Capítulo 11 - Parte II
— OBRIGADA TY, você literalmente me salvou. -Retirei o pacote rosa enrolado estrategicamente em várias camadas de papel das suas enormes mãos. Ele apenas balançou a cabeça como se de repente eu fosse me transformar em uma garotinha emocionalmente instável.
Essa era a ideia que a maioria dos homens tinha quando uma garota entrava nos dias vermelhos.
Meus absorventes tinham acabado e eu não sabia como fazer para conseguir mais.
— De nada, Ali. -Balancei a cabeça para cima e para baixo sorrindo ternamente.
Tyron era um cara alto e musculoso, mas com um sorriso ingênuo como o de uma criança em um parque de diversões.
No entanto, quem pensava que ele não seria capaz de quebrar uma pessoa ao meio, se enganava redondamente.
Praticamente todos os guardas ou capangas de Viktor eram assim.
Por fora pareciam apenas jogadores de futebol americano com seus músculos definidos e sorrisos que podiam derreter até mesmo uma calota polar.
Só que por dentro, eram tão perdidos, tão entregues à complexidade de tudo o que lhes rodeava, que não sei até onde chegariam, quais seriam seus limites se fossem pressionados.
E tinha a leve impressão de que a maioria já tinha tirado a vida de algumas pessoas no decorrer do seu trabalho, e por mais que isso me incomodava profundamente, não podia fazer nada.
Não adiantaria, de todas maneiras.
— Viktor está em casa? -Sussurrei desejando que a resposta fosse um não, mas ao mesmo tempo um sim.
Os últimos dias estavam sendo tão confusos, que ficava cada vez mais difícil compreender o que se passava dentro da minha cabeça.
Viktor passou a voltar cada vez mais cedo do trabalho e sempre fazia questão de ir até o meu quarto para ver o que eu estava fazendo.
Era algo estranho e ao mesmo tempo me lembrava de quando éramos vizinhos e ele jogava pedrinhas na minha janela para que eu fosse falar com ele.
Me lembrava de uma época onde passávamos praticamente o dia inteiro sentados naquele balanço ou encostados na árvore apenas observando o tempo passar como se nossa vida fosse resumida a isso.
E eu gostava disso, mas por outro lado, não queria encontrar com ele nos corredores. Só de vê-lo, meu estômago se contorcia e meus batimentos cardíacos se aceleravam em um sinal claro de que não o suportava na mesma medida que o desejava.
Droga, eu era uma bagunça.
Ty levantou uma sobrancelha e cruzou os braços deixando à mostra seus bíceps tonificados que por um milagre não rasgavam sua blusa em pedaços.
— Ali... -Seu olhar se suavizou provavelmente pensando que eu de fato estava interessada em saber o paradeiro do seu chefe.
Só que era todo o contrário.
Eu queria evitá-lo tanto quanto fosse possível.
No entanto, ao parecer, isso não estava dando muito certo.
— Sim, Alicia, estou aqui. -A voz rouca chegou a mim antes mesmo que eu pudesse ver o seu rosto, me atingindo como uma rajada de vento que fez minha pele se arrepiar. — Agora, o que eu gostaria de saber, é o que está acontecendo aqui. -Viktor parou ao lado do seu capanga e Ty engoliu em seco me fazendo revirar os olhos.
Porra, o muro que fazia papel de babá era quase da mesma altura que Viktor e bem mais musculoso, mas mesmo assim, morria de medo do chefe.
Covarde.
— Isso não é da sua conta. -Disparei sem nem me preocupar com o fato de que estava sendo rude sem necessidade. — Obrigada novamente, Ty. Você me salvou... -Beijei sua bochecha com carinho enquanto Viktor observava a cena com os punhos tão apertados que não sei como ele não quebrou os próprios dedos.
Tyron era de uma maneira retorcida, alguém com quem eu me sentia cem por cento confiada dentro daquela casa e não estava nem aí para o que Viktor pensava disso.
Por isso que quando fiquei sem absorventes, ele foi a primeira pessoa a quem recorri, porque sabia que faria o que pedi sem pestanejar, afinal de contas, ele tinha uma namorada e provavelmente já estava acostumado a lidar com toda essa merda.
Sem me dar o trabalho de me despedir de Viktor, dei meia volta e caminhei até meu quarto, o pacotinho queimando nas minhas mãos como se pesasse duas toneladas.
— Volte ao trabalho, Tyron. - Uma risadinha deslizou pelos meus lábios.
Só esperava que meu amigo não tivesse problemas por minha causa.
Conforme voltava para o meu quarto, o barulho do sapato de Viktor ao golpear o chão ficou cada vez mais alto na medida que ele caminhava até mim e balancei a cabeça para os lados.
— Ty? Que porra é essa Alicia? -Ele desdenhou se aproximando de tal maneira que podia sentir sua respiração fazendo cócegas no meu rosto. — Por acaso não deixei claro que não queria que tivesse essa intimidade com meus empregados? -Soltei uma lufada de ar e continuei meu caminho pelos corredores que mais pareciam labirintos para quem não conhecia o lugar.
— Já disse que o que eu faço ou deixo de fazer não é da sua conta. -Rosnei, o calor percorrendo minhas veias e parando no meio das minhas pernas.
Era engraçado como meu corpo sempre me traía quando se tratava de Viktor Schultz.
— Está saindo com ele? -Arregalei os olhos soltando uma gargalhada incrédula.
— Só pode ter ficado maluco...
Meu coração batia tão rápido que quase não podia acreditar no que estava escutando.
Tinha sido surpreendida de tal maneira, que não fui capaz de pensar em uma resposta e muito menos de me afastar.
— Responde caralho! -Me aproximei do seu rosto até que apenas alguns centímetros nos separavam e plantei o dedo indicador no seu ombro afastando-o levemente para trás.
— Mais uma vez, o que eu faço ou deixo de fazer, não te interessa. Pensei que já tivesse deixado isso bem claro. -Debochei sem desviar o olhar do seu.
Viktor então me empurrou até a parede, uma mão no meu pescoço para me imobilizar enquanto ele tirava o pacote dos meus dedos com uma expressão furiosa no rosto.
— O que é essa merda, huh? Aposto que são camisinhas... -Ele levantou o pacote na minha frente e sorri mais uma vez sentindo uma vontade insana de provocá-lo, de ver até onde ele levaria esse showzinho imbecil.
— E se for? Vai fazer o quê?
Levantei meu queixo desafiante e nesse momento, vi seu olhar mudar, como se um fogo tivesse percorrido as íris azuis, transformando-as em lava pura.
— Vou me certificar de que não as use com ele, nem que para isso eu tenha que arrancar o seu maldito pau fora para que ele entenda que está trabalhando e não na porra de uma casa de encontros.
A raiva borbulhava dentro de mim, quase me fazendo perder o controle. Porém isso não aconteceria.
Não valia a pena.
— Idiota. -Me liberei mais uma vez cruzando os braços para não cometer o erro de tocá-lo.
Toda essa merda já estava passando dos limites e eu só queria me deitar e vegetar até que a dor na minha barriga parasse.
— Só responde a droga da minha pergunta, caramba!
— São absorventes, Viktor! Malditos absorventes! -Gritei já sem paciência, amando ver sua pose de macho alfa se desmoronando lentamente ao perceber que ele fez um escândalo à toa.
— O-o que... -Seus dedos rasgaram o papel em vários pedaços e pela primeira vez desde que voltamos a nos ver, suas bochechas adquiriram um tom avermelhado ao dar de cara com uma caixinha rosa entre seus dedos, me fazendo lembrar de quando éramos adolescentes e ele ficava assim ao perceber que estávamos muito próximos ou que tinha dito alguma coisa que não devia.
Soltei uma risadinha encostando de volta na parede, o frio da pedra em contraste com meu corpo fervente, me causando arrepios.
— Então você está... hum... nos seus dias?
Levantei uma sobrancelha de repente me divertindo horrores com o seu constrangimento.
Empurrei meu corpo para longe da parede e parei na sua frente.
— Sim, Viktor, estou menstruada. Você pode falar essa palavra, sabia? Menstruação. Sangue. TPM... -Provoquei adorando vê-lo engolir em seco completamente desconfortável.
— Ok, já chega. Sei muito bem o que está fazendo.
— Qual é, cara? Estamos no século vinte e um! Essas coisas deveriam ser normais a essa altura.
— E-eu... da próxima vez, me faça saber se precisa de algo. -Seus dedos pentearam os cabelos para trás e ele devolveu o pacote nas minhas mãos antes de se virar e começar a se afastar.
— Não. -Respondi firme e suas pernas pararam de se mover no mesmo instante.
Em questão de segundos, Viktor estava na minha frente outra vez com aquele semblante de quem não acreditava no que estava escutando.
— Como?
— Eu disse que não. -Confirmei apertando os dentes.
— Que joguinho é esse, Alicia? Por que está se comportando como uma maldita criança? Poderia ter me pedido para comprar essa porcaria! Meus empregados não estão ao seu serviço!
Outra gargalhada escapou pela minha garganta.
— Eu até poderia, mas não vou fazer isso. -Sibilei quase em um rosnado.
— Por quê?
— Porque se bem me lembro, você mesmo foi quem me disse para falar com Ty caso eu precisasse de algo. Você até agora não tinha se interessado em saber se eu estava bem ou não, então não venha querer fazer de conta que sua palavra vale algo, porque não é assim. -Confessei me surpreendendo com a facilidade que as palavras saíram desde o mais profundo do meu coração.
— Mas eu... eu estou te protegendo, te trouxe até aqui! Isso não significa nada?
— Pode até ser, mas mesmo assim, não muda o fato de que você não é mais o Viktor que eu conhecia e eu não sou mais aquela garotinha ingênua que amava passar as tardes contando sobre o meu dia na esperança de que você fosse fazer o mesmo. Você sumiu, Viktor, sem me dizer nada. Jamais soube o que estava acontecendo na sua vida, você nunca se abriu para mim e agora isso já não importa. Não estou mais interessada nessa amizade.
Engoli em seco ao ver como a tristeza cintilou nos seus olhos azuis ao escutar tudo o que eu tinha acabado de falar.
— Eu sou o mesmo de sempre, Alicia. Você é quem era muito cega para não enxergar a realidade. -Ele estendeu a mão e levou uma porção de cabelo atrás da minha orelha me fazendo prender a respiração por alguns segundos.
— Esse papinho não vai funcionar comigo. -Afastei seus dedos com um tapa. — Não subestime a minha inteligência, babaca.
Seus olhos se apertaram e ele puxou uma longa respiração como se tivesse levado um soco na boca do estômago.
— E o que funciona com você, hum? Ty? Ou aquele cara da polícia, como era mesmo seu nome? Joshua? Você gosta de atenção, não é mesmo? De tê-los aos seus pés te obedecendo e fazendo o que você bem entender... -Meus olhos se encheram de lágrimas e pisquei rapidamente para não permitir que elas caíssem.
Ele não merecia isso.
— Não desaparecer, funciona. Mandar notícias, funciona. Conversar e se abrir, funciona. Mas veja só, parece que você não é capaz de fazer nenhuma dessas coisas, então me dê licença que preciso de um banho quente e um ibuprofeno para acabar com essa maldita cólica. -Passei pelo seu corpo fazendo questão de trombar no seu ombro com força antes de desaparecer dentro do quarto, trancando a porta para evitar que ele me seguisse como das outras vezes.
NOTA DO AUTOR
Hellooo abiguinhos! Demorei, mas cheguei ahahah
Vou aproveitar para avisar vcs, que durante o mes de junho e a metade
do mês de julho, vou ter que estudar para o meu TCC então,
é provável que as postagens se reduzam a uma por semana
apenas por essas 4 semanas, mas como eu sei que vcs são
uns amorzinhos e que vão entender, estou tranquila kkkk
Espero que tenham gostado do cap,
Não se esqueçam de votar e comentar!
Tenham uma ótima semana.
Amo vcs 🥰
Bjinhossss BF 🖤🖤🖤
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