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Depois de algumas horas conversando com Molly dentro do quarto pedi a ela que me prometesse ficar lá esperando por mim enquanto eu ia me encontrar com Azriel novamente. Por precaução, tranquei a porta e chamei um dos vampiros que estava andando pelos corredores do castelo, ordenando para que ele ficasse de olho nas portas e que se algo acontecesse com Molly ele iria queimar vivo.

Com a segurança de Molly garantida no máximo que eu podia eu comecei a caminhar até a sala do trono, a encontrando vazia. As velas dos candelabros estavam completamente apagadas e o cômodo estava em completo silêncio.

Respirei fundo e comecei a caminhar até os degraus que levavam até andares mais baixos do castelo e caminhei até a sala de treinamento. Não havia uma tocha sequer acesa ali e, se não fosse pela minha visão aguçada, eu não conseguiria andar no breu dos corredores do castelo. Como pensei, ele estava lá. Pude ouvir de longe o barulho de socos nas paredes de pedra e entrei no cômodo sem cerimônia, sentindo todo meu corpo entrar em alerta com a presença dele.

Ele também pareceu sentir minha presença e parou o que fazia para me olhar com curiosidade.

"Temos assuntos pendentes a terminar, creio eu." falei simplesmente com a voz monótona "O quanto antes resolvermos isso, melhor. Tenho afazeres na colônia e não confio em deixar Nicolas sozinho por tanto tempo com toda aquela responsabilidade."

Ele se manteve em silêncio, me encarando de um jeito que fazia minha barriga se embrulhar. Eu podia ver o esforço que ele fazia para me olhar com ternura, tentando entender um sentimento que ele nunca poderia sentir mas insistia em dizer que podia.

"Jante comigo." sua voz soou calma e, por um momento, não parecia ele

Ou melhor: parecia ele quando o conheci, antes de saber o monstro que ele era.

"Desculpe, o que?"

Ele se aproximou com um sorriso nos lábios e eu senti que iria vomitar. "Jante comigo esta noite. Já fazem décadas que não tenho a chance de jantar com você."

"Eu fiquei de levar Molly para jantar esta noite, sinto muito."

Ao dizer isso eu pude ver suas feições mudarem levemente, irritado, e engoli em seco. Ele não gostava de ser segunda opção, principalmente quando era minha segunda opção - nesse caso, a última.

"A criança humana... Você realmente se apegou a ela, não é mesmo?" sua voz era soturna e parecia que ele iria explodir caso eu dissesse uma palavra errada

"Eu a criei. Foram quinze anos cuidando dela e vendo-a crescer."

"E você a ama?"

Franzi o cenho e pude sentir que aquela pergunta tinha algum motivo. Ele parecia querer provar algo com aquilo mas eu não sabia o que. Decidi jogar seus jogos e ver onde ele queria chegar.

"Amo. Ela é minha família."

Ele deu um leve sorriso mas eu podia ver uma chama em seus olhos que parecia que iria me queimar viva.

"Então finalmente sabe como eu me sinto..." não consegui me mexer quando uma de suas mãos segurou um lado do meu rosto, enquanto eu olhava para ele em total confusão "Eu a criei. Tornei você no que você é hoje. E não há nada nesse universo que eu ame mais do que você."

Eu não conseguia me mexer. Meu corpo parecia não saber como reagir naquele momento. Ele me olhava como se eu fosse seu bem mais precioso. Como se seu mundo girasse em torno de mim.

Só depois de alguns segundos foi que meu corpo resolveu reagir e eu me afastei, sentindo minha visão ficar turva e todos os meus instintos entrarem em alerta, como se houvesse um perigo gigantesco no cômodo.

Azriel olhava para mim confuso enquanto eu dava alguns passos para trás e me mantia em posição defensiva. Tudo em mim gritava naquele momento, como se eu estivesse sobre ataque. Como se eu fosse um animal encurralado e algo estivesse prestes a me fazer algum mal. Minhas presas haviam se alongado sem que eu percebesse e eu sabia que qualquer golpe que eu desse enquanto estivesse naquele estado seria forte o suficiente para quebrar aquelas paredes de pedra grossas com toda facilidade.

Tudo isso por conta do medo.

Eu já havia aguentado séculos daquela obsessão. Séculos de palavras bonitas que pareciam ter algum significado. E sempre que eu as ouvia eu me sentia encurralada, como se aquele fosse o pior golpe que ele pudesse desferir contra mim. Dor física não era nada comparada com a dor que eu sentia ao lembrar o fardo de "amar" Azriel, e aquelas palavras eram o suficiente para puxar um gatilho dentro de mim que desencadeava uma reação extrema para que ele não chegasse perto de mim novamente.

Aquilo era o produto do medo de que ele tentasse me ter uma vez mais. Aquilo era meu corpo dizendo que ele não me teria nunca mais.

Ele pareceu fechar o rosto assim que notou minha situação e deu alguns passos para trás, fazendo meu corpo relaxar minimamente. Ele havia percebido meu estado. Ele sabia que se afastando eu relaxaria. Mas aquilo não queria dizer que ele estava satisfeito com a situação.

"Às nove horas na sala de jantar. Você sabe onde fica. Traga a humana." ele disse, monótono, e se virou para a parede, continuando a socá-la com mais força agora enquanto eu saía de lá correndo

Eu havia parado de correr quando eu já estava perto do meu quarto. Precisava me recompor para não deixar Molly preocupada. Longe de Azriel era mais fácil recuperar a calma, e, depois de me manter respirando fundo por alguns minutos - só pela sensação calmante que o ar entrando em meus pulmões trazia - enquanto deixava que a parede do corredor fizesse o trabalho de segurar meu peso, eu senti a adrenalina baixar.

Assim que me senti confiante o suficiente para entrar no quarto e ver Molly, uma presença me parou. Eu não me movi, sabendo muito bem quem estava atrás de mim, apesar de tantos anos sem vê-lo a presença forte dele era inesquecível.

Virei o rosto e encarei Adam por cima do ombro, inexpressiva. Pude vê-lo ficar de joelhos e baixar a cabeça atrás de mim e senti um arrepio percorrer meu corpo.

"Minha senhora..."

Lentamente me virei em sua direção, mantendo meu rosto o mais neutro possível e Adam levantou o rosto, me encarando com seus olhos arregalados, suas íris cinzentas, quase brancas, me deixavam desconfortáveis.

Adam era tão velho quanto Azriel, um dos primeiros vampiros criados. Porém também era o primeiro humano. Lembrava-me bem de quando o conheci pela primeira vez, o susto por sua aparência e o medo de sua história ainda me faziam ficar surpresa.

Ele havia sido o primeiro humano - o primeiro vampiro a se fundir com um Ghoul. Ele foi o começo da maior raça do mundo, mas se arrependeu de sua escolha. Ele percebeu que não queria morrer, que abandonar sua imortalidade não era o que ele queria. E, despois de décadas, havia corrido para Azriel para que o transformasse de volta. Mas houveram consequências em sua escolha. Seu corpo havia envelhecido estranhamente, dado o fato de que ele não havia sido feito para ser levado pelo tempo, e ele tinha algumas deformidades em seu rosto e braços. Sua mente havia se tornado confusa e era comum vê-lo perdido em pensamentos, num estado vegetativo do qual ninguém conseguia tirá-lo.

Ele se tornou louco após voltar a ser vampiro, e não mais era considerado Puro, mas Azriel o mantinha por perto para garantir que Adam não causasse problemas. E Adam se mantinha perto de Azriel de uma maneira doentia. Ele via Azriel como o líder perfeito, talvez até como um deus, e todo esse respeito se estendia até mim. O fato de Azriel ter me escolhido parecia me tornar mais do que eu era para Adam.

Ao perceber que eu não iria falar nada, Adam se levantou me dando um sorriso insano, duas presas uniformes aparecendo.

"Soube que trouxe uma humana com você... Ela tem meu sangue? É minha descendente?"

Pisquei algumas vezes e engoli em seco.

"Não sei, Adam. Creio que não tenho como saber."

Por alguns segundos ele pareceu confuso mas seu sorriso louco logo voltou ao seu rosto.

"Me dê um pouco do sangue dela! Eu poderia-"

"Não." eu o interrompi, o encarando com raiva em meus olhos

Ele arregalou os olhos e pareceu entrar em pânico, se ajoelhando novamente e baixando seu rosto para o chão.

"Me perdoe, minha senhora, me perdoe! Eu não quis a irritar! Me perdoe!"

Eu dei um passo para trás e observei a cena com certa pena. Eu sabia que sua transformação sozinha não podia tê-lo deixado daquele jeito. Não fazia sentido. Eu sabia que Azriel havia feito algo para deixá-lo assim. Algo para que ele ficasse submisso.

Fechei os olhos com força e meu corpo ferveu em raiva mais uma vez naquele dia. Adam era apenas mais uma vítima de Azriel, forçado a ficar preso a ele. Abri meus olhos e me abaixei, tocando no ombro de Adam, fazendo ele me olhar assustado mais uma vez.

"Está tudo bem." falei com a voz o mais calma possível, tentando ignorar o fato de que Adam ainda me assustava "Você não me irritou. Mas não irei tirar o sangue de ninguém."

Ele não falou nada, apenas me encarou enquanto seu corpo tremia um pouco e assentiu com rapidez.

Me levantei e o olhei uma última vez, vendo ele encarar o chão com um olhar vago enquanto seu corpo tremia e pude vê-lo começar a murmurar sobre épocas mais antigas que eu. Senti um arrepio percorrer minha espinha, me imaginando em seu lugar caso Azriel se cansasse de mim.

Eu havia sido convincente o suficiente para Molly não perceber meu estado. Ou talvez ela esperasse que eu estivesse emocionalmente instável estando ali e resolveu que perguntar seria inútil.

Passei a tarde com ela, dentro do quarto, e conversamos sobre as mais variadas coisas. Felizmente, meu passado não estava sendo uma delas. Molly parecia ter entendido o quão sensível eu ficava com aquele assunto.

Assim que vi que estava perto de dar nove da noite eu comecei a ficar ansiosa e minha fala e ações se tornaram exageradas e falsas. Não demorou para que Molly percebesse meu estado e pareceu tomar coragem para perguntar o que estava acontecendo.

Eu a olhei com receio e me sentei no chão, derrotada. "Azriel me convidou para jantar com ele. Ele a quer lá também."

Ela engoliu em seco e piscou algumas vezes antes de levantar do chão e ir até nossas malas. "Que droga, eu estou sem vestidos para usar..."

Franzi o cenho e a encarei, confusa, sem entender sua reação. "Você ouviu o que eu disse?"

"Ouvi, mas o que eu vou fazer? Dizer que não vou e ser morta por ser uma humana insolente?" ela falou, tirando as roupas mais arrumadas que ela pôde achar dentro da mala e já vasculhando a minha por algo "Um jantar não vai fazer mal a ninguém."

Dei uma risada sem humor algum e levantei as sobrancelhas enquanto mantinha um sorriso sarcástico em meus lábios. "Você realmente não sabe o que está falando..."

Ela respirou fundo, achando um vestido que ela mesma havia enfiado em minha mala sem que eu deixasse e me mostrando ele como se quisesse que eu o usasse. Cerrei os olhos e balancei a cabeça, levantando e tirando o vestido de suas mãos, jogando num dos cantos do quarto e pegando as roupas mais folgadas que pude achar.

"Olly, você não acha que devia se arrumar?"

"O dia em que eu me arrumar para Azriel será o mesmo dia em que eu irei me jogar numa fogueira e queimar até a morte."

Molly revirou os olhos. "Você sempre foi dramática assim?"

"Minha vida de desgosto e solidão me permitiram aperfeiçoar esse traço meu."

"Olly-"

"Eu estou bem." menti "Mas, não. Eu não vou me arrumar para esse jantar. Se for de seu agrado, se arrume, mas nessa noite ele não terá a honra de me ver em meu melhor."

Ela pareceu querer me contestar mas desistiu logo em seguida, indo até um dos cantos do quarto para se trocar enquanto eu fazia o mesmo no outro canto.

Molly estava arrumada como se fosse para o evento mais importante de sua vida, enquanto eu parecia estar indo me deitar em meu sofá e assistir uma maratona de filmes por dois dias seguidos sem dormir ou comer. Ela me olhou, fazendo uma careta, mas sabia que não adiantava argumentar.

Olhei para o relógio vendo que faltavam cinco minutos para as nove e engoli em seco antes de abrir a porta do quarto e dar de cara com um dos servos de Azriel pronto para bater na porta.

O rapaz me olhou assustado por alguns segundos mas logo se recompôs e se curvou, me fazendo revirar os olhos.

"Minha senhora, peço perdão por incomodá-la, mas Azriel pediu que eu viesse aqui para lembrá-la do jantar."

"Tudo bem, já estava a caminho."

Ele assentiu e se ofereceu para nos guiar até a sala de jantar, mas eu recusei. Sabia muito bem o caminho e precisava falar a sós com Molly para que ela não fizesse nada que pudesse colocá-la em risco.

Assim que o vampiro se retirou, comecei a caminhar pelos corredores de pedra com Molly ao meu lado. Ela parecia desconfortável e eu não a culpava, aqueles corredores pareciam o cenário de um pesadelo; Pedras negras e assimétricas formavam suas paredes e chão, que eram iluminados precariamente por tochas. Mas nem o fogo das tochas eram o suficiente para aquecer o corredor gelado.

Olhei para Molly e segurei em seu ombro. "Eu preciso que você me prometa que só irá falar quando alguém permitir que fale. E que, além disso, irá medir suas palavras. Eu sei que é irritante, mas sua vida está em risco aqui."

"Mas e se ele tentar algo contra você novamente?"

"Então você vai me prometer não se meter. Eu agradeço sua preocupação, Molly, mas aqui é talvez o lugar mais perigoso que você já esteve na vida. Sua vida vale mais que a minha nesse momento."

"Não diga isso-"

"Você é a prioridade." a interrompi "Eu posso me cuidar quando o assunto é Azriel e seus bichinhos."

"Bichinhos?"

"Servos. Os vampiros que vivem aqui e devotam suas existências a Azriel e o acompanham para onde quer que ele for." expliquei "Mas Molly, por favor, me prometa."

Ela ficou em silêncio por alguns segundos antes de soltar um "tudo bem" fraco.

Em pouco tempo, chegamos até a sala de jantar e as grandes portas de madeira negra estavam abertas, revelando uma mesa cheia de comidas humanas. Franzi o cenho com aquilo mas não falei nada.

A sala de jantar era um grande cômodo decorado em vermelho e dourado, com candelabros cheios de velas acesas no teto, iluminando toda a sala. Uma única grande mesa com 24 lugares ocupava a maior parte do salão. Azriel estava sentado na maior cadeira que ficava na ponta da mesa, longe da porta, e me olhava com intensidade enquanto eu entrava. Mesmo de longe seus olhos escuros ainda me pareciam ameaçadores.

Só então parei para notar que haviam mais pessoas naquela sala além de mim, Molly e Azriel. Adam estava ali à mesa, olhando para Molly com curiosidade, e em frente a ele estava sentado Enoch. Não esperava vê-lo ali, e sua presença me deixou em alerta no mesmo momento que o vi.

Azriel se levantou de sua cadeira e veio até nós para nos receber e eu contive minha vontade de dar meia volta quando ele se aproximou me observando da cabeça aos pés. Ele pegou minha mão e a beijou, me olhando nos olhos enquanto eu mantinha uma expressão neutra. Tive de me segurar para não dar um passo para trás quando ele se inclinou para sussurrar algo em meu ouvido.

"Você devia estar mais apresentável..."

"Considerando que Enoch está aqui estou apresentável o suficiente para entrar neste ninho de cobras."

Ele me encarou por alguns segundos com uma expressão dura e eu sabia que em qualquer outra situação ele teria me batido, mas ali ele tinha que se conter, o que me permitia deixar aquelas palavras duras escaparem. Encarei ele com a mesma intensidade, deixando claro que ele não me intimidava e pude sentir ele tentar me controlar novamente, mas meus membros não responderam ao poder dele. Inclinei a cabeça levemente e pude ouvi-lo conter um rosnado no fundo de sua garganta.

Azriel então deixou de olhar para mim para observar Molly, sorrindo abertamente, me fazendo estranhar a situação. Ele se aproximou de Molly se curvando levemente e pedindo pela mão dela, enquanto ela arregalava os olhos e me encarava me perguntando silenciosamente o que fazer. Movi a cabeça pedindo que ela entrasse no jogo dele enquanto eu mesma arregalava meus olhos. Ele beijou a mão de Molly e se levantou sorrindo para ela.

"Creio que tenhamos nos desentendido mais cedo, peço que me perdoe. Seja bem vinda, criança."

Eu encarava a cena com as sobrancelhas arqueadas e completamente confusa. Azriel não pedia perdão por nada que havia feito, e eu sabia que havia algo errado ali. Ele estava tramando alguma coisa, eu só não sabia o que era. Olhei para Enoch novamente, vendo-o olhar para a cena que ocorria perto de mim com um sorriso cúmplice nos lábios e meus músculos tensionaram. Algo iria acontecer e eu não iria gostar daquilo.

Molly se manteve em silêncio por alguns segundos, tão surpresa com a cena quanto eu, mas conseguiu se recompôr rapidamente, lançando um sorriso gentil para Azriel que ele não merecia. "Tudo bem, uh... Peço desculpas por ter sido tão, ahn, insolente..."

Azriel soltou sua mão e assentiu como se aceitasse suas desculpas e logo voltou a olhar para mim. "Bem, podemos nos sentar?"

Puxei Molly para perto e caminhei para o lado que Adam estava sentado, sendo impedida por Azriel. Seus olhos pareceram ficar mais escuros que o normal ao olhar para mim e para Molly, e ele deu mais um de seus sorrisos falsos antes de falar. "Esposa minha, sei que gostaria que a criança sentasse ao seu lado mas deixarei que ela sente ao meu lado por hoje. O lugar dela é ao lado de Enoch."

Meu corpo pareceu se tornar pedra no mesmo momento. Pude sentir o desespero percorrer meu corpo e eu pisquei algumas vezes, me acalmando, antes de falar algo.

"Sentarei do lado de Enoch então. Molly pode sentar ao lado de Adam."

"Não." sua voz soou dura e autoritária e eu sabia que não teria escolha "Já está decidido."

Eu olhei para Enoch com nojo antes de me virar para Molly e assentir relutantemente para que ela fosse para o lado de Enoch. Era perigoso e eu teria que ficar alerta até que aquele jantar acabasse. Me sentei ao lado direito de Azriel, com Adam ao meu lado esquerdo, que murmurava algo para si mesmo. Observei com raiva Molly se sentar desconfortavelmente entre Azriel e Enoch e quase quebrei o braço da minha cadeira com a força que estava fazendo nele.

"Como Molly está conosco hoje, fiz questão de preparar um banquete para você, criança." Azriel falou, apontando para a grande mesa cheia de comidas "Fique a vontade de comer o que quiser. É tudo para você."

Molly engoliu em seco antes de sorrir e murmurar um obrigada. Azriel então olhou para mim e pôs seus cotovelos na mesa, entrelaçando os dedos e apoiando o queixo em suas mãos. "Então, Olivia... Creio que temos assuntos pendentes."

Dei uma olhada para Molly vendo-a comer algo lentamente e com pouca vontade antes de voltar meu olhar para Azriel e o responder.

"Sim, o assunto dos Ghouls-"

Minha fala foi impedida pela risada alta de Enoch, me fazendo o olhar com raiva. "Depois de todos esses anos você ainda continua uma piada."

Antes que eu pudesse respondê-lo, vi seu corpo se deitar violentamente na mesa, batendo sua cabeça com força no prato de arroz que estava a sua frente e seus braços se fixarem dos lados de seu corpo. Olhei para Azriel, vendo-o olhar para Enoch com uma raiva contida enquanto o mantinha encostado a mesa.

"Tenha respeito, Enoch." ele falou num tom soturno "Lembre-se onde está e com quem está falando."

Azriel retirou seu olhar de Enoch e o mesmo voltou ao normal, se endireitando rapidamente, a raiva por ter sido humilhado daquele jeito era latente em seu rosto. Adam parecia assustado ao meu lado e Molly se mantinha comendo, mas eu podia ouvir seu coração bater mais rápido que o normal.

"Bem, vamos dizer que possam ser Ghouls..." Azriel disse, sem muita confiança em suas palavras "Eles não são uma ameaça sem o rei deles."

"Mas as baixas em todas as raças podem ser consideradas como ameaças. Creio que não é bom para você ter tantas baixas no mundo todo." disse, o olhando desafiadora, encurralando ele em minha lógica "Levantes já aconteceram antes, não creio que mais um iria demorar para acontecer se os seus súditos soubessem que o grande Azriel não está fazendo nada contra a ameaça que vem matando seu povo."

Ele sorriu sem humor para mim, entendendo meu jogo. Ele não podia deixar que um levante contra seu governo acontecesse, tinha que ser o líder que todos admiravam e ao mesmo tempo temiam. Ele sabia que eu estava certa e eu podia ver o quanto ele odiava aquilo, mas apenas peguei uma uva de um cacho que estava em frente a mim, colocando-a na boca e comendo despreocupada. "Apenas uma opinião."

"Odeio como você faz isso."

"Você me botou na liderança de uma colônia por algum motivo, creio que minha persuasão e lógica tenham sido alguns deles."

Ele balançou a cabeça e se encostou na cadeira novamente. "Irei analisar o caso. Tenho que entrar em contato com Lorell, ver as opiniões dela sobre o assunto..."

"Creio que as opiniões dela estão na carta que eu lhe entreguei mais cedo."

"Ah, sim... A carta. Irei lê-la depois do jantar." ele então olhou para o relógio em uma das paredes e sua expressão pareceu mudar para uma felicidade macabra "Falando nele, acho que está na hora de jantarmos."

Franzi o cenho e o encarei, tentando entender o que ele iria fazer, mas nada que eu pensasse me prepararia para aquilo. Azriel estralou os dedos e dois vampiros entraram no salão com três humanos completamente machucados e amarrados que se debatiam para fugir. Molly e eu arregalamos os olhos e eu olhei para Azriel, vendo-o olhar para a cena com um sorriso doentio no rosto.

"Azriel-" tentei falar algo, mas ele levantou a mão, mandando eu calar a boca

"O que achou que iriamos jantar, Olivia?" ele questionou e eu quis bater minha cabeça na parede por ser tão burra

Molly olhava para as pessoas amarradas em pânico e eu sabia que ela estava lembrando da noite em que sua mãe morreu. Eu senti a raiva consumir meu corpo no mesmo instante. Agora eu entendia o plano de Azriel. Mais uma vez ele queria afastar alguém de mim. E eu nunca havia o odiado tanto como naquela hora.

Me levantei da cadeira com raiva, fazendo todos me encararem, e olhei para os vampiros que trouxeram os humanos com autoridade.

"Tirem eles daqui. Agora."

"Olivia, sente-se-"

"Obedeçam." minha voz saiu baixa e autoritária e os vampiros olharam de mim para Azriel, sem saber a quem obedecer

Azriel moveu a mão, dando permissão aos vampiros para que tirassem os humanos dali, e logo eles se retiraram. Pude ouvir as batidas do coração de Molly em um ritmo tão acelerado que chegava a ser anormal. Encostei minhas mãos na mesa, abaixando a cabeça e tentando me acalmar, sentindo meu corpo tremer.

"Você está sendo estúpida." Azriel falou, me olhando com um sorriso maldoso nos lábios "São apenas humanos."

Esmurrei a mesa, fazendo as coisas mais próximas a mim pularem, e trinquei os dentes, sentindo minhas presas ameaçarem a sair com a raiva.

"Chega! Molly, vamos." falei e Molly começou a levantar da cadeira

Mas, antes que Molly se levantasse, Enoch a puxou bruscamente para que ela se sentasse, fazendo-a soltar uma exclamação de dor. "Você é uma convidada, humana, fique quieta em seu lugar."

"Olivia, sente-se." Azriel falou com uma falsa calma, se divertindo com cada segundo daquilo

E foi aí que eu explodi. Depois de anos sendo submissa eu não aguentei mais um segundo. Molly era o mais próximo de família que eu tinha, e eu não deixaria que ele tirasse minha família de mim mais uma vez.

"Não. Eu não vou sentar." ele pareceu se armar para uma briga no momento em que eu o desobedeci "Já chega."

"Olivia-"

"Eu não irei sentar e ver você fazer isso com a Molly. Ver você fazer isso comigo." caminhei até Molly e a tirei da cadeira, vendo Enoch tentar se levantar para me atacar

Felizmente, Azriel não era o único capaz de controlar outros vampiros. Minha idade e considerável poder já me permitiam ter aquele controle e, mesmo sendo mais nova que Azriel e com menos poder, eu o fiz cair de joelhos e se curvar. Ele pareceu surpreso com aquilo e logo estava gritando insultos para mim, ainda incapaz de se mover.

Caminhei para longe da mesa, puxando Molly com urgência até a saída, antes de uma mão segurar meu braço, me impedindo de sair dali. Olhei para Azriel, que parecia pronto para me matar a qualquer segundo e me mantive olhando em seus olhos, esperando que ele falasse algo.

"Quem você pensa que é?" ele murmurou e eu sorri, soltando Molly por alguns segundos e me aproximando o máximo possível dele, fazendo-o me olhar confusa

"Eu sou aquilo que você me fez." murmurei de volta "Eu sou o produto de tudo o que você construiu."

"Eu poderia lhe matar agora mesmo, na frente de sua humana idiota."

"Então mate. Mate e prove que eu estava certa todos esses anos." ele pareceu confuso com minhas palavras e minha expressão se tornou dura "Me mate e prove que você é tão incapaz de amar quanto eu sempre disse que você era."

Ele pareceu surpreso com minhas palavras e, pela primeira vez em mais de quinhentos anos, eu o havia deixado sem palavras. Pude sentir ele soltar meu braço, seus olhos arregalados enquanto olhavam para mim, e seu corpo completamente tenso. "Não, eu..."

"Amanhã eu estarei voltando para a colônia. Não espero ver você mais enquanto eu estiver aqui."

"Olivia-"

"Adeus, Azriel." falei e me curvei sem vontade alguma, antes de sair de lá, com Molly em meu encalço

Senti algumas lágrimas caírem dos meus olhos assim que me afastei o suficiente daquele lugar e Molly me olhou preocupada. "Olly?"

"Eu acho que eu assinei minha sentença de morte."

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NOTAS DA AUTORA:

Obrigada por lerem! O Azriel é um bosta! Vejo vocês na próxima!

Próximo capítulo: 20/11!

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