O som de um helicóptero, eu estava dentro dele. Estava sendo transportada para outro lugar, comecei a entrar em pânico mas nada se movia, nenhum músculo se quer me obedecia. O aperto no peito, para onde eu estava indo? Eu precisava me mexer, precisava falar, abrir os olhos mas não conseguia fazer nada disso.

- Hay, Mérida. Descanse, eu estou aqui. - era Lucca, ele estava aqui comigo me levando para mais perto. Eu quis chorar e me esconder nos seus braços como se eu fosse uma criança mas não podia, não agora. - Eles vão aplicar mais morfina em você, eu vou ficar do seu lado. Prometo.

[···]

- Desde quando está roubando carros Cosima? - Lilian estava em pé na minha frente com as mãos nos bolsos da calça rosa e um olhar amedrontador. Eu joguei os cachos para trás e desviei o olhar entortando a boca. - Me responda!  Você não precisa fazer isso!

- O que aconteceu? Eu vim assim que recebi a mensagem, está tudo bem? - Lucca entrou praticamente correndo em meu quarto, ele estava fazendo faculdade de arquitetura longe daqui. Ele me deixou. Eu passei duas noites na cadeia e a Lilian contou tudo para ele.

- Sua irmã está querendo chamar atenção, roubando carros. Fale com ela Lucca, eu não aguento mais. - Lilian tinha nos adotado quando eu completei dez anos, eu sabia que ela tinha amado o Lucca mas eu era apenas um fardo que ele carregava.

Ela saiu batendo a porta, estava realmente irritada, Lucca cruzou os braços e me encarou esperando uma resposta. Eu o olhei de soslaio e revirei os olhos esoerando o sermão.

- Não tem nada a dizer em sua defesa? - me joguei na cama sem querer lhe dar atenção. - Cosima, você tem tudo aqui. Porque está roubando carros?

- Quero ir embora, Lucca. Quero sumir para sempre! A mamãe nos abandonou, você me abandonou e com certeza a Lilian vai embora também é só uma questão de tempo. - ele arqueou as sobrancelhas e puxou a cadeira de ferro retorcido que eu tanto pedi para Lilian comprar, sentou sobre ela e apoiou os cotovelos nos joelhos um hábito que eu e ele tinhamos em comum.

- Eu não abandonei você, se é assim que se sente por eu estar na faculdade sinto muito. Eu nuca abandonei você Cosi, e nem vou, nunca. Eu sempre vou estar com você mas eu preciso te dar algo melhor. A Lilian te ama mas você não está cooperando. - entortei novamente a boca. - Para com isso...

- Eu não queria que você tivesse ido para a faculdade. Os garotos estão rindo de mim por causa do meu cabelo e as meninas me tracaram no banheiro. - resmunguei, era fácil quando ele estava lá comigo mas ai ele se foi e eu agora estou sozinha.

- Não foi bem isso que a Lilian me falou. - ele bagunçou meus cachos chamando minha atenção oara os seus olhos escuros.

- Eu enchi eles de porrada depois, não posso ficar parada enquanto eles tiram sarro da minha cara! - ele riu e se encostou na cadeira de um jeito relaxado.

- Foi por esse motivo que eu não te dei luvas de box! -

[···]

Bip_____ Bip_____ Bip_____Bip_____...

Meus sentidos começaram a voltar menos o tato, meu corpo ainda era um mistério para mim, o cheiro forte do hospital me atingiu e por alguns segundos eu consegui abrir os olhos.

Lucca estava sentado em umamcadeira de ferro com os cotovelos apoiados sobre os joelhos e a cabeça entre as mãos, eu queria dizer a ele que tudo ficaria bem mas eu não sabia se ficaria. As palpebras despencaram e eu não consegui mais abrir os olhos, ele deixou sua família para ficar aqui comigo, eu não queria isso. Não 1ueria dar trabalho a Lucca, não queria ser um peso pra ele mas era exatamente isso que eu estava sendo.

O que tinha acontecido com meu corpo? Será que eu perdi as pernas? Ou algum braço?  Será que eu perdi algum órgão ou a minha língua? Não sentir nada era apavorante, não saber da sua real condição,  aquilo estava me assustando.

Bip___Bip__Bip__Bip_Bip...

- Cosima! Hei! Trisha! Ela está convuncionado! Socorro! ! - varias vozes invadiram a sala e os pensamentos começaram a chacoalhar em minha cabeça, eu não sabia mais se respirava, estava tudo ficando confuso.