Estava assustada, com a possibilidade de Jason ter sido expulso da escola por causa dessa briga. Não quero que isso prejudique o futuro dele.

Conforme me aproximava do quarto, algo no meu peito me avisava que isso tinha a ver comigo.

O modo como minha tia falou comigo, também não ajudou muito a me acalmar. Pelo contrário, piorou mais a minha aflição.

Estou me sentindo como na primeira vez, que passei por uma situação como essa: Com medo e assustada.

A luz do meu quarto estava acessa, um sinal muito claro da presença dele. Com as mãos suadas pelo nervosismo, bati na porta tentando de algum modo, passar confiança para ele.

– Pode entrar Lua. – Jason falou com um tom nada amigável. – Esse quarto é seu mesmo.

– Não queria te atrapalhar, mas soube que você se meteu em uma briga. – Falei me aproximando lentamente. – E esse quarto, não é mais só meu.

Jason não se importou muito com o meu comentário, se levantou da cama e pegou a mochila das minhas mãos, a jogando em um canto do quarto sem nenhuma delicadeza.

– O que houve? – Perguntei estranhando todo o clima estranho que estava no quarto.

Jason não me respondeu. Ele parecia pensativo sobre alguma coisa que o incomodava.

– Se você não quiser falar sobre a briga, tudo bem, mas diga alguma coisa! – Pedi já preocupada com tanto silêncio.

Jason concordou com um pequeno aceno de cabeça e apoiou o seu corpo contra a parede. Esperei que ele falasse algo, mas o silêncio continuou, me perturbando ainda mais.

– Tudo bem, eu não vou insistir com você nesse assunto. – Falei andando em direção a porta. – Quando estiver pronto para conversar comigo, me procure na cozinha. Eu vou estar jantando.

Quando já estava abrindo a porta, Jason me puxou levemente pelo braço me afastando da saída.

Eu olhei para ele confusa, sem entender direto o que estava acontecendo. Jason parecia perdido e inseguro com alguma coisa, sei que ele quer me falar ou perguntar algo importante.

– Eu não sei como te perguntar isso, sem te machucar ou ofender. – Jason falou segurando minha cintura, fazendo uma leve pressão na região. – Quando começamos a namorar, eu prometi que melhoraria meu temperamento, pelo bem do nosso relacionamento.

– Eu me lembro, mas o que isso tem haver? – Perguntei acariciando os seus ombros.

Jason me mostrou o punho enfaixado.

– Quero te pedir desculpas por não ter cumprindo a minha promessa, eu não sou bom com elas. – Jason falou baixando a cabeça

– Você brigou com o Theo. – Falei com um suspiro cansado. Isso já era meio óbvio. – O que foi dessa vez?

– Primeiro, quero que você saiba que se isso fosse em outra época, talvez eu estivesse em qualquer outro lugar nesse momento enchendo a cara. – Jason falou deslizando as mãos até segurar as minhas. – Mas, hoje eu quero fazer as coisas diretos com você, não pretendo tomar atitudes erradas para me arrepender depois.

Olhei para ele assustada. Pelo modo como ele estava falando comigo, parecia que algo sério tinha acontecido envolvendo o meu nome.

– Jason, você está me deixando com medo. – Falei olhando para ele nervosa.

Ele desviou o olhar por um momento, para depois me encarar de uma maneira intensa.

– Você tem algo para me contar? – Jason perguntou. – Algo que ainda não me contou.

Fiquei surpresa com essa pergunta. De repente em minha mente surgiu uma imagem perfeita do garoto da biblioteca e os seus avisos estranhos.

– Luana, o seu silêncio me mostra que você está me escondendo algo há muito tempo. Venho percebendo que você está estranha, mas como respeito o seu espaço, preferi esperar que você se manifestasse. – Jason continuou me deixando ainda mais nervosa. – Mas, hoje foi o último dia que tive que aturar isso. Me diga Lua, com quem você anda se encontrando na biblioteca?

Por instinto, acabei me afastando por medo de revelar algo somente com o meu olhar.

– Não tente mentir para mim. – Jason falou dando de ombros. – Um dia, nós dois prometemos não mentir um para o outro. Sabemos muito bem, que a mentira é o fim de um bom relacionamento, não deixe que isso acabe com a minha confiança em você.

– Eu tenho medo. – Confessei.

– O medo é o inimigo número um dos sonhos realizados, não deixe que ele destrua o nosso. – Jason falou se aproximando de mim. – E você é a pessoa mais corajosa que eu conheço.

Jason levantou o meu rosto com uma das mãos, para depois erguer diante dos meus olhos a pulseira que eu tinha perdido.

– Eu poderia simplesmente tirar minhas próprias conclusões com base nessa pulseira e no que ouvi. – Jason falou me entregando a joia. – Antigamente, nesse momento não estaríamos mais juntos. Mas, como te disse, eu mudei e por isso resolvi ouvir o seu lado.

– Onde você a encontrou? – Perguntei surpresa.

– O seu amigo fez questão de me devolver. – Jason retrucou cruzando os braços. – Lua me fala logo o que está acontecendo!

Só havia uma pessoa que podia ter pegado a minha pulseira.

Respirei fundo e tentei me acalmar. Depois de tanto tempo, a minha consciência ficou pesada por não seguir o conselho da Vanessa.

– Eu sempre te perguntei, se você já tinha se encontrado com o Théo, mas você nunca me respondeu a verdade. – Jason continuou passando a mão pelo rosto tentando controlar a sua raiva.

– Théo? Do que você está falando? – Perguntei confusa. – Jamais menti para você em relação a isso. Nunca conheci esse rapaz.

Jason me olhou uma expressão nada boa. Ele parecia não acreditar no que estava ouvindo.

– Às vezes, eu fico totalmente impressionada com a sua inocência. – Jason falou mostrando a mão machucada. – Não entendo, se é por que você nunca experimentou um pouco da dor da vida, ou se é de nascença.

– Assim você me ofende. – Reclamei chateada com as palavras dele.

– Me desculpe, porém fica difícil de agir com clareza, quando estou tentando esclarecer as coisas e você fica agindo como se não soubesse de nada! – Jason retrucou batendo o punho machucado na parede.

Me assustei com a atitude dele. O abracei pelas costas tentando de algum modo confortá-lo com esse gesto. Eu não gosto nenhum pouco, quando ele se auto machuca desse jeito, meu coração se aperta de uma maneira sufocante com o sofrimento dele.

– Eu não conheço o seu inimigo. – Afirmei intensificando o abraço que estava dando nele, para a minha surpresa, Jason estava chorando. – Porém, eu confesso que não fui totalmente sincera com você.

Nesse momento, Jason enxugou as lágrimas com certa brusquidão, ele parecia estar pensando no pior.

– Você estava certo, quando falou que eu fiquei estranha desde que voltei da biblioteca. – Falei tentando não chorar. – Tem um garoto que me persegue desde a primeira vez, falando coisas erradas sobre vocês, hoje por exemplo, ele falou mal da Letícia insinuando que ela não era uma pessoa confiável.

Nesse momento, Jason começou a rir em meio ao choro me deixando ainda mais confusa sobre o que estava acontecendo.

– Miserável! – Jason exclamou cerando os punhos. – Isso é muito típico dele!

– Então, você o conhece? – Perguntei tentando o acalmar com uma massagem nas costas.

Jason se virou para mim, com um sorriso em meio as lágrimas. Ele tocou meu rosto com uma leve pressão.

– Durante todo esse tempo, você está conversando com Théo e ouvindo todo tipo de calúnia inventada por ele. – Jason explicou me deixando surpresa com essa revelação.

Como eu fui idiota!

– Eu não acredito nisso. – Sussurrei me sentindo culpada por ter duvidado por um momento da minha amiga. – O que ele te disse?

Jason deu de ombros.

– Nada que os seus ouvidos mereçam ouvir loirinha. – Jason falou tirando da cômoda um maço de cigarros. – Théo só diz coisas para magoar quem ele odeia, não quero que ele te envenene com as palavras dele.

Olhei para o meu namorado com outros olhos.

– Eu fui muito burra, me desculpa. – Pedi o abraçando.

– Não foi culpa sua. – Jason falou retribuindo o meu abraço. – Ele sempre foi assim, desde pequeno Théo gostava de brincar com a inocência alheia. Não se culpe por ser doce e meiga, foram essas qualidades que fizeram me apaixonar por você.

Sorri com essa declaração e o beijei.

– Espero que com o meu erro, você não tenha deixado de me amar. – Falei sentindo o meu rosto corar.

Jason limpou às lágrimas dos meus olhos com delicadeza.

– O amor nunca acaba quando há verdade no meio. – Jason falou beijando a ponta do meu nariz. – Por isso, eu peço que você não me esconda nada. Não estou cobrando que me diga onde vai ou com quem vai, mas quero que me informe quando algo te incomodar, para que possamos resolver os problemas juntos como um casal.

– Eu prometo que serei sincera a partir de agora. – Falei abrindo um sorriso sapeca no rosto. – Se você prometer nunca mais fumar. – Falei tomando da mão dele o maço de cigarros.

– Tudo bem loirinha. – Jason falou levantando as mãos em sinal de rendição me fazendo rir pelo seu jeito intenso e dramático.

Bom, quando me apaixonei por ele, eu não sabia que tinha feito a melhor escolha da minha vida. Jason nunca foi machista ou possessivo, ciumento sim, porém nada que me prejudicasse. Ele nunca se incomodou ao ponto de me fazer mudar de ideia sobre alguma coisa, Jason sempre me apoiou em tudo, até mesmo em sair com as minhas amigas.

Eu o amo muito, por me compreender.

Estava na hora de cuidar dele, da mesma forma que ele cuida de mim desde que começamos a namorar.

Quando a lua já brilhava alta no céu, ambos dormimos juntos em meu quarto. Não imaginava que essa conversa terminaria assim de uma forma tão pacífica. Fico feliz, que ambos estamos amadurecendo com o passar desses dias tão estranhos e cheios de mudanças extremas.

Sim, acho que finalmente posso dizer que encontrei o amor da minha vida.

Mais um capítulo de QDDO para vocês!❤️
Estou super inspirada, então vai mais atualizações por aqui!
Estou trabalhando em outra obra, que logo estará disponível por aqui, na plataforma!
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E S T R E L I N H A ⭐️