Naquela mesma madrugada, Ludmilla foi para o aeroporto com uma pequena mala depois de se despedir das suas três pessoas favoritas de todo o mundo.

Ela dormiu a maior parte do tempo, mesmo que o vôo não fosse mais do que três horas, ela ficou feliz por ter conseguido dormir já que estava agitada. Assim que seu avião pousou, perto das quatro da manhã, pegou seu celular e entrou no chat de Brunna vendo que a mulher estava online.

Ludmilla: Ei vida, acabei de chegar.

Ludmilla: Está acordada a essa hora? Não me diga que o David te acordou :(

Brunna: Oi meu amor! Estava preocupada, ai está frio? Se sim, se agasalhe bem, por favor.

Brunna: Não, não. O David não acordou, eu que estava preocupada e não consegui dormir.

Ludmilla: Bom, agora que já sabe que eu estou bem. Durma um pouco.

Ludmilla: Estou indo para o hotel agora, vou tentar dormir mais um pouco.

Brunna: Me mande mensagem quando chegar no hotel.

Mas isso não aconteceu já que as duas foram trocando mensagens até que Ludmilla chegasse no hotel que ela custou a conseguir uma vaga. A maioria dos hotéis precisavam de dias de antecedência para fazer reserva e não horas antes, ela precisou pagar um pouco a mais como previsto mas finalmente conseguiu um hotel seguro e que não fosse tão longe do prédio da Vogue.

Ao chegar no hotel, Ludmilla apenas tirou a roupa pesada que ela usava e se jogou na cama para tentar dormir. Ela acordou às dez horas, tomou um longo banho, se trocou e fez uma ligação rápida com Brunna para descobrir como estavam as coisas por lá. Ludmilla ficou com o coração quentinho quando ouviu David falando "mamã" no fundo e Isabella gritando — como sempre — "boa sorte, tia Ludmilla! Rezei para o papai do céu para te ajudar".

Como Ludmilla iria voltar no dia seguinte, poucas horas depois da entrevista, ela optou por sair agora para comprar o presente das mulheres da sua vida.

- Oi, vocês sabem me dizer onde tem uma joalheria por aqui? - Ludmilla pergunta entrando em uma loja qualquer de brinquedos.

- Bom dia, se eu não me engano, no final da rua tem uma joalheria. - uma vendedora sorridente para a direita.

- Oh, obrigada. Estou a quase meia hora procurando uma. - solta uma risada sem jeito e olha em volta vendo diversos brinquedos - Aproveitando que estou aqui, você pode recomendar brinquedos para crianças de faixas etárias diferentes? - coloca as mãos no bolso do grosso que usava.

- Claro, quais as idades?

- Uma de seis. - a mulher afirma com a cabeça - E para o meu filho de dez meses. - seu sorriso cresce ainda mais ao dizer filho.

- Meus parabéns. - sorri vendo os olhos de Ludmilla brilharem - Venha comigo, irei te mostrar alguns brinquedos para o bebê e depois para a mais velha.

Depois de ver diversos brinquedos, Ludmilla resolve levar um empurrador para auxiliar David a andar já que ele começava a ficar em pé apoiado nas coisas. Para Isabella, ela leva um carrinho de controle remoto por causa que a menina estava pedindo a dias, mesmo sabendo que Brunna iria querer a matar por dar um brinquedo desse porte para Isa.

Ludmilla sai reluzente da loja de brinquedos e começa a ir em direção a joalheria do final da rua — e uma rua gigantesca. Ao entrar, Ludmilla olha em volta e anda até o balcão, coloca as duas sacolas no chão e coloca as mãos sobre o balcão vendo diversos anéis a sua frente.

- Pois não? - um homem sorridente se aproxima fazendo Ludmilla subir seu olhar para o mesmo.

- Gostaria de ver alianças. - pausa - Alianças de namoro, nada muito chamativo, algo simples. - volta a olhar os anéis a sua frente.

- Algum detalhe especial? - pergunta e Ludmilla nega com a cabeça.

- Não, algo bem simples mesmo. - o homem afirma com a cabeça, se afasta a procura das alianças deixando Ludmilla vendo os anéis.

Seus olhos passam pelos anéis que ela deduzia ser de Ludmilla. Alguns com diamantes pequenos, já outros com diamantes enormes. Um em específico chama sua atenção, era um anel dourado, fino e com uma pedra preciosa da cor marrom, com o par ao lado com uma esmeralda.

- Aqui estão as alianças mais simples e delicadas que temos. - o homem coloca quatro caixinhas com pares de aliança dentro.

- Esses anéis, são um conjunto? - pergunta apontando para os dois pelo vidro.

- Sim. - afirma com a cabeça - É um dos mais novos modelos a chegar a loja.

- Eu vou levar. - sobe seu olhar para o homem com um sorriso de canto.

Seus olhos param sobre uma aliança prata, brilhante, lisa e fina. Seu sorriso fica ainda maior e pega a caixinha azul marinho.

- E essas. - o homem levanta a sobrancelha em um sinal claro de surpresa mas em seguida sorri.

Ludmilla pega seu cartão e paga pelos dois pares. Com mais uma sacola em mãos, ela resolve chamar um uber para levá-la até o hotel e deixar as coisas.

[...]

A fotógrafa estava ansiosa. Ela sabia que tinha gigantescas chances dela ser contratada no dia seguinte, o pessoal da Vogue não marcava uma entrevista com qualquer um, isso ela sabia por ter contato com quase três fotógrafos que trabalhavam lá dentro. Eles eram sérios e rígidos com a questão de seus fotógrafos.

Ela se senta na cama do hotel, solta um suspiro suspira, encara a câmera em mãos e sorri. A lente da câmera é apontada para a sacada, onde ela conseguia ter uma vista perfeita da cidade, mesmo estando sentada na cama.

A minutos atrás ela estava treinando na frente do espelho a forma que iria falar na frente da pessoa que iria a entrevistar junto com a roupa que usaria. Ela estava em dúvida se deveria usar um terno ou algo mais casual, já que ela não seria uma empresária e sim uma fotógrafa. No fim de tudo, ela resolveu uma saia longa da cor verde musgo, uma blusa gola alta e de manga cumprida, parecida com a que ela havia usado no dia anterior e um salto preto nos pés. Ela estava torcendo para que não passasse frio nos pés já que ela usaria um casaco que obviamente não chegava até seus pés.

- A Isa adoraria isso. - Ludmilla solta uma risada deixando a câmera de lado e vai até a estante em baixo da televisão que tinha uma barra de chocolate, um saco de salgadinhos e um bombom - Mas como ela não está, eu vou adorar isso. - pega o saco de salgadinhos, volta até a cama e se joga na mesma.

O celular começa a tocar exibindo uma foto de Isabella e Lauren na tela. A mulher sorri e atende colocando em viva voz.

- TIA LUDMILLA, A MAMÃE TA BRAVA COM VOCÊ. - Isabella berra fazendo Ludmilla saltar da cama.

- Meu Deus, eu estou em Nova York e irrito essa mulher? O que eu fiz dessa vez? - fala rindo.

- Você deixou a torneira da cozinha da sua casa aberta.

- Deixei?

- Sim! Ela disse que vai te dar um tapão que você vai parar na China por desperdiçar tanta água. - pelo seu tom de voz, Ludmilla conseguia imaginar a cara de assustada que a menina estava fazendo.

- A é? Depois eu converso com ela sobre isso. - continua a rir - Mas o que ela foi fazer lá em casa?

- Ela foi buscar um bico de mamadeira, Davi porque sumiu com a dele.

- Como assim ele sumiu?

- Não sei, deve estar em baixo de algum móvel... - faz careta.

- Esse garoto está uma peste. - coloca uma boa quantidade de salgadinho na boca - E Isa, eu comprei uma coisa que você queria muito.

- Sério? O que?

- Não sei, o que você queria? - questiona.

- Um unicórnio?

- Não. - gargalha - É bem menor, acho que eu não poderia transportar um unicórnio no avião.

- Aah. - solta tristemente.

- Mas é um brinquedo.

- EBA. - seu tom muda para animado - Tia Ludmilla, a mamãe e você brigaram antes de você viajar?

- Não, por que? - pergunta franzindo o cenho.

- De madrugada, eu encontrei ela triste na cama, ela tava chorando na verdade. - Ludmilla prende a respiração.

- Por que?

- Não sei, ela disse que estava com saudade de você mas eu acho que não é isso porque eu também estou com saudade de você e não chorei.

- Amor, você pode passar o celular para a sua mãe? Na verdade, onde ela está?

- Dando banho no irmãozinho. - suspira - Estava ouvindo ela falando que o Davi estava molhando ela. - tomba a cabeça para trás gargalhando alto.

- Ah então enquanto a sua mãe está sofrendo dando banho naquele mini furacão e você mexendo no celular?

- Sim. Estava com saudades. - confessa de forma tímida fazendo Ludmilla sorrir.

- Mas já? Não faz nem vinte e quatro horas.- diz em um tom brincalhão.

- Você não saia daqui de casa! Agora eu estou com saudade. - diz batendo o pé no chão e Ludmilla volta a gargalhar.

- Tudo bem, eu também estou com saudade de você, mini Gonçalves... Você pode levar o celular para a sua mãe?

- Claro. - Isabella começa a correr em direção ao quarto da mãe gritando por ela.

Ludmilla gargalha ao ouvir Brunna mandar Isabella parar de gritar mas assim que a menina diz que Ludmilla queria falar com ela, ela grita para a menina se apressar e entregar o celular arrancando ainda mais risadas de Ludmilla.

- Oi, meu amor!

- Está dando banho no garoto? - questiona risonha ouvindo um gritinho e barulho de água.

- Sim. - ri.

- Que história é essa que você vai me dar um tapão? - estreita os olhos.

- Você deixou a torneira aberta, eu quis te esganar!

- Depois nós podemos negociar os tapas.

- LUDMILLA, AS CRIANÇAS ESTÃO OUVINDO. - eleva sua voz de forma espantada.

- Desculpe. - solta uma risada sem humor - Mas a Isa falou que você estava triste, o que aconteceu?

- Nada, eu estou bem. - Ludmilla percebe que pelo seu tom de voz, ela estava mentindo - É só TPM.

- Tem certeza que não é por causa da Vogue?

- Óbvio que não, não diga isso! Eu estou muito feliz por você... Quando você voltar nós conversamos, pode ser?

- Tudo bem...

- Mamãe está animada por cuidar de um bebê e eu por ficar o dia todo jogando GTA. - a voz de Isabella é ouvida no fundo da ligação fazendo a fotógrafa rir.

- Bom, já tive minha atualização da bagunça da casa da sua mãe então já vou desligar, preciso arrumar algumas coisas aqui...

- Mas já?

- Eu volto amanhã, Isa. - sorri ouvindo o tom mimado da mesma.

As três se despedem com um "eu te amo" e Ludmilla encerra a ligação com uma risada baixa. Ela amava aquela confusão, gritaria e Brunna mandando Isabella calar a boca