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Capítulo 22

Eu acabei dormindo na banheira e acordei no outro dia totalmente enrolada com diversos lençóis. Estava sozinha no quarto e imaginei que Rage estivesse na cozinha até a porta do banheiro se abrir e ele me encarar como se fosse me dar uma bronca.

- Banheiras não foram feitas para dormir, Cosima. Deveria saber disso. - ele cruzou os braços sobre o peito avantajado e tautado, mordi o lábio inferior para conter a risada.

- Eu acabei relaxando demais. - dei de ombros tentando me livras da pilha de lençóis.

- Quando eu cheguei em casa você estava tremendo dentro da banheira, a janela estava aberta e seus dedos e lábios azuis. Não vou mais te deixar sozinha. - rosnou autoritário, provavelmente o frio da noite deve ter entrado e esfriado a água enquanto eu dormia. Nem sabia que estava tão cansada.

- Eu estou bem, não se preocupe. - retirei tudo que estava sobre mim e me joguei novamente na cama os empurrando para longe.

- A fêmea laranja e Fire viram hoje aqui. Eu confio neles. - fêmea laranja? Ele estaria falando da Buck? Gargalhei. - Qual a graça?

- Ella é a fêmea laranja? - ele assentiu. - E porque não a chama pelo nome? 

- Porque desde que a vi a chamo assim. Vou preparar algo para você comer. - ele estava muito sério, será que aconteceu algo em Homeland e não quer me contar?

Antes que eu tivesse a chance de perguntar ele sumiu pela porta, me levantei da cama e corri para debaixo do chuveiro. Tomei um banho rápido e vesti uma blusa vermelha do Rage e uma cueca preta de flanela. Ao abrir a porta o cheiro do café fez meu estômago roncar alto, desci as escadas como um furacão e escalei o banco da ilha pronta para comer alguma coisa.

Rage pareceu não se importa muito com a minha presença, continuou me dando a bela visão das suas costas tensionadas e bem ornadas com as tatuagens avulsas. Eu simplesmente tenho um fetichi por costas largas e tatuadas. Cantarolei uma canção de ninar antiga que eu me lembrava, Lucca costumava cantar para mim.

- Você sempre gostou dessa música?  Me lembro de ouvir cantarolar no laboratório. - as vezes eu fazia isso inconscientemente para me acalmar. - Me deixava mais calmo.

- Eu sempre gostei... meu irmão costumava cantar para mim. Era de um filme eu acho. - dei de ombros batucando os dedos no tampo da ilha.

- Gosto quando canta. - eu apenas cantarolava, minha voz parecia um gato no cio o que era totalmente diferente do meu irmão. Lucca cantava muito bem, até tentou me ensinar mas eu quebrei o violão no chão ao notar que não aprenderia a ser uma garota "delicada".

- Gosto quando cozinha... estou com uma fome de leão. - resmunguei passando a mão em minha barriga que reclamava sem parar.

- Quer que eu grelhe carne para você? Posso pedir ao Gross para caçar na área. - oh céus, ele entendeu errado. Esbugalhei os olhos e neguei.

- Eu quis dizer que estava com muita fome, não precisa caçar para mim. Eu claramente não sou um leão. - gargalhei, ele deu de ombros e colocou alguns sanduíches e carne sobre a mesa.

- Coma. - não precisou mandar duas vezes, com a fome que eu estava poderia ter atacado sem sua ordem. Ele sentou ao meu lado e também ficou comeu enquanto me observava atentamente.

- O que foi? Eu odeio que fiquem me encarando. - resmunguei fom a boca cheia de carne.

- Você está comendo mais do que quando chegou. Fico feliz que esteja se recuperando. - ele forçou um sorriso de lado e voltou a comer.

- Você não parece feliz. - murmurei o olhando de soslaio, ele mastigou lentamente sua comida como se estivesse adiando isso o máximo possível.

- A fêmea laranja não vem com boas noticias. Eu espero que não tentem tirar você de mim, ou vou precisar machucar pessoas que eu não queria machucar. - aquilo fez minha espinha tremer, sua voz estava sombria. Rage era disposto a tudo para ter o que queria.

- A Ella não faria isso, não precisa se preocupar. - garanti, ela era casada com um espécie não tentaria me separar de Rage em momento algum. Ele pareceu não se importar com o que eu estava falando e terminou seu café em silêncio.

Não gostava quando ele ficava assim, Rage era muito comunicativo mesmo que na maioria dos vezes ficasse calado ele mantinha o olhar sobre mim ou demonstrava interesse, mas ficava quieto e centrado quando a droga era injetada. A mandíbula tensa mostrava isso, ele não iria relaxar e era possível que atacasse qualquer um que chegasse perto de mais. Só espero que a Ella saiba o que está fazendo.

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