Sentada sobre a minha cama eu encarava com ansiedade os vários diários empoeirados que estavam em cima dela.

Quando minha tia perceber que estou tocando em coisas empoeiradas, ela vai me forçar beber um litro inteiro daquela bebida estranha que ela diz que ser bom para gripe.

– Vamos está na hora da verdade Luana! – Falei esfregando as mãos tentando aliviar o nervosismo.

Comecei a olhar a contracapa de cada diário, separei cada um pelo ano anotado com a letra da minha mãe. Assim ficaria muito mais fácil para entender essa história toda.

Quando estava quase tocando o primeiro caderno, eu me lembrei que a porta ainda estava aberta. Como eu tenho muita experiência com o que acontece quando portas estão abertas, eu preferi me levantar para tranca-la antes que alguém chegue para me interromper.

Depois de verificar que tudo estava em ordem, novamente eu me sentei na cama para finalmente me concentrar na minha leitura.

Peguei o primeiro diário que a minha mãe escreveu e comecei a ler prestando atenção em cada detalhe. Quando terminei deduzi que a minha mãe tinha doze anos quando o escreveu, não tinha nenhuma informação sobre o Sebastian ou sobre o meu pai.

Comecei a ler o segundo e percebi um certo amadurecimento da minha mãe, quando estava quase desistindo, acabei encontrado o que estava procurando. Quase no final do diário minha mãe relatava que o meu verdadeiro pai havia sido contratado como jardineiro na casa dos meus avós.

"Hoje pela tarde meus pais convidaram um rapaz para trabalhar aqui em casa como jardineiro. Ele até que é bonito!"

Posso dizer que não é nada agradável ler sobre os problemas amorosos da sua própria mãe, mas tudo bem. Peguei o próximo diário e notei que esse havia sido escrito com uma diferença de dois anos, com toda certeza esse possui muitos mais relatos sobre o passado da minha família.

Algumas das palavras estavam apagadas ou muito difíceis de ler. O tempo que eles passaram dentro de um baú de madeira velho, contribuiu para o desgaste das páginas e palavras.

Infelizmente a minha mãe não tinha o mesmo hábito que eu de anotar a data. Então eu só podia me basear pelo ano anotado na capa sem muito certeza do tempo em que tudo aconteceu.

"Não sei o que está acontecendo comigo. Quando estou perto do Sebastian, o meu coração acelera de muita mentira que eu não consigo controlar."
...
"Eu estou muito feliz! Quando voltei do colégio pela tarde após terminar um trabalho, acabei encontrando Sebastian na entrada da casa. Ele me deu uma rosa"

Parei por um momento para tomar um pouco daquele chá horrível da minha tia. Não quero provocar uma crise histérica após ela cuidar tanto de mim.

Olhando por esse lado, o relacionamento da minha mãe com o Sebastian começou de uma maneira fofa. Ainda não entendo como o meu pai entrou nessa história ou como esse amor acabou.

Curiosa eu terminei de ler esse diário e passei para o próximo querendo saber logo como tudo isso chegou em mim.

"Eu vou chamá-lo para sair comigo! Eu não aguento mais ficar nessa troca de olhares e rosas!"

...

"Ele aceitou! Estou muito nervosa, eu não sei como me vestir, eu queria poder pedir ajuda a minha irmã mais nova, mas ela está enfrentando a própria história de amor."

...

" Estamos juntos! Ele me beijou e me pediu em namoro."

Procurei por mais páginas ou trechos no caderno, mas não tinha mais nada. Agora só restava um único diário e ainda não tinha encontrado as respostas que queria.

Respirei fundo antes de abrir o último diário da minha mãe. Como esperado esse também não tinha data, mas dava para deduzir que a minha mãe tinha dezoito anos quando o escreveu.

"Fui aprovada na faculdade de direito! Eu estou muito feliz, mas muito preocupada com a possibilidade de me mudar de cidade"

...

"Sebastian me deu uma pulseira de presente pela minha aprovação. Sei que um dia ele também realizará seus sonhos"

...

"Clara descobriu tudo sobre o meu relacionamento com o Sebastian, mas ela prometeu não contar nada para os nossos pais"

Abri um pequeno sorriso ao ler essa parte.

– Isso é muito a cara da minha tia. – Comentei passando para a próxima página. Ela apoiou a minha mãe com o namorado e me apoiou com o seu filho.

"Hoje vai completar uma semana do meu mal estar. Clara suspeita que eu esteja grávida, mas isso seria loucura!  Ela vai me trazer um teste escondido."

...

"Deu positivo"

...

"Não posso contar isso a ninguém, preciso aguentar até a minha viagem."

...

"Clara está brava comigo. Ela quer que eu conte ao Sebastian, mas eu tenho medo."

...

"Falta uma semana para a minha viagem, a faculdade de direito está me esperando, mas o enjoos não estão me deixando estudar por muito tempo."

...

"Após refletir bastante, eu decidi contar a verdade ao pai do meu bebê. Tenho certeza que o Sebastian irá me apoiar quando souber da novidade. Esse bebê será o fruto do nosso amor."

...

"Não consegui contar. Eu não posso contar nada. Ela me falou..."

Busquei desesperada pelo final da história, apesar de serem pequenos fragmentos de tudo o que estava escrito originalmente, deu para entender muito bem que a minha mãe queria contar para o Sebastian sobre mim, mas alguém a impediu disso.

O diário tinha acabado, não havia mais nenhum deles dentro do baú. Fiquei estática olhando para cada um ligando tudo o que tinha acabado de descobrir na minha mente.

– Eu preciso de mais. – Murmurei pensando em uma maneira de descobrir a verdade.

Peguei o último diário escrito pela minha mãe e sai correndo do quarto. Eu precisava falar com uma pessoa que sabia de tudo desde o início. A encontrei preparando o almoço enquanto cantarolava uma música.

– Tia Clara eu preciso falar muito com você. – Falei chamando a atenção dela.

– Luana? Você não deveria estar de pé depois da febre alta que você teve. – Tia falou tocando em minha testa para verificar a minha temperatura.

– Eu já estou melhor, se você quiser eu tomo um litro inteiro daquele seu chá, mas agora eu precisa que você me responda algumas perguntas. – Falei rapidamente.

– Tudo bem. – Tia Clara concordou. – Sobre o que vamos conversar?

– Sobre isso. – Falei lhe mostrando o diário.

Tia Clara respirou fundo antes de abrir um pequeno sorriso em rosto.

– Eu sabia que um dia teríamos essa conversa. – Falou com ar irônico. – Não guardei esses diários atoa, eu sabia que você os procuraria um dia.

– Então, você os guardou com esse propósito? – Perguntei surpresa.

– Ninguém pode viver para sempre sem conhecer a própria história. – Respondeu dando de ombros.

Após muitos pedidos, mais um capítulo de QDDO!❤️
Espero que gostem!
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E S T R E L I N H A ⭐️