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🦋▫️VANESSA MORGAN MZIRAY ▫️🦋

- Pessoal. - grito chamando atenção de todos que estavam comigo naquele bar festejando sabe-se lá o que - A próxima rodada fica por conta da Gina! - aponto para a minha amiga que levanta a sobrancelha e ri.

- Vanessa, sua desgraçada. Você me paga. - responde em um tom alto para que eu possa a ouvir devido a comemoração das pessoas da mesa.

- Não fique brava, gatinha. É uma revanche pela última vez. - pisco em direção a ela antes de dar um gole no meu copo de cerveja.

Havia quase quinze pessoas na mesa. Eu não conhecia a maioria, não sabia pelo o que estavam comemorando porém Gina me disse as seguintes palavras: bebida barata e pessoas solteiras. Foi o ápice para que eu começasse a me arrumar para a encontrar em uma hora na frente do bar na qual estávamos.

Horas mais tarde eu tava no apartamento de uma mulher colombiana chamada Priscilla. Após ficarmos suadas e exaustas, eu fiquei a acariciando até que ela dorme e eu possa ir procurar algo para beber ou comer. Não era porque eu sempre ia para a cama com alguém diferente que eu era uma grande estúpida e babaca  a ponto de não lembrar o nome da pessoa no dia seguinte ou ir embora após ela dormir. Pelo contrário, eu sempre fazia o máximo que podia para fazer a pessoa se sentir especial, desde carícias depois do ato a café da manhã na cama antes de eu ir embora. Lógico que eu sempre deixava claro que eu só queria algo casual.

Eu me considerava a pessoa mais romântica não-romântica já existente por sempre ser romântica com minhas parceiras mas nunca romântica o suficiente para tentar entrar em um relacionamento. Isso é confuso? Espero que não.

Volto para o quarto de Priscilla depois de fazer um lanche rápido e me deito ao seu lado, me cubro e adormeço rápido. Quando acordo, vejo Priscilla me encarando confusa e franzo o cenho.

- Bom dia? - murmuro.

- Pensei que você tinha ido embora. - ri sem jeito e eu bocejo.

- Peço perdão mas eu me dei a liberdade de dormir aqui, espero que não se importe. - levo minha mão até seu braço e o acaricio.

- Não, é claro que eu não me importo. É que eu pensei que você havia ido por eu ter ouvido você sair ontem a noite.

- Fui comer algo, estava faminta. - faço careta e ela ri baixinho.

- Vou preparar algo para nós comermos. Tem uma escova reserva no banheiro. - afirmo com a cabeça antes que ela se levante exibindo sua nudez.

Priscilla se abaixa pegando minha blusa e a veste. A blusa não era tão grande, ela foi até a metade de sua bunda e ela parecia não se importar com isso. Ao sair, ela fecha a porta me deixando sozinha naquele enorme quarto.

Olho no relógio em meu pulso e arregalo os olhos ao ver que eram nove horas.

- Puta merda. - murmuro saltando da cama e começo a caçar minhas roupas.

Eu tinha uma reunião em quarenta minutos para acertar os detalhes do próximo evento que eu iria fotografar e não poderia me atrasar.

Depois de escovar os dentes, saio do quarto apenas de sutiã e vou em direção a cozinha.

- Ei, você pode me devolver a minha blusa? - pergunto afobada fazendo a loira me olhar confusa.

- Não vai tomar café? - levanta a frigideira que havia dois ovos no dentro.

- Desculpe, eu tenho um compromisso. - Priscilla suspira e tira minha blusa e me entrega voltando a ficar nua - Deixei meu número na sua escrivaninha, da próxima vez eu tomo café. - visto minha blusa e me aproximo dela ignorando sua nudez, beijo sua bochecha e ela sorri.

- Vou te ligar.

- Assim espero. - sorrio de lado.

- E boa sorte nesse tal compromisso. - diz antes que eu saía da cozinha.

- Obrigada. - respondo da sala soltando um pequeno sorriso antes de destrancar a porta e sair do apartamento no qual eu havia passado a noite.

Pego um táxi que tinha acabado de ser desocupado e vou direto para o meu apartamento, entro como um furacão no prédio e subo os quatro lances de escada em minutos.

Adentro o apartamento, vou direto para o chuveiro e tomo um banho de pouco menos que sete minutos, me arrumo em dez e olho no relógio vendo que faltava apenas dez minutos. Pego a papelada e minha câmera.

Eu era fotógrafa. Não o tipo de fotógrafa que uma revista contrata e som o tipo de fotógrafa que pais contratam quando não acham outro com um preço melhor. Eu era boa no que eu fazia porém o meu nome não tinha o reconhecimento necessário para que eu fosse contratada por alguém então eu vivia de bicos em eventos como festas de 15 anos, casamentos sem um orçamento enorme e essas coisas.

Dessa vez, com sorte eu seria contratada para a festa de uma criança. Eu me divertia nessas festas, as mães sempre eram divertidas e me enchiam de docinhos ou salgados.

Em cinco minutos chego no café que minha cliente havia marcado. Ao entrar, vejo a mulher que eu havia conversado por e-mail sentada em uma mesa próxima a janela.

- Desculpe o atraso. - peço me aproximando da mesa e ela sobe seu olhar para mim.

- Você é a fotógrafa Morgan, estou certa? - abre um enorme sorriso gentil e se levanta, entende a mão em minha direção.

- Sim, você é a Senhora Petsch...? - falo em tom de dúvida apertando sua não.

- Está certa. - solta uma risada baixa - Você não se atrasou, chegou na hora. - volta a se sentar e me sento a sua frente.

- Menos mal. - meu tom sai divertido.

Começo a vasculhar minha bolsa e retiro uma pasta preta, pego a papelada de contrato e deixo ao meu lado.

- Gostaria de um café? - pergunta dando um gole na xícara a sua frente. Eu afirmo com a cabeça e ela chama uma garçonete.

Só então eu percebo que elas usavam o mesmo uniforme. Assim eu deduzo que ela trabalhava ali.

- Sim? - bela mulher de cabelo liso se aproxima com um bloco de notas em mãos e sorri para mim.

- Gostaria de um café com creme, por favor. - ela afirma com a cabeça enquanto escreve.

- Certinho, trago seu café o mais rápido o possível. - diz gentilmente.

- Obrigada... - meu olhar cai sobre a plaquinha em seu uniforme - Camila.

Ela acena com a cabeça antes de se afastar, volto meu olhar para a minha provavelmente cliente e meus olhos vão para a papelada ao meu lado.

- Bom, aqui está o contrato. - empurro em sua direção - O valor do serviço é setenta reais por duas horas, mais o cachê é cinquenta, caso você desejar um pôster, é mais cinquenta, um álbum é cem. - explico e a mulher a minha frente arregala os olhos brevemente.

- Eu gostaria muito de um álbum mas acho que está fora do meu orçamento. - comenta com os olhos nos papéis, presumo que ela estava lendo - Pelo o que eu vi, as fotos que você tira são ótimas. Por que o preço tão baixo? - me olha.

- Eu ainda não tenho um estúdio e também meu nome não é tão conhecido. Comecei a menos de dois anos e entrar nesse ramo é mais difícil quando você não tem um nome conhecido e é careira. - explico.

- Entendo.

- Mas caso você querer o álbum, eu posso dividir em duas vezes para você. - começo a negociar.

Volto a mexer em minha bolsa, retiro uma pasta vermelha e tiro algumas fotos reveladas de dentro.

- Os meus serviços são bons, Senhora Petsch. - estendo as fotos em sua direção.

A mulher começa a as analizar e vejo uma pontada de admiração cruzar os seus olhos.

- Aqui está o seu café com creme, senhora. - a mulher de cabelo liso se aproxima colocado a xícara de café a minha frente, a agradeço e ela se retira.

Na mesa, um silêncio se instala enquanto a minha possível cliente lia o contrato com as fotos em mãos. Depois de vários minutos, ela pega una caneta que estava no bolso de sua blusa e começa a assinar me fazendo soltar um sorriso vitorioso.

- Algo mais que eu precise assinar para lhe contratar? - pergunta e afirmo com a cabeça.

- Esse formulário. - tiro o papel de dentro da pasta preta e entrego a ela.

- A festa vai ser no começo do mês que vem. - fala enquanto preenchia o formulário.

- É para a sua filha? - pergunto guardando os papéis de contrato na pasta e ela afirma com a cabeça.

- Ela vai completar seis anos.

- Meus parabéns. - parabenizo a fazendo sorrir sem mostrar os dentes.

- Aqui está. - entrega o papel já preenchido.

Olho rapidamente para as informações.

"Responsável: Madelaine Grobbelaar Petsch"

"Evento: Seis de maio de dois mil e vinte"

"Pessoa a ser destacada nas fotos: Isabella Grobbelaar Mills"

- Está tudo certo? - Madelaine pergunta e eu afirmo com a cabeça guardando a ficha na pasta.

A mulher e eu começamos a conversar sobre como ela gostaria que fosse as fotos, estilo da lente — o que foi necessário eu mostrar algumas fotos tiradas com lentes diferente para que ela entendesse sobre o que eu falava — e outras diversas coisas.

Meu coração dançou conga dentro do meu peito quando eu apertei sua mão e ela disse: "Pois bem, negócio fechado, Senhora Morgan."

Eu já havia fechado diversos negócios ao decorrer desses um ano e meio sendo fotógrafa porém a cada aperto de mão para selar o acordo, meu coração saltava como se fosse a primeira vez. Afinal, era alguém confiando a mim algo que ele gostaria de guardar de recordação para o resto da vida.

Horas mais tarde quando eu coloco os pés em meu apartamento que ao meu ver estava caindo aos pedaços, meu irmão começa a me ligar diversas vezes dizendo que iria voltar para a nossa cidade natal para me ver.

Drew era meu irmão gêmeo. Nós eramos inseparáveis e tudo isso piorou quando nossos pais faleceram quando tinhamos quinze anos.

Muito dizem que a sua alma gêmea é o amor da sua vida cujo você vai conhecer, se casar, ter filhos e viverem juntos a vida toda. Mas na minha opinião, sua alma gêmea é aquela pessoa que você se identificava, te da paz. Que é o seu porto seguro. Seja um amigo, seu animal de estimação, seus pais ou você mesma.

Eu tenho a minha alma gêmea. Eu a conheço desde que nasci. Na verdade, bem antes de ter nascido, ele foi o meu companheiro de útero. Meu adorável e inseparável irmão gêmeo, Drew.

Ele e eu éramos idênticos, tínhamos olhos castanhos claros iguais, nariz, boca, sobrancelha, formato parecido do rosto e até mesmo o bico de viúva em meus cabelos. A única diferença entre nós era que ele sempre foi mais calmo no requisito de festas, ele sempre foi mais aconchegado.

Isso gerou resultados positivos a ele, atualmente ele era casado e tinha um filho de seis meses. Esse era o sonho dele, já o meu era outro; ser fotógrafa e não ter uma família tão cedo pois eu amava a minha vida de solteira.

No começo de tudo, nós planejamos que iríamos nós tornar advogados criminalistas, levar o nome Morgan para frente mas isso tudo deu errado quando eu desisti da faculdade de direito no terceiro semestre e fui para de fotografia.

Drew ficou chateado mas como sempre, ele me apoiou e me ajudou.

Agora ele era um advogado bem sucedido, ele tinha uma família incrível e que provavelmente seria o orgulho dos nossos pais. E eu? Bom, eu era eu. A irmã festeira que muitos diziam que não teria futuro e veja só, eu tive. Não um que me enchesse de dinheiro, mas sim fazendo algo que eu amava.

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