Capítulo 6 - A voz na cabeça e manipulação
Olá pessoinhas que estão lendo, já disse que amo vocês?
IMPORTANTE AVISO:
Eu estava pensando (e queria saber o que acham) sobre o tamanho dos capítulos.
Eu tenho o costume de dar uma picadinha no meio deles, de uma cena para outra, então vocês sempre podem parar por lá e depois voltar se tiverem um compromisso, MAS estou começando a achar que talvez estejam muito grandes e isso pode ser ruim à vocês.
Qual sua opinião? Eu PREFIRO escrever sem me importar para isso, só que no geral acaba ficando de vinte páginas para mais. Eu deveria diminuir um pouco ou tudo bem como está?
Dito isso boa leitura...
PS: Só queria exaltar o apelido que uma leitora deu ao vice diretor Mitrica: Mixirica! Eu perdi tudo!
PSS: Se está gostando do trabalho dessa autora saiba que ela tem um livro publicado na amazon e adoraria ter sua opinião e apoio. O nome é "Aquilo que se vê no escuro" por Bárbara Regina Souza e está gratuito para assinantes do Kindle Unlimited, além de que o prólogo está disponível nesse perfil para quem quiser descobrir do que se trata. Vá lá e dê uma olhada para descobrir se te interessa, vai ajudar muito!
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Capítulo 6 – A voz na cabeça e manipulação
"Harry estava tendo muitos pesadelos que o enlouqueciam,
Mas pior que isso era a voz em sua cabeça, que parecia cada vez mais convincente".
Harry acordou sentindo um peso na sua barriga que dificultava a respiração, mas pessoalmente aquela sensação era o que o relaxava suficientemente para conseguir pregar os olhos, por mais estranho que fosse se sentir confortável apenas com uma Píton-reticulada, verde, mágica e grossa como a perna de um homem adulto, enrolada em você, mas essa era a vida do garoto, no fim.
E seus pesadelos estavam piorando cada dia mais.
Ele continuava a ver a mansão, o escritório escuro, o homem que ele não conhecia, nem tinha qualquer dica para conseguir descobrir quem era, o cemitério do outro lado das janelas, e a voz.
A voz que ele nunca foi capaz de esquecer nem se tentasse. Aquela que sempre acabava ouvindo vez ou outra.
Porque ele estava sonhando com Voldemort?
Porque não conseguia se lembrar os detalhes? E porque sua cicatriz doía, quando isso nunca aconteceu?
- {Você está bem Hazz?} a cobra, enrolada em sua barriga de forma protetora, percebeu que o garoto havia acordado agitado de novo e o encarava preocupada.
Harry estava com uma dor de cabeça tão grande que a vista embaçava, tudo estava colorido demais para assimilar, por isso estendeu a mão para procurar os óculos enfeitiçados na mesa de cabeceira.
Só quando a mão falhou em encontrar o objeto que se lembrou não estar no próprio quarto. Ele acabou dormindo ali? Que droga, os amigos iam ficar fazendo perguntas assim!
- {Hazz?} a cobra voltou a chamar, ainda mais preocupada agora que não teve resposta.
Harry as vezes acordava alucinando, nem parecia ele ali, nesses casos era melhor trazê-lo de volta o quanto antes.
- {Estou bem} – Respondeu antes que a amiga começasse a tentar alguma coisa no medo. – {Estou com dor de cabeça e não enxergando nada}.
- {A poção para sua visão já está falhando?}
- {Acho que sim, vou preparar uma dose mais forte dessa vez}.
A visão de Harry era... Diferente.
Na melhor das hipóteses.
Para evitar problemas ele preparava poções e enfeitiçava os próprios óculos, mas as vezes essas coisas falhavam, principalmente depois de algum pesadelo daqueles, como se sua magia reagisse e tentasse tirar do corpo o efeito do que poderia ser um veneno, mas não passava justo do que evita as dores de cabeça no dia a dia e lhe dava uma sensação melhor de normalidade.
Afinal Harry não era normal. Nunca foi.
Ele se sentou calmamente na cama, enquanto a serpente (de cerca de três metros) se arrastava para não o atrapalhar e cobria o colchão totalmente atenta ao filhote. Hazz respirou fundo, sentiu onde estava, os lençóis de seda caros, o colchão desnecessariamente macio, o cheio da colônia que já lhe era familiar. Manteve os olhos fechados e começou a fazer uma meditação rápida, deixando que sua magia se controlasse, vagou a mente calmamente.
Ele estava no sonho. O que havia lá?
Livros, muitos deles, e ele sentia que sabia exatamente quais eram cada um. Uma lareira bem grande. Estava acesa e havia... um elfo. Sim um elfo veio falar com Harry, mas ele não o chamou pelo nome, como os seus faziam. Havia uma caixa e um bilhete... Mas não sabia o que estava no bilhete.
Estava frio.
Estava estranho.
Se sentia fraco e irritado, mas havia outra coisa também, uma energia que não era dele.
Pegou sua varinha e a lareira ficou verde, um homem apareceu logo depois.
Harry acordou por quê?
Ah! Sim! Eles começaram a falar de Neville e ele... deve ter começado a lutar para sair.
Então era isso, nada de mais, só aquela sensação esquisita de que Neville poderia estar em perigo...
- Nev...
- {Um pesadelo daqueles?} – perguntou a cobra.
- {Ele não estava sendo perseguido nesse, nem levou uma maldição no peito ou estava em uma ponte explodindo, se é desses que está falando}.
- {O que foi dessa vez?}
- {Voldemort}.
- {Sonhou que era ele de novo?} – seu tom era preocupado, sabia como a mente do garoto ficava confusa depois desses.
- {Sim. Havia até um seguidor, me chamando de lorde}.
- {Pare de se incomodar tanto com isso, você não é uma pessoa ruim Harry} – os dois ficaram em silêncio por um instante. – {Não como ele, pelo menos}.
O menino riu, mas abaixou a cabeça entre as pernas.
- {Nem sou um lorde das trevas?}
- {Se fosse não seria o primeiro com que tenho contato, pouco me importa}.
- {Nagini!} – reclamou sem levantar o rosto.
- {Prometo que te ajudaria a matar seus inimigos, posso até comer alguns para esconder os cadáveres no começo de sua ascensão}.
- {Nagini, isso é perturbador}.
- {Que parte?}
- {Como assim que parte?}
- {Ficou incomodado comigo matando ou comendo pessoas só porque já fui uma?}
- {Comendo, é claro} – finalmente ele levantou o rosto, apenas para que ela pudesse o ver revirando os olhos.
Nagini, se ainda tivesse a capacidade de rir, estaria fazendo isso, mas o som que lhe saia era um silvo estranho e estrangulado. Bastou, já que mesmo Harry acabou rindo.
- {Vou te ajudar só com os assassinatos então, você que se vire com ocultamento de vítimas. Meu veneno já vai ser útil e não eu consigo digerir um corpo adulto tão rápido de toda forma} – murmurou após um tempo, esticando o corpo reptiliano e encostando o crâneo na mão do garoto para que pudesse acaricia-la.
- {Mas você poderia estrangular aqueles que quero que demorem uns dias para morrer e comer só algumas partes}.
- {Hazz, Hazz, meu menino maligno. É bom termos essas conversas as vezes}.
Harry sorriu, feliz que tinha alguém com quem podia falar qualquer coisa sem receber nenhum julgamento, nem temer que fosse ouvido. Não é como se ele concordasse (totalmente) com as coisas que disse, ele só se cansava as vezes com o fato de que tudo que saia da sua boca podia ser uma notícia no jornal, uma fofoca na escola, ou um legado para a história do "menino-que-sobreviveu". Falar qualquer besteira, soltar um pouco do que suas partes mais perturbadoras eram capazes, era apenas libertador.
A cobra voltou a cerca-lo no seu abraço ofídio.
- {Eu não quero ter esses sonhos. Não quero ouvir a voz dele} – desabafou nesse raro momento de franqueza e Nagini sentiu toda a dor que saia daquelas palavras.
Inferno sangrento, o menino sempre teve pesadelos com Voldemort, mas estavam piorando. Agora eram de todos os tipos!
Na infância se resumiam a quando os pais morreram, da mãe implorando para poupá-lo e das últimas palavras do pai. Esses ficaram mais vívidos depois que viu o primeiro dementador, mas ainda sim eram suportáveis, já estava acostumado.
Então vieram os outros.
Aqueles onde os amigos morriam. Onde a mãe pedia pela vida de Harry e era trocada por outra pessoa que ele conhecia. O tio avô, Neville, a avó de Neville, então cada nova pessoa que conhecia e se apegava. Um a um pedindo pela vida de Harry e Voldemort matava todos. E mesmo assim não parava aí.
Haviam os que ele era o próprio Voldemort, matando gente, matando Nev depois de tortura-lo e depois a si mesmo. Teve até o que os próprios amigos o matavam. Onde o apunhalavam com um dente de basilisco e decapitavam Nagini com uma espada retirada de um chapéu.
Este, ele tinha que admitir, provavelmente foi apenas sua imaginação conturbada vagando depois de ler a carta de Neville contando como havia "matado o basilisco".
De toda forma sempre haviam pesadelos. Em todos havia dor, sofrimento, mortes e premunições. Onde seus amigos caiam sem que ele pudesse fazer nada para ajudar ou o abandonavam quando percebiam sua... insanidade.
Também haviam os com fogo.
Mas estes ele sempre retirava a memória e guardava no medalhão mágico no pescoço.
Para que guardar? Ainda eram memórias. Ele não descartaria para sempre uma lembrança. Só estava diminuindo o peso que tinham no seu psicológico.
- {Hazz... Eu diria para tomar uma poção de sono sem senhos, mas sei que você nunca faria isso}.
- {Não mesmo}.
- {Mesmo assim gostaria de lembrar que eu e seu tio iríamos te defender}.
- {E quem defende vocês?} – perguntou irritado.
A voz do pai: "Pegue Harry! Leve para cima" ecoou pela cabeça. A voz da mãe: "Nós sempre vamos te amar", "Poupe ele, me leve no lugar" apunhalou o coração.
- {Eu não vou propositalmente tomar algo que pode afetar minha capacidade de me defender!} – continuou, o volume da voz subindo a cada palavra. – {Aquilo também apaga uma pessoa! Não é só questão de não sonhar! É desligar a consciência!}
- {Hazz, você...}
- {Nagini, não. Eu não quero!}
- {Neville está apenas alguns metros de distância, por que não vai até ele e conversa um pouco?} – ofereceu. - {Era o que eu ia dizer. Pode te acalmar}.
Harry se calou e suspirou pesadamente.
- {Desculpe... por gritar}.
- {Eu entendo, não precisa se desculpar, mas obrigada pela consideração mesmo assim. Agora que tal fazer o que eu disse?}
- {E se ele estiver dormindo?}
- {O menino é uma das almas mais gentis do mundo, Hazz, ele não vai se importar se o acordasse. Você poderia lhe dar um tapa, se for por um bom motivo ele ofereceria a outra face!}
- {Eu nunca bateria no Nev!}
- {Não é esse o ponto, filhote!} – Harry riu.
Ele gostava do apelido, fazia-o se lembrar de quando se conheceram.
Acontece que, no auge de sua ignorância e mal humor infantil, Nagini o chamou de "filho" e Harry respondeu que não era filho dela, que sua mãe estava morta e não era uma cobra. A maledictus apenas trocou para filhote de humano e assim ficou.
- {Estou falando sério, ele tem essa capacidade de te distrair dos problemas. E você sabe o caminho para a comunal da Grifinória}.
- {Acho que vou fazer isso mesmo} – murmurou.
- {Faça. Aproveite e me leve para aquela tal floresta proibida, quero caçar um pouco e aposto que posso achar muitos bichos mais apetitosos que ratos invocados}.
- {Os ratos que eu invoco são de ótima qualidade, ok?} – reclamou se levantando da cama.
- {Frita e come você então}.
Harry usou um Accio para atrair seus óculos, afinal deveria haver uma cópia naquele quarto, e enquanto Nagini praticamente se arremessava da cama, caindo com um banque alto no chão de madeira do barco, foi ao banheiro particular no canto. Assim que podia enxergar de forma normal verificou sua aparência no espelho.
Horrível.
Estava suado, cabelo totalmente bagunçado, olheiras e, caramba, ele estava só de cuecas. Ele, definitivamente, não sairia com essa cara, as cinco da manhã, uniforme amassado do dia anterior e cheirando a colônia alheia pelo barco até seu quarto. Nunca.
- {Naguini você me encontra no meu quarto? Vou usar desilusão e silenciamento nos pés e tomar um banho de banheira}.
Ele usaria nela também, mas tornar um feitiço eficaz em uma maledictus eram muito complexos. Dificilmente funcionavam, gastavam muita energia e a deixavam desconfortável. Os dois então evitavam que a ex humana fosse afetada diretamente por magia, além da aparatação e outros transportes mágicos instantâneos, tentavam formas alternativas e comuns para tarefas.
- {Porque não chama um elfo?}
- {Colocaram proteções no barco para isso, parecidas com as da escola}.
- {Até nesse quarto?}
- {Sim. Me encontre lá, sim? Se não me achar é porque demorei um pouco de baixo da água, mas logo apareço para te pegar}.
- {Está bem}.
Harry procurou suas roupas (dobradas em cima do baú no pé da cama), se vestiu, colocou os feitiços que precisava e, após abrir a porta para Nagini, saiu correndo sem nem se preocupar em dar uma segunda olhada no homem deitado no sofá.
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- Vossa alteza, não está cedo para já estar acordado? – perguntou Ivan sorrindo divertido ao encontrar Harry no vestiário.
O banheiro da Haus Feuer, assim como era no castelo, tinha sido feito no barco com a estética de um vestiário público com sauna.
Como o fundador viajava muito, pegou influência de mais de uma cultura para montar as estruturas da casa. Ali haviam chuveiros fechados, mas também uma enorme banheira de mármore semelhante aos banhos romanos e japoneses. Harry estava em uma destas, a cabeça deitada para trás em um encosto enquanto se sentava em um degrau no fundo, próximo da parede.
- Eu poderia dizer o mesmo de você, Ivan – murmurou sem nem abrir os olhos ou mexer-se.
- Eu estou me preparando para dormir! Acabei de voltar ao dormitório.
- Noite ocupada.
- Krum ficou esperando você de pé por um tempo, falando nisso – avisou também entrando na água e gemendo com a sensação gostosa em contato com a pele.
- Quanto?
- Não sei, saí do quarto quando deu umas duas da madrugada.
- O que foi fazer?
- Sabe o Pretov da Haus Wasser?
- Você não está seduzindo um Wasser, está? – perguntou finalmente olhando para o amigo, percebendo como ele já estava bem próximo. – Sabe como isso pode sair pela culatra.
Os Wasser eram muito sensíveis, afinal.
- Seduzindo? Não, não, ele está bem ciente das minhas intenções – disse o encarando descaradamente.
- E quais seriam essas intenções?
- Sabia que Petrov tem uma família bem grande?
- Por que eu haveria de saber? Ele não me interessou em nada – o de olhos verdes levantou uma sobrancelha para o russo que ainda se aproximava, o secando sem qualquer pudor.
- Nada o interessou? Bem... imagino que não tenha visto o que Petrov tem entre as pernas – sorriu malicioso.
- Estávamos falando da família dele...
- Uma parte da família é francesa, sua prima estuda na Beauxbatons e está aqui este ano.
- Por que não fiquei sabendo disso? – perguntou se levantando do degrau e ficando em pé na banheira.
Devido a altura de Harry a água o cobria até a clavícula. Ivan, que era um titã de dois metros, olhos castanhos amarelados, cabelo preto despenteado e barba cheia de alguém que já era considerado adulto para o mundo mágio, tinha uma boa parte do peito (treinado de jogador de quadribol) ainda à mostra.
Não devia estar mais do que trinta centímetros de distância de Harry agora. Sempre se aproximando.
- Provavelmente, vossa alteza, porque o senhor tem o costume de apagar qualquer informação que acha inútil. É como se achasse que vai ocupar parte do espaço limitado da sua mente.
- Mas ocupa! É como aprender uma língua, a cada nova que se aprende sua capacidade para entende-la torna-se limitada, sua décima língua nunca será tão boa quanto a primeira. Nossa mente armazena informações, mas o excesso delas só serve para sobrecarregar os pensamentos.
- Entendo, imagino que se você disse deve ser verdade – murmurou, quase em um sussurro.
Ivan estava totalmente de frente para Harry agora. Ele abaixou o rosto na direção do mais novo e levou um dedo para seu queixo, movendo a cabeça delicadamente, liberando espaço para colocar o nariz em seu pescoço e inspirando profundamente.
- Krum vai ficar feliz.
- Como?
- Seu cheiro. Da para saber com quem você estava só por ele. Duvido que Viktor terá ciúmes dessa pessoa – ele evitou dizer o nome por estarem em um local público.
- Que história é essa de ciúmes? E será que agora, que descobriu o que queria, você vai se afastar? – o fato de o tom de Hazz não demonstrar irritação, apenas uma indiferença total aquela situação, fez Ivan sorrir e se permitir continuar exatamente onde estava. Era uma oportunidade rara que não desperdiçaria sem motivos.
- Vossa alteza é tão esperta, não vai me dizer que não percebe o ciúme do pobre Viktor. As investidas dele são tão irrelevantes para você?
Enquanto falava o mais velho aproveitou da coragem, tão característica de sua casa, para também passar a boca pela área do pescoço que ainda lhe estava a mostra de seu príncipe.
- As investidas de qualquer um de vocês são irrelevantes – respondeu seco.
Ivan estalou a língua e levantou o rosto para poder ver a expressão divertida e desafiadora em Harry.
- E Viktor tão pouco iria se aproximar tanto do meu espaço pessoal.
- Isso quer dizer que eu sou especial? – perguntou com um sorriso estampado no canto dos lábios carnudos.
Lindo, sim. Mas para Harry não despertava nenhum interesse.
- Quer dizer que você foi útil. Se ainda estou com o cheiro dessa colônia chata quer dizer que a banheira não funcionou, vou para os chuveiros.
- Por que importa para você? Se já não está sentindo mais o cheiro não tem como te incomodar.
- Ou meu nariz já foi afetado pelos sais de banho e assim que ficar um tempo andando vou voltar a sentir.
- Se não gosta porque não compra uma colônia nova para ele?
- Ele gosta dessa, sempre foi essa desde que nos conhecemos, é um cheiro familiar. Só não gosto dela em mim.
- Acho que posso entender isso. Agora...
- Agora você me dá espaço.
- Não ganho nem um beijo de despedida? – brincou fazendo beicinho.
- Metade da Durmstrang aceitaria lhe dar um, procure alguém que não o veja como um irmão, que tal?
- Já ouviu falar de incesto?
Harry riu inconformado, mas sentiu Ivan colocar a mão em sua cintura (delicadamente, evitando o lado onde estava a cicatriz).
- Vou contar para Miller que você parece aceitar bem esse tipo de coisa – respondeu encarando a mão do amigo através da água.
- Se você estiver no meio, vossa alteza, ele aceitaria.
- Prefiro nem imaginar tal coisa.
- Quer que eu me retire agora?
- Sim. Palmas pela ousadia em tentar.
- Não me custava nada – disse dando de ombros e finalmente se afastando, praticamente se jogando para trás na água.
- Preciso saber mais alguma coisa sobre Pretov agora, ou sobre a prima dele? – Harry perguntou enquanto subia o degrau e saia da banheira, cobrindo-se com uma toalha que deixou ao lado.
Não que as poucas espumas tivessem feito alguma coisa para Ivan não saber exatamente o que havia ali, mas mesmo assim não era nenhum exibicionista.
- A prima chama-se Jolyn, sétimo ano da Beauxbatons, não descobri muito ainda já que só fui atrás ontem, quando vossa alteza pediu ao Rusev por franceses.
- E você pretende conseguir a prima do garoto depois de sair com ele?
- Se eu achar que assim será mais fácil de tirar coisas dela, sim. Se não, conseguir sair com a família em um encontro de casais talvez? Pedi ao Axek para ver se alguém ali é importante o suficiente para me dar todo o trabalho, ainda mais considerando que tenho missões mais importantes.
- Entendi. Me mantenha informado.
- Sempre, meu príncipe – concordou com sua melhor tentativa de voz e olhar sedutor.
Hazz nem lhe deu mais do que meio segundo de atenção e um aceno satisfeito, indo para um dos boxes.
O mais alto ouviu o barulho da porta se fechando, mas nenhum som de tranca. Harry tinha o costume de deixar o boxe encostado, mas nunca trancado, uma mania claustrofóbica que Ivan considerou se aproveitar para mais uma tentativa.
"As investidas de qualquer um de vocês são irrelevantes". O mais velho quis bufar com aquilo, mas sabia que outros do grupo ficariam ainda mais frustrados.
Permaneceu em seu lugar e tomou banho sem incomodar mais seu príncipe.
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- Merlin! Que susto, Harry! – Neville reclamou.
Ele tinha acabado de abrir o quadro da mulher gorda, andando o mais discreto que conseguia e olhando de soslaio para a comunal da Grifinória, torcendo para ninguém aparecer e pegá-lo.
Naquele silêncio sem ninguém a vista não esperava simplesmente escutar a voz de Harry, lhe dando bom dia como se não tivesse percebido que estava se escondendo!
- Porque estava se esgueirando assim? – perguntou rindo descaradamente do susto dado no amigo.
- N-nada.
Neville se sentiu um tanto desconfortável em admitir que acordou muito mais cedo para evitar Ron falando pela milionésima bilionésima vez sobre como Harry Potter era incrível e sei lá mais o que! Já estava surtando a noite, antes de finalmente lembrar o feitiço de silenciamento que o amigo da Durmstrang havia lhe ensinado para pôr na cama e finalmente conseguir pregar os olhos.
- Caramba eu nem te vi! – continuou tentando mudar o assunto. – Como você...
- Eu estava com a capa – explicou mostrando o tecido mágico.
- Bem útil isso. Eu tenho uma, ou tinha, ganhei no primeiro ano e já no ano passado estava se desfazendo. A sua você disse que era do seu pai, não é? Deve ser muito melhor, para durar tanto.
- Como? Você ganhou uma capa de invisibilidade? Por que nunca me contou sobre isso?
- Você nunca me contou da sua, certo?
- Bem... É. – Neville riu de Hazz, que sorriu coçando a nuca. – Mas quem te deu?
- É complicado, mas basicamente... lembra quando eu achei o espelho de Ojesed um pouco antes do Natal, aquele que Dumbledore estava preparando para guardar a pedra?
- Sim... – respondeu cauteloso.
- E Dumbledore acabou me achando de frente para ele?
- Sim.
- Ele me emprestou uma capa dele para voltar para a torre da Grifinória sem que o zelador me pegasse aquela noite. No dia seguinte, quando fui devolver, ele não estava mais no castelo. Eu guardei no fundo do malão para ter certeza que ninguém pegaria e eu te juro que simplesmente me esqueci quando voltei das férias de Natal.
- Mas... – sussurrou tão baixinho que o outro nem o escutou.
- Então, depois eu a usei para conseguir impedir o Voldemort, Dumbledore pegou, provavelmente do chão com o fofo, mas deixou na minha cama da comunal com um bilhete.
- Que bilhete?!
- "Você fez bom uso".
Harry quis gritar. Ele realmente se segurou muito para não começar a praguejar, amaldiçoar ou sair dali direto para o escritório do velho para mata-lo.
Inferno sangrento!
Aquele desgraçado!
Ele usou Neville! Aquela era a prova! Que merda de diretor simplesmente dava uma capa de invisibilidade, para um aluno do primeiro ano, só fugir de um zelador?! Sendo que ele poderia levar Neville de volta ele mesmo?! Ele quis que Neville tivesse a porra de uma forma de chegar na pedra sem ser impedido! Ele deu a coisa no instante que...
"Não..." pensou irritadíssimo.
- Nev, o que você viu no espelho? Você contou ao Dumbledore? – perguntou juntando toda a sua calma e mantendo uma expressão neutra.
- Eu c-contei, por quê?
- O que era?
- E-eu... – o garoto corou e olhou para baixo.
- Não quer me contar? E contou para o diretor da sua escola? Neville não me ama mais, o que será de mim? – dramatizou com um sorriso, mas cobrindo o rosto.
- Pare com isso – Neville riu. Harry fingiu chorar. – Só é meio vergonhoso... – murmurou olhando para todas as direções.
"Nossa" pensou, "alguns quadros ainda estavam dormindo naquele horário".
- Você sabe que pode confiar em mim, então porque teria vergonha de me dizer?
- É só que...
O silêncio de Neville e a forma como ele se movia de uma perna para a outra fez Harry pensar por um tempo, até que uma espécie de luz se acendeu.
- Tem a ver comigo?!
Neville corou ainda mais e fechou os olhos, mas concordou com a cabeça.
Uma parte de Harry pareceu levar um choque, seu coração simplesmente acelerou e de repente todas as palavras lhe sumiram, sua mente tentando registrar aquela informação e procurando alternativas lógicas para o porquê de ele fazer parte do maior desejo do amigo.
"O mais profundo e desesperado do coração".
Aos onze anos.
- Quando eu olhava para o espelho... – começou Neville após respirar fundo e perceber a expressão de Harry.
Ele o conhecia o suficiente para saber que aquela era a cara de completa confusão do amigo, de quando estava pensando em tantas coisas que já tinha começado a viajar, faltava apenas a falar sozinho e baixinho, as vezes fazia até em língua de cobra.
O som da voz do de cabelos castanhos fez com que Harry voltasse a realidade.
- Quando olho para o espelho de ojesed eu vejo nós dois brincando no jardim de casa... Com os nossos pais.
O peito de Hazz afundou e seus olhos, sem que ele notasse, se encheram de lágrimas. Neville não queria apenas os próprios pais, ele queria os Potters também. Seu maior desejo não era a própria felicidade, mas a dos dois.
Definitivamente Nagini estava certa, aquela era a alma mais gentil que existia.
"E ele está preso bem onde as garras de Dumbledore podem alcança-lo".
O de olhos verdes praticamente se jogou nos braços do amigo e o apertou com todas as forças, este retribuiu o gesto e ambos se permitiram aquele momento.
Nev pensava na noite que aquilo aconteceu, alguns dias antes de ir para casa para o Natal. Como, assim que se viu no reflexo, seus pais apareceram atrás de si, totalmente bem e felizes, então seu pai o pegou no colo e James Potter apareceu com Harry, Lily abraçou sua mãe e as duas sorriam enquanto os homens colocavam os filhos nos ombros e corriam por um jardim.
Ele passou horas lá, todas as noites até precisar pegar o trem na manhã seguinte, vendo como os pais dos dois sorriam e acenavam em sua direção direto do mundo do espelho, sempre que sua versão lá dentro se distraia.
Ele reparava em Harry também, que era quase completamente diferente do garoto que conhecia. Este recatado, sério e fechado, que sempre parecia esconder o mundo atrás dos óculos. O Hazz do espelho não parecia fingir quando sorria.
Não que ele estivesse sempre fingindo, mas Neville percebia que as vezes apenas queria mostrar que gostava da companhia, mas não queria sorrir de verdade. Como se alguém tivesse lhe ensinado que era educado sorrir, assim como beijar a mão de uma dama, e fosse seu impulso para deixar as pessoas confortáveis. Eu devo me curvar para figuras importantes, respeitar os mais velhos, usar a descarga, mastigar com a boca fechada e sorrir para todos.
Mesmo se tratando de Neville, que o conhecia a tanto tempo, haviam coisas que o Potter simplesmente não mostrava. O mais alto sabia disso, mas respeitava o espaço do outro.
Quando era importante saber, ele acaba contando de todo jeito.
Até onde sabia...
E havia aquela segurança. A forma como tudo parecia dar certo quando estava com Harry. Como o cheiro tão comum de morangos e vinho (muito forte em seu cabelo ainda úmido naquele momento), se tornou sinônimo de força para Nev.
Enquanto isso a fonte dos seus pensamentos estava tentando se acalmar.
Hazz usava o cheiro de maçãs, madeira, terra molhada e flores silvestres de Nev, o rosto enterrado em seu ombro para poder inspirar melhor, as mãos agarradas ao uniforme vermelho da Grifinória, como se assim pudesse impedir aquelas coisas de acontecerem de novo, tudo para não surtar. Não deixar sua magia destruir.
Dumbledore deu uma capa a Neville.
Poderia até ter sido a capa do próprio Harry se os goblins não tivessem exigido de volta como uma relíquia de família.
Ele deliberada e propositalmente deu um objeto mágico que ofereceria liberdade a um garoto de onze anos para andar por uma escola, enquanto ele sabia que uma pedra que pessoas matariam para conseguir estava presente. Não só isso, havia um cachorro de três cabeças gigante que poderia atacar o garoto se ele tivesse a inspiração de descobrir porque o corredor do terceiro andar era proibido!
Que merda! Como Harry nunca percebeu essa peça faltando nas cartas de Neville? Ele nunca questionou como o garoto chegava nos lugares sem ser pego!
Mas ele tinha sido pego uma vez... Não é? Ele chegou a tomar detenção, por isso não reparou nesse detalhe.
Drago, merda, inferno!
Um detalhe e tudo simplesmente desmoronou.
"Mate o velho!" a voz na sua cabeça disse, muito mais animada do que deveria estar. Afinal... era o que Harry queria.
"Ele colocou Neville na mira do bruxo! Ele quis testar se Neville podia ser o eleito! Ele podia ter matado uma criança inocente! Seu Neville!" gritava irritada.
Aumentando a própria ira de Harry.
Seu Neville. Seu melhor amigo, seu primeiro amigo de verdade. A primeira pessoa viva, depois de seus pais, a amá-lo e arriscar sua própria segurança por ele. Aquele que mostrou que não precisava ser alguém importante para ser valioso como humano. Que mostrou esperança.
Uma desculpa, ele só precisava de uma desculpa e escorregaria naquela escuridão que estava consumindo sua magia, faltava tão pouco, ele lutava tanto contra isso...
"Ele feriu Neville! É culpa dele! Vamos! Faça Dumbledore pagar por isso!"
Havia ainda o segundo ano de Nev naquela escola, se lembrou. Dumbledore foi incapaz de perceber um diário com aquele nível de magia negra no castelo. Não conseguiu adivinhar qual era o monstro da Sonserina quando estava óbvio! Não comprou a merda de um exército de galos e espalhou pela escola até matar a maldita coisa! Era só mandar todos os alunos para casa nas férias, obrigatoriamente, e fazer isso que estava resolvido!
Ele não só contratou um charlatão de propósito para tentar desmascará-lo por vingança a um amigo que foi Obliviatado, como deixou uma criança morrer e Neville teve que...
Teve que saber o que era um testrálio. O patrono de Harry.
Aos doze anos.
Aquilo ficaria marcado para sempre, a sensação de não ter sido o suficiente mesmo depois de enfrentar uma criatura centenária sozinho. Mesmo depois de quase perder a própria vida tentando ajudar os outros.
Quando não era sua responsabilidade!
"Dumbledore não é só inútil! A sua inépcia está botando a vida de todas as crianças aqui em perigo!" a voz continuava a gritar. A cada segundo ficava mais diferente da própria voz de Harry e mais semelhante com aquela que assombrava seus pesadelos.
Mas ela tinha razão! Que inferno! A parte ruim dele estava certa! Dumbledore estava se mostrando um perigo para as pessoas! Ele sabia sobre a maldita passagem no salgueiro lutador e nunca pensou em fechar a coisa, para impedir a entrada de um assassino procurado, amigo do lobisomem que usava a passagem!
Ele... ele...
"Machucou Neville. Todos esses anos, o menino sobreviveu por tão pouco... E ele pode fazer de novo".
O torneio.
Harry finalmente levantou o rosto do ombro confortável e encarou Neville.
- O que foi? – o Longbottom perguntou.
O nome de Neville sairia daquela taça.
O sonho que Harry vinha tendo ia se realizar.
Dumbledore não faria nada para impedir o amigo de participar.
Um maldito quarto campeão tri-bruxo e seria seu amigo. Harry se recusava a deixar aquilo acontecer!
Que se dane descobrir todos que estavam rondando a maldita coisa, para o inferno com mandar a corte para olhá-la, Harry a destruiria!
"Queime a coisa! Queime Dumbledore!"
Mas, então, Neville riu. Como se fosse uma rajada de luz, afugentou toda a escuridão, Harry pode sentir a própria magia, espalhada por todos os lados, irritada, desestabilizada, pronta para o ataque que consumiria seus inimigos completamente, enfim recuperar a cor normal e voltar a se conter.
- Seus olhos – disse Neville com aquele sorriso. – São tão claros que eu juro que o sol fez parecerem vermelhos agora pouco.
- Mesmo? – Harry perguntou enquanto respirava fundo e segurava a mão do outro entrelaçando os dedos. – Eu fiquei bonito de olhos vermelhos?
- Que tipo de pergunta é essa?
- Talvez você prefira os verdes?
- Vai procurar o que fazer, Potter – murmurou empurrando o ombro do amigo que sorriu.
Aquele sorriso educado, não o sincero de felicidade, mas só Neville parecia perceber a diferença, então ficaria quieto, suas mãos ainda estavam entrelaçadas enquanto desciam as escadas.
"Queime a taça! Queime o velho!" a voz em Harry continuava.
Ele havia tomado uma decisão.
Neville não estaria naquele torneio, nem que fosse a última coisa que fizesse.
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Quando eu estava escrevendo esse capítulo percebi que era uma boa chance para testar a teoria. Se eu fosse escrever o tanto que queria, ainda haveriam mais umas 2 cenas que já tinha começado, mas essa parte já me pareceu um bom encerramento e eu poderia postar hoje mesmo, então vamos lá:
O que acharam?!
E aproveitando... O que pensam que Harry fará agora?
Nos vemos logo. Obrigado a quem comentou, votou, (recomendou para amigos também kkkk) e principalmente continua lendo até aqui! Sou muito, muito grata a cada um!
Boa noite!
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