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Querido diário, o que é a sorte para você? É quando você consegue algo que queria por você ter batalhado, ou quando algo impossível acontece com você? Pra mim a sorte não existe, creio que nós a criamos, através das expectativas e dos desejos.
Podemos dizer isso de uma família ou de um simples namoro. Olhamos para a pessoa com a maior admiração e inveja, e pensamos: “Nossa ele tem tanta sorte por ter uma família daquela” ou “Que garoto(a) sortudo(a) conseguiu o amor”.
Sabe querido diário, eu dizia isso muitas vezes e hoje eu me arrependo. Quando pararmos de nos amenizamos dizendo que somos azarados, veremos que tudo vai mudar aos poucos. Vamos ver o lado bom de nossa vida, mesmo que não pareça que tenha. Vamos parar de usar a palavra “sorte” para nos sentimos bem. Vamos criar nossa própria história sem depender de uma superstição.
Acordei no outro dia, 25/03, com um sorriso no rosto. Feliz por ter voltado a falar com o Eduardo. Peguei meu celular e fui olhar as mensagens como toda a manhã. Só tinha duas mensagens da Thaís, avisando que viria em minha casa as 9:30.
Olhei para o relógio e marcavam 9:34. Merda ela já deve está chegando. Pensei enquanto pulava da minha cama e corri para o banheiro para me arrumar. Fiz minhas necessidades e logo, fui fazer as limpezas matinais. Terminando corri para meu quarto novamente, e já fui escolhendo uma roupa boa, mas que não fosse nova, para usar naquele dia.
“Bom dia viado” — Thais foi entrando, me pegando apenas de cueca.
“Sabe bater não?” — Olhei emburrado para ela, onde, a mesma apenas soltava um sorriso malicioso.
“Para de drama Natan, você não tem nada que não tenha visto ainda.” — Solto um sorriso de lado para concordar e volto a me concentrar em minhas escolhas.
Thais sentou-se na minha cama e ficou mexendo em seu celular, esperando eu me vestir.
“Vai demorar muito, princeso?” — Ela olha de lado de seu celular, tentando manter um contato visual comigo. Não falei nada, apenas continue me arrumando.
Terminei de colocar a calça e o desodorante, e deitei-me na outra cama de solteiro que havia em meu quarto.
“Até que enfim” — Ela falou, me fazendo suspirar mais forte, para me controlar para não cair em suas provocações.
“Vamos fazer o que hoje?” — Perguntei tentando acabar com a brincadeira.
“Sei lá vam...” — Antes quer ela pudesse finalizar a frase, meu telefone tocou e a interrompeu.
“É o Eduardo, que estranho ele ligar agora. Lá no serviço dele é proibido uso de celular em horário de expediente.” — Ela correu para minha cama e sentou-se em meu lado.
“Atende para você descobrir então!” — Concordei e arrastei a tela do meu celular,
atendendo a ligação.
“Alô, Eduardo? Aconteceu alguma coisa?” — Perguntei calmo, mas com um pouco de aflição.
“Oi paixão, não aconteceu nada ainda, é que estou te ligando para falar do que pode vim acontecer.” — Fiquei estátua. Thaís me encarava com dúvida, por não saber o que estava acontecendo.
“Eduardo, fala logo, não gosto de ficar curioso e outra, você está m assustando.”
“Calma Natan, é que...” — Ele ficou quieto por alguns segundos. Esses milésimos de silêncio, onde apenas se ouvia a sua respiração, para mim, foi como se passaram anos. “Ele está morrendo e você que não sabia!” Uma voizinha da minha cabeça dizia. “Ele vai terminar com você” dizia a outra.
“Fala Eduardo, tô ficando com medo.” — Thaís já estava assustada também, ela falava algumas coisas, mas eu não conseguia me concentrar nelas.
“Alguém postou uma foto nosso juntos no Facebook, minha mãe viu, e veio perguntar sobre isso. Eu não consegui explicar para eles, sabe?” — Ele estava chorando. “Ela falou que vai vim sábado pra cá, e vai querer conversar connosco.” — Minha respiração estava acelerada, minha consciência estava em uma briga, para ver se me fazia desmaiar ou se me mantia firme ali. Minha respiração estava ligado no modo de sobrevivência, onde minha vontade era sair correndo. Precisava continuar ali pelo Eduardo, precisava ajudá-lo.
“Calma Eduardo, eu sei que você está com medo, mas vamos passar por isso juntos.”
“Eu sei pow, mas minha mãe foi super fria comigo, falou de forma monossilábica, sabe? Acho que perdi minha mãe.” — Quem começou a chorar agora fui eu. Fiquei com medo. Medo da mãe dele ficar contra ele, ficar contra nós. Medo de chegar em minha família, e perdê-los também e Medo, do meu mundo me força a algo que eu ainda não estava pronto.
“Tudo vai dar certo Eduardo. Dá um tempo, deixa sua mãe processar as informações primeiro, e quando ela vier, você sentara com ele e conversará.” — Tentava me manter firme, para que passasse consolo ao Eduardo.
“Vou fazer isso meu amor, vou esperar! Deixa eu desligar, que estou aqui no banheiro, se meu chefe me cata com o celular... Tô ferrado” — Soltei um sorriso, creio que ele soltou também.
“Vai lá meu amor. Te amo viu, tudo vai dar certo no final. Beijos.”
“Espero! Beijos, tchau!” — Ele desligou. Mantive parado e com o olhar pedido entra minha parede. Thaís me perguntavas as coisas, mas sua voz sumia com o ambiente. Eu estava com medo, confesso, mas meu corpo ainda estava processando também, essa informação. Voltei-me a minha consciência, quando a Thaís me deu um tampa.
“Ai caralho.” — Passei minha outra mão em meu braço, para tentar amenizar a dor.
“Desculpa, é que você me deixou preocupada. Tô aqui uns 5 minutos falando contigo, e você não fala nada.”
“Desculpa Thaís, é que o que fiquei sabendo, acabou me deixando mal.” — Peguei uma almofada e coloquei em seu colo.
“Então fala-me o que aconteceu, para eu poder ajudar.” — Ela falou cama enquanto fazia carinho em meus cabelos.
“Alguém postou uma foto minha e do Eduardo nas redes sociais, e a mãe dele viu. Ai ela ligou pro Eduardo e foi tirar satisfações, sobre isso. De acordo com o Edu, ele contou o básico e a mãe dele foi super ríspida, e falou que vai vim pra cá sábado, pra conversar connosco.” — Thais não falou nada, apenas ficou me encarando, com seus olhos castanhos escuros, por cima.
“Desculpe-me meu silêncio, é que estava pensando no que te falar.” — Ela sorriu com os lábios de canto, e voltou a falar. “Sabe, tenho muita pena dessa pessoa que postou, pois, de acordo com que você está falando, postou para fazer o mal mesmo. E outra, você tem que se manter firme para ser o ponto seguro do Eduardo. Nesse momento ele não precisa de lamentações, ele precisa de um amigo, de um namorado e de alguém para confiar. Você tem que ser essas três pessoas juntas para ele. Se no dia der merda, que torço para não dar, você terá que estar muito mais presente na vida dele, não vai ser fácil. Mas cabe a vocês, superar esses desafios” — Sai do seu colo, virei para ela, e dei um abraço.
“Obrigado pelas palavras viu, Thaís. Foi muita sorte de você aparecer bem no momento que eu mais preciso de você.”
“Não foi sorte meu amor, foi providência do destino. Eu estou onde preciso estar.” — Ela solta um sorriso e me dá um beijo no rosto.
“Vamos sair um pouco, o clima está parecendo de funeral” — Perguntei enquanto limpava meus olhos de lágrimas.
“Vamos sim! Vim com essa intuição mesmo. Como estava te falando, antes de ser interrompida” — Ela olha para o celular e eu acompanho seu olhar e começo a rir.
“Eu estava conversando com o Luca esses dias...” — A interrompi.
“O Luca está vivo? Não tenho notícias dele desde aquele dia lá da sorveteria.”
“Ele está ficando com o menino lá da faculdade dele, e esqueceu dos amigos e família” — Rimos. Fiquei feliz por ter escutado isso. “Então, continuando...Estávamos conversando sobre comida e ele me disse de um lugar aqui da cidade que abriu recentemente.”
“Qual o nome?” — Levantei-me uma das sobrancelhas.
“Butekis! Ele é tipo um restaurante, mas tem a área com piscina e jogos.” — Ela falava enquanto procurava sobre o lugar na internet.
“Que legal, podíamos ir lá qualquer dia.” — Ele me olhou torto e voltou a encarar o celular.
“Qualquer dia nada, vamos hoje! O Caio vai nos esperar lá, junto com o Luca.” — Ela virou a tela do celular e me mostrou. “Aqui o lugar, bonito, né? Olha essa área de jogos, tem sinuca, uma quadra sintética e essas mesas de tênis de mesa e de dominó. Nosso momento de brilhar, amigo.” — Começamos a rir, pois, era verdade. Quando éramos menores, jogamos muito dominó, eu a Thaís éramos a melhores duplas da cidade, ninguém conseguia nos vencer.
“Vamos voltar o nosso reinado novamente?” — Ela concorda com a cabeça.
“Então vai lá se arrumar Natan, os meninos vão encontrar com a gente lá, as 10:30.” Q
“São que horas já?” — Perguntei enquanto ia no guarda-roupa pegar uma meia para usar com meu tênis.
“São...10:05.” — Olhei assustado para ela.
“Ué, já? Mas não faz nem dez minutos que você chegou”
“Amigo, você demorou um tempão para se arrumar, depois foi conversar com o Eduardo e depois perdemos tempo conversando. Você acha mesmo aquele não ia passar tanto tempo assim? O tempo é igual menstruação, sai e você nem vê.” — Comecei a rir e fui lá no quarto, que fica os sapatos, pegar meu tênis. Voltei para o quarto e comecei a calçá-lo.
Quando já estava pronto, fomos para o lugar de táxi. Chegando lá, pagamos uma taxa, que era para usar a piscina e a área de jogos e fomos em seguida, pegar uma mesa.
Chegando lá, sentamos e fomos ver o cardápio.
“Porra Thaís, aqui é muito caro, olha esse prato de arroz e feijão.” — Ela olhou, tampou a boca com uma das suas mãos e deu um sorriso.
“Chocada, nem prostituição paga” — Um casal de senhores, olhou para ela nessa hora, e voltaram a conversar. Olhei para a Thaís e nos dois começamos a rir.
“Não tenho culpa se sou espontânea” — Ela disse no maior deboche.
“Mereço uma amiga assim” — Ela deu de ombros e voltou a olhar o cardápio.
Ficamos conversando por um bom tempo. O Luca, foi o primeiro a chegar, e ele trouxe o menino.
“Oi gente, esse aí é o Fabrício” — A Thaís me deu uma cutucada com seu cotovelo. Entendi o que ela quis dizer, esse aí era o menino que ele estava ficando.
“Seu ficante né Luca.” — Thaís soltou um sorriso para provocar. Luca a reeprendeu e o garoto que estava em sua companhia, ficou corado.
“Continuando, esse é o Fabrício. Fabrício, aquele é o Natan.” Levantei-me e o cumprimentei. Ele sorriu e fez o mesmo.
“Fabrício tu já me conhece né? Nem preciso te cumprimentar” — Ele concordou com a cabeça e soltou um sorriso baixo.
“Eai, quem topa uma partida de dominó? Vai ser eu com a Thais, e vocês dois, pode ser?” — Todos concordam. Fomos para a mesa.
Eu fui pegar o dominó na sala de aluguel enquanto a Thaís com os dois, foram buscar alguma coisa para bebermos. Quando já estávamos prontos, começamos a jogar.
Eu e a Thaís vencemos uma, vencemos outra e vencemos a terceira.
“Parece que continuamos invictos em Thaís” — Fale animado e orgulhoso. A Thais ia comentar, mas a interromperam. Ela não tem sorte.
“Por enquanto, chegamos para tirar sua coroa” — Olhei para trás, e vi o Kauan e o Caio se aproximando.
“O que ele está fazendo aqui?” — Perguntei com a cara fechada para Thaís.
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