levantei um dedo em riste para cortá-la antes que eu amolecesse.

— Não estou interessado nas suas desculpas. Agora, se me der licença, gostaria de descansar um pouco.

Seus olhos se arregalaram ainda mais e ela balançou a cabeça para cima e para baixo em um movimento arrastado antes de dar meia volta e caminhar para a porta, deixando o quarto sem olhar para trás em uma atitude que era praticamente a sua marca registrada.

Desde que a conheci quando ela era apenas uma criança, eu sabia como Alícia Medina podia chegar a ser orgulhosa.

Tinha lidado com ela por quase dez anos, entendia cada reação, cada sinal de estresse ou afeto.

Ela não fazia a menor ideia de como era um livro aberto para mim.

E isso só piorava as coisas.

Só me levava a desejar que ela também me enxergasse da mesma maneira, que olhasse nos meus olhos e compreendesse tudo o que eu queria dizer, mas não tinha coragem.

Sempre foi assim.

A primeira vez que a vi, ela estava sentada na calçada da sua casa lendo um livro qualquer enquanto comia uma boa quantidade de jujubas coloridas, as suas preferidas.

Meus pais tinham acabado de comprar a casa ao lado da sua e eu não estava interessado em fazer amigos.

Apesar da pouca idade, já havia passado por muitas situações que não desejava a ninguém, contudo, no instante em que ela levantou a cabeça e seu olhar se encontrou com o meu, os lábios formando um sorrisinho banguela, eu soube que ela seria a minha perdição.

Foi ali que nossa amizade começou a engatinhar para um laço mais forte e a cada dia que passava eu ficava mais e mais encantado pela garotinha de cabelos castanhos e personalidade astuta que amava discutir comigo sobre histórias e personagens que nem mesmo existiam na vida real.

E agora toda essa proximidade tinha desaparecido, se desintegrado por minha culpa.

Por ser um grande covarde.

Eu fui embora e a deixei sozinha para lidar com o mundo, quando deveria protegê-la dele, por mais que estivesse consciente de que ela era capaz de fazer qualquer um ficar aos seus pés em um estalar de dedos.

Por isso, quando voltei, propus a mim mesmo não deixar que nada de ruim lhe acontecesse, mesmo que a profissão que ela havia escolhido não me ajudasse muito.

A vigiei por tanto tempo, que praticamente sabia de cor cada passo que ela dava, incluindo os seus encontros com aquele mauricinho idiota.

E por mais que fosse difícil vê-la feliz, eu entendia que era o melhor para ela e fazia questão de empurrar aquele sabor amargo para dentro da minha garganta cada vez que me informavam seus encontros e até mesmo a que hora ele deixava a sua casa.

Era masoquismo meu, eu sei.

Só que eu simplesmente não conseguia renunciar a ela.

Alícia me atraía para a sua órbita de um jeito, como uma mariposa que se atrai por uma lâmpada acesa hipnotizada pelo seu brilho sem medo de se queimar, e eu estava disposto a me queimar por ela sem esperar nada em troca.

Peguei meu celular e pedi que Tyron viesse até mim.

O segurança apareceu em seguida e entrou no quarto com uma expressão estranha no olhar.

— Aqui estou, chefe. -Seus braços cruzados na altura do peitoral musculoso já me davam uma pista de que o cara estava irritado com algo, mas aquilo não era problema meu.

— Anote a placa do táxi que Alícia pegou naquele dia e encontre o dono do carro para que possamos ter uma conversa. -Exigi caminhando até o pequeno bar que estava posicionado estrategicamente em um dos cantos do quarto e me servi uma boa quantidade de vinho bebendo quase tudo de uma só vez.

Tyron concordou em um aceno de cabeça e ia saindo sem me dar satisfação quando cocei a garganta chamando a sua atenção fazendo-o parar bruscamente.

— A Alícia te disse algo depois que eu vim para cá? -Indaguei apertando a taça nos dedos, sentindo-os se esticando com a força que empregava.

Seus olhos acompanharam minha mão e recebi um olhar crítico com a sobrancelha levantada e tudo.

Esse cara estava passando muito tempo com ela, pelo visto.

— Nós conversamos um pouco, sim. -Prendi minha respiração, a taça a ponto de se quebrar como da outra vez. — Mas com todo respeito, Viktor, eu não vou te dizer nada. Você pode até ser meu chefe, mas Alícia se tornou minha amiga e prefiro não me meter nos seus assuntos.

Engoli em seco.

Porra.

— Entendo. -Devolvi a taça na mesa antes que ela virasse pó nas minhas mãos. — Faça o que te pedi o mais rápido possível. -Reiterei sentindo um aperto na boca do estômago.

Então ele estava do lado da minha inquilina.

Ótimo.

Já não bastava Bertha que me deu um sermão sobre eu estar sendo exageradamente infantil com Alícia, agora tinha mais essa.

Mas tudo bem, eu sabia que isso aconteceria de uma maneira ou de outra, afinal de contas, era difícil alguém não cair nos seus encantos.

Tyron me deixou sozinho sem dizer mais nada e me sentei na poltrona pensando no que faria para ajudar a garota que praticamente ocupou um penthouse na minha cabeça nos últimos quinze anos.

Cada vez que eu via o desespero no seu olhar, que o seu corpo se retesava quando estava com medo ou lembrava de como sua respiração se acelerou ao pensar que seria presa, meu coração só faltava pular para fora do peito e minha mão coçava de vontade de arrebentar a cara de quem se colocasse no seu caminho.

Eu devia protegê-la, caramba!

E continuaria fazendo-o, mesmo que ela não quisesse minha ajuda.

Como não iria para o cassino naquele dia, aproveitei para tomar um banho quente antes de ir para o meu escritório para resolver os problemas que sempre surgiam tanto na mansão quanto no resto das minhas propriedades.

Pelo menos isso manteria a minha mente ocupada.

Devo ter passado quase a tarde inteira com a cara enfiada nos papéis e documentos quando Bertha passou pela porta com uma xícara de café em uma mão e um prato de biscoitos na outra.

Hallo mein lieber, como está? -Ela perguntou deixando as coisas em cima da pequena mesa de centro no meio do cômodo. — Não deveria ficar tanto tempo sem comer.

— Não estou com fome, schatz, mas obrigado mesmo assim.

Seu olhar aguçado me analisou atentamente e me encolhi sob o seu escrutínio.

Bertha, além de minha mãe, era a única mulher capaz de me decifrar sem fazer nenhum esforço.

Durante todo o tempo que vivi na casa do meu tio, ela cuidou de mim, assumiu um papel do qual não tinha nenhuma obrigação e quando dei a notícia de que estaria voltando para South Oaks, seus olhos se encheram de lágrimas imediatamente e eu sabia que precisava trazê-la comigo.

Nós nos tornamos uma família, eu confiava nela com a minha vida e tinha certeza de que ela fazia o mesmo.

Meu tio quase não permitiu que eu lhe roubasse uma das suas melhores funcionárias e precisei de muita persistência até conseguir o que queria.

E a cada dia que passa, eu tenho mais certeza de que tomei a decisão correta.

— Será que essa falta de apetite tem a ver com certa garota de olhos castanhos?

Soltei uma risadinha rouca.

É claro que ela não deixaria passar nenhum detalhe.

Bertha podia ser tão incansável quanto um lobo em busca de comida quando se tratava de encontrar respostas.

— Você sabe que sim. -Não adiantava mentir para ela. — Só quero descobrir o que está acontecendo para poder ajudá-la.

— Só isso?

Foi minha vez de levantar uma sobrancelha.

— Muito bem, já chega de interrogatório. -Empurrei a cadeira para trás e dei a volta na mesa para poder me sentar ao seu lado e desfrutar dos seus biscoitos, pelo menos assim eu teria uma desculpa para não precisar responder às suas perguntas.

No entanto, como era de se esperar, Bertha esperou pacientemente que eu terminasse de comer tudo antes de voltar a falar.

— Sabe, eu a conheço a pouco tempo, mas entendo esse seu comportamento arisco. Ela não faz ideia do que aconteceu, meu bem. -Puxei uma longa respiração. — Deveria conversar com a sua amiga. Contar tudo, explicar direito os seus motivos para partir e...

— Não. -Interrompi o seu discurso recebendo uma censura silenciosa. — Alícia não quer saber nada de mim, ela já deixou isso bem claro e eu entendi o recado.

— Tem certeza?

Balancei a cabeça devagar.

— Além do mais, ela não está preparada para a verdade.

— Ninguém está preparado para enfrentar a realidade, Viktor, e quanto mais você fugir dela, mais ela vai te perseguir.

Minha governanta estava coberta de razão.

Eu tinha plena consciência de que tudo viraria uma enorme bola de neve que arrastaria tudo junto com ela, mas mesmo assim, meu medo de perdê-la outra vez me impedia de ser sincero.

Cada pulsação no meu peito se escutava como uma batida de relógio me dizendo que cedo ou tarde tudo desabaria.

Era só questão de tempo.

Tic-tac, tic-tac, tic-tac...

— Viktor? Ainda está aí? -Bertha balançou a mão na frente do meu rosto e soltei um suspiro pesado.

— Quando tudo isso terminar, prometo que vou contar a verdade para ela. -Declarei sentindo novamente aquele sabor amargo entre os lábios.

— O que quer que aconteça, vou estar sempre do seu lado. -Suas mãos apertaram as minhas e acenei sabendo que ela não mentia.

— Obrigado, mama. -Brinquei arrancando-lhe uma risadinha tímida. — Obrigado por nunca me deixar sozinho...

— Já te disse que não vai se livrar de mim tão cedo, senhor Schultz. -Sorri com sinceridade ao mesmo tempo em que ela se levantou limpando uma poeira invisível da roupa impecável. Essa era a sua maneira de fazer de conta que não estava emocionada. — Bom, o papo está bom, mas tenho que ver o que os rapazes estão aprontando e levar o jantar para eles. Se precisar de algo é só me chamar.

Recebi um beijo na testa bem a tempo de escutar mais batidinhas na porta.

Será que cada pessoa naquela mansão tinha resolvido que precisava falar comigo?

Bertha saiu rapidamente dando espaço para que Tyron entrasse com uma carranca enorme no rosto.

Aquilo definitivamente não era um bom sinal.

Apontei para a poltrona que Bertha ocupava minutos antes e ele se sentou quase soltando fogo pelas ventas.

— Desembucha. -Pedi ansioso.

O moreno puxou uma longa respiração como se quisesse organizar seus pensamentos e quando se sentiu pronto, finalmente começou a falar.

— Encontrei o dono do carro. -Ele começou com cautela. — Ele me contou que o táxi foi roubado naquela mesma noite apenas algumas horas antes de pegar Alícia no bar.

— Caralho. -Esfreguei o rosto com as mãos. — Como sabemos que ele está dizendo a verdade?

— O cara me mostrou até o boletim de ocorrência. Além do mais, ele disse que no dia seguinte o carro apareceu na frente da casa dele, estacionado de qualquer jeito, porém sem nenhum aparelho roubado, nem mesmo os trocados que ele tinha no porta moedas.

Mas que merda?

— É óbvio que o usaram apenas para levá-la até a casa de Steven.

— Sim. -Suspirei ficando cada vez mais irritado. — Quem quer que tenha feito isso, já tinha tudo planejado. -Ty concordou em um aceno sabendo a que eu me referia.

— Vou assistir novamente a gravação para ver se pego algum detalhe que deixamos escapar da primeira vez. -Declarei voltando para a minha mesa, ligando o computador. — Fique atento, se encontrar algo, irei te ligar.

Tyron saiu de fininho sem discutir e abri a gaveta pegando um dos cds para colocar no reprodutor.

Tinha feito pelo menos três cópias para não correr o risco de perdê-lo e se fosse necessário e não sairia dali até encontrar o maldito que se atreveu a mexer com o que é meu.

Já começava a escurecer e eu não conseguia parar de assistir aquela gravação. Tanto que sabia todos os movimentos de cor.

Minha vontade de quebrar tudo dentro daquele escritório se intensificava na medida que as horas iam passando e eu não notava nada de diferente no vídeo.

Não consegui encontrar nenhuma pista.

Nada, nenhum indício que me mostrasse quem era aquele cara.

Revisei as horas no celular soltando um suspiro cansado.

Tyron estava no cassino, cuidando de algumas coisas para mim, já que eu não tinha nem mesmo vontade para ir trabalhar.

E odiava isso.

O Rainha de Copas era uma forma de me manter distraído.

De não pensar em Alícia e deixar o passado guardado onde ele pertencia, no passado.

Não estava nos meus planos me encontrar com ela outra vez, mas mesmo assim eu me mantive por perto cuidando de cada um dos seus passos e me certificando de que sua segurança não fosse violada.

Tudo de longe, desde as sombras onde eu pertencia.

No entanto, quando fiquei sabendo que ela estava sendo acusada de um assassinato e que provavelmente seria presa, eu simplesmente entrei em pânico.

Joguei tudo para o alto, até mesmo a minha reputação, para protegê-la e o que recebo como agradecimento? Seu olhar crítico acompanhado de uma atitude completamente repressiva.

Mesmo assim, eu não conseguia sentir raiva dela.

Quero dizer, estava chateado com as coisas que ela disse, mas ao mesmo tempo de uma certa maneira eu compreendia a sua reação.

Alícia conhecia uma versão de mim que já não existia mais.

Um Viktor adolescente que acreditava que as pessoas de bem realmente poderiam ser pessoas boas.

E para ela, uma detetive que lutava contra o tráfico de mulheres, ficar sabendo que eu era dono de uma casa de garotas deve ter sido um golpe e tanto no seu ego policial.

Por mais que eu não fosse um cafetão como qualquer outro.

Dentro de mim, eu queria que ela não me julgasse, que me entendesse e me visse como alguém que só tinha a intenção de ajudar. Eu queria que ela gostasse do novo Viktor, com os fantasmas que arrastava ao longo dos anos e tudo.

— O que eu vou fazer com você, Coelhinha? -Suspirei esfregando os olhos pela milésima vez.

Meu corpo pesava em esgotamento e minha cama parecia ainda mais atrativa do que normalmente era.

Eu precisava descansar um pouco, repor as energias para lidar com a garota irritantemente linda que me deixava sem ar apenas por estar no mesmo lugar que eu.

Deus, eu não podia ser mais patético.

As memórias de quando éramos duas crianças voltaram com força e apertei as pálpebras tentando não deixar que elas me prendessem de uma vez no passado.

Era como uma avalanche de imagens dentro da minha cabeça, Alícia com apenas onze anos brincando de boneca na varanda da sua casa enquanto eu a observava com um sorriso bobo no rosto.

Depois com treze anos, voltando daquela sua viagem escolar, onde ela me trouxe um dos presentes que mais gostava e que por idiota eu acabei deixando para trás ao ir embora.

Logo, anos depois, ela com quatorze, voltando da escola com aquela carranca de sempre, direto ao meu encontro.

Eu sabia que naquela época não poderíamos ficar juntos, não seria adequado aos olhos da sociedade, mas isso não me impediu de desenvolver um sentimento puro pela minha vizinha encrenqueira que amava passar quase todas as tardes ao meu lado, lendo o mesmo livro e reagindo com surpresa como se fosse a primeira vez.

E quinze anos depois, o único sentimento que ela nutria por mim, era ódio e provavelmente repulsa pelo que eu tinha me tornado.

Batidinhas suaves soaram na porta e levantei a vista dando de cara com aqueles olhos castanhos que me atormentavam desde que eu tinha memória.

— Olá... -ela respirou fundo claramente desconfortável — Será que podemos conversar?

Inclinei a cabeça como um cachorrinho curioso.

— Agora não dá, Alícia. Não estou com humor para lidar com mais um dos seus sermões. -Sentenciei ríspido me arrependendo quase de imediato ao notar como seus olhos se arregalaram brilhando por conta das lágrimas não derramadas.

— Eu não ia... -Seus lábios se apertaram antes mesmo de completar a frase. — Quer saber? Você tem razão. Não vou mais te incomodar.

Ela se retirou rapidamente, me deixando sozinho com a minha estupidez.

— Eu sou um completo idiota. -Murmurei voltando a ver o vídeo para não correr o risco de ir atrás dela e pedir desculpas por agir como um babaca.

Minutos depois, Tyron passou pela porta com uma carranca no rosto.

Aquele dia precisava acabar logo antes que eu enlouquecesse de vez.

— Quase levei um soco da Ali quando perguntei se você ainda estava aqui. -Ele ofegou com os braços cruzados bem na minha frente. — Por favor, se resolvam logo antes que alguém saia ferido.

Rodei os olhos exagerando de propósito.

— Não seja um bebê chorão. Conseguiu encontrar algo?

Sua cabeça se moveu para um lado e depois para o outro.

Porra.

— E agora, o que vamos fazer?

— Não sei, Tyron. Passei a tarde inteira assistindo essa porcaria e não vi nada de diferente. -O segurança se aproximou com cautela, olhando para a tela do computador cuja imagem congelada mostrava o táxi parado na frente da entrada do bar bem no momento em que Alícia entrava dentro do carro.

Nosso silêncio era ensurdecedor e o desespero quase palpável flutuando entre nós dois.

Eu sabia que o cara ao meu lado tinha desenvolvido uma amizade com Alicia e que também estava preocupado por ela, e embora eu sentisse vontade de lhe dar uns bons tapas por isso, ao mesmo tempo estava agradecido pelo seu apoio.

Mas ele jamais saberia disso, é claro.

Coloquei o vídeo para reproduzir novamente e prestamos atenção em cada detalhe que acontecia na nossa frente, em cada migalha que nos levasse a algo.

As pessoas se moviam dentro da tela, alheias ao que acontecia ao seu redor, como se fossem robôs dentro de uma realidade alternativa e apesar de saber que tinha que estar atento, eu só conseguia olhar para ela.

— Ei, o que é isso? -Ty indagou de repente pausando o vídeo em uma cena onde o motorista colocava a mão para fora da janela enquanto esperava que Alícia acabasse de entrar. — Parece uma mancha...

Aproximei meu rosto ficando quase colado na tela de pouco mais do que vinte polegadas.

— Não, está mais para um desenho ou talvez uma tatuagem. -Observei com os batimentos cardíacos tão acelerados que começava a escutar um zunido no meu ouvido. — Está vendo? Parece uma cruz invertida e é como se houvessem letras dos lados uma contra a outra e...

— Porra! É a marca dos Red Demons, Viktor! -Tyron cuspiu com raiva, antecipando a minha própria indignação.

Uma cortina vermelha se fechou diante dos meus olhos e me levantei caminhando até o meio do escritório com o coração quase saindo pela minha garganta.

— Eu sabia que aqueles malditos tinham um dedo dentro dessa merda! -Chutei a mesa de centro derrubando as xícaras que ainda descansavam ali em cima, produzindo um barulho estridente de porcelana se quebrando. — E para que um membro da RD esteja envolvido na morte de outro membro da RD, deve ser algum tipo de queima de arquivo. Eu só não entendo o motivo disso.

Droga, eu precisava bater em alguém. Ou em vários.

— Ei, é melhor manter a calma, chefe. Não vai querer que pensem que você se importa de verdade com Alícia. -Tyron debochou e o fuzilei com o olhar, minha paciência se esvaindo gota a gota como uma torneira quebrada.

— Volte naquele bar e pergunte ao dono se há mais câmeras. Precisamos ver o vídeo por outros ângulos e se o idiota não quiser colaborar, você já sabe o que fazer.

— Certo. E Viktor?

— Sim?

— Alícia vai ficar bem, ok?

Acenei desejando que suas palavras de repente se tornassem reais para que eu pudesse me sentir mais tranquilo.

— Me ligue quando obtiver alguma informação.

O segurança de quase dois metros assentiu deixando o meu escritório com uma expressão determinada no rosto enquanto eu juntava as xícaras quebradas antes que alguém se machucasse.

Coloquei tudo dentro da bandeja de aço e desci até a cozinha para pegar uma pá e uma vassoura para os cacos menores.

Percebi que cometi um enorme erro ao encontrar Alícia e Bertha conversando tranquilamente ao mesmo tempo em que desfrutavam de um chá com bolinhos.

Tentei ao máximo não olhar para ela, só que era difícil.

Deus, era torturante.

Como quando você deseja tanto algo, mas sabe que não pode tê-lo por diversas razões.

— Caramba, o que aconteceu, querido? -Bertha indagou ao me ver, já se levantando da sua cadeira para ajudar.

— Não precisa se preocupar, não foi nada. Já limpei tudo.

Joguei as louças quebradas no lixo sentindo o olhar de Alícia queimando minhas costas quase perfurando meu terno de linho francês.

— Bom, nesse caso eu vou...

Oh não, eu sabia muito bem o que ela tramava.

Segurei seu braço com cuidado, aproximando meus lábios do seu ouvido.

— Não adianta nem tentar, não vai dar certo dessa vez. -Sussurrei contendo uma risada quando ela revirou os olhos sabendo que dessa vez havia perdido a chance.

— Boa noite, schatz. Durma bem. -Beijei sua bochecha e saí da cozinha com o arrependimento me corroendo por dentro pela forma em que estava ignorando Alícia.

Contudo, dentro de mim, eu sabia que toda essa fricção entre nós dois não duraria muito.

Eu só precisava encontrar o maldito que estava dirigindo o carro e fazê-lo pagar por isso primeiro.

Abri meus olhos praguejando ao escutar o toque insistente do meu celular.

Quem quer que fosse o imbecil que ousava me incomodar às duas da manhã, deveria contar com um motivo bem convincente se não quisesse ter uma conversa pessoal com meus punhos.

Deslizei o dedo pela tela e levei o aparelho até o ouvido ainda de olhos fechados.

— Alô chefe, sou eu. -A voz de Tyron soou robótica pelo auto falante e imediatamente fiquei em alerta. — Peço desculpas pela hora, mas eu liguei para avisar que já consegui algumas informações do dono do bar.

Me sentei na cama subitamente, arrancando um miado de reclamação da gata de Alícia que insistia em dormir junto comigo mesmo eu deixando bem claro que não ia com a cara dela.

— Pode falar.

— O idiota do bar me jurou de pé junto que não há mais câmeras, mesmo depois de levar uns bons tapas. No entanto, ele me disse que lembra perfeitamente que o motorista do carro tinha apenas quatro dedos na mão direita. Ao parecer, o seu dedo mindinho foi cortado ou ele nasceu assim, ele não sabia dizer com certeza, mas isso já reduz bastante a nossa busca.

Apertei as pálpebras puxando uma longa respiração, acariciando a cabeça da gata sem nem mesmo perceber.

Então Ivan achou que poderia se esconder de mim.

Filho da puta.

— Não precisa mais procurar. Eu já sei quem é. -Rosnei me segurando para não sair do jeito que estava e enfiar uma bala no meio da testa daquele maldito.

— Caramba, isso foi... rápido. -A observação me trouxe de volta ao presente e caminhei até o banheiro aproveitando que já estava acordado para mijar.

— Amanhã à primeira hora, vá até o Rainha de Copas e peça para Helena me enviar os arquivos de Ivan Krasinski. Não lhe dê mais informações, ninguém pode saber o motivo do meu interesse nele.

— Anotado. Hum chefe... sei que não é da minha incumbência, mas será que posso perguntar como você conhece esse cara?

— Ele é um cliente fiel do meu clube privado e que agora vai aprender que não deveria ter se metido comigo. 

GLOSSÁRIO:
*Hallo mein lieber: Olá, meu querido.
*Schatz: amada.
*Mama: mamãe.

NOTA DO AUTOR

Segundouuuuuuuu meus amores! 
O que acharam desse presentinho de férias pra vcs??
Esperam que tenham gostado!
Uma ótima semana a todos!

Não se esqueçam de votar e comentar,

Amo vcs 🥰
Bjinhosss BF🖤🖤🖤

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