Em primeiro lugar antes de começar é extremamente gratificante estar postando esse livro, é algo que eu realmente estou amando trabalhar e por isso quero tanto postar. Por essa razão estou fazendo ele unicamente através da plataforma do Wattpad, espero contar com o apoio de todos vocês nessa jornada.

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Uma maravilhosa leitura e sejam muitos bem vindos ao meu livro Querida Mabel.

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O apito do trem a fez sair de seus devaneios, e como consequência tirar os olhos do livro que roubava sua atenção durante a viagem. Olhou pela janela e viu que em breve estaria em sua querida cidade natal, após dois anos na escola de etiqueta em Londres, finalmente retornava para Dover, uma adorável cidade que crescia aos poucos situada na costa do condado de Kent. Estava ansiosa, mal aguentava de tanto nervosismo para finalmente rever sua família e amigas, as vezes recebia cartas mas nada comparado a ver as pessoas que lhe são queridas pessoalmente, suas amigas também haviam ido para escolas de etiquetas, porém em vez de continuar na Inglaterra suas famílias as mandaram para a França mas de acordo com a carta que seu irmão mais velho, Thomas, tinha lhe enviado já haviam regressado e estavam aos poucos sendo introduzidas a sociedade local como moças a espera de um compromisso, sabia que o mesmo aconteceria consigo, e isso era mais um motivo para se sentir agitada, provavelmente no próximo mês sua casa estaria sendo visitada por alguns visitantes atraídos por seu dote.
  Mais um apito foi escutado, mas esse significava que já tinham chegado na estação e em breve iriam desembarcar. Após sentir o trem parando e ouvir que já poderiam desembarcar guardou seu livro na pequena mala que levava consigo, e em seguida se levantou ajeitando a saia de seu vestido, colocando discretamente as anáguas de volta ao seu devido lugar, ajeitou alguns fios rebeldes que insistiam em sair de seu coque e com toda classe que lhe fora ensinado saiu de sua cabine andando em direção da saída do trem, finalmente estava em casa.
  Uma mão lhe foi oferecida enquanto descia do trem, e não recusou a ajuda para descer os degraus até a plataforma, agradeceu com um breve sorriso a gentileza do homem que trabalhava na estação, para em seguida rumar em direção a saída do local. Olhou para vários lados em busca de um rosto familiar, mas não encontrou nenhum, ficou pensando se algo não teria acontecido para atrasarem ou até mesmo esqueceram da mesma... não, não era possível! Pensou, seus pais nunca esqueceriam da mesma...

-- Senhorita Campbell? – Uma voz a chamou atraindo sua atenção imediatamente, era um homem de meia idade e de estrutura franzina. – Sou John Carter, sua família me enviou para que a levasse para casa.

O homem sorriu amigavelmente, mas mesmo assim a jovem o olhou desconfiada e se fosse um louco que estava sequestrando jovens para as vende-las? Vendo a expressão desconfiada e confusa da senhorita Campbell o velho lhe estendeu um pedaço de papel dobrado, sem demorar a mesma pegou o papel o desdobrando em seguida correndo seus olhos pelo mesmo enquanto o lia reconhecendo a letra de seu irmão e o selo da família.

“ Querida Mabel, infelizmente não poderemos busca-la pessoalmente.
Pedimos sua compreensão, o Senhor Carter irá traze-la em segurança.
                                   Ass: Thomas Campbell “

Sorriu sem graça para o senhor que a olhava gentilmente enquanto dobrava novamente o bilhete de seu irmão, o homem retribuiu o sorriso enquanto retirava a boina mostrando os cabelos já grisalhos.

-- Agradeço por ter vindo Senhor Carter, e peço perdão se o ofendi de alguma maneira.

-- Não foi nada Senhorita. – Sorriu novamente. – Eu já mandei um garoto buscar suas malas e as colocar na carruagem. – Enquanto falava John indicava com a mão que segurava a boina, Mabel achou essa mania engraçada, mas apenas concordava mantendo a face serena.

-- Eu vou trazer a carruagem até aqui para que a Senhorita possa subir, ontem choveu bastante e está um lamaçal enorme. – Novamente o homem indicou com as mãos a quantia de lama enquanto as sobrancelhas se erguiam, por pouco a mesma quase riu, mas com sucesso conseguiu se conter.

-- Tudo bem, irei esperar aqui Senhor Carter. – Sorriu docemente enquanto via o Senhor Carter sair andando, novamente ele parecia engraçado aos seus olhos, andando de um jeito totalmente engraçado, talvez tivesse passado muito tempo em Londres e tinha esquecido o jeito das pessoas em Dover, afinal na capital todos pareciam pomposos e polidos demais, e ali o jeito de cada um exalava sem censura alguma.

Se encostou esperando a carruagem, estava ansiosa para chegar em casa e descansar, principalmente ansiava por tirar seu corset, haviam caprichado nessa manhã ao o apertarem, sua fala estava até arfante, queria saber quem havia sido o idiota ao dizer que arfar enquanto fala era bonito, sinceramente? Mais parecia que iria quebrar ao falar, e preferia ficar em silencio do que prolongar sua fala, como se alguém se importasse caso deixasse de falar.
Elevou seus olhos para o céu enquanto respirava fundo sentindo o cheiro de grama molhada, isso era algo que não tinha em Londres, já estava habituada com o cheiro de fumaça vindo das fábricas e dos charutos que muitas das vezes proviam dos bordéis disfarçados. Estava saturada da cidade grande, mas não era de se estranhar, afinal uma jovem criada no interior não estava acostumada com todo o luxo que a capital ostentava.
Quando uma carruagem passou por si, olhou de imediato sentindo seus olhos saltarem ao ver o passageiro, mas será possível? Pensou enquanto observava a carruagem ir embora. O passageiro era demasiadamente parecido com um conhecido de época, entretanto tinha plena certeza que era apenas sua mente lhe pregando uma peça, apesar que em seu íntimo desejava não ser um engano.