XVI - Amante indulgente
ESTAVA SENTADA NA CONFORTÁVEL cadeira acolchoada da enorme mesa de jantar.
Em uma das pontas, Thomas estava sentado, tomando sua sopa enquanto uma serviçal o servia mais vinho em sua taça dourada.
Eu o via fingir saborear a sopa, em silêncio, com elegância.
Do outro lado da mesa, na outra ponta, estava eu. Sentada olhando fixamente para Thomas enquanto meu prato servido de sopa esfriava bem à minha frente.
Era inevitável o meu olhar de desgosto e pura raiva em sua direção, não poderia contê-lo de forma alguma, e não estava com vontade para tal também.
Eu me sentia decepcionada.
Ele de repente lançou-me um olhar de relance, enquanto bebia mais da sopa, mas logo voltou a encarar os talheres novamente.
Aquilo me fez suspirar.
A serviçal que, reparando em minha falta de apetite, se aproximou da mesa ao meu lado e pôs-se a retirar tanto meu prato ainda cheio de sopa, quanto o cálice dourado e transbordante de vinho também. Após isso, com um aceno de mãos, mandei que todos se retirassem, ao qual com um cortejo e poucas palavras de respeito, deixaram o salão de jantar, sobrando apenas eu e Thomas no grande recinto.
— Terminou sua sopa? — perguntei alto, lamentando que a mesa fosse tão longa assim. Talvez minha voz não chegasse até ele na forma que eu gostaria, em sua mais pura indignação.
Ele limpou os lábios com o guardanapo de linho branco, pondo-o ao lado do prato logo em seguida e então, me encarou diretamente pela primeira vez naquela noite.
— Irá para o nosso quarto agora? Tenho assuntos importantes a tratar com você — revelei.
Thomas me lançou um olhar de pesar.
— Sinto muito, minha rainha, mas não poderei me ausentar por agora.
Os dias se passavam sendo os mesmos, eles repetiam-se.
De dia, ao amanhecer, Thomas era rei ao meu lado, com sua coroa e seus súditos, mas à tarde, ele doava seu tempo à Izabele e seu filho e à noite, logo após a janta, ele fazia o que não pôde à tarde.
Ela está grávida ou doente?
— Tudo bem, meu senhor — concordei e, por um momento, Thomas me observou sem entender. — Então direi aqui mesmo.
— Anne... — ele lamentou, como se me chamasse a atenção. — Não diga nada, as paredes podem acabar escutando — alertou.
— Para o inferno com as paredes, Thomas!
O tom alto da minha indignação reverberou pela grande sala, Thomas me olhava surpreso pelo meu repentino rompante de raiva.
Sim, sou paciente e pacífica. Naturalmente sempre mantenho minha postura, mas o quão tolo ele era para não enxergar os problemas bem debaixo do próprio maldito nariz?!
— Anne, me perdoe, por favor, não gostaria de ver-lhe assim — falou enquanto se levantava e começava a dar pequenos passos em minha direção, porém, quando alcançou a metade da grande mesa para chegar até mim, me levantei e ergui uma mão em sua direção, o indicando para parar em sua caminhada.
— O quão tolo e ingênuo é o rei inglês? — perguntei com puro desdém, o que o fez me olhar sem entender. — O quão bem vendado precisa estar para não enxergar a sujeira na soleira de sua própria casa, Thomas? Quero que me responda.
Thomas suspirou fundo, me olhou nos olhos, depois para as duas portas na grande sala e então, retirando a coroa em sua cabeça e a pondo na mesa ao seu lado, ele escovou os cabelos para trás com os dedos alvos e voltou a me encarar seriamente.
— Está tudo uma completa bagunça, minha rainha, eu sei disso. Mas o bebê existe, Anne, disso eu sei — a convicção em sua voz me fez engolir com dificuldade. — Eu sinto muito por isso. Me sinto culpado, sou um péssimo marido, sinto a todo instante que falhei com vossa majestade. Não há perdão para isso.
Concordei com suas palavras em silêncio.
— Eu enxergo a sujeira, há ratos se esgueirando aqui e ali, não sou um tolo. Um rei solta palavras doces e encanta corações, mas é difícil saber quando elas estão sendo verdadeiras ou estão apenas lhes atraindo para uma armadilha — explicou, sua mão que ainda segurava a coroa na mesa, a rodeava em lentidão.
Suspirei profundamente.
— Não sou uma tola, Thomas — engoli com dificuldade enquanto erguia minha cabeça e sentia o peso dourado nela. — É o que quero acreditar, mas quero que me responda, eu tropecei em sua armadilha?
Thomas me encarou por alguns segundos, seus olhos azuis refletiam a luz das velas nos candelabros ao nosso redor, o que me fazia sentir medo de sua resposta.
— De forma alguma. Anne, queira acreditar ou não, mas em minha cabeça, nunca me passou fazer-lhe mal algum — falou, e suas palavras pareciam tão sinceras que meu coração queria sentir-se acalmado, mas minha cabeça dizia que não era o certo.
"Por que não os manda para longe, então?", seria um pedido desumano da minha parte?
Era o mesmo que pedir para que se desfizesse de seu filho, mas aquela criança estava me fazendo fraquejar em meu lugar.
Passei a mão em minha barriga por um segundo, antes de arrancá-la dali com pressa.
Nossa primeira noite, aquela em que o mesmo me fez dele pela primeira vez, eu o fiz plantar sua semente em mim, em um plano interno de que me fertilizasse com um de seus filhos, já sabendo que Izabele estava grávida. Porém, sangrei não muito tempo depois, não havia sido em um dos melhores momentos, eu não estava pronta para receber seu filho, não era um dia fértil do mês, mas agora, agora eu estava pronta.
Eu me sentia pronta.
Eu deveria estar pronta.
— Thomas, eu lhe desejo fervorosamente. Gostaria de poder odiá-lo, mas antes mesmo de tudo, você já havia se apoderado de meu coração, isso é tão injusto — revelei, as palavras que saiam da minha boca eram verdadeiras.
Os sentimentos eram reais, reais demais para caber por inteiro dentro do meu peito.
Thomas soltou a coroa na longa e larga mesa, respirando ruidosamente, olhando-me fixamente.
— Eu também sinto, Anne. Ainda me deseja como marido?
Concordei com a cabeça sem nem ao menos hesitar.
Afastei a cadeira de junto dos meus pés, me afastei da mesa e cheguei mais próximo a ele, roçando seus dedos longos, frios e alvos com os meus.
— Me dê um filho seu também, quero carregar nosso amor em meu ventre — sussurrei enquanto sentava na beirada da mesa, ao seu lado.
Thomas soltou um grunhido baixo, enquanto se virava em minha direção e atacava meus lábios com fervor, segurando minha cabeça com habilidade e me guiando até onde o mesmo gostaria que eu fosse.
Sua língua quente passeava por entre meus lábios com habilidade, meus dedos adentraram em suas vestes bem fechadas, afrouxando as mesmas, abrindo passagem para que eu pudesse tocar livremente seu torso desnudo.
Seus beijos desciam quentes e molhados por meu pescoço e clavícula.
Eu arranhava com desespero seu peito, pedindo por mais e, atendendo aos meus clamores, Thomas se abaixou rapidamente e em um movimento rápido demais aos olhos, levantou meu longo vestido e uma de minha pernas, passeando com seus dedos pela meia em minhas coxas, se aprofundando em minha carne e chegando finalmente onde gostaria de chegar, me fazendo emitir lamúrios enquanto jogava minha cabeça para trás e me recostava à mesa com meus cotovelos, sentindo o prazer passar por todo meu corpo enquanto mais um de seus dedos se afundaram ali, indo e vindo em uma dança pecaminosa. Thomas mordiscava meu pescoço livre, o baque da coroa dourada, que caiu do topo de minha cabeça, estremeceu a madeira firme, ecoando por toda a grande sala.
Não liguei para meu cabelo despenteado ou agora desprovido do que me tornava rainha, eu apenas abracei Thomas com força, o trazendo ainda mais próximo de mim.
— Afunde-se em mim, faça-me sua novamente — proclamei, apesar de ter soado mais como um pedido.
— Anne, você sempre foi minha, minha rainha! — Thomas exclamou enquanto abria suas vestes baixas e se afundava no meio de minhas pernas.
Aquilo queimava! Fazendo-me ofegar, sentia-me febril naquele momento.
Doía, fazia tanto tempo desde a última vez, mas eu estava novamente com Thomas, trocando juras de amor e carícias íntimas, a dor era para ser insignificante naquele momento.
Me agarrei em seu pescoço enquanto o sentia balançar dentro de mim, soltando pequenos sons ao pé do meu ouvido, indo cada vez mais rápido e forte bem ali. Thomas estava distraído e de costas, mas a porta de madeira se abriu ligeiramente, uma criada apareceu, ela se assustou e empalideceu antes de voltar a fechar a porta e se retirar.
Eu apenas soltei minhas mãos de seus ombros e me deitei na mesa, abrindo mais minhas pernas para meu marido, que agarrou com mais firmeza minhas coxas e trabalhou firme em mim até plantar sua semente em meu ventre novamente.
Naquela noite, quando voltei para nosso quarto para banhar, na promessa de que Thomas logo viria também, eu sonhei com o herdeiro que cresceria no meu ventre e me faria mais rainha do que de fato já sou.
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