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Querido diário, muitas pessoas falam que as únicas pessoas que podemos confiar são em nossos pais. Mas e quando nossos pais nos mostram que não são confiáveis? Será que devemos realmente confiar neles?
Eu me fazia essa pergunta por um bom tempo, já que a maioria dos meus segredos e dos meus problemas, eu preferia contar aos meus amigos, a contar a eles. Por dentro eu me sentia mais seguro, por eles não saberem as coisas sobre mim, mas por outro lado, eu me sentia sozinho, como se eu morasse em um lugar qualquer e eu fosse o intruso ali. O motivo disso deu me fechar a eles, se deu pelo fato deles fazerem comentários preconceituosos perto de mim. Agora imagina como vou contar meus problemas, onde a maioria deles envolve minha sexualidade, para alguém que se demonstrava contra essas minhas atitudes? Meu medo era contar, e sofrer por ter confiado.
Diário eu não tenho uma resposta concreta para isso, mas eu acho que vai de cada pessoa sabe? Se você tem alguém que te ama realmente, que saiba o significado real do amor, para ela, mesmo que você seja algo que eles são totalmente contra eles nunca vão para de te amar. Podem falar coisas que te ofenda te humilhe, mas saiba que aquilo é calor do momento, e que tudo no fim vai dar certo.
Saibam vocês não estão sozinhos. <3
Então diário...
Eu cheguei em casa cansando e fazendo barulho, minha tia apenas me olhou e não falou nada. Já sabia que ela estava com raiva de mim, então achei nada mais justo do que explicar a ela o motivo deu ter sumido.
"Tia me desculpa. Ontem eu acabei dormindo dentro do carro do Eduardo, e ele preferiu me levar para casa dele." - Falei e ela me olhou de forma rápida e voltou a se concentrar na louça. Eu sabia que estava errado, por isso na critiquei ela.
"Você dormiu na casa dele?" - Ela que estava de pé lavando louça, secou as mãos e sentou na cadeira da mesa e já eu, fiquei em pé.
"Uai, dormi. Os pais dele foram muito acolhedores, me senti em casa." - Inventei essa parte dos pais, pois eu conheço minha tia, pois se duvidasse ela até pensaria que ele tinha me estuprado ou algo do tipo.
"Ah sim, que bom que eles te trataram bem. Mas então, ontem você bebeu, ou ficou apenas vendo a galera beber? Pois para você ter dormido deve ter ficado bêbado." - Engasguei com a água que eu estava bebendo e ela já desconfiou da minha atitude. Se eu não inventasse algo logo, aí sim que ia ficar na cara.
"Credo tia, não! Eu nem bebo para falar verdade, e outra, eu dormir porque estava com sono das aulas da faculdade. Teve também a parte da comida, e a senhora sabe você como eu fico depois de comer... o sono bate" - Ela concordou, saiu da mesa e voltou a lavar louça. Mas antes deu sair da cozinha, ela me olhou nos olhos e falou calmamente.
"Você pode não ter bebido dessa vez, mas caso um dia você for, tome cuidado. Toda causa tem uma consequência." - Concordei. Mas mesmo ela estando certa, eu sabia me cuidar em alguns aspectos, outros eu devia tomar cuidado mesmo.
Voltei para meu quarto mais aliviado e feliz por ter saído dessa enrascada com a minha tia. Peguei minhas roupas e fui tomar um banho. No chuveiro enquanto a água descia lentamente pelo meu corpo e me proporcionava um toque de calma e relaxamento, eu comecei a pensar na conversar que tive com o Eduardo hoje mais cedo. Nesses pensamentos traziam à tona os sentimentos que eu poderia um dia ter por ele, mas não era só ele que aparecia em minha mente, o Luan era o protagonista também. Meus sentimentos estavam em choque, já que o que eu sentia pelo Eduardo era a mesma proporção do que eu sentia pelo Luan, eu não sabia explicar o porquê. O Edu ele é engraçado, super legal e me faz tão bem, já o Luan eu não tiver o prazer de conversar com ele, entretanto aquele seu ar de misterioso e o seu olhar penetrante, me deixava nostálgico, como se eu precisasse disso todos dias. Às vezes nosso coração cria ciladas e charadas para que possamos decifrar e chegar ao prêmio desejado.
Desliguei o chuveiro, peguei a toalha que fiz questão de deixar um pouco no sol, para que no momento que eu fosse seca, ela estaria quente, me sequei e fui vestir minhas roupas que eu havia escolhido momentos antes deu vim banhar. Sai do banheiro e senti aquele choque de temperatura, dei uma tremida de leve e corri para meu quarto. Chegando lá recebi que haviam duas ligações perdidas, estava sem nome, então supôs que poderia ser o Eduardo, tentando me ligar de outro número. disquei aquele suposto número e uma voz feminina atendeu, então percebi que se tratava da minha mãe.
"Alô" - Minha mãe falou de forma calma. E já sabia o motivo dela está me ligando, e para que ela não caísse em cima, eu deveria contar a verdade, sem contar os detalhes comprometedores.
"Oi Deusa, tudo bem?" - Falei puxando o saco, mas não funcionou.
"Já sei o que você está fazendo e pode ir parando com isso. Mas respondendo sua pergunta de forma bem-educada, eu estou bem sim, obrigada." - Ela estava falando de forma sarcástica, mas se podia ver que era sincero. Quem não conhecesse a minha mãe, acharia que essa forma dela ter falado, significava que ela estava com raiva, mas a partir do momento que você a conhece, percebesse que essa forma de se expressar ao outro, é a normal e calma.
"Aí mãe fico feliz. Eai como foi a viajem? E os dois, estão bem?" - Tentei puxar o assunto, antes que ela fosse direto ao ponto. Enquanto esperava e responder, aproveitei para plugar meu fone de ouvido no meu celular. Acho melhor de conversar com ele.
"Depois a gente conversa disso, precisamos falar de outro caso, um específico relacionado a ontem de noite." - Ela ainda se mantia calma, isso era bom. Me preparei para as bombas, e minha cabeça já foi pensando em mim formas de contorcer a conversa.
"Mãe não aconteceu nada, fui no barzinho ontem com a turma e só brinquei no karaokê e comi algumas porcarias, nada demais". - Falei de forma simples, que demonstrava domínio nas palavras.
"Eu te conheço menino, e outra, esqueceu que já fui adolescente também? Já bebi, já dei PT, já fiz outras coisas, mas no fim eu amadureci e aprendi que certa coisa devem ter controle." - Concordei com ela. O que ela falo é verdade, no momento que você sabe beber, sabe separar o certo do errado, significa que você está aprendendo a não cometer erros.
"Eu sei mãe, foi um erro meu, e eu prometo que não vou mais cometer nenhum em relação a isso".
"Eu sei que você vai cometer sim" - Rimos. "E sei que você vai aprender com cada um deles, pois isso que te torna humano. A e Natan, só um aviso, se você for transar eu quero que você use camisinha, viu? Não quero ter um neto tão cedo. Pois fiquei sabendo aí que você dormiu fora, não sei se você fez isso, mas estou só te alertando" - Me assustei com a forma dela de me relatar isso, não tinha outra forma mais simples de passar essa recomendação?
"E outra coisa, camisinha tem outras finalidades também. Existem várias doenças que a camisinha previne de você pegar. Então quando você for fazer sexo com alguma garota que você não conhece, ou algo do tipo, use-a mesmo que te machuque, depois você vai me agradecer no futuro." - Fiquei constrangido com isso, mas ela estava certa. Esperei ela terminar de falar sobre esse assunto, e comecei a explicar sobre a noite passada, para que ela parasse de falar disso.
"Tudo bem mãe, vou usar. E só uma observação, eu dormi na casa do Eduardo, então pode ter certeza que não rolou nada. Ele dormiu lá no quarto dele, eu dormi no quarto de hospedes." - Tive que explicar detalhadamente, se não ela podia vir com outro tipo de papo, e não seria boa pro momento.
"Entendi, nem precisa explicar como você dormiu, que sei que você nunca dormiria com um homem. Não criei filho meu para ser gay." - Ela lançou seu comentário sem medo e sem pudor. Não falei nada, mas meus olhos já estavam ameaçando de chorar. Às vezes o que você não quer ouvir, são comentários ofensivos de pessoas que vocês ama. O clima ficou um pouco pesado, então ela tentou mudar o assunto para que a conversa voltasse a rolar entre nós dois.
Ficamos conversando de vários outros assuntos, falamos da viagem dela para casa, falamos também do dia que eles vão vim me visitar, e outras coisas aleatórias.
A diário, deixa explicar um pouco sobre minha mãe. Minha mãe é enfermeira, então tudo que ela aprendeu na faculdade, ela acha que pode vim falar comigo numa boa. Teve um dia que ela veio falando do pelo no cu, algo que eu acho super nojento, mas enfim, ela disse os motivos deles crescerem, depois mudava o assunto para idade que o pênis crescia e qual o tamanho ideal, e outros assuntos bem piores. Não importa a idade, quando seus pais vem falando disso com você, meio que automaticamente você fica com vergonha, é inevitável.
Depois que nos já havíamos encerrado a ligação, decidir mandar uma mensagem para o Eduardo, perguntando se estava de pé ainda nossa saída. Se passando 10 minutos, o mesmo me respondeu de forma objetiva, sem muitas formalidades, que ainda estava de pé e que ia vim me buscar no horário marcado, 16:00hrs. Mandei uma 'beleza' e bloqueei o celular.
Durante a tarde nada ocorreu, só minha crise de ansiedade atacando novamente, mas relevei e tentei focar em algo mais concreto, tipo algum livro. E fiquei por horas o lendo, ele era bom, falava de uma garota que voltou no tempo depois de comprar um celular, lá ela descobre que o amor que ela tanto duvidava, existia. Fiquei me imaginando como eu era antes, e como sou agora, eu ainda não acredito totalmente que o destino nos modela, mas acredito que o que é para ser será. Voltei a realidade quando meu despertador tocou, relatando que já estava na hora de me arrumar.
Peguei algumas roupas do meu guarda-roupa, joguei na cama e comecei a analisar.
"Não quero essa camisa, já usei antes de ontem." - Joguei ela do outro lado da cama. Mexi nas minhas camisas, que estavam esparramadas e outras marrotadas em minha cama, até achar um ideal.
Quando achei a camisa certa, (Uma camisa branca sem estampa e uma blusa xadrez vermelha) ficou faltando só a calça e o sapato. A mesma coisa que eu havia feito com as camisas, eu fiz com as calças, as joguei tudo em cima da cama, mas antes guardei as camisas claro, procurei uma calca que combinasse, tanto com a camisa e blusa, quanto com os sapatos. Então depois de procurar, achei uma calca jeans rasgada que combinava certinho com ambas relatadas, e vesti o look que eu havia acabado de criar. O tênis eu peguei o branco, já que ele fica bom com tudo e fui no banheiro arrumar meu cabelo.
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