Jamais deveria ter permitido que Luana me convencese a sair de casa para procurar emprego, o seu otimismo exagerado já está me deixando com o estômago embrulhado.

Eu mesma não estava muito confiante em conseguir a vaga, nem mesmo os meus cursos que paguei muito caro não surtiam o efeito desejado, o desemprego já está me deixando de cabelo branco.

– Desse jeito outra pessoa vai conseguir a sua vaga. – Luana comentou por causa da minha demora para entrar na loja.

– Estou nervosa, preciso de um tempo para respirar e não fazer nenhuma idiotice. – Respondi tentando controlar a minha ansiedade.

O lugar é extremamente agradável, um pet shop de primeira qualidade que se localizava no melhor ponto do shopping da cidade. As pessoas sempre traziam seus animais de estimação para serem bem cuidados aqui e nunca houve uma única reclamação de maus tratos.

Como sonho em me formar em medicina veterinária, imaginei que trabalhar em um lugar como este me ajudaria bastante com o meu curso superior...isso se eu conseguir colocar um pé dentro do lugar.

– Gnomo vermelho, ninguém aí dentro vai te fazer algum mal. – Jason falou apertando carinhosamente os meus ombros. – Há não ser os próprios cachorros, caso você esqueça da ração deles.

Luana lhe deu um tapa.

O tempo passava mais ele continuava um completo de um idiota.

– Não ligue para ele, tenho certeza que tudo vai dar certo com o emprego. – Falou tentando compensar. – Você sempre sonhou com isso, não deixe que aqueles "nãos" acabem com ele.

Sim, eu sabia que ela estava coberta de razão, mesmo eu tendo sido recusada quinze vezes. Gostaria que Pietro pudesse ter vindo também, ele sempre sabia como me animar em uma situação dessas, mas as coisas entre a gente estavam ficando um pouco estranhas demais para o meu gosto, preferi dar um tempo em nossos encontros semanais.

Balancei a cabeça e respirei fundo.

– Encontro vocês mais tarde, e dessa vez com uma ótima notícia. – Falei apertando o meu currículo nas mãos.

– Finalmente, saiba que se precisar de qualquer coisa é só nos ligar. – Jason falou bagunçando os meus cabelos.

Ele se afastou e andou em direção a moto que tanto adora pronto para partir para resolver os próprios assuntos de sua faculdade.

Luana se aproximou e me desejou boa sorte, porém antes de ir ao encontro do namorado se virou e me disse algo que surpreendentemente me encheu de coragem:

– Pietro não sabe o que está havendo entre vocês, mas está torcendo muito por você.

Me virei para responder, mas Luana já tinha seguido o seu caminho, mais tarde vamos ter que conversar sobre isso, não quero que ela pense que estou brincando com os sentimentos do irmão dela.

Ignorei o meu coração palpitante e me encaminhei para a porta de entrada da loja, se eu continuasse parada no meio do shopping como uma estátua, o segurança me expulsaria a ponta pés por pensar que sou uma assaltante.

– Veio para a vaga de emprego? – Um jovem da minha idade perguntou assim que entrei.

Ele era muito bonito e parecia ser muito simpático, quando confirmei quem era, logo me levou para a gerente do lugar.

– Eu tenho muitas chances? – Perguntei para ele, assim que chegamos em frente a uma porta de madeira marrom, com uma placa com os dizeres "gerente".

"Mais óbvio que isso não existe" pensei comigo mesma, enquanto revirava os olhos.

O rapaz deu de ombros.

– Ela está de bom humor hoje. – Respondeu abrindo a porta e me empurrando para dentro, como se isso fosse uma explicação.

Daria tudo nesse momento para ter um potinho com a poção felix felicis do Harry Potter, ter sorte instantânea é o que mais preciso para conseguir essa vaga.

Posso até estar sendo exagerada, mas me senti sendo jogada aos leões sem nenhuma preparação ou objeto de defesa.

Não confio mais naquele rostinho bonito.

Quando entrei praticamente aos tropeços, me deparei com uma mulher de expressão rígida que parecia muito uma professora da época de palmatória.

– Então, está aqui para uma vaga de emprego? – Perguntou sem me dar nem mesmo um bom dia ou alguma palavra de incentivo.

– Sim, não é um lugar que em viria por qualquer outro motivo. – Respondo distraída sem dar conta do que saiu da minha boca.

A mulher se empertigou na cadeira como uma cobra prestes a dar um bote. Ótimo! Mais um emprego em que serei recusada.

Minha boca grande geralmente é o único motivo das pessoas não me quererem em suas lojas ou impressa, eu sincera demais para o meu próprio bem.

– Ainda estuda? – Perguntou se recompondo.

– Estou no meu último ano do ensino médio. – Respondi lhe entregando o meu currículo, espero realmente que as mentiras que Jason escreveu surtam algum efeito positivo.

Enquanto ela avaliava se me aceitava ou não, comecei a correr os olhos pela sala da mulher que mais parecia ter sido derrotada por um fã assíduo de filmes de terror.

Em cima da sua mesa tinha uma placa com o seu nome: Agnes Perreira.

Um nome bem rústico que combinava perfeitamente com ela e com o seus terninho de cor verde militar.

– Então você fala japonês? – Agnes perguntou chamando a minha atenção.

Japonês? Nunca nem tinha comido um sushi na minha vida, imagina falar japonês fluentemente!

Porém como boa dissimulada que sou, disfarcei minha supresa e forcei um sorriso orgulhoso em meu rosto.

– Sim, é uma das minhas qualidades. – Respondi cerrando os punhos, vou matar o Jason quando encontrá-lo.

– Temos muitos clientes estrangeiros, por isso mesmo que seja meio período vou contrata-la para o serviço. – Agnes falou um pouco relutante. – Esteja aqui na segunda feira pela tarde, não se atrase e pegue o uniforme com Enzo no balcão.

Acenei e praticamente sai correndo daquela sala, como raios vou atender com clientes estrangeiros se mal sei falar português direito?

– Você conseguiu a vaga de emprego? – O rapaz que chama Enzo perguntou normalmente assim que me viu sair, como se não tivesse me jogado dentro daquela sala.

Acenei em resposta.

– O seu uniforme deve estar pronto pela manhã, passe aqui para pegar depois. – Continuou falando enquanto anotava minhas medidas, sem notar o meu estado. – Precisa de mais alguma coisa?

Olhei profundamente em seus olhos negros e respondi:

– De uma boa escola de idiomas.

Olá, meus amados leitores! O primeiro capítulo desse livro foi super divertido de se escrever e já estou ansiosa para publicar o resto para vocês!

O segundo capítulo ainda será publicado nessa semana, então fiquem atentos para não perderem.

Me desculpem qualquer erro de ortografia.

Espero que tenham gostado!❤️

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E S T R E L I N H A ⭐️