Capítulo 1
Um homem acorda ainda zonzo, com uma dor de cabeça daquelas. Seu primeiro pensamento é "que azar", ao perceber que estava dormindo no banco da praça. Ele se levanta e começa a caminhar sem direção. O local onde ele está é grande com árvores, muito lindo e agradável, e as pessoas em volta pareciam alegres e relaxadas.
"Que lugar é esse e porque estou aqui?"
O homem continua caminhando enquanto sente dificuldade para respirar. Ele afrouxa a gravata em seu pescoço ao mesmo tempo que se pergunta o porquê de estar usando uma.
Um casal de corredores com um pequeno cão passa por ele, o animal começa a latir. Instintivamente, o homem usa a maleta que carregava como escudo. O que o faz se repreender por ter medo de algo tão pequeno. Nesse momento, o homem percebe que além de não saber onde estava, não lembrava o próprio nome. Na verdade ele não se lembrava de nada da própria vida, sua idade, onde morava, se tinha família ou não.
Desesperado, o homem olha em volta e enxerga ao longe uma van preta e branca com um brasão desenhado na lateral. Feliz por finalmente reconhecer algo ele vai em direção a base móvel.
"Sem dúvida a policia pode me ajudar!"
Porém, conforme se aproxima da van, o homem é tomado por uma sensação de pânico, uma voz em sua cabeça gritava para não se aproximar dos policiais.
"Por quê não?"
Um dos policiais percebe a aproximação do homem e sinaliza para o colega ao lado que por sua vez fica de prontidão.
— Bom dia, cidadão, algum problema?
— Sim, policial, estão tentando me matar. — As palavras saem da boca do homem que se surpreende com a própria voz. A surpresa só não foi maior do que se ouvir dizendo que alguém o queria morto. Surpreso também ficou o policial que indica para que ele sente em uma cadeira enquanto seu colega de farda entra na van ficando diante de uma pequena mesa, onde um notebook está instalado.
— Ok, quem está tentando te matar?
— Eu não sei.
— Tudo bem por que querem lhe matar?
— Não faço ideia. — O primeiro policial coça o queixo, parecendo pensativo, enquanto seu parceiro move a cabeça de forma negativa. O policial continua as perguntas e a cada resposta, sua fisionomia vai ficando menos amigável até que ele olhe para a maleta que estava no colo do homem diante dele.
— O que tem na maleta?
"Boa pergunta. E por que estou com ela?"
O homem mexe nos fechos e a maleta abre de uma vez, derramando seu conteúdo todo no chão. Em meio a toda a papelada um pequeno cantil de metal brilha de forma chamativa no chão. O olhar dos policiais vai do cantil para o homem que se abaixa de forma atrapalhada tentando recolher tudo o mais rápido possível jogando de qualquer jeito de volta dentro da maleta. O primeiro policial faz um ruído estranho com a garganta e seu olhar fica gelado e acusador.
— O senhor estava bebendo?
— Não! Quer dizer, acho que não, eu não me lembro. — O primeiro policial olha para o segundo que parece tão irritado quanto ele.
— O senhor sabe que é crime mentir para um policial?
— Eu não estou mentindo, estão querendo me matar! — Em resposta ao grito do homem, o primeiro policial levou a mão ao coldre. — Desculpe! Me desculpe, é que vocês não estão entendendo, eu não me lembro como cheguei aqui ou quem sou.
— Claro, quem sabe um tempo em uma cela lhe ajude a recuperar a memória. — O segundo policial sai da van com um par de algemas.
O homem sente seu desespero aumentar e se arrepende de não ter ouvido a voz em sua cabeça. Quando estava prestes a levantar e sair correndo senti alguém tocar em seu ombro. Ao virar para olhar, se depara com um sujeito sorridente usando uma jaqueta e óculos escuros.
— Eu tava te procurando, onde você se meteu?
— O senhor conhece esse cidadão? — O recém-chegado sinaliza para os policiais que se afastam para falar com ele sem perder o homem da maleta de vista. Minutos depois, o trio se aproxima do homem que estava agarrado a maleta como se fosse um colete salva-vidas.
— Seu irmão nos explicou tudo, o senhor está liberado, mas não haverá próxima vez.
"Irmão?"
O homem de óculos escuros agradece mais uma vez aos policiais e enlaça o homem da maleta pelo pescoço e juntos se afastam. A dupla continua a andar e assim que tem certeza que não havia ninguém por perto o homem dos óculos escuros para e sorri de forma aliviada.
— Essa foi por pouco. Onde você estava com a cabeça? Eu falei para me esperar no banco. Bom, tanto faz e aí você pegou?
— Pegou o quê?
— Qualé? Para de brincadeira.
— Desculpe, não sei do que está falando. — O homem de óculos escuro para de rir e se aproxima.
— Chega disso, está com você ou não?
— Olha, mano, eu... — O homem do óculos escuro saca uma arma e aponta para o homem da maleta.
— Chega dessa conversa fiada, ou você me entrega, ou meto uma bala no meio da sua cara. O que vai ser?
— Eu...
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