11- No Way
Se eu pudesse voltar no tempo...
Ainda estava estático na porta sem entender se aquilo era um sonho ou realmente os meus pais estavam diante de meus olhos.
— Mas o que...? — Interrompi meu pensamento confuso quando Tia Emma foi abraçar o implacável Sr. Tomlinson.
Meu pai foi extremamente formal, estendendo somente a mão e cortando o abraço da minha tia em pedacinhos cúbicos. Encerrei os punhos vendo toda aquela cena, lembrando-me do que Anne tinha dito. Papai negou ajuda para a própria irmã num momento de fragilidade. Ele era capaz de fazer qualquer coisa.
Escuto a campainha novamente e vou atender, pedindo aos céus que não seja Harry, pois, certamente irei socar a cara dele. Abro tomando cuidado para não chamar a atenção, já que eles estão tratando de assuntos formais.
— Escuta aqui, Louis! — A voz anunciou antes mesmo que eu pudesse ter certeza de quem era, na verdade, sequer precisava.
— Oi, Lola. — disse nervoso, segurando a maçaneta com força e quase expulsando ela dali.
— Só vim te dizer para ficar bem longe do... — antes que ela pudesse prosseguir, fiz algo que até eu duvidei que seria capaz, no entanto, necessário.
Apenas para silenciar a loira histérica, deposito um beijo em seus lábios, mas ela franze a sobrancelha e continua com o dedo levantado. Então, aprofundo o beijo. Lola recuou por alguns segundos mas logo enfiou suas mãos no meu cabelo.
— Então é por isso que você gosta tanto daqui. — Interrompi o beijo rapidamente e observei os três; mamãe, papai e minha tia nos olhando com descrença.
— Você tem uma namorada, Louis? Achei que... — Papai ajustou seu terno e por alguns segundos interrompeu a própria frase. — É um prazer conhecê-la, senhorita....?
Lola olhou em meus olhos por longos segundos e um sorriso malicioso cresceu em seus lábios, antes de apertar a mão do meu pai e sorridente dizer:
— Lorena. Mas, pode me chamar de Lola. — Papai pela primeira vez na vida sorriu para alguém, e notei o olhar de reprovação de tia Emma.
— Você não quer entrar? Nos conte um pouco sobre vocês, Louis não nos disse nada sobre um namoro. Escondendo a namorada de seus pais, filho? — Papai sorriu novamente e meus olhos ficaram marejados, virei o rosto na direção contrária, tentando afastar as lágrimas.
Ele nunca havia me chamado assim, será que ter uma namorada era como ter uma vaga no coração do meu pai?!
— Ah, não precisa. Eu já estava indo para casa. Será que o Louis poderia me acompanhar, só voltei para dar um beijinho de boa noite no meu namorado lindo. — Ela sorriu maliciosa, depositando um beijo na minha bochecha.
— Claro. Será que posso? — Olhei para eles e mamãe batia palminhas alegremente. — Podemos te deixar de carro, vamos passar a noite num hotel perto daqui.
— Não precisa, eu e Lola gostamos de privacidade, precisamos ficar sozinhos, mamãe. — Minhas bochechas coraram rapidamente e ela apenas assentiu.
— Tudo bem, mas não demore. Foi um prazer, querida. — Mamãe abraçou Lola e ela se despediu de todos no recinto. Subi para pegar um casaco e sai de mãos dadas com ela, pelo menos, até passar pela porta.
— Namorada do Louis Tomlinson. Mais falso do que o "eu te amo" do meu ex namorado só essa sua heterossexualidade — a loira sorriu maliciosa. — mas até que você beija bem.
— Minha heterossexualidade é mais verdadeira do que esse tom de louro do seu cabelo. — Passo a mão no cabelo e sorrio malicioso. — Obrigado, seu namorado gosta bastante.
— Da mesma forma que o seu papai vai adorar saber que você é gay. — De maneira ríspida Lola me encara e sinto um frio na barriga só de pensar nisso. — Mas não se preocupe, querido. Vou ser uma namorada perfeita.
Estávamos tão envolvidos no assunto que sequer percebi que já tínhamos chegado. Suspiro fundo e refaço meu trajeto novamente, voltando para a casa de minha tia.
Abro a porta e adentro, notando que meus pais já tinham ido embora. Tia Emma parece muito distraída bebericando seu chá de canela e assistindo novela com o Majestoso e o Sr. Bigodes em seu colo, então, sento no sofá e passo as mãos no rosto enquanto suspiro fundo.
— Você sabe o que dizem sobre mentiras, Loulouzinho? — Emma indaga enquanto passa a mão em seu gato na poltrona e olha firme em meus olhos. Parece que estou diante de um clássico vilão dos filmes infantis.
— Sim, tia Emma. Também sabemos o que acontece com adolescentes gays que sofrem rejeição, principalmente dos pais. — Tiro o casaco e subo as escadas apressadamente, parando no último degrau ao ouvir meu nome.
— Loulouzinho, você não pode fugir de quem nasceu para ser. Mentir para o seu pai é uma medida provisória, um dia ele vai descobrir. E sinceramente, escolher a Lola foi o primeiro passo errado que você deu, ela vai estragar todo o resto. Fazendo tudo desabar como se fosse um castelo de cartas de baralho.
— Você conhece a Lola? — questiono boquiaberto, achei que minha tia estava sendo apenas educada.
— Sim. Ela presenciou uma de minhas crises e espalhou pela cidade que sou... Bem... Você já deve ter ouvido falar... — Ela suspirou fundo e fechou os olhos.
— Aquela... Vou acabar com ela! — Trinco os dentes e cerro os punhos. — Por que você não me disse nada? Ela sequer teria entrado aqui.
— Isso já faz bastante tempo, querido. Não importa mais. A boca fala o que o coração está cheio, e meu coração está cheio de amor, ódio e vingança não significam nada. Eu não seria melhor do que ela se devolvesse na mesma moeda.
Minha tia sorri novamente e fico ali parado ainda na escada, perguntando-me como alguém pode ser tão madura e altruísta assim. Ela passa ao meu lado e deposita um beijo em meu rosto.
— Eu amo você, Loulouzinho. Tenho uma boa noite.
— Eu te amo, tia Emma. Durma bem.
Apagaria você da minha vida...
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