IX
Pedi que o vampiro nos deixasse em um restaurante quando chegamos em Windsor. Ele pareceu confuso com meu pedido, já que eu deveria me encontrar com Azriel assim que chegasse à Inglaterra, mas não pareceu querer me contrariar.
Precisava ficar a sós com Molly e conversar direito com a garota. Ela havia se mantido em silêncio desde que a disse que era esposa de Azriel. Parecia perdida em pensamentos. Provavelmente estava tentando entender como aquilo tudo se encaixava e, talvez, precisasse de uma ajudinha minha para entender.
O restaurante ficava perto do castelo de Windsor, onde iriamos logo em seguida para que eu pudesse falar com Azriel, e eu podia vê-lo ao longe - suas paredes de pedra imponentes me gerando lembranças não muito agradáveis.
Molly sentou numa das mesinhas que ficavam fora do restaurante eu me sentei bem em frente a ela, vendo-a me olhar com seus olhos brilhando de curiosidade e confusão.
"Eu sei que tem perguntas..." falei "Faça-as e vou responder o que puder."
Ela pareceu se arrumar um pouco mais na cadeira. "Você é a esposa do rei dos vampiros?"
Fiz uma careta com o título que ela havia dado a Azriel mas confirmei que ela estava certa. Um garçom veio até nós com um cardápio, impedindo que Molly falasse mais alguma coisa sobre o assunto por um tempo. Molly pediu uma fatia de bolo e um café e eu pedi um copo d'água, dispensando o garçom para que pudéssemos continuar a conversa. Ela pareceu pensar mais um pouco antes de fazer outra pergunta.
"Se você... Se você é casada com ele, por quê o odeia?"
Sorri desgostosa, olhando para as pessoas que passeavam calmamente nas ruas.
"Porque ele é um monstro, Molly." olhei em seus olhos, vendo-a franzir o cenho "Ele me fez confiar nele, me fez acreditar que me amava, e logo depois destruiu minha vida."
"Ele parece gostar de você... Você mesmo diz que é a favorita dele, não é?"
"Eu digo isso para intimidar as pessoas. O que ele sente por mim é doentio... É errado." fechei as mãos em punhos, sentindo a raiva ferver em mim "Ele quer acreditar que ele sente amor, Molly, mas ele não sente."
"Olly, você já pensou que ele pode, sim, amar você, mas sua raiva te impede de ver isso?"
Soltei uma risada baixa e balancei a cabeça, sentindo meus olhos cheios de lágrimas. Meu corpo tremia com a raiva. Eu odiava ficar assim, mas não podia controlar.
"Aquilo não é amor, Molly." disse, vendo-a me encarar assustada já que era a primeira vez que ela me via desse jeito na vida "Ele matou minha família. Ele me torturava quando eu não atingia as metas que ele havia proposto para mim, e logo depois dizia que me amava e que eu era a melhor coisa que aconteceu na existência dele. E, por muito tempo, eu acreditei que aquilo era normal, que aquilo era amor. Mas não é."
Molly pareceu mais assustada que nunca e eu tentei me acalmar, sentindo que iria acabar tendo um surto se continuasse daquele jeito. Fechei os olhos e respirei fundo, deixando que o ar viajasse por meus pulmões e saísse deles numa tentativa de relaxar o corpo, e logo olhei para Molly com um pouco mais de calma.
"Azriel não pode sentir isso, Molly. Algumas emoções são características dos humanos. Amor é uma delas. Azriel queria acreditar que ele poderia amar, que aquilo não era apenas humano." falei, balançando a cabeça e olhando novamente para o castelo "Mas ele não pode. Ele é o que chamamos de Puro. Foi criado a partir do nada, o primeiro de uma raça. Ele, mais do que cada um de nós, tem a frieza de um vampiro."
"Então por que casou com ele?"
A frase saiu da boca de Molly como um sussurro, mas eu ouvi. Sorri para ela, um sorriso cansado e que a fez me olhar com pena.
"Porque quando o conheci, ele não mostrou o que era. Ele me conquistou com palavras bonitas e gestos gentís em poucos meses, e conquistou o apreço de minha família juntamente..." falei e podia ouvir minha voz mais baixa que o normal "Só vim conhecer o monstro que ele era depois que casamos. Depois que ele me transformou num monstro também."
Molly baixou a cabeça, assimilando todas aquelas informações, e eu apenas deixei que ela pensasse sozinha, mergulhando em meus próprios pensamentos. Falar sobre aquilo era doloroso para mim, mas talvez ajudasse Molly a ver quem Azriel era quando ela o encontrasse.
Talvez não deixasse que ela caísse em seus joguinhos como eu havia caído a tantos anos atrás.
"Eu sinto muito, Olly..." ela falou, me olhando com cuidado, como se tivesse medo de falar alguma coisa errada
"Tudo bem. Eu convivo com isso, só não gosto de falar sobre o assunto." o garçom chegou com a comida de Molly e minha água, se retirando logo em seguida "Coma. Daqui a pouco iremos para o castelo. Não gosto disso, mas teremos que nos encontrar com Azriel daqui a pouco."
༶
Chegamos no castelo e percebi Molly olhando para os turistas, confusa. O lugar estava cheio hoje. Pessoas de todos os lugares estavam visitando o castelo e tirando fotos. Notei algumas pessoas paradas em pontos específicos que me olhavam com atenção. Os vampiros de Azriel me acompanhavam com os olhos, para garantir que eu estaria bem.
Passamos pelo grande jardim até a entrada do castelo, e, após alguns corredores, chegamos a uma parte mais calma. Ouvi passos e olhei para trás, notando um dos vampiros nos seguindo. Ele olhava para Molly com um pouco de confusão, mas não parecia tentar barrá-la. Segui calmamente até uma escadaria e segurei o braço de Molly com o meu para que ela ficasse próxima a mim enquanto descíamos até uma parte em que os turistas não eram permitidos perambular.
Assim que descemos dois lances de escadas e caminhamos por alguns corredores, me deparei com um corredor largo e, no final dele, duas portas de madeira gigantes que eram guardadas por dois vampiros. Caminhei até eles, percebendo Molly ficar mais nervosa que o normal, e vi que eles fizeram uma reverência antes de caminharem para abrir as portas.
"Olly..." Molly sussurou e eu olhei para ela "Eu estou com medo..."
Ela parecia realmente assustada e eu não a culpava. Pensei em mandá-la me esperar do lado de fora, mas não podia deixá-la sozinha. Soltei seu braço e segurei sua mão com força, vendo-a respirar fundo enquanto as grandes portas abriam.
Não precisei entrar no cômodo para vê-lo. A luz de candelabros iluminava o grande cômodo e revelava a figura de Azriel, sentado em seu trono. Eu o olhei nos olhos, vendo-o fazer o mesmo, e pude sentir meu estomago revirar com o sorriso que ele deu ao me ver.
Molly piscava freneticamente, olhando para Azriel, e parecia estudar cada detalhe do vampiro. Azriel então notou a garota e seu sorriso se desfez lentamente como se a presença dela não lhe agradasse. Cerrei os olhos e caminhei lentamente em direção ao centro do cômodo, arrastando Molly comigo.
Azriel então se levantou de seu trono, olhando para nós com uma expressão de superioridade, e eu podia sentir ele tentando controlar meu corpo, como sempre fez, e falhando, tentando me fazer me curvar a força. Escondi um sorriso com aquele fato: eu ainda tinha controle sobre mim mesma na presença dele.
Assim que cheguei no centro do cômodo, soltei a mão de Molly e fiz uma reverência exagerada. "Azriel."
"Olivia." ele se curvou levemente e caminhou a passos lentos em minha direção "Como é bom revê-la."
Dei um sorriso forçado, sabendo que a única resposta que eu poderia dar para aquilo seria rude, e não precisava de problemas ali. Eu tinha um propósito a cumprir, e eu o cumpriria sem rodeios.
Azriel me olhou de cima a baixo, notando minhas roupas desleixadas, e deu uma risada baixa. Seus olhos pareciam queimar minha pele. "Ainda se veste como uma humana deste século. Qualquer um se arrumaria mais para me ver."
"Bem, não sou qualquer uma, sou?"
Ele sorriu e pôs sua mão em meu queixo e minha vontade foi de arrancá-la dali. "Não... Não é."
Me afastei levemente, vendo-o cerrar os olhos com minha ação, e tirei a carta de Lorell de meu casaco. "Lorell mandou isto. Pediu para que eu lhe entregasse. É sobre as mortes."
"Ah, sim. Algum suspeito?" ele perguntou, se dirigindo ao trono e sentando logo em seguida, não se importando em abrir o pedaço de papel
Alguns diriam que ali ele parecia um líder poderoso. Eu diria que ali ele parecia um babaca.
"Sim. Ghouls."
Ele parou por um segundo e me olhou, visivelmente surpreso, antes de soltar uma risada alta, me fazendo cerrar os olhos.
"Olivia, por favor... Sejamos sérios." ele balançou a cabeça "Os Ghouls estão presos."
"Aparentemente, não estão não. A carta de Lorell é justamente para avisá-lo de que os vampiros devem estar prontos para uma luta se for necessário."
"É impossível. Eles não podem tentar algo sem o rei deles." ele falou e sua expressão se tornou sombria "E eu o destruí."
Cerrei os olhos e franzi os lábios, sentindo que teria que brigar para que ele acreditasse em mim. Dei um passo a frente, fazendo-o cerrar os olhos e assumir uma postura autoritária. E, novamente, senti ele tentando me controlar, me fazer dar um passo para trás. Mas, novamente, ele não foi capaz de mover um músculo meu.
"Não importa o que aconteceu no passado, Azriel, o que importa é o que está acontecendo agora. Eles estão voltando e matando não só vampiros, mas também seres das outras raças." rosnei e pude ver a raiva em seus olhos por eu estar o contrariando "Lorell confia na ideia de que sejam Ghouls. Renée tinha provas e-"
"Renée?"
O cômodo ficou em silêncio. Podia sentir o peso desse silêncio me esmagando e meus olhos se arregalaram. Eu havia mencionado o nome de Renée, o que foi uma atitude péssima naquela hora. Azriel se levantou novamente, parecendo ainda mais raivoso do que antes. Endireitei minha postura e analisei se deveria falar algo mais.
"Claro." ele riu "Por isso você acredita nessa ideia estúpida de que são Ghouls. Renée."
Senti a raiva percorrer meu corpo e algumas lágrimas ameaçaram se formar em meus olhos. Se eu não me controlasse, seria capaz de atacá-lo no mesmo momento.
"Azriel-"
"Ele não foi quem lutou contra os Ghouls e ajudou a prendê-los." ele me cortou, sua voz baixa e ameaçadora
"Azriel, não-"
"Ele não sabe de nada, Olivia. Você tem que começar a confiar mais em mim, e não naquele idiota-"
"ELE FOI MORTO!"
Minha voz ecoou pelo cômodo e desisti de conter as lágrimas. Eu estava destruída, e o contato com Azriel parecia me deixar ainda mais nervosa. Podia sentir cada músculo do meu corpo reclamar ao olhar para ele.
Ao ouvir minhas palavras ele se calou, mas não pareceu surpreso ou sequer mostrou algum remorso em sua expressão. A única coisa que via em seus olhos eram indiferença, e aquilo me irritava.
"Como?" ele perguntou
Enxuguei as lágrimas inutilmente e o olhei novamente, deixando toda a raiva que eu sentia transparecer em meu olhar. "Ghoul."
Ele fez uma careta ao ver minha teimosia em continuar com aquela teoria e balançou a cabeça.
"Suponho que eu tenha que designar um novo vampiro para cuidar de tudo na França." ele disse, ainda indiferente, enquanto mordia levemente o polegar, antes de olhar para mim "Você está chorando. Se recomponha."
Eu sorri. Mas não um sorriso feliz ou algo parecido. Era um sorriso de desprezo. Ele não ligava, nunca ligaria. A morte de Renée talvez tenha sido uma das melhores coisas que já aconteceram desde que ele soube que tinhamos nos tornado amigos. Lembrava bem de ter sido torturada até quase morrer por causa do ciúme doentio de Azriel. Ele sempre achou que Renée estava tentando me tirar dele. Ele podia estar errado, mas aquilo não queria dizer que Renée não conseguiria. A notícia da morte dele deveria ter sido como música para os ouvidos dele. E eu o odiava por isso.
Passei as mãos nos olhos novamente e forcei as lágrimas a pararem de cair. "Se tudo o que vai fazer quando eu disser as verdades que tenho para dizer é ignorá-las, então acho que devo me retirar."
Ele rolou os olhos e veio até mim, segurando minha mão entre as suas, me fazendo querer fugir dali. "Olivia, por favor... Me desculpe."
Meu estomago se revirou mais uma vez. Ele me olhava com uma falsa culpa, como se realmente estivesse me pedindo perdão com sinceridade. Virei o rosto, não aguentando olhar para aquilo.
Má ideia.
Assim que virei meu rosto, ele voltou a me encarar com raiva, e tudo que senti foi a dor da sua mão em meu rosto e meu corpo caindo no chão devido à força que ele usou.
"Pare com essa teimosia." ele murmurou, indo tentar pegar meu braço para me levantar bruscamente
"NÃO TOQUE NELA!"
Arregalei os olhos, ainda no chão, e sabia que se meu coração ainda batesse, ele estaria acelerado em pânico. Podia ver o corpo de Azriel tensionado e sua cabeça inclinada levemente para um lado, olhando para Molly com uma expressão indecifrável.
Me levantei com rapidez e fiquei em frente a Azriel, uma mão tocando seu peito, num sinal para que ele se mantivesse parado. "Ela não quis-"
"Acho que esqueceu de ensinar respeito a essa garota, Olivia."
"Azriel, ela não fez por mal. Deixe-a em paz."
Mas eu sabia que aquilo não estava adiantando. Ele estava com raiva, e se eu não fizesse algo ele atacaria Molly. Olhei para a garota rapidamente, vendo o medo em seus olhos.
"Sabe que não permito esse tipo de comportamento perto de mim..."
Pensei em mandar Molly correr, mas seria inútil. Empurrei o peito de Azriel com um pouco mais de força, fazendo-o olhar para mim e fiz a última coisa que queria fazer, mas que sabia que salvaria Molly de ser morta ali. Puxei a camisa de Azriel e o beijei, sentindo a ânsia de vômito tomar meu corpo.
Ele pareceu surpreso por alguns segundos, antes de me puxar e aprofundar o beijo, me fazendo querer a morte mais que nunca naquela hora. Ele parecia aproveitar cada segundo daquilo, provavelmente porque sabia que eu não deixaria aquilo acontecer de novo tão fácil assim. Já eu estava me contendo para não vomitar meus órgãos para fora do meu corpo.
Separei o beijo, sentindo que Azriel ainda me segurava pela cintura para me manter perto dele, e não me atrevi a olhar em seus olhos. "Deixe-a, ela não sabia o que estava fazendo..."
Senti sua mão segurar meu queixo e fui obrigada a olhar para seu rosto. E lá estava a expressão que eu tanto odiava. Ele parecia me olhar com uma adoração doentia, seus olhos brilhavam como se aquele beijo fosse a coisa mais preciosa que ele pudesse ter recebido, e seus lábios se curvavam em um sorriso mais que feliz.
Ele olhou para Molly rapidamente, mas logo voltou seu olhar para mim. "Deixarei passar. Mas acho bom que ela aprenda a não se meter aonde não deve."
Suspirei aliviada e o empurrei um pouco para me soltar dele, vendo-o me soltar relutantemente.
"Acho melhor continuarmos essa conversa mais tarde." falei, evitando o olhar "Deixarei Molly em segurança em meus aposentos e podemos continuar o assunto mais tarde."
"Como quiser." ele disse
Fiz uma reverência exagerada antes de me virar para Molly e segurá-la pelos ombros para que saíssemos dali.
༶
Eu odiava o fato de conhecer aquele castelo como a palma de minha mão. Odiava ainda ter em minha mente onde ficava cada salão secreto e cada aposento. Odiava ainda mais o fato de que ainda lembrava onde ficava meu antigo quarto.
Arrastei Molly até lá, notando alguns vampiros de Azriel olharem para ela com olhares famintos e eu os encarei com autoridade, deixando claro que eles deviam se manter longe dela.
Não acho que Molly já esteve tão exposta ao perigo quanto naquele lugar. Que ideia idiota a minha de trazê-la, eu deveria tê-la deixado em casa e a mantido segura, mas eu cedi fácil demais. Mas ela queria ver minha vida, não era? Ali estava minha vida. O começo dela. A parte mais odiada dela.
Ao chegar às portas de madeira negra que eu conhecia bem, as abri e empurrei Molly para dentro, fechando a porta logo em seguida e a trancando. Molly me olhava assustada e eu não me atrevi a olhar para ela por mais de dois segundos.
Tudo que eu sentia naquele momento era raiva, medo e vergonha. A lembrança de que teria que falar com Azriel novamente, a sós, fez meu corpo tremer de medo e nojo. Ficar num mesmo cômodo com Azriel já era difícil para mim, mas ficar a sós com ele parecia um pesadelo.
Olhei rapidamente para o meu antigo quarto, notando que ele estava do mesmo jeito que eu o havia deixado -completamente destruído. As lembranças de quando eu quebrei cada coisinha naquele quarto me permitiram abrir um mínimo sorriso.
O gigante "Adeus" que eu havia arranhado nas pedras da parede atrás do que antes era minha cama - agora reduzida a uma pilha de espuma e plumas junto com estilhaços de madeira - ainda estava lá, iluminado por tochas que estavam presas às paredes.
As tochas me fizeram perder o sorriso momentaneamente. Ele ainda vinha aqui. O quarto estava um desastre, mas não havia nem um grão de poeira nele. Minha destruição parecia recente. Além disso, eu podia sentir o cheiro dele, fraco mas ainda ali. Eu podia ver claramente os olhos negros dele brilhando com aquela chama indecifrável enquanto segurava uma daquelas tochas perto dos arranhões na parede, analisando o adeus com curiosidade. Lembro de ter ouvido uma conversa de uma vampira que havia partido comigo para os Estados Unidos no barco enquanto eu fingia dormir em meio às ondas.
"Ela deixou uma última mensagem de amor para ele..." ela despejou as palavras para outro vampiro que se encontrava perto de nós "Destruiu seu próprio quarto e cravou na pedra um adeus melancólico antes de partir. Eu ouvi isso do próprio Azriel! Ela deve estar em pedaços por deixar seu amado, a pobre coitada."
Aquele doente foi capaz de pensar que aquilo havia sido um ato de desespero, quando na verdade foi pura euforia. Ele insistia em cultivar aquela obsessão doentia e eu quem pagava por aquilo.
Me peguei caminhando até os arranhões na parede e passando os dedos ali, lembrando do tempo que havia demorado para que minhas unhas se regenerassem a cada vez que eu as forçava contra a pedra. Ainda havia sangue meu ali, mas meu cérebro dizia que valeu a pena.
Depois de algum tempo em minha própria mente, ouvi Molly falar algo e a olhei com o olhar vago. Ela entendeu que eu não a havia escutado quase que imediatamente e engoliu em seco antes de falar novamente.
"Me desculpe... Aquilo foi minha culpa."
Ela parecia querer chorar e eu soltei o ar que eu tinha em meus pulmões com força, fechando os olhos e os abrindo rapidamente para a olhar com ternura.
"Está tudo bem, Molly. Mas enquanto estiver aqui, não fale sem ser permitida." falei e caminhei até ela, segurando seu rosto em minhas mãos "Esses vampiros são perigosos. Esse lugar é perigoso. Você tem que tomar cuidado."
Ela assentiu levemente e olhou em volta. "Devo assumir que esse era seu quarto?"
Soltei uma risada fraca e olhei em volta mais uma vez também. "Eu tive que dar uma redecorada antes de sair para os Estados Unidos... Gosto dele assim."
Ela sorriu mas eu podia ver a tristeza em seus olhos ao olhar para mim. Ela estava vendo a parte de mim ali que eu odiava mostrar e que eu tinha vergonha que as pessoas soubessem.
Molly se aproximou e me abraçou sem aviso prévio e eu retribuí, sentindo meu corpo relaxar com aquilo. Molly era, afinal, a única coisa certa em meio a todo aquele caos.
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NOTAS DA AUTORA:
Ok, umas observações aqui sobre o meu personagem mais odiado desse livro: o Azriel. (Sim, eu odeio ele. Peguei ranço desde que comecei a escrever o livro e ele nem tinha aparecido ainda.)
Ele é abusivo, obsessivo e louco mas acho que eu tenho que deixar aqui o fato de que ele nunca estuprou a Olivia. Existem limites nos assuntos que eu abordo em minhas histórias e esse é um deles. Por mais distorcido que ele seja, ele "respeita" a distância da Olivia, até porque ele sabe que se não respeitasse só faria ela ter mais raiva.
Mas isso nunca vai anular o fato de que ele é abusivo e destruiu a vida dela, e que ela o odeia, então se eu ver alguém juntando os dois por qualquer motivo que seja, eu vou mandar tomar no cu.
Desculpe a sinceridade mas esses personagens NÃO SÃO UM CASAL. Eles podem ser casados mas não são um casal, ela odeia ele e ele é doentio (ao ponto de eu ter nojo dele enquanto escrevia cada cena em que ele aparecia), ponto final.
Bem, era só isso mesmo. Obrigada pela atenção e por lerem.
Próximo capítulo: 13/11!
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