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Capítulo 08

OK, ISSO estava ficando cada vez mais estranho.

Através dos meus olhos inchados, tentei identificar quem eram aqueles desconhecidos e suspirei com certo alívio ao reconhecer um deles.

— Ty? -Sussurrei com dificuldade de respirar por conta dos golpes na boca do estômago, ainda sem entender o que ele estava fazendo ali.

— Olá, Alicia. Viemos te buscar. - Minha expressão deve ter sido bem engraçada, já que ele soltou uma risadinha rouca antes de colocar sua atenção nos dois policiais que ainda me seguravam apertado.

— Do que diabos você está falando, cara? Essa vadia está com mandado de prisão e deve nos acompanhar até a delegacia. -Andrew indagou com uma coragem invejável. — É uma pena que ela tenha resistido, não queríamos estragar esse rostinho lindo...

Ele engoliu em seco quando Ty se aproximou e segurou a gola do seu uniforme e agora quem queria rir era eu.

— É o seguinte, cara, se não quiser se meter nos assuntos de Viktor Schultz, é melhor darem o fora daqui antes que eu fique realmente irritado.

Ty ameaçou calmamente como se fizesse isso todos os dias e de todas as coisas que ele disse, apenas duas palavras rodopiavam dentro da minha cabeça conforme ele continuava.

Viktor Schultz.

Então eles se conheciam?

Será que eram amigos? Ou será que estavam apenas usando seu nome para amedrontá-los?

— Acha mesmo que temos medo desse cara? -Rage tentou parecer confiante, mas era possível sentir até mesmo o cheiro do seu nervosismo.

Tyron negou com a cabeça olhando para os outros dois brutamontes que entraram com ele antes de voltar a encarar os policiais.

— Pelo visto vocês não fazem a menor ideia do que ele é capaz. -Ele afastou o terno para o lado revelando uma arma bem parecida com a minha presa à sua cintura.

Como não tinha percebido isso no bar?

Ou será que ele não estava armado naquele dia?

— Vou lhes dar cinco segundos para que desapareçam da minha frente antes que eu enfie uma bala nessas suas cabecinhas ocas. Vocês sabem como meu chefe fica quando as coisas não acontecem do jeito que ele quer, não é mesmo?

Ver Ty agindo assim me deixou completamente desestabilizada.

Ele parecia tão amável no bar, que jamais desconfiaria que pudesse realmente matar alguém sem pensar duas vezes.

Eu não sabia se podia confiar nele, no entanto, o cara parecia querer me ajudar. Ou pelo menos era o que esperava.

— Cinco... quatro...três... -Ty continuou sério.

Antes mesmo de acabar a contagem, tanto Rage quanto Andrew me soltaram a contragosto e caminharam para fora do apartamento sem olhar para trás.

Apesar de dizer o contrário, eles pareciam saber com quem estavam se metendo e ao que tudo indicava, eu não valia esse risco.

Observei boquiaberta como os dois desapareciam em segundos e uma vez que estava aparentemente fora de perigo, me joguei no sofá deixando que as lágrimas lavassem o meu rosto machucado.

Ty se aproximou com cuidado, ajoelhando-se na minha frente.

— Você está bem? -Podia ver que ele estava preocupado, mas isso não me impedia de continuar com medo.

— E-eu acho que sim. -Dei de ombros mesmo assim.

Pelo menos esses três não estavam me batendo.

— Pegue suas coisas, vamos te levar para um lugar seguro. -Arregalei os olhos sem entender nada.

O que tinha dado nesse povo hoje?

Por que todo mundo aparentemente resolveu mandar em mim dessa maneira?

— Como sei que não vão me matar e me jogar em um rio qualquer? Além do mais, quem garante que realmente conhecem Viktor? -Questionei cansada esfregando meu braço machucado e cheio de arranhões.

O moreno na minha frente curvou os lábios para os lados parecendo divertido com tudo isso.

— Ele sabia que não seria tão fácil... hum, Coelhinha significa algo para você?

Prendi a respiração por alguns segundos.

Faziam exatamente quinze anos que não escutava aquele apelido.

Somente nós dois sabíamos sobre ele, o que deixava bem claro que Ty não estava mentindo.

— Vamos Ali, não temos muito tempo. Aqueles dois voltarão com reforços e não conseguiremos mais te proteger.

Concordei com um aceno antes de me levantar e pegar a bolsa com minhas roupas e a mochila com Chess que tinha ido parar debaixo da mesa.

Ir com três desconhecidos não era o recomendado, mas o que mais poderia perder, não é mesmo?

— Oh... hã acho que isso terá que ficar. -Ty disse apontando para Chess e neguei rapidamente.

— Ou ela vai comigo ou ficamos as duas. -Declarei com convicção sabendo que eles tinham uma ordem a cumprir e fariam o possível para isso.

Os três pareceram pensar seriamente em me deixar para trás, mas ao ver que não tinham outra saída, deram de ombros e me ajudaram a descer até o térreo.

Minhas pernas doíam como o inferno e ao passar pela porta de vidro, levei um susto ao ver como meu rosto estava inchado pelos golpes que tinha recebido minutos antes.

Raiva pura percorria minhas veias e minha vontade era de ir atrás daqueles dois e arrebentá-los até que nem suas mães fossem capazes de reconhecê-los.

Não sei o que teria sido de mim se Tyron não tivesse chegado a tempo e isso me deixava com uma dúvida.

Como diabos eles ficaram sabendo que a polícia estava indo ao meu encontro naquele exato momento?

— Hã, Ty, posso te perguntar uma coisa? -Pedi enquanto entrava no seu carro, o mesmo que estava estacionado no bar quando nos encontramos me fazendo desconfiar ainda mais.

— Claro. -Ele subiu no banco do motorista e os outros dois se sentaram um ao seu lado e o outro atrás, junto comigo.

— Por acaso, vocês estavam me seguindo? -Engoli em seco à espera da resposta.

Seus olhos se encontraram com os meus pelo retrovisor e ele soltou um suspiro pesado.

— Sim, Alicia. -Engasguei com a sua sinceridade e meu companheiro de viagem deu tapinhas nas minhas costas para me ajudar.

— P-por quê?

— Escuta, acho que isso você tem que conversar diretamente com Viktor, está bem? -O medo do chefe era evidente no seu olhar, mas mesmo assim fiquei furiosa.

— Mas que idiota... quem ele pensa que é? E-eu... droga.

Agora sim minha mente dava voltas e voltas.

Viktor me vigiando?

O que diabos passava pela sua cabeça?

Por que ele faria isso, afinal de contas?

Será que ele estava envolvido com toda essa merda?

Não... ele não teria coragem.

Ou sim?

O carro chacoalhava pelo caminho conforme Ty pegava alguma curva ou freava em um semáforo e encostei a cabeça no vidro escuro que não permitia a entrada de nenhum raio de luz e muito menos que eu pudesse ver o que se passava do lado de fora.

A enxaqueca tinha voltado com ainda mais intensidade e eu só queria um banho quente e uma cama macia para dormir pelo resto do dia.

Estava esgotada tanto física quanto mentalmente e não sabia até quando iria aguentar toda essa merda.

— A única coisa que posso te dizer é que ele estava preocupado com você, Ali. Por isso nos mandou e por sorte chegamos a tempo. -Ty disse depois de um tempo.

— Preocupado comigo? Essa é ótima. -Rasguei soltando uma gargalhada.

Os três trocaram um olhar estranho, mas ficaram o resto do trajeto em silêncio e de certa forma isso foi bom para que eu pudesse colocar meus pensamentos no lugar.

Para ser sincera, eu não tinha forças sequer para manter uma conversa decente, então me concentrei no pouco que eu podia ver através do parabrisa do carro.

Quase vinte minutos depois, os prédios da cidade começaram a dar lugar a árvores de ambos lados da estrada e senti um solavanco ao entrar no que parecia ser um caminho de terra.

Para onde esses três estavam me levando, afinal de contas?

Cogitei a possibilidade de ter cometido um erro ao aceitar sua ajuda, no entanto, eu realmente não tinha para onde fugir.

Era isso ou continuar apanhando de Rage e Andrew, pensei comigo mesma.

Tentei ver algo através do vidro escuro ao meu lado, mas foi em vão.

As janelas do carro pareciam ser feitas especificamente para que quem estivesse dentro não fosse capaz de ver nada ao seu redor e um leve medo me atingiu outra vez.

Apertei a mochila no meu colo e Chess se remexeu reclamando em um miado baixo.

— Shh, eu sei, meu amor. Falta pouco para chegarmos... onde quer que estejamos indo. -Olhei para o cara ao meu lado. — Verdade?

Ele concordou com a cabeça e suspirei sentindo meu estômago se contorcer, porém não insisti e nem reclamei.

Como diziam por aí: já que estava no inferno, só me restava abraçar o diabo.

Andamos por outros vinte minutos, a poeira levantando na medida que o carro esmagava a terra seca e no momento em que avistei uma ponte sobre um enorme rio, meu telefone começou a tocar dentro da minha jaqueta fazendo com que os meus três colegas me olhassem curiosos.

— É uma amiga, foi ela quem me avisou sobre os policiais e deve estar preocupada. -Sorri me tranquilizando ao ler o nome de Suzanna na tela.

Tentei deslizar o dedo para atender a ligação, mas nem consegui chegar a fazer isso já que Ty retirou o aparelho das minhas mãos e literalmente o dobrou como se fosse um pedaço de papel antes de jogá-lo pela janela no rio abaixo de nós quatro.

— Ficou maluco por acaso cara? -Joguei os braços para cima como uma criança fazendo pirraça.

— Me desculpe, Alícia, mas não podemos correr o risco de que descubram para onde estamos indo.

— E o que isso tem a ver com meu celular?

Ele levantou uma sobrancelha em uma expressão verdadeiramente confundida.

— Trabalha para a polícia e não sabe que podem triangular sua localização pelo seu GPS ou chip?

Porra, ele tinha razão.

— E-eu não ajo como bandido, eu prendo eles, droga! Nunca estive desse lado do crime. -O moreno solta uma risadinha divertida e nesse momento percebo que eles provavelmente estão do lado contrário ao meu.

— É verdade mesmo que podem fazer algo assim? Pensei que fosse coisa de filme. -A risadinha de Ty se transformou em uma gargalhada diante da pergunta do seu companheiro.

— Não é tão fácil como na televisão, precisam de uma ordem judicial e mais um monte de burocracia de merda, no entanto, também não é impossível, ainda mais quando se trata de alguém que já está dentro da polícia. -Respondi ao mesmo tempo em que passávamos por um portão de ferro gigante que se abriu assim que avistaram o carro.

Quando já estávamos lá dentro, tentei baixar o vidro da janela para ver o ambiente ao meu redor e dessa vez ela abriu sem nenhum impedimento.

Meu queixo foi praticamente ao chão conforme a casa de Viktor aparecia no meu campo de visão.

Ela era simplesmente espetacular.

E pelo menos três vezes maior do que sua outra casa.

Em um estilo minimalista, a fachada era branca com várias janelas e portas de vidro no primeiro andar, e no segundo, onde pareciam ser quartos, cada um tinha um balcão e até mesmo podia ver cadeiras e mesas neles, e me imaginei tomando um chá ou lendo algum livro enquanto observava o pôr do sol.

Mas que diabos estava pensando?

Eu não deveria fazer planos em um lugar que nem iria ficar por muito tempo.

Essa era a casa de Viktor, caramba! O cara que eu odiava com cada célula do meu ser.

O carro deu a volta pelo jardim frontal até parar na entrada e esperei que os três homens vestidos com ternos quase da mesma cor saíssem para enfim abrir a porta e descer.

Era inacreditável que Viktor possuísse tudo isso, embora seus pais tivessem deixado uma fortuna de herança e ele fosse dono de um cassino.

Mesmo assim, ver a casa, a propriedade e até mesmo o tanto de funcionários que apareceram quando chegamos, era surreal.

Peguei minha mochila com Chess e Ty segurou a outra bolsa com as poucas roupas que tive tempo de guardar e caminhamos lado a lado parando na porta ao ser recebidos por uma mulher muito bonita com um sorriso amigável no rosto.

— Finalmente chegaram! -Seu olhar recaiu no meu rosto e ela franziu o cenho em uma careta. — Pobrezinha, o que fizeram com você?

Eu não sabia se deveria lhe responder.

Não sabia nem mesmo se ela estava do meu lado ou não.

O terninho cinza escuro que ela vestia parecia bem mais caro do que todas as minhas roupas juntas. E tenho quase certeza que suas jóias no pescoço e braços poderiam pagar meu aluguel por um ano.

— Tyron querido, ela está bem?

Nesse instante percebi que não tinha respondido a sua pergunta e me senti levemente envergonhada ao parecer rude.

— Eu... sim. Estou bem, obrigada. -Disparei antes que ela pensasse que sou uma maluca. — Digamos que meu rosto foi de encontro com um punho. -Dei de ombros sem saber como explicar o que tinha acontecido.

Os três homens e a mulher soltaram uma risadinha e esfreguei meu braço sentindo a dor lancinante que tinha até esquecido.

— É melhor entrarmos antes que Viktor chegue. -Ela disse para os seguranças. — E você precisa de um banho para tirar toda essa sujeira e sangue do corpo.

— Tudo bem, hã, me chamo Alicia, por certo.

— É um prazer, querida. Eu sou Bertha. -Chacoalhei sua mão suave antes de entrarmos na casa.

Eu até tentei disfarçar minha surpresa ao ver como dentro era ainda mais bonito que do lado de fora, no entanto estava segura de que tinha sido em vão.

Não queria parecer uma menininha boba que ia para a Disney pela primeira vez, mas porra, sua casa era enorme e muito bem decorada.

Bertha me levou pelos corredores caminhando sem nem mesmo olhar para onde estava indo como se fosse dona do lugar.

Ela falava sem parar sobre coisas que eu não entendia e me mantive em silêncio com medo de interrompê-la e ter que me esforçar para manter uma conversa.

Eu estava cansada.

A manhã tinha sido horrível e por mais que não quisesse pensar nisso, a imagem de uma Alicia presa ou até mesmo morta não me deixava em paz.

Porque eu conhecia Rage, sabia muito bem que ele era um louco e que poderia facilmente perder o controle.

O que eu ainda estava tentando decidir era se tive realmente sorte quando Ty chegou.

Não queria encontrar Viktor tão cedo, mas como da última vez que nos vimos, ele não me deu uma escolha.

— Chegamos. - Bertha parou diante de uma porta quase no final de um longo corredor e tirou um molho de chaves do bolso, enfiando uma delas na fechadura, abrindo-a em seguida.

Ao entrar, percebi que estava tão bem organizado e decorado como o resto da mansão.

Então Viktor além de ter bom gosto, também era fã da limpeza.

Coloquei minhas coisas em cima da cama king e Chess arranhou a mochila em um pedido desesperado para ser liberta daquele lugar apertado.

— Oh me desculpa amorzinho, já vou te tirar daí. -Deslizei o zíper com cuidado e a gata saltou para fora observando o quarto com curiosidade.

— Hum, fique à vontade, meu bem. Irei pegar um kit de primeiros socorros para os seus machucados e já volto. -Bertha saiu do quarto antes mesmo de receber uma resposta e dei de ombros olhando para tudo quase da mesma maneira que Chess.

A cama ficava bem no centro.

De um lado a janela de vidro que ia do chão até o teto com uma porta que dava para o balcão, do outro lado uma mesa de cabeceira redonda seguida de um guarda roupas moderno com portas corrediças.

Me sentei no colchão macio e na minha frente uma televisão adornava a parede ao lado da porta que suspeitava ser de um banheiro.

O quarto também tinha uma poltrona cinza e uma mesinha para chá.

Sem contar no piso que era coberto por um carpete cinza.

— Caramba... -Suspirei para mim mesma.

Pelo visto, muita coisa aconteceu nesses quinze anos que aquele idiota sumiu.

Mas isso não era da minha conta, de todas maneiras.

Eu não queria saber nada de Viktor. Não me interessava sua vida, suas riquezas e nem mesmo o fato de que uma mulher ridiculamente linda estava na sua casa e que provavelmente era a sua esposa.

E por mais que não quisesse admitir, Bertha tinha razão: um banho quente cairia bem depois de ter apanhado daqueles idiotas.

Fechei a porta trancando-a com chave e abaixei as cortinas das janelas de vidro antes de tirar minha roupa e ir para o banheiro luxuoso como era de se esperar.

Meu rosto doeu com o jato de água e deixei escapar algumas lágrimas tanto de dor quanto de medo por tudo o que tinha acontecido.

Era como se apenas naquele momento eu tivesse caído em conta.

Enquanto a adrenalina ainda corria pelas minhas veias, eu não sentia nada, mas agora que as coisas pareciam mais calmas, eu finalmente tinha entendido o que estava acontecendo.

Eu, Alicia Medina, estava sendo acusada de um crime que não cometi e isso doía mais do que eu queria admitir.

Porra, eu era uma das policiais boas!

Fiquei tanto tempo debaixo d'água, que minha pele começou a se enrugar em um sinal de que era hora de me enxugar e vestir uma roupa confortável.

A todo momento eu pensava no que faria a seguir, como provaria a minha inocência sendo que eu literalmente tinha fugido.

Caramba, eu estava realmente ferrada.

Enrolei meu corpo com uma toalha que encontrei na gaveta debaixo do espelho e voltei para o quarto com o coração batendo acelerado dentro do peito.

Chess dormia em cima da cama e sorri para a cena.

Ela provavelmente já se sentia dona do lugar e isso de certa forma era bom. Não queria que ela sofresse por minha culpa e muito menos que voltasse para as ruas.

Vesti uma bermuda e uma blusa folgada, penteei meus cabelos molhados e passei um pouco do perfume que graças a Deus tinha lembrado de pegar.

Ao ver meu rosto no espelho, mais lágrimas inundaram meus olhos, mas agora eram de raiva pura.

Meu olho e bochecha estavam inchados e começando a ficar roxos, meus lábios ganharam vários cortes e meus pulsos ostentavam as marcas dos dedos de Andrew quando me segurou para que Rage pudesse me bater.

Levantei a blusa revelando meu abdômen arranhado e todo cheio de manchas vermelhas ficando ainda mais furiosa.

Malditos.

Eu ia fazê-los pagar. Não importava quanto tempo levaria, mas eles não sairiam impunes.

Se eles queriam saber do que eu era capaz, pois tinham acabado de cutucar a fera.

Batidinhas na porta chamaram a minha atenção e balancei a cabeça antes de abri-la com cuidado rezando para que não fosse ele.

Soltei um suspiro aliviado ao ver Bertha parada do outro lado.

— Está melhor, querida? -Ela parecia realmente preocupada.

— Sim, obrigada Bertha, de verdade.

— Não precisa agradecer, agora sente-se para que possa limpar esses ferimentos. -Ela apontou para a poltrona e fiz o que pediu sem questionar.

Durante todo o tempo, não conseguia parar de admirá-la.

Ela era uma mulher muito bonita, cabelos castanhos, olhos verdes como duas esmeraldas e um corpo de dar inveja em qualquer garota.

Fazia sentido Viktor tê-la escolhido.

Bertha parecia uma modelo de roupa íntima.

— Caramba, esse punho realmente queria te machucar. -Me encolhi de dor quando ela passou um algodão com remédio em uma das feridas abertas.

— Posso te garantir que ele ficou bem pior. -Sorri orgulhosa.

Rage também apanhou bastante e só conseguiu me bater quando Andrew me segurou.

Covardes.

Conforme limpava meus machucados, seus lábios formavam uma linha fina e as sobrancelhas se uniam como se ela não me quisesse ali.

E não a culpava por isso.

Também não gostaria se meu namorado ou marido trouxesse uma garota para a minha casa do nada.

— Bertha eu... eu queria agradecer pela hospitalidade e me desculpar por invadir sua privacidade dessa maneira. -Sussurrei sentindo minhas bochechas queimando. — Prometo que antes mesmo do que imagina, vou estar bem longe. -Completei com seriedade, mas ao contrário do que imaginei, a mulher franziu o cenho.

— Alicia, eu não sei o que está pensando, mas posso te garantir que eu não estou chateada, na verdade eu...

— Muito bem Bertha, obrigado por cuidar da nossa convidada. -Uma voz rouca ecoou no quarto e fechei os olhos sentindo meu corpo inteiro tremer sem querer acreditar no que acabava de ouvir.

Viktor estava ali.

Eu poderia ter ficado quinze anos longe dele, mas reconheceria sua presença em qualquer lugar.

Bertha se levantou sem dizer nada e caminhou até a porta com uma confiança invejável.

Pelo reflexo do vidro na minha frente, pude ver como Viktor abraçou seu corpo esguio antes de beijar seu rosto e falar algo no seu ouvido, arrancando-lhe uma risadinha.

Eu não conseguia ver como ele estava com clareza, mas ao mesmo tempo não tinha coragem de me mover.

Estava completamente paralisada.

Durante um bom tempo eu desejei encontrá-lo, desejei que ele fosse até mim e me pedisse desculpas por todo o sofrimento que tinha me feito passar.

E agora que isso finalmente estava acontecendo, eu simplesmente fiquei parada como uma estátua.

E o pior de tudo, foi ter que presenciar essa cena tão carinhosa entre ele e a sua...

Não.

Eu não podia dar meu braço a torcer e deixar óbvio como estava afetada com a sua presença.

Ele não merecia isso.

Viktor Schultz não merecia uma gota de sentimentos vinda de mim, então me levantei com dificuldade por conta da dor que sentia no corpo inteiro, principalmente no meu braço esquerdo por ter sido quase quebrado ao ser dobrado para trás e caminhei a passos incertos até parar bem na sua frente.

E ao fazer isso precisei de muita força de vontade para não cair estatelada no chão.

Ele estava... lindo.

Caralho, Viktor parecia um maldito modelo.

O tempo só tinha valorizado ainda mais seus rasgos.

Apesar de estar vestindo um terno preto, era possível notar que seus músculos estavam tonificados e por Deus, não lembrava que ele era tão alto.

Fui subindo a vista dos seus pés cujos sapatos caros combinavam perfeitamente com a roupa cara, passando pelo seu corpo longo até parar no rosto e engoli em seco várias vezes, ficando zonza de repente ao dar de cara com uma pessoa tão diferente da que eu me lembrava.

A imagem que tinha de Viktor na minha memória era a de um adolescente, um garoto que estava entrando na puberdade.

E o que tinha ali na minha frente naquele momento, era um homem.

O rosto angulado coberto por uma barba aparada, o nariz meio torto que me deixava maluca quando era apenas uma garota iludida, os lábios carnudos e aqueles olhos azuis que mais pareciam duas pedras de gelo e me encaravam me fazendo tremer como se de verdade estivesse congelando sob o seu escrutínio.

Mas o que mais me chamou a atenção, foi uma cicatriz que começava alguns centímetros acima da sua sobrancelha esquerda e descia pela bochecha até se perder um pouco antes da boca.

Imediatamente me senti curiosa sobre ela e apertei meus dedos para evitar tocá-la.

Viktor respirava rapidamente com a mesma intensidade, provavelmente tão surpreendido quanto eu.

De uma maneira estranha, eu conseguia reconhecê-lo e ao mesmo tempo não.

Era estranho vê-lo depois de tanto tempo.

E doloroso, muito doloroso.

Ao lembrar disso, toda aquela raiva que sentia voltou com força fazendo meus batimentos acelerarem e o sangue correr desenfreado pelas minhas veias.

Todas as noites de insônia, ou que passei chorando de preocupação e medo de que algo pudesse ter acontecido, todos os dias dos primeiros cinco anos sem saber se ele continuava vivo ou não, tudo aquilo fez minha respiração pesar e minha vista nublar.

Bertha desapareceu como em um passe de mágica nos deixando sozinhos e por um instante desejei que ela continuasse ali, que me impedisse de fazer alguma besteira como bater nele ou beijá-lo.

Viktor franziu o cenho ao olhar para o meu rosto machucado e puxei uma longa respiração.

Eu não queria que ele me visse nesse estado e seria muito cinismo fingir que não me importava com o que ele pensaria de mim.

Porque sim, eu era iludida a esse ponto.

Por mais que tivesse sofrido por sua causa, ainda assim queria que ele me olhasse e sentisse a mesma atração que alguma vez eu tinha sentido por ele.

E quando Viktor levantou a mão devagar e segurou meu queixo movendo minha cabeça para os lados como se quisesse ver melhor os meus hematomas, fazendo minha pele se arrepiar, contive um gemido para que ele não pensasse que eu estava gostando daquilo.

Eu podia ver a fúria no seu olhar.

Era como um fogo crescente capaz de destruir tudo que ficasse no seu caminho e por um instante eu fiquei com medo.

Não por mim, mas por ele.

Estava mais do que na cara que esse não era Viktor que conhecia, um garoto amável, carinhoso e empático.

Esse não era o meu Viktor.

O homem que estava na minha frente, era alguém perigoso.

Alguém que eu tinha quase certeza de que poderia quebrar um pescoço em um estalar de dedos.

— Quem fez isso com você? -Sua voz agora estava baixa e sombria.

Eu nunca tinha visto ele assim tão... intenso.

Tentei me controlar e responder sua pergunta de maneira decente, no entanto como se tivesse vida própria, meu braço que não estava machucado se ergueu na altura do seu rosto e desferi um tapa certeiro na sua bochecha pegando a ambos de surpresa.

NOTA DO AUTOR
E aqui o segundo capítulo pra vcs surtarem um pouquinho 
hahahaha 
Não me batam por favor! 
Tenham um ótimo final de semana, 
Não se esqueçam de votar e comentar.

Amo vcs 🥰
Bjinhosssss BF 🖤🖤🖤

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