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- Ludmilla, eu não posso. - Brunna por fim diz vendo o desespero tomar conta dos olhos castanhos- Isabella e eu temos uma vida aqui, não podemos largar tudo. Eu tenho um emprego.
- Você é garçonete. Em Nova York você pode ser outra coisa, uma empresária, eu não sei. - diz com um tom desesperado soltando a caixinha sobre a cama.
- Você não entende, eu não tenho dinheiro para me mudar para Nova York. Não tenho condições financeiras. - explica rapidamente tentando acalmar a mulher que estava a beira de chorar pelo tamanho desespero que sentia - Se não fosse pelo meu ex marido ter comprado essa casa pouco antes de morrer, eu provavelmente moraria com a Isa em um barraco qualquer.
- Eu pago tudo. Eu pago as passagens, compro uma casa para nós e tudo o que você quiser.
- Ludmilla, você não tem dinheiro. - sua voz fica trêmula também.
- Eu tenho dinheiro no banco, o dinheiro que o Lawrence me deixou. Eu posso vender aquela casa, ela deve valer um dinheirão... Com isso, já teremos dinheiro para comprarmos uma casa ou um apartamento grande. Brunna, por favor. - leva suas mãos até o rosto da mulher e o segura com cuidado, como se a fosse uma pedra preciosa
- Eu não posso deixar que você venda a casa que o seu irmão te deixou. - diz sabendo que aquilo iria começar uma discussão mas isso não acontece, apenas uma lágrima solitária escorre da bochecha de Ludmilla.
- Eu odeio aquela casa. - dispara - Aquela merda toda me lembra o Lawrence, eu não me sinto bem lá. Eu moro lá a meses está tudo da mesma forma que estava quando eu cheguei, eu não consigo mudar uma mínima coisa que sinto que estou invadindo a privacidade do meu irmão. - respira fundo - Demorei meses só para conseguir mudar o fundo de tela do computador do escritório.
- Isso é sério? - pergunta chocada com a revelação.
- Por que você acha que eu durmo tantas vezes aqui? - seus ombros caem e ela solta o rosto de Brunna.
- Ludmilla, eu não sabia que você se sentia assim. - suspira e Ludmilla nega com a cabeça enxugando a lágrima que escorreu por seu rosto.
- Eu quero começar uma nova vida, uma vida com você. - murmura encarando as alianças caídas no colchão.
Ambas ficam em um desconfortante e triste silêncio, a cabeça de Brunna começa a trabalhar rápido demais, mais rápido do que ela conseguia imaginar.
Ela começa a repensar a sua vida. Em como der movida pela razão sempre a livrou de furadas mas também a privou de diversas coisas, desde a sua adolescência.
Pouco tempo depois, a memória de seu ex marido, Tom, dizendo que ela deveria ser movida pelas emoções algumas vezes ou ela se tornaria uma velha chata de trinta anos. Naquele instante, ela olha para Ludmilla vendo a mulher com o rosto vermelho indicando que ela segurava o choro, seu coração despedaça ao ver aquilo e uma onda de adrenalina misturada com sentimentos começam a correr por suas veias, Brunna não pensava em mais nada quando pegava uma das alianças e a deslizava por seu dedo anelar
- Então vamos começar uma vida a dois. - diz com confiança vendo um sorriso rasgar os lábios da sua mulher e seus olhos claros começarem a brilhar.
Em uma fração de segundos, Ludmilla se jogava sobre Brunna e a abraçava com força voltando um suspiro aliviado. Algumas lágrimas escorreram de seus olhos mas ela não deixaria Brunna saber.
- Você sabe que é um pedido de namoro e não de casamento, certo? - Ludmilla pergunta risonha sentindo Brunna afagar seus cabelos enquanto a apertava contra o seu corpo. Ela não queria estragar a próxima surpresa para daqui uns meses ou até anos.
- Pedido de namoro ou de casamento, não me importa. O que importa é que eu vou estar com você. - afunda o rosto na curva do pescoço de Ludmilla e inala o perfume da mesma.
[...]
Na manhã seguinte, Ludmilla acorda com os gritinhos de David e abre os olhos vendo as mãozinhas do bebê na beirada da cama, ela se arrasta para a beirada e vê David soltando um gritinho agudo com a boca cheia de baba.
- Bom dia? - murmura. David sorri e estende as mãos em sua direção mas ele se desequilibra e cai sentado no chão.
- Mamã. - estende os bracinhos em direção a mulher que solta uma risada baixa percebendo que nessa manhã, os olhos azuis de David estavam em um tom azul esverdeados.
- Bom dia, vidinha. - estende os braços em direção ao chão e puxa o menino pela blusa para cima da cama - O que está fazendo aqui sozinho?
- Irmãozinho, trouxe os brinquedo... - Isabella entra no quarto falando em um tom baixo e Ludmilla a olha vendo a menina com uma Barbie e um carrinho nas mãos.
- Bom dia. - respira fundo encostando a cabeça no travesseiro.
David sorri apoiando as mãos no peito de Ludmilla e se inclina sobre ela, segundos depois o bebê estava sentado sobre suas costelas e encarando Isabella.
- Desculpe, tia Lud. Não era para ele te acordar. - Isabella se aproxima da cama com o rosto vermelho e sobe na mesma.
- Está tudo bem. - solta uma risada baixa e sonolenta - Onde está a sua mãe?
- Ela está lá fora vendo um moço cortar a grama. - se senta sobre seus pés e entrega a barbie para David - E resolvemos vir aqui brincar no quarto da mamãe. - aponta para David e ela.
- Hm. - murmura pegando as mãos até a cintura de David e o segura para poder se sentar na cama sem deixar o bebê sair do seu colo - Gostou do brinquedo?
- Sim! Ele corre rapidão. - afirma com a cabeça com um enorme sorriso.
- Fico feliz que gostou. Qualquer dia eu tento de dar um unicórnio, tudo bem? - as mãos de David seguram as suas com firmeza e tenta ficar em pé a todo custo.
- Ta bom. - afirma com a cabeça sorridente e por fim, David fica em pé sobre o colchão.
- Isa, você gosta daqui? - Ludmilla olha para a menina - Tipo, morar nessa cidade.
- Sim, tia. Eu tenho meus amiguinhos, tem os meus avós, a prima Pê, a tia Ash. - lista fazendo Ludmilla apertar os lábios.
- Você não gostaria de morar em Nova York? Naquela cidade que sempre aparece nos filmes? - pergunta e Isa a olha com curiosidade.
- Aquela cidade que aparece naquele filme de natal que a gente assistiu esses dias?
- Sim, essa mesma. É que eu consegui aquele emprego que eu fui fazer entrevista, se lembra?
- Anran. - afirma com a cabeça.
- E para eu ficar nesse emprego, eu preciso me mudar para Nova York e estava pensando em levar vocês duas porque eu não quero ficar longe de vocês. - explica tendo os olhos.
- Íamos viajar de avião?
- Sim.
- E eu iria deixar os meus amiguinhos aqui? - Ludmilla aperta os lábios afirmando com a cabeça sentindo David dar uns pulinhos na cama.
- Mas você faria outros lá. - solta uma mão de David, passa a mesma pela cintura do bebê o fazendo se sentar e ele solta um resmungo irritado - E nós quatro iríamos morar juntos.
- Sério? - abre a boca em animação - Então eu quero ir.
- Fácil assim? - franzi o cenho e Isabela ri.
- Lud, se você morar com a mamãe, você vai ser a minha outra mamãe? - pergunta tombando a cabeça para o lado.
- Eu não sei, seria? - responde confusa com a mudança repentina de assunto.
- Sabe a minha amiga, a Diana? - Ludmilla afirma com a cabeça ao se lembrar da amiga dela que tinha duas mães - A Diana me contou que o papai dela se separou de uma das mães dela, ai a mamãe dela começou a namorar com a outra mamãe dela e agora ela tem duas mães... Então isso significa que você é minha mamãe também? - pousa suas mãos sobre as próprias pernas deixando Ludmilla com um enorme ponto de interrogação na cara.
- Não sei, por que você não pergunta para a sua mãe? Tenho medo de falar algo errado e ela ficar brava comigo. - entorta a boca fazendo Isabella rir.
- Vou perguntar para ela. - se arrasta para fora da cama e sai correndo do quarto - MAMÃE! - grita correndo até as escadas fazendo Ludmilla rir pelo grito repentino.
- Olha só, a meses atrás eu não queria filhos e agora ganhei dois. - Ludmilla comenta com um ar brincalhão encarando David que a olhava com curiosidade.
- Dadadada. - bate uma de suas mãos na coxa de Ludmilla e a mulher ri
- Eu não posso fazer nada se ela se auto rotulou sua irmãzinha... É ela quem manda não é? - faz careta fazendo o bebê gargalhar por sua expressão facial.
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