CAPÍTULO 61
Ótimo, meu dia não poderia ser finalizado de uma maneira melhor! O pai do meu conturbado (ainda) namorado estava na minha frente, nos olhando de um jeito que não me agradava em nada, como se não aprovasse o que estava vendo.
Eu não posso culpá-lo, minha expressão facial devia demonstrar a quão "animada" estava com a sua visita, que provavelmente significava mais uma confusão na minha casa e consecutivamente na minha vida.
Seria pedir demais, uma vida normal sem pessoas ou parentes estranhos e omissos que aparecem do nada? Eu acho que não, seria na realidade uma benção considerando as circunstâncias.
– Luana querida, como foi a aula? – Minha mãe perguntou, chamando a minha atenção que estava bem longe daquela pequena sala de estar.
– Bem, na verdade poderia ter sido melhor. – Respondi, sem conseguir desviar o olhar do homem ao lado dela. – Tia a senhora ainda vai me acompanhar? – Perguntei me referindo a visita aos meus avós.
Tia Clara franziu o cenho.
– Bem que eu queria, mas com a visita do meu ex-marido, não quero deixá-lo sozinho e ser uma má anfitriã. – Tia Clara respondeu, deixando bem claro que estava desconfortável com essa situação.
– Eu posso ir com você, faz muitos anos desde que falei com os meus pais. – Minha mãe comentou colocando na mesa de centro, um copo de whisky. Desde quando ela bebia?
Isso não importa, afinal até eu estou morrendo de vontade de encher a cara e esquecer por um momento que sou uma adolescente histérica em beira ao caos.
– Nossa já vão sair? Pensei que poderia conversar um pouco com a namorada do meu filho. – Joshua comentou ofendido.
– Joshua, quer calar a boca! – Tia Clara exclamou massageando as têmporas.
– Não sou tão ruim assim, apesar de ter certeza que me pintaram como o vilão da história. – Joshua sussurrou em minha direção.
– Eu realmente não importo com quem está errado ou não, só estou querendo ficar longe de tudo o que isso representa. – Respondi sentindo uma repulsa tremenda por aquele homem.
Joshua me olhou surpreso.
– Gostei de você, tem pulso firme assim como a sua tia. – Falou me avaliando novamente. – Seu pai além de ser um grande advogado, era um homem admirável. Saiba que ele ficaria orgulhoso de saber no que a filha dele se tornou, se algum dia precisar de um estágio, meu escritório está a sua disposição.
– Muito obrigada, mas não irei precisar. – Recusei educadamente.
– Pense bem, seus estudos ainda não finalizaram, você tem potencial.
– Qual é o seu problema? Minha filha não precisa de esmola ou de algo do tipo. – Minha mãe exclamou claramente contrariada. – Luana não precisa disso, o escritório que herdou do pai, pode muito bem suprir qualquer eventual estágio.
Joshua se deu por vencido.
– Ai! minha Doce Suzana, você continua a mesma hiena agourenta de sempre. – Joshua comentou se jogando no sofá. – Preciso conversar com o meu filho a sós, vá visitar os seus pais e se der na volta vá direto para o inferno.
Minha mãe o fuzilou com o olhar.
– Acho melhor nós irmos, mãe. – Falei tentando evitar que os dois deixassem a minha tia ainda mais perturbada.
Minha mãe me obedeceu sem retrucar, talvez seja pela minha voz de autoridade repentina ou pelo fato de eu ter chamado ela de mãe, depois de tanto tempo sem ao menos olha-la nos olhos.
– Luana, realmente é melhor vocês irem. – Jason falou tocando em meu ombro. – Aproveite e leve a Letícia junto com você.
Por um momento, cheguei a esquecer que Jason e Letícia ainda estavam na sala, nunca os tinha visto tão silenciosos e quietos, ainda mais ao mesmo tempo, geralmente eles geraram um grande pânico.
– Espero que vocês não se matem. – Sussurrei no ouvido de Jason, antes de sair de casa arrastando minha mãe e Letícia comigo, que insistia em dizer que queria ouvir a conversa.
– Você não está curiosa para saber o que eles vão conversar? – Letícia indagou quando estávamos chegando perto da casa dos meus avós.
– Estou, mas é algo que Jason tem que resolver sozinho.
Minha mãe não falou nada durante o trajeto, ela estava preocupada. Assim como eu, ela tinha a mania de enrolar uma mecha de cabelo nos dedos. Não posso negar que também estou aflita, não gostei de deixar tia Clara com dois homens totalmente instáveis em uma casa sozinha, mas tentei me acalmar, ela podia ser bastante assustadora quando queria.
Depois de muito tempo, eu queria um momento de paz ao lado dos meus avós.
Meus avós estavam cuidando do jardim quando chegamos, pareciam muito contentes com as atividades realizadas dentro de casa. Fiquei contente em notar que não ficaram chateados com a presença da minha mãe, na verdade a receberam muito bem, apesar de ficarem bastante surpresos.
– Suzana? – Minha avó perguntou deixando cair a mangueira de água no chão, ela estava molhando um canteiro de rosas. – Pensei que nunca mais a veria, pelo menos não nessa vida.
Minha mãe deu de ombros.
– Está na hora de enfrentar alguns fantasmas. – Minha mãe respondeu olhando o jardim com uma expressão nostálgica na face. – Não posso fugir do meu passado mal resolvido para trás.
Um silêncio desconfortável tomou conta do lugar, porém como não estava afim de desperdiçar o meu precioso tempo, resolvi tentar melhorar o clima ruim que a minha mãe tinha provocado.
– Estava morrendo de saudades. – Falei animada abraçando os dois com força.
– Faz muito tempo desde que você veio me visitar, mas o seu rosto contém a mesma aflição daquele dia. – Minha avó comentou me avaliando. – Pensei que depois do fim do processo judicial, tudo ficaria mais fácil para você.
– Eu também pensei, mas como minha mãe falou, ainda há muitas pessoas fugindo do seu próprio passado.
Meu avô se remexeu desconfortável.
– Você deve estar se referindo ao Joshua. – Meu avô concluiu ficando triste de repente. – Nunca gostei muito daquele rapaz, mas não pude fazer muita coisa quando Clara aceitou se casar com ele.
– Espero que Jason não perca a cabeça com essa visita. – Minha avó concluiu franzindo o cenho. – Vamos meninas, acabei de fazer um chá e está delicioso.
– Um chá? – Minha mãe indagou desconfiada.
Minha avó revirou os olhos.
– Você não mudou muito, desde nova desconfia até da própria sombra. – Minha avó reclamou limpando as mãos na barra da saia. – Não se preocupe, depois de dar devida atenção a minha neta, conversaremos sobre o que está perturbando essa sua cabeça.
Minha mãe pareceu hesitar, mas eu a incentivei, afinal teríamos que resolver nossas diferenças em algum momento. Seguimos minha avó por um caminho ladrilhado que eu conhecia muito bem, até que chegamos na entrada dos fundos da casa, que facilitava o acesso ao jardim.
Ao pensar que cheguei a invadir a casa deles no passado, cheguei a breve conclusão que eu estava extremamente desesperada por respostas ou simplesmente muito louca.
Muito obrigada por todo o carinho depositado na história, saiba que amo muito vocês! ❤️
Estou fazendo o máximo para responder todos os comentários.
Em breve estarei anuviando algumas novidades que estão chegando ainda nesse ano de 2020.
Se você gostou vote na estrelinha por favor para ajudar no crescimento da história.
E S T R E L I N H A ⭐️
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