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Querido diário você já fez algo para provar que você conseguia para alguém? Eu já, e é péssimo. Fiz muitas coisas boas e também fiz coisas ruim. Muitas vezes fiz para me sentir aceito em um determinado grupo social, outrassim fazia por vontade própria. Coisas que não gostava comecei a gostar, sentimentos que não tinha, comecei a ter, me tornei alquilo que não queria em alguns aspectos.
Agora eu pergunto a você e a mim também: A criança que você foi, teria vergonha ou admiração pelo que você se tornou hoje?
Acho que ela teria vergonha, mas logo mostrarei para ela que posso ser melhor que isso, e aquilo que prometi, eu vou cumprir, mesmo que eu precise perder tudo que eu tenho hoje.
Sabe diário as vezes me sinto tão inipotente, onde me sinto fraco e desprotegido. Pois é tão fácil me machucar. Meu maior problema é me entregar para as pessoas, por elas apenas me tratarem bem. Às vezes desejamos alguém em nossa vida, onde muitas das vezes, esse desejo é apenas carência e não uma vontade de criar um futuro com ela.
Eu aprendi muito, e continuo aprendendo. Mas meu maior aprendizado foi saber em quem confiar e em quem nos abrir. As vezes nos apaixonamos pela imagem da pessoa que criamos, não por ela verdadeira.
Eu não vou dizer que não estava magoado com o Eduardo, pois eu estava e muito. Mas ele estava certo em relação a nós. Todo momento que ele mostrava que queria progredir, eu mostrava que estava regredindo.
Eu e ele temos uma ligação, ele dizia, mas eu não sentia isso. Eu sentia por ele, carinho, admiração e confiança, assim como sentia pelo Sandro e por outros casos que tive. Mas o que diferenciava o Eduardo dos demais, é que ele queria algo, que estava disposto a ficar comigo, e me fazer ama-lo. Só que ele em um período de fraqueza, destruiu tudo.
Eu sei que fui orgulhoso com ele, mas as vezes temos que nos mantermos firmes em certas decisões, até a pessoa mostrar realmente que está arrependida. Ele me pediu desculpas sim aquele dia, mas do jeito que ele falou, foi meio que o calor do momento, saiu meio que automático. Não queria que ele se jogasse em meus pés, e sim que ele tivesse a capacidade de chegar em mim, e pedir desculpas de forma sincera.
Fiquei deitado na cama por muito tempo, pensando se eu havia tomado a decisão certa. Após refletir sobre isso, vi que eu estava certo e não ia volta atrás. Peguei meu celular, entrei no meu aplicativo de música e torci para sair uma boa, e por incrível que pareça, saiu um bem foda, 'Part of Me'.
A música fala sobre te derrubarem, te destruírem, mas que no fim você levantará e sairá vitorioso. E foi isso que eu fiz, peguei uma escova de cabelo, penteie meu cabelo para cima, e use-a para ser meu microfone. Fechei meus olhos e imaginei que eu estava cantando aquela linda música. Me imaginei em um show, onde muitas pessoas vieram me assistir e se divertir. Comecei a dançar e a cantar. Não importava quem entrasse, aquele era meu momento.
Quando estiver triste, dance. Você verá como é mágico.
Começou a tocar outras músicas e continuei no meu mundo da imaginação, e quando me dei conta, já estava quase no horário do combinado. Corri, troquei de roupa, passei meu perfume, que amo, e corri para o ponto de ônibus com esperança de pegar um do horário.
Além deu pegar o ônibus errado e ter que descer em um ponto longe da casa do Luan, começou a chover e tive que ficar um bom tempo lá z esperando-a passar. Eu e o Luan, tínhamos marcando às 18h, fui chegar na casa dele às 18h40, não tive culpa.
Chegando no prédio dele, apertei o interfone e o mesmo já atendeu.
"Quem é caralho?" - Ele falou meio bruto
"Sou eu, mano" - Dei um sorriso
"Ah, desculpa. Tô descendo aí para te encontrar. - Ele terminou de falar e o portão foi destravado.
Abri-o e entrei. Quando estava subindo para o segundo andar, dei de cara com o Luan. Ele estava de sandália de dedo, uma calça de moletom é uma camisa de manga cumprida preta.
"Coé mano, demorou para chegar, hein!" - Ele sorriu com os lábios e me cumprimentou. "Achei que nem vinha mais." Ele falou já subindo as escadas e eu o acompanhei.
"Eu peguei o ônibus errado, estou me acostumando ainda com a cidade. E quando desci no ponto, começou a chover e tive que esperar. " - Mexi no meu cabelo para tirar um pouco de água que havia caído nele. Chegamos no andar do Luan. Ele abriu a porta, e entrou. Eu acabei fazendo o mesmo.
"Nossa que trampo Natan. Deu azar mesmo, hein?" - Rimos. "Pode ficar à vontade, tem cerveja e refri na geladeira. Comida no armário e depois podemos pedir uma pizza." - Ele falava apontando para cada objeto que ele mencionava, e eu olhava com atenção. Quando ele terminou de falar agradeci, sentei-me no sofá e abri minha mochila para pegar os cadernos.
"Falta só metade do trabalho, vamos começar que tenho que ir embora daqui a pouco." - Falei já abrindo na matéria de Direito. Luan me olhou por um tempo, me analisou e saiu da sala. Tempo depois voltou com os seus cadernos e seus materiais de escrita. Ele sentou do meu lado, e os abriu assim como tinha feito.
"Então vamos, temos muitas coisas ainda, não sei se vai dar tempo de terminarmos hoje." - Ele falou enquanto coçava sua cabeça com um lápis e me encarava.
"Tomara que a gente consiga, não aguento mais fazer esse trabalho." - Falei meio que desanimado, mas com um certo ar de esperança.
"Eu tô gostando de fazer" -Ele me olhou de uma forma estranha, e olhei para ele com uma cara de dúvida, e fingi que eu estava com sede e fui pegar um copo de água na cozinha.
Na cozinha, pensei que nunca rolaria o que eu estava pensando. Me xinguei, me dei conselhos e prometi a mim mesmo, que mesmo o Eduardo ter vacilado comigo, eu não ia vacilar com ele. Eu queria continuar sentindo algo por ele, e nada mudaria isso. Pode ser só coisa da minha cabeça, já que as vezes ela cria situações que faz com que perdemos amizades, ou algo do tipo. Ia tentar ser profissional, e qualquer sinal que ele desse eu ia ignorar e me manteria firme.
Esses pensamentos foram em segundos (risos)
Voltei para sala, ele estava sentando em uma almofada e apoiando seus cadernso na mesinha de centro. Ele me viu aproximando, deu um sorriso e voltou a escrever.
Sentei-me no chão, assim como ele, peguei meus cadernos que havia deixado em cima do sofá e coloquei em cima da mesinha também.
"Vamos lá então." - Ele começou a me explicar sobre o que faltava e sobre o que tinha pesquisado. Eu fiz o mesmo, já que tive um bom tempo pra buscar na internet e em livros, meios para colocar nossa ideia em prática.
Ficamos uns 40 minutos explicando um para o outro, e montando à ideia e as informações no papel. Deu entorno de 9 folhas, onde, cada uma dela era um caso e formas de vencê-los. Ainda faltava mais 5 processos, mas deixamos para fazermos depois.
Eu vi o horário, e o Luan percebeu. Ele se levantou, foi na cozinha e me chamou.
"Natan, vou pedir uma pizza, beleza?" - Ele falou pegando um telefone da pizzaria que estava grudado pelo imã em sua geladeira.
"Por mim tudo bem, vou ter que ir de táxi mesmo." - Falei desapontado e sentei em uma das cadeiras americanas que ficava em sua cozinha.
"Que nada pow, eu te levo. Vou sair com minha namorada mesmo hoje, e aproveito e te dou carona."- Fiquei meio decepcionado quando ele disse 'Minha namorada', mas quando percebi que estava pensando nisso, meio que me repreendi.
"Valeu então." - Agradeci e fiquei fazemos desenhos com o dedo na bancada. Ele sorriu, pegou o celular ligou para pizzaria.
Pedimos uma pizza, metade portuguesa e a outra metade frango com catupiry. Demoraria mais o menos uns 45 minutos para ficar pronto e entregar.
Voltamos para sala e sentamos no sofá. Eu sentei em uma ponta, e ele sentou em outra. Estava passando um desenho bem legal, só não me recordo qual era. Eu sou tão idiota, que eu dou risada de qualquer desenho, então já era de se esperar que eu riria desse também.
Teve um momento que aconteceu algo lá, e eu comecei a rir igual retardado. O Luan me olhou com uma cara a de curiosidade, mas que sorria ao mesmo tempo. Quando eu percebi que estava rindo muito alto, eu parei.
"Não para não, gostei de te ver rir disso. Nunca vi ninguém rir por desenho." - Eu fiquei com vergonha, mas ignorei.
"Tá com vergonha de que mano?" - Ele chegou mais perto de mim.
"Não estou com vergonha é que as vezes passo do limite e quando vou ver, já tô fudido." - Comecei a rir do meu sofrimento. Ele começou a rir também e voltamos a prestar atenção no desenho.
Ficamos assim até a pizza chegar. As vezes pegava ele me olhando quando eu estava rindo e disfarçava assim que o olhava. Era engraçado a situação.
Ele pegou a pizza, e eu corri na porta para ajudar ele a pagar. Dei metade e ele deu metade, e entramos com a pizza. O cheiro estava incendiando o apartamento, e o vapor se podia vez saindo de alguns buraquinhos que a caixa possuía. Quando abrimos, aí sim saiu muita fumaça.
Sentamos na mesa para comer, ele pegou o refrigerante na geladeira, e eu arrumei os pratos e talheres, já que ele havia me mostrado onde ficava cada coisa.
Comemos a pizza em minutos, de tão boa que estava. Levei os pratos para a pia e comecei a lavá-los, o Luan tentou me impedir, mas fiz questão. Ele então pegou um pano e começou a secar. Teve uma hora que ele pegou um pouco de água e tacou em mim. Eu por ser vingativo, fingi que não liguei e coloquei um pouco de água no copo e taquei na cabeça dele.
"Você apela em Caralho" - Ele falou rindo e bagunçando o cabelo para tirar a água.
"Você que começou, nem vem estimular regras agora." - Comecei a rir e voltei a lavar alguns talheres que haviam ficado.
"Agora vou ter que ir lá trocar de camiseta, já que molhou ela também." - Falou me tacando um olhar meio que pervertido, mas também brincalhão. Ele foi, e votou sem camisa e vestiu a outra na minha frente.
Filho da puta, não faz isso. - Pensei
Fingi que não havia visto e voltei para sala. Ele sentou do meu lado ligou a televisão novamente e ficamos conversando.
"Acho que o nosso trabalho ficou o melhor" - Ele puxou um assunto qualquer.
"Também acho, somos uma boa equipe." - Dei um sorriso de leve e olhei para televisão. Ele estava sorrindo apenas com os lábios, ele se levantou e veio na minha direção. Só que antes dele sentar mais perto de mim, o celular dele tocou.
Ele olhou quem era e foi para o outro cômodo atender.
"Alô?" - O Escutei falando.
"Já estou indo, espera." - Ele falou meio que irritado.
"Tá bom, não vou me atrasar."
"Já disse que não vou caralho."- Luan gritou de uma forma absurda, fiquei até assustado.
"Beijos, tchau." - Eu escutei isso mais nitidamente, já que ele estava quase na sala. Ele foi perto da porta, pegou a chave do carro que está a no porta chaves e olhou para mim.
"Natan, você se importa de irmos agora?" - Ele estava mais calmo, mas meio que desapontado.
"Não, claro que não." Falei guardando as minhas coisas apressadamente em minha bolsa, e a coloquei nas minha costas assim que acabei. "Se você quiser vou de táxi mesmo, ou chamo um motoboy. Não me importo com isso." - Já estava perto dele.
"Eu disse que ia te levar é porque vou levar." - Ele olhou de cara feia, mas deu um sorriso em seguida.
"Beleza fodão"- Rimos e saímos do apartamento. Descemos para a garagem e entramos em seu carro.
Ele me levou para a minha casa e ficamos um tempo dentro do carro.
"Obrigado mesmo por me trazer, tomara que não de problema entre você e sua namora, já que você vai se atrasar." Falei com as minhas mãos na maçaneta da porta.
"Relaxa, me entendo com ela depois." - Ele falou e deu um sorriso, mas depois começou a mexer no retrovisor.
"Tchau. Até segunda." - Olhei com uma cara meio que provocando, mas que tentava ser educado. Ele destravou a porta e eu sai.
"Até segunda." - Ele olhou pela janela, deu partida no carro, e só saiu quando eu entrei dentro de casa.
Quando já estava do lado de dentro, fui tomar banho e comer. Depois de um tempão, fui deitar para dormir, mas recebi várias mensagens do Edu perdido desculpas e tudo mais. Li, ignorei, já que estava morto de sono e capotei.
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