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XVIII

Quando o avião pousou eram quase quatro da manhã na Irlanda. Pegamos nossas malas e fomos até a frente do aeroporto a procura de um táxi. Assim que conseguimos um, tivemos que dar uma desculpa esfarrapada para o motorista sobre o motivo de estarmos indo à Casa Belvedere àquela hora da madrugada.

Os Ninphs não podiam ter escolhido lugar pior para se fixarem. Eles sempre viveram no território da Irlanda, mas depois da construção do palácio rural de Belvedere eles resolveram se mudar para lá. Depois de algum tempo ele se tornou um local de visitação e festas, o que fazia com que os Ninphs passassem boa parte do tempo deles escondidos nas ruínas e no subsolo - onde o palácio deles se encontrava.

Aparentemente, a casa estaria fechada por alguns dias para "reformas" - a única desculpa que Lorell achou para manter humanos longe quando a luta acontecesse - o que daria aos Ninphs a oportunidade de ficarem ao ar livre por algum tempo. Eles odiavam ter que esconder suas peles e seus olhos coloridos, tendo que se disfarçarem como humanos por meio de magia, mas as vezes era a única maneira que eles encontravam de sair do subsolo e ver o mundo.

Depois de uma hora de carro e um motorista que insistia em puxar assunto, fazendo com que Ezekiel tivesse que ser simpático e responder a todas as suas falas, já que nem eu nem Nicolas eramos muito sociáveis - eu por não ter paciência e Nicolas por ser socialmente desajeitado -, chegamos até a Casa Belvedere.

Assim que o táxi já estava longe uma Ninph apareceu para nos receber. "Sejam bem vindos. Entrem logo, o sol já está nascendo. Não queremos que nenhum acidente aconteça, não é mesmo?"

"Somos Diurnos. Todos nós." Ezekiel se pronunciou

A Ninph parou por alguns segundos, nos olhando com alguma desconfiança, seus olhos roxos me encarando. "Diurnos? Então tomaram sangue nosso?"

"O sangue nos foi dado por sermos politicamente importantes. Não atacamos nenhum Ninph." falei num tom grosseiro e Ezekiel pareceu me repreender por isso

"Ah, claro..." ela pareceu recuar um pouco "Bem, vamos entrar mesmo assim. Alguns outros convidados já chegaram."

Seguimos ela para dentro da casa principal, longe do laboratório, mas minha vontade era atacar naquele momento e procurar por Molly. Tentei me acalmar, não podia estragar tudo pela minha ansiedade para encontrar Molly, e fui até uma sala de estar espaçosa da casa com os outros, vendo algumas pessoas lá.

Riley foi o primeiro a se levantar quando me viu, vindo em minha direção. Seus cabelos ruivos estavam presos num rabo de cavalo e seus olhos pareciam cansados, as olheiras embaixo deles mais escuras do que da última vez.

"Olivia, me desculpe, eu não consegui achar Molly-"

Levantei minha mão e balancei a cabeça, vendo-o ficar confuso. "Não se preocupe, Breen. Sei que se esforçou para isso, mas acho que devo dizer que seus esforços foram inúteis..."

"Como assim?" ele pareceu ficar confuso e desesperado ao mesmo tempo

Pus minha mão em seu ombro e lhe dei um sorriso cansado. "Ela está aqui, em algum lugar."

Seus olhos se iluminaram na mesma hora e pareceram se encher de lágrimas de alívio. "Tem certeza?"

"Absoluta. A informação veio de um dos Ninphs traidores. Ela está em algum lugar do laboratório."

"Então podemos trazê-la de volta, não é?"

"Esse é meu plano."

"Ei, chupa-sangue, por que demorou tanto?" a voz de Arin soou do canto do quarto e eu o encarei, vendo-o sorrir

"Bom vê-lo novamente, cachorro."

"Igualmente."

Olhei em volta, analisando o rosto de todos que estavam no recinto. Haviam algumas pessoas desconhecidas no cômodo, provavelmente as pessoas de confiança de cada um dos que se encontravam presentes. Os cinco vampiros do grupo de busca de Ezekiel já estavam ali, com mais cinco lobisomens e oito animorfos.

Subitamente, algo se agarrou em meu cabelo e me fez inclinar as costas para trás, tentando fugir da dor. Não demorou muito para que um Daemon aparecesse em cima de minha cabeça e segurasse meu rosto, me olhando de cabeça para baixo com aquele sorriso irritante.

"Olá bichinho, quanto tempo! Onde está sua humana?"

Reconheci ele como o Daemon que havia comparecido à reunião na França. Peguei-o pela camisa, o tirando de minha cabeça e o jogando no chão sem nenhuma delicadeza. Não importava a situação, eu odiava eles.

"Fique longe de mim ou eu não vou hesitar em lhe matar."

"Olivia, não sei se ameaçar nossos aliados de morte é uma boa ideia..." Ezekiel me repreendeu e eu apenas o olhei com raiva nos olhos

"É, vampira, tenha respeito! Somos uma raça nobre!" um Daemon que eu não reconhecia falou, entrando na sala juntamente com mais três outros Daemones

Revirei os olhos e cruzei os braços. "Se não me querem arrancando suas cabeças então se mantenham longe de mim."

"Peço perdão por ela. Minha esposa tem uma certa... Inimizade... Com os Daemones." a voz de Azriel soou atrás de mim e eu me virei, vendo-o na porta

Ele me olhou com um sorriso no rosto e eu senti meu estomago revirar. Ele entrou na sala com mais oito vampiros atrás dele. Entre os vampiros, estava Julie, uma vampira que me odiava, e eu pude sentir o olhar raivoso dela sobre mim. Ótimo, além de ter que lidar com tudo aquilo, ainda tinha Julie.

Julie era quase dois séculos mais nova que eu, e me odiava cegamente por eu ser a esposa de Azriel, já que, por algum motivo, ela havia se apaixonado por ele. Acho que um psicopata atraía o outro. Não acho que nos demos bem em nenhum momento de nossas vidas, mas não era como se eu ligasse para ela. Eu certamente não esperava vê-la ali, depois de tantos séculos, mas fazia sentido. Ela confiava em Azriel cegamente - não havia aliada melhor - mas eu teria que ignorá-la pelo bem da missão, levando em conta que da última vez que nos encontramos eu havia colocado uma espada atravessando sua garganta até a lâmina toda desaparecer e prendê-la ao chão.

Não tinhamos uma boa convivência, mas, se ela não pressionasse, eu nem perceberia que ela estava ali. Eu não ligava para muitas pessoas, mas Julie talvez fosse uma das que estivessem no topo da lista.

"Estão todos aqui?" Azriel perguntou, quebrando o silêncio da sala

"Não, falta Macy." falei

"Quem?"

"Ela era ajudante de Renée. Chamei-a para ajudar." assim que disse o nome de Renée pude ver que Azriel fechou a cara e me segurei para não falar nada idiota

"E como sabemos que ela não era uma traidora?" Julie se pronunciou para que todos ouvissemos

Assim que eu abri a boca para respondê-la, Macy entrou na casa, olhando para todas as pessoas meio envergonhada. Dei um sorriso e olhei para Julie de lado.

"Não duvide das pessoas que eu confio, garota."

Macy pediu perdão pelo atraso e eu afirmei que estava tudo bem e que ela não precisava se preocupar. Todos nós arranjamos lugares para nos acomodarmos na sala e nos olhamos por alguns segundos, analisando com quem nos lutariamos lado a lado naquele dia.

Era um grupo grande, mas talvez não grande o suficiente - trinta e sete pessoas contra o maior laboratório dos Ninphs do mundo. Era uma missão suicida, mas que não tínhamos escolha a não ser cumprir.

Após algum tempo em silêncio, a presença de Lorell inundou o local e todos na sala nos viramos para a porta, vendo a rainha olhar para todos nós. Seus cabelos presos em sua coroa de vinhas de prata e seu vestido azul escuro esvoaçante a deixavam ainda mais bela do que já era.

Todos se curvaram em respeito e Azriel foi o primeiro a ir até ela, se curvando em frente a Lorell mais uma vez. "Majestade."

"Azriel. É bom vê-lo novamente."

Azriel sorriu. "Igualmente. Me desculpe se estou sendo rude, mas você conseguiu a lista e as armas que precisamos?"

"Conseguimos sim!" Treyd apareceu por trás de Lorell com um saco gigante em mãos "Todas com o feitiço que permitem que elas machuquem os Ninphs! Foi fácil já que tenho uma amiga que trabalha no laboratório, ela as fez para mim."

Treyd tomou a liberdade de entrar na sala e jogar as lâminas no meio do cômodo. Haviam mais lâminas do que o necessário ali, mas não podiamos reclamar. Era melhor termos de sobra do que em falta. Peguei uma das lâminas, grunhindo levemente, lembrando que todos os meus treinamentos com armas tinham sido com uma espada. Lutar com algo de curto alcance não era minha especialidade.

"Os traidores estão no laboratório, na Sala 7. Todos eles estão trabalhando em algo aleatório que uma de minhas cientistas de confiança os fez trabalhar." Lorell falou, olhando para todos "São ao todo sessenta e cinco Ninphs."

"Quase o dobro de pessoas que temos..." Riley comentou

"Temos vantagem contra eles. Eles não sabem que vamos atacar e muito menos que temos armas." Azriel falou "Podemos vencer."

Naquelas horas eu entendia como Azriel tinha chegado a ser um líder. Não era apenas por ser o primeiro vampiro, mas por saber como se comportar como um líder. Sua postura, voz e palavras foram o suficiente para contagiar todos na sala a confiarem no plano, mesmo que estivessemos em menor número. Era assustador o poder de persuasão dele.

"Foi com ele que você aprendeu isso?" Nicolas perguntou e eu virei o rosto para encará-lo

"O que?"

"Ele lembra você quando está tentando motivar as pessoas em uma luta ou algo do tipo. Já vi você comandando. Você passa a mesma confiança quando quer e até seus corpos tomam as mesmas posturas..." ele me disse, dando de ombros "Deve ter absorvido isso dele."

Olhei para Azriel novamente, vendo-o falar com o grupo, falando algo motivacional para que lutassemos, e trinquei o maxilar. Odiava ser comparada a ele, mas talvez Nicolas estivesse certo. Ele quem me ensinou a liderar, fazia sentido eu espelhar suas ações algumas vezes.

"Olivia," a voz dele me chamou e eu acordei de meus devaneios "você vem comigo e com Ezekiel. Dos vampiros aqui nós somos os mais hábeis na luta. Vamos atacar primeiro, juntamente com o Lacamoire e o Breen."

"Sim, senhor." falei e olhei para Ezekiel de lado, vendo-o sério

"Os Daemones serão a segunda leva, passarão por nós e atacarão os Ninphs mais próximos antes que eles possam ter uma reação." Azriel continuou "Logo depois, os vampiros, animorfos e lobisomens devem atacar os restantes. Mirem nos olhos, extreminades e gargantas. Debilitem eles o máximo que puderem para que eles não possam lutar. Entenderam?"

Todos assentimos e Azriel se virou para Lorell. "Quando quiser, majestade."

"Vão. Vençam."

Azriel, Ezekiel, Riley, Arin e eu estavamos parados em frente a porta da Sala 7. Alguns barulhos de materiais sendo movidos e passos podiam ser ouvidos por trás da grossa porta.

Os Daemones estavam um pouco mais afastados de nós no corredor que levava até a sala, se preparando para atacar, inquietos. O resto do grupo estava misturado, prontos para atacar. Os lobisomens não puderam se transformar completamente, levando em conta que a lua cheia só apareceria daqui a alguns dias, mas seus caninos e garras estavam a mostra e eu podia ouvir eles rosnando de vez enquando. Os animorfos estavam a espera do ataque para se transformarem, mas Riley disse que haviam dois pumas, uma águia, um cachorro, um leopardo, dois gaviões e um urso no grupo - fora ele, que podia se transformar em uma raposa vermelha. E os vampiros estavam com suas presas a mostra, observando o local, esperando a hora de atacar.

Estavamos esperando um sinal de que poderiamos atacar, sabendo que uma das cientistas de Lorell estava lá dentro. Não podiamos nos arriscar a atacar a pessoa errada, então esperamos. Eu sentia meu corpo tenso, tentando achar algum sinal de que Molly estava ali. Não conseguia sentir sua presença ou seu cheiro, apenas Ninphs.

Senti uma presença estranha de repente, notando que os outros também sentiram. Me movi desconfortável, sentindo que algo estava errado, mas me mantive calada, esperando.

A porta então se abriu e todos nos movemos, prontos para atacar quem quer que fosse, mas Azriel nos barrou, seu rosto se tornando raivoso. Senti minha garganta secar e todo o meu corpo reclamar em frustração quando vi que Enoch estava de pé em frente a porta segurando uma das lâminas bem no pescoço de uma Ninph de pele turquesa. Não queria fazer conclusões precipitadas, mas tinha quase certeza de que aquela era a cientista que Lorell havia falado.

"Ora, muito bom ver vocês aqui. Pretendiam nos atacar de surpresa, não é? Bem, que pena que ouvimos todo o plano."

"O que você está fazendo aqui? E como soube do plano?" Azriel perguntou, sua voz baixa e ameaçadora

"Bem, digamos que os Ghouls conseguem espalhar a energia deles em milhões de partículas minúsculas ao ponto de estarem em um lugar e não serem vistos ou propriamente sentidos. Assim que essa Ninph aqui convocou todas essas pessoas para um projeto que surgiu do nada, houveram suspeitas e alguns Ghouls se ofereceram para espiar a rainha." Ele explicou, pressionando a lâmina ainda mais no pescoço da Ninph, fazendo com que um fio de sangue azul descesse por seu pescoço.

"Esperto. Esperto até demais para alguém como você." falei "Mas acho que você esqueceu que isso aqui é uma guerra, Enoch. Mate a Ninph, tenho certeza que Lorell irá entender a perda de mais um se a vitória for a consequência."

A Ninph olhou para mim, assustada, e eu percebi que seus olhos tinham cores diferentes - um era azul e, o outro, verde. Franzi o cenho por um segundo, nunca tendo visto um Ninph com heterocromia em todos aqueles anos de vida, mas logo voltei a encarar Enoch com raiva.

"Vamos, mate-a. Eu o desafio."

Enoch pareceu assustado com minha reação, provavelmente não acreditando que eu seria tão sangue frio, mas logo deu um sorriso e se preparou para cortar a garganta da Ninph. Um pouco antes dele mover a mão, lancei um olhar para Riley e me senti aliviada quando ele entendeu o que eu queria.

Num movimento rápido, Riley mudou seu corpo inteiro para a forma de uma raposa e mordeu o braço de Enoch segundos antes da lâmina cortar o pescoço da Ninph. Riley se soltou do braço de Enoch, voltando à sua forma humana e correndo para dentro da sala. Ele entrar sozinho não estava nos planos, mas podiamos fazer isso funcionar.

Puxei a Ninph de perto de Enoch e a joguei para longe, vendo-a me olhar assustada.

"CORRA! SAIA DAQUI!"

Ela demorou alguns segundos para entender o que eu disse mas logo estava correndo dali, em direção à saída. Me virei para Enoch, vendo-o vir até mim com a lâmina, e eu segurei seu braço.

"Você já está me enchendo o saco!" ele tentou usar a outra mão para me atacar mas consegui segurá-lo antes que pudesse fazer algo

Me preparei para jogá-lo para longe, quando alguém o tirou de perto de mim com força. Nicolas havia o segurado pela camisa e o puxado para trás, usando o cotovelo para derruba-lo no chão com força. Levantei as sobrancelhas para ele e Nicolas apenas sorriu e deu de ombros.

"Aprendi alguns truques com você..."

Enoch tentou se levantar novamente e eu empunhei a lâmina que eu havia pego com Treyd para me defender. Olhei para dentro da sala, vendo a luta acontecendo lá dentro, e olhei de volta para Nicolas.

"Vá ajudá-los, eu dou conta desse filho da mãe sozinha."

Nicolas pareceu hesitar mas logo obedeceu, entrando na sala e indo ajudar Ezekiel que aparentemente era melhor lutador do que eu esperava. Para um velho, ele se movia mais leve e rapidamente que eu, era difícil acompanhar seus movimentos. Se eu saísse viva dalí eu precisava pedir para que ele me ensinasse algumas coisas.

Enoch finalmente se levantou, as marcas da mordida de Riley já não existiam mais em seu braço e ele parecia ter forças o suficiente para lutar por uma semana. Ataquei primeiro, vendo-o bloquear meu ataque e tentar me cortar com a lâmina. Eu desviava de todos os seus ataques por pouco, alguma parte de minha mente se negando a ser ferida por aquela lâmina, levando em conta que eu não queria mais uma nova cicatriz. Ou morrer.

"Vamos, minha senhora! Lute!"

"Por que está fazendo isso?" gritei em meio a golpes, sentindo a lâmina cortar meu braço

Ele parou de atacar por alguns segundos para rir e balançou a cabeça. Seus olhos brilhavam como os de um louco.

"Regras, regras, regras... Eu não aguento mais elas. Não posso fazer o que quero por causa das malditas regras que protegem os humanos." ele disse, gesticulando exageradamente a cada palavra "Quando os Ghouls se levantarem, e vão se levantar, os humanos irão ser postos em seus lugares. Eles são aberrações que se proliferaram e tomaram esse mundo."

"Seu estúpido, você era humano!"

"E eu tenho nojo disso. Saber que este corpo costumava ter uma alma me enoja. Felizmente fui liberto dela e aqui estou."

"Você não tem a mínima consideração pelo seu passado? E sua família, Enoch? Eu não sei se você lembra, mas eles eram humanos."

"Eu ofereci a eles a imortalidade e a chance de se tornarem um ser puro mas eles se recusaram... Então eu matei todos."

Meus olhos se arregalaram por alguns segundos mas logo voltei ao normal. O que esperar de um ser como ele? Eu devia ter imaginado que ele seria capaz de algo como aquilo.

"Os humanos se acomodaram, mas está na hora de tomar de volta nosso lugar. Temos que nos manter escondidos porque humanos não podem saber de nossa existência... Chega disso." ele se preparou para atacar "E eu irei matar qualquer um que ficar em meu caminho."

Apenas um pensamento percorria minha mente naquela hora: 'Eu não posso vencer.'

Enoch era ótimo em combate corpo a corpo e era claro que ele sabia usar a lâmina curta melhor que eu. Por mais que eu conseguisse o atingir, as chances de eu ser ferida mortalmente eram grandes. Eu não podia morrer, não ali, não naquele momento, e definitivamente não nas mãos de Enoch.

Antes que eu ou ele pudessemos atacar, Arin foi jogado para fora da sala, parando próximo a Enoch. Nós dois olhamos para o lobisomem, que estava manchado de sangue, e um plano me veio a cabeça. Eu não podia enfrentá-lo, mas aquela lâmina não era a única coisa capaz de matar um vampiro.

"Lacamoire, que bom que veio. Precisava mesmo de uma ajudinha."

Ele se levantou desajeitado e desviou de um ataque de Enoch, pulando para longe antes que a faca cortasse seu peito. "Bem, aparentemente não me querem mais lá dentro, então pode dizer."

Enoch tentava atacar a nós dois, provavelmente sabendo que dois ao mesmo tempo seria mais difícil de combater, mas eu não planejava atacá-lo.

"Preciso que venha comigo, acho que está na hora de envolver Lorell na briga."

Enoch pareceu se desesperar um pouco mais, atacando ainda mais rápido. Olhei para Arin, tentando fazê-lo entender que aquele não era realmente o plano, e pelo brilho em seus olhos ele pareceu me entender. Ótimo.

Enoch tentou atacar Arin, tentando acertar a lâmina bem no peito dele, mas Arin conseguiu ser mais rápido e usar o braço de Enoch como fonte de impulso para pular por cima dele e parar bem ao meu lado.

"Consegue me acompanhar?" perguntei

"Apenas corra."

Felizmente Arin podia me acompanhar mesmo que eu corresse a 100 quilômetros por hora em meio a um labirinto de corredores. Enoch nos seguia, tentando impedir que saíssemos do laboratório. Talvez meu plano desse certo.

Paramos em uma sala escondida em meio aos corredores para que Arin pudesse recuperar o fôlego e Enoch pareceu não nos achar.

"Ok, qual é o verdadeiro plano?" Arin me perguntou, olhando rapidamente para fora da sala, vendo se Enoch estava perto

"Sol."

Ele pareceu entender rapidamente e sorriu. "Acha que ele vai ser estúpido o suficiente para cair nessa?"

"É o que vamos ver. No momento vamos apenas atraí-lo para perto da saída."

Ouvi o barulho de Enoch se aproximando e puxei Arin para que voltassemos a correr. Enoch nos alcançou rapidamente e logo já estavamos naquele jogo de perseguição novamente. Achei que o plano fosse funcionar quando vi a saída em frente a mim e me deixei me sentir confiante, mas Enoch pareceu perceber para onde estavamos indo e parou de correr, deslizando um pouco no chão liso e tendo que usar sua mão como apoio para evitar cair.

Arin continuou correndo na direção da saída e eu pus minha mão no chão, deslizando meus pés no concreto liso para dar meia volta e continuar correndo na mesma velocidade de antes, mas, agora, na direção de Enoch. Ele tentou correr para longe, mas sua reação foi atrasada, e eu o segurei pela gola da camisa. Senti o calor do sol bater em minhas costas quando Arin abriu as portas do laboratório e eu usei toda minha força para jogar Enoch para o lado de fora.

Ele quicou algumas vezes no chão, arrancando alguns pedaços de grama, começando a gritar em agonia. Ele tentou voltar para dentro do laboratório para se proteger o sol, mas o impedi, arrancando uma das portas e o atingindo com ela com toda força. Ele caiu no chão novamente, sua pele já cheia de bolhas enquanto ele queimava vivo.

Arin observava a cena calado enquanto eu começava a me aproximar de Enoch. Ele tentou se levantar mais uma vez e eu o chutei de volta para o chão, vendo-o se contorcer de dor.

"Acabou para você, Enoch. Apenas aceite a morte." falei e ele começou a rir, me fazendo franzir o cenho

"Você... Você deveria ter morrido naquela noite... Você só escapou porque eu mandei o Ghoul parar já que eu queria ver sua reação quando soubesse que sua querida humana havia sumido." ele se moveu um pouco, olhando para mim "Eu devia ter deixado ele te matar mas ver seu desespero e sua raiva foi uma das melhores coisas que eu já vi. E agora ela vai morrer e você não vai poder fazer na-"

Minha lâmina atravessou a garganta dele em um movimento rápido. Seus olhos se arregalaram com a dor adicional e eu o olhei sem expressão alguma no rosto.

"O único que vai morrer aqui é você. Já era hora."

Puxei a lâmina de volta, vendo-o sangrar enquanto seu corpo se tornava cinzas. Pude vê-lo me lançar um olhar raivoso antes de morrer. Agora tudo o que restava dele era uma pilha de roupas ensanguentadas e cinzas que eram levadas pelo vento.

Me levantei da grama e olhei para Arin que, por sua vez, me olhava assustado. Ele engoliu em seco, mudando o peso de um pé para o outro, e balançou a cabeça um pouco. "Vamos, os outros podem precisar de ajuda."

Assenti com a cabeça e voltamos a correr para dentro do laboratório, indo em direção a Sala 7. Assim que estavamos perto, o chão começou a tremer e nós paramos de correr. As luzes do laboratório começaram a piscar e reboco começou a se soltar das paredes e teto. Eu e Arin caímos no chão, não conseguindo manter nosso equilíbrio diante aos tremores.

"O QUE DIABOS ESTÁ ACONTECENDO?" Arin gritou enquanto protegia a cabeça de pedaços do teto que haviam começado a cair

Comecei a me arrastar em direção a Sala 7, quase sendo atingida por pedaços gigantes do teto enquanto fazia isso. Tentei me levantar algumas vezes, mas os tremores eram fortes demais para que eu conseguisse me manter de pé. Arin tentava me seguir, tendo que desviar de pedaços de concreto.

Um cano de água estourou bem ao meu lado, me atingindo no rosto, e eu fiquei cega por alguns segundos. Ouvi Arin gritar meu nome e algo pesado caiu bem ao meu lado. Quando abri os olhos novamente Arin estava encostado na parede ao meu lado, com as mãos estendidas. Ele havia empurrado a pedra para longe de mim.

"Não pense que vou te agradecer por isso, eu sobreviveria de qualquer jeito." falei, malcriada, e tentei engatinhar para ir mais rápido

"Eu devia ter deixado a pedra te partir em dois, sua ridícula."

"Pare de reclamar e vamos logo!"

Demorou um tempo mas conseguimos chegar até a porta da Sala 7. Todos ali estavam apoiados em algo, tentando se manter em pé e longe dos pedaços do teto - que caíam insistentemente - e dos líquidos coloridos dos balcões do laboratório, que quebravam em meio a todas as pedras caindo em cima deles. Olhei em volta, vendo Riley embaixo de uma pilha de escombros e materiais de laboratório, sua cabeça estava manchada de sangue e ele não parecia conseguir se mover.

Fui até ele, tirando os escombros de cima dele, e o vi se desesperar. Olhei para ele, confusa, e ele me olhou de volta com urgência. Assim que tirei a última pedra de cima dele ele se levantou e me segurou pelos ombros.

"Eles estão usando os humanos como sacrifício! As almas humanas, os vestígios dos primeiros Ghouls a se tornarem mortais... Eles estão quebrando o feitiço e usando as almas para reviver o líder deles! Eles vão trazer Khoz de volta!"

Arregalei os olhos, sentindo meu corpo inteiro tensionar. Molly. Molly era um dos humanos. A alma de Molly estava sendo usada naquele momento. Molly estava ali.

E Molly estava morrendo.

Minhas presas se alongaram e eu senti raiva. Meu corpo fervia em fúria, o que fez até Riley recuar um pouco.

"Vamos achar onde eles estão escondendo os humanos e parar isso."

Riley concordou sem hesitar e se transformou em uma raposa novamente. Corri o máximo que podia, o tremor ainda me impedindo de me manter em pé por muito tempo, mas a raiva me fazia levantar e continuar a correr. Riley pareceu achar alguma coisa depois de alguns segundos correndo pelos corredores e começou a passar suas garras no chão, como se quisesse cavar um buraco em meio ao corredor, arranhando o concreto liso.

"Se afaste." falei e vi ele me olhar curioso antes de pular para longe

Naquele momento não havia força alguma no mundo que fosse me parar. Todos os meus instintos estavam mais aguçados que nunca, e só foi preciso um soco para que meu punho atravessasse o chão. Puxei minha mão de volta, vendo que uma luz arroxeada brilhava de lá e comecei a quebrar o concreto até fazer um buraco grande o suficiente para que eu e Riley passassemos. Meu punho estava melado de sangue, mas eu não sentia dor.

Assim que o buraco estava grande o suficiente, pulamos dentro dele, nos encontrando numa sala escura, aonde as únicas luzes vinham de fios ligados a humanos e corriam até o centro da sala, indo até o subsolo.

"Corte os fios. RÁPIDO!" gritei, vendo Riley voltar a sua forma humana e começar a puxar fios aleatórios

Comecei a fazer o mesmo, enquanto procurava Molly em meio a todas aquelas pessoas. Subitamente, algo atingiu meu braço e uma dor aguda atravessou meu corpo. Olhei para trás, vendo um Ninph segurar a lâmina que estava atravessando meu ombro.

Arranquei a lâmina do meu ombro e o ataquei, rasgando sua garganta com minhas presas. Quando estava prestes a atacar novamente, o tremor parou e tudo ficou em silêncio. Quis acreditar que aquilo era uma boa coisa, mas minha esperança se foi quando o Ninph embaixo de mim começou a rir.

"Os fios que vocês soltaram não importaram, foi o suficiente. O feitiço foi quebrado e Khoz está de volta!" ele continuou rindo e eu peguei a lâmina, ainda manchada com meu sangue, e a enfiei em um de seus olhos, fazendo-o gritar

Me levantei e corri até Riley, vendo que ele carregava um corpo em seus braços. Tudo pareceu ficar em câmera lenta na hora que vi que o corpo que ele carregava era o de Molly.

Seus cabelos escuros estavam quase sem cor e sua pele parecia pálida. Seu corpo estava magro ao ponto de eu ver os ossos de seus ombros e de suas bochechas. Mas ela não estava morta, não... Eu podia ouvir as batidas do coração dela - lentas, quase parando.

Lágrimas correram pelo meu rosto e eu finalmente senti dor, cansaço e desespero. Ela estava tão perto de morrer... Se eu tivesse demorado mais um segundo talvez ela não estivesse viva. Caí no chão de joelhos e vi Riley tentar se aproximar mas eu gritei para que ele não o fizesse.

"Tire ela daqui. Leve ela até Lorell. Mande-a salvar Molly a todo custo."

"Olivia-"

"AGORA! SAIA DAQUI E SALVE ELA, ELA É A ÚNICA COISA QUE IMPORTA AQUI, ENTENDEU?"

Riley me olhou por mais alguns segundos antes de assentir, ainda hesitante, e correr até o buraco. Me aproximei deles com dificuldade, sem conseguir olhar para Molly por mais um segundo sequer, e fiz um apoio com minhas mãos para impulsioná-los para cima. Assim que ele sumiu de vista eu me deitei no chão, cansada e soluçando pelo choro.

O plano havia falhado, mas Molly estava viva. Aquilo era tudo que importava. Passei alguns minutos deitada na claridade que o buraco no teto produzia e senti como se fosse morrer. Meu corpo havia se esgotado, eu estava com pouco sangue no corpo e mais saía a cada segundo graças à ferida que o Ninph havia me causado.

Talvez aquilo fosse tudo para mim. Eu já havia salvado Molly, talvez fosse o suficiente. Ri desgostosa com ideia de que seria assim que eu morreria. Uma morte realmente ridícula. Fechei os olhos e esperei, meu corpo se recusando a se mover mais um centímetro.

Pude sentir minha mente se esvaindo aos poucos e deixei que aquilo acontecesse. Eu estava cansada, eu talvez merecesse aquele descanço. Mas, antes que eu pudesse morrer, vi alguém pular no buraco e pousar bem ao meu lado, pegando meu corpo mole do chão.

"Não... Você não vai morrer agora, Olivia..." a voz de Azriel parecia distante

A última coisa que vi foi a luz vinda do buraco ficando mais perto e mais clara, antes de tudo ficar escuro e o mundo a minha volta desaparecer.

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NOTAS DA AUTORA:

AAAAAAcabou jdjejdjeie!!! Bem, não acabou realmente, ainda temos dois livros pela frente, mas esse é o fim de "Vampiros".

O próximo livro deve sair até Setembro de 2018 - talvez um pouco antes, dependendo da minha produtividade, levando em conta que esse primeiro livro demorou 8 meses para ser escrito - e se chamará "Ninphs". Ele já estava em produção desde que eu comecei a postar esse primeiro livro, então não vai demorar TANTO para terminar. Assim que eu terminar eu irei postar um capítulo novo nesse livro como forma de aviso para que vocês saibam quando o livro sair.

Enquanto isso, vocês podem ir ler meu outro livro, Medium, que não foi tão elaborado quanto essa trilogia mas eu me orgulho de tê-lo escrito então acho que vale a pena vocês darem uma olhada. 😉

Mas enfim, obrigada a todos que leram e me apoiaram a escrever esse livro, vejo vocês no próximo!

Blue. 💙

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