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Capítulo 35 - Garra de leão e presa de cobra

Votem.

Votem.

Comentem o que estiverem achando e espero que não tenham ficado bravos comigo na última, porque nessa...

Bem...

Respirem fundo, tomem coragem e vão. Até o fim melhora.

Espero que gostem.

PS: Estou com muito sono agora e provavelmente deixei passar erros. Me avisem nos comentários <3

PS2: Lembre-se que se está gostando dessa fanfic e do trabalho dessa autora, saiba que tenho um livro publicado na amazon e adoraria ter sua opinião e apoio. O nome é "Aquilo que se vê no escuro" por Bárbara Regina Souza e está gratuito para assinantes do Kindle Unlimited, além de que o prólogo está disponível nesse perfil para quem quiser descobrir do que se trata. Vá lá e dê uma olhada para descobrir se te interessa, vai ajudar muito!

No capítulo anterior....

Nev ainda estava focando na ideia de que ele deveria saber se Harry Potter estava ou não afetado pelas artes das trevas e era disso que estava falando nas merdas que Dumbledore escolheu dizer para tratar aquele tema. Se ele realmente estivesse sendo apenas bondoso e pensando nos limites do Harry, querendo que Neville apenas arrumasse um jeito de todos conversarem pacificamente.... Ele não teria dito daquela forma, ele teria sido objetivo. Não, ele colocou toda uma carga emocional para fazer Neville acreditar num perigo que Dumbledore via, mas países inteiros e profissionais de todo tipo não.

Ele fez Neville tomar partido.

Esse foi o maior dos problemas.

Colocar uma criança na linha de frente contra uma batalha que Dumbledore escolheu lutar sozinho e que não estava incomodando mais ninguém.

- Eu só estou com uma dúvida – disse Ron de repente.

- Que dúvida? – perguntou Neville.

- Você disse que estava magoado com algo que um de nós fez. Esse era Dumbledore?

Neville corou, George fez uma careta e Fred olhou para o irmão, surpreso que ele tivesse notado. Mas era verdade.

- Sim, você não pareceu magoado com Dumbledore aqui. Você o defendeu. Será que esqueceu de nos contar algo?

- Eu já... eu acho que foi impressão minha só. Deixem para lá.

- Não - interromperam Fred e George. - Nos conte.

- Não tem porque...

- Se te incomodou, melhor falar, podemos te ajudar a entender - ofereceu George.

- Talvez os meninos já tenham levantado o ponto que tinha te incomodado e você já não ligue mais? - questionou Hermione.

- Eu...

- Neville - chamou Fred. - Por favor, não minta para nós. Estamos do seu lado, seja o que for, mas você precisa contar se Dumbledore ultrapassou algum limite com você ou se qualquer coisa te deixou desconfortável.

- Prometemos, se esse é sua preocupação, que não vamos julgar - acrescentou George. - Só queremos ter certeza de que você está bem com tudo.

- Bem... – o Longbottom murmurou. – Na verdade... é como eu disse, eu fiquei feliz que Dumbledore foi sincero e tivesse confiado em mim para ajudar nessa situação toda, mas...

- Mas? – perguntou Gina.

Neville bufou e negou com a cabeça.

- Não é nada, deve ter sido coisa da minha cabeça.

- Nev - Gina puxou sua mão e apertou... - Eu preciso que nos diga, por favor. Não quero saber que você está nos evitando de novo...

- Dumbledore soube como falar comigo, como George disse, ele foi onde eu me sentia mais confortável e eu fiquei pensando depois que justamente eu acho que... bem... Isso foi inusitado e começou depois que...

- Neville, direto ao ponto! – pediu Ron.

- Acho que ele leu minha mente para isso.


Capítulo 35 – Garra de leão e presa de cobra


"As cobras e os leões podiam não ser tão diferentes quanto pensavam e, talvez, a união deles pudesse criar um dragão,

Mas como diria Hogwarts: nunca faça cócegas num dragão adormecido..."


Silêncio.

Assim ficou por um tempo.

Puro e simples silêncio sendo preenchido pelos poucos murmúrios dos outros acordados na casa, abafados pelo feitiço "Silencio", o som da lareira crepitando, talvez um uivo de lobo lá longe na floresta proibida, uma coruja, sem dúvidas, piou.

Simas Finnigan reclamava com Dino Thomas sobre uma tarefa de transfiguração.

Neville podia jurar que se pegasse uma faca, conseguiria cortar um pedaço do ar agora, de tão denso que se tornou.

Seu coração, a cada segundo, parecia mais agitado e ansioso e preocupado e apavorado e....

- Eu sei, eu sei – adiantou-se a acrescentar, desesperado para acabar com aquele momento constrangedor, baixando a cabeça. – Dumbledore não tem porquê. E também nunca faria isso. Quer dizer... é absurdo, não é?

- Claro que é – concordou Hermione, mas... sua voz estava com bem menos convicção do que normalmente estaria. – Dumbledore invadindo sua mente? Ridículo! Ele só te conhece tão bem que sabia como agir, Nev. Ele não... – então negou com a cabeça, recuperando a firmeza porquê...

Aquilo não podia.

Seria demais para acreditar.

- O que lhe deu essa impressão afinal? – questionou.

- Eu senti... uma dor no fundo dos olhos quando o encarei.

- Como uma dor? Apenas uma enxaqueca ou... Sobre o que estavam falando?

- Sobre Harry.

- E você achou que ele leu apenas porque sentiu enxaqueca?

Neville corou.

- A reação dele também... – suspirou. – Mas eu gritei com ele, então imagino que tenha reagido a isso, eu geralmente não grito, não é? – sorriu nervoso, voltando a olhar para os amigos, mas se assustou tanto com o que viu que tornou a se abaixar. – Eu...

- Você deve ter ficado impressionado com as aulas de oclumência dessa semana – disse Hermione lhe apertando a mão. – Ron não parava de falar que Snape lia nossas mentes durante todos esses anos, lembra-se? – comentou sorrindo, em uma espécie de tentativa de fazer humor, mas não funcionou, então crispou os lábios. – O diretor nunca permitia que os professores lessem a mente dos alunos e ele mesmo fazer? Nunca. Por que faria afinal? Você...

- AQUELE VELHO FEZ O QUE?! – gritou Gina Weasley de repente se levantando, vermelha de fúria. – EU ACABO COM AQUELA CABRA VELHA! TERMINO DE DESFIGURAR AQUELE NARIZ TORTO! – gritou mais uma vez e tremendo.

O rosto de Ginevra Weasley seu rosto estava numa careta de horror e raiva.

Não.

Raiva não.

Ódio.

Ginny estava com ódio. Ela queria correr na sala daquele homem e lhe acertar um soco com toda a força, talvez pior.

Todos se surpreenderam com como ela podia parecer com aquele sentimento estampado na face, geralmente tão calma.

- Gina? – perguntou Hermione assustada.

- HERMIONE! – urrou Gina se virando para a amiga que deu um pulinho. Ela não podia gritar com Dumbledore agora, então faria com a cacheada, que só podia estar louca. – Você entende o que está fazendo nesse momento?!

- O que? – piscou, muito confusa com a reação explosiva da garota.

- Neville foi vítima de um ataque de alguém centenas de vezes mais forte que ele, que merda! É claro que ele sentiu apenas uma dorzinha! O homem é um dos bruxos mais poderosos que há, acha que ele não saberia fazer a coisa discretamente?! Depois de enfrentar a porra de um vidente na primeira guerra dele, acha que não saberia um truquezinho de mente ou outro?! E fez em Neville! Que facilmente lhe diria tudo que quisesse saber! Mostra que ele já deve ter feito essa merda antes, que claramente não tem respeito pelas vontades das pessoas ao ponto de nem vacilar em, durante um momento de fragilidade, invadir o espaço pessoal de alguém que confia nele contra a sua vontade! Para lhe tirar algo que só Neville tinha direito de dar!

"Pior! Para aparentemente descobrir a melhor forma de convencer Neville a ficar inseguro sobre um amigo!" pensou tão zangada que sentia que podia explodir, mas não disse, porque não podia ter certeza de que foi por isso ou simplesmente...

Se Dumbledore se importava tão pouco com limites que só não via problema em verificar a mente de alguém em uma simples conversa!

Mas o que ele fez...

- Ele literalmente violou a mente de Neville, um aluno dele e alguém ainda desprotegido contra ataques mentais, para chegar em Harry! Isso é horrendo! E você, ao invés de apoiar seu amigo, está lhe fazendo mais perguntas invasivas?! – gritou batendo com o pé no chão.

- Gina... – chamou Fred se levantando e tentando alcançar a irmã, mas ela desviou.

- Não! – gritou de novo. – Isso está errado! Dumbledore pode ter entrado em um espaço íntimo de Neville contra sua vontade enquanto estavam sozinhos e ele desprotegido! – a ruiva levou as mãos ao rosto e esfregou. – Ele chamou Neville lá! Ele confia em Dumbledore e ele.... Vocês não conseguem ver o quão errado isso parece? – ela começou a hiperventilar e todos ali passaram de surpresa para preocupação.

- Não temos como ter certeza... – tentou Hermione. – Ginny, não podemos acusar alguém assim, é um crime severo exatamente como está dizendo, então...

- Se Neville disse que aconteceu eu acredito nele e ponto final! – gritou.

- Gina – chamou George com a voz tão firme que a irmã se calou e olhou-o.

- George! Você concorda comigo, não é? – perguntou com um fio de desespero e esperança na voz.

- Eu concordo! – indignou-se Fred. – Mas você precisa se acalmar...

- ME ACALMAR?!

- Gina – George tornou a chamar e a voz séria de seu irmão mais velho conseguiu o efeito desejado de parar sua gritaria. – Toda a Grifinória vai ficar sabendo se você continuar assim.

- Mas...

- Neville quer que todos saibam? – questionou e a ruiva imediatamente fechou a boca, que já estava aberta e pronta para uma segunda onda de reclamações. Dessa vez ela aceitou que Fred se aproximasse e lhe afagasse as costas. – Obrigada – o agradecimento saiu com um fio de voz que fez George fechar os olhos para inspirar fundo.

Não importa o que acontecesse. Até o fim daquela noite, ele daria um jeito de descobrir se aquilo era verdade e faria Dumbledore se arrepender. Olhando para Fred ele teve uma certeza: não estava sozinho.

E quando Fred e George se juntavam...

Nem "o maior bruxo desde Merlin" os pararia.

Isso era uma certeza e uma ameaça.

- Nós prometemos a Neville que não julgaríamos o que ele dissesse. Então vamos ter cautela... – pediu George, que estava se arrependendo de ter dito aquela frase.

Se não cumprisse com sua palavra afetaria a confiança de Neville nele, uma confiança que obviamente já estava abalada ao ponto que...

Estava entrando em negação.

George não era nenhum especialista em linguagem corporal, mas tinha uma família grande, ninguém mexia as mãos e recuava como Neville estava agora se não estivesse com medo de falar, não estivesse querendo fugir.

Precisava pensar antes de agir, mesmo que quisesse poder se juntar a Gina naquele momento e amaldiçoar o homem.

- Mas não estamos julgando Neville! – contestou Gina. – Estamos julgando o que Dumbledore fez!

- Da no mesmo se você o deixar desconfortável – disse o gêmeo e olhou em volta. Todos que ainda estavam acordados na Grifinória estavam encarando o grupo. Provavelmente não estavam entendendo, mas a movimentação os deixou alertas sobre o fato de que existia um feitiço de abafamento sonoro e logo cairia. – Vamos para os dormitórios? Juntamos minha cama e a de Fred, fechamos as cortinas e eu coloco um feitiço abafador de novo...

- Não precisa – pediu Neville muito corado. – Vocês estão... – mas não conseguiu organizar os pensamentos o suficiente para terminar uma fala coerente.

Se lembrou dos Sonserinos, de como lá foi fácil falar disso, foi fácil desabafar e esquecer, então o que tinha de diferente aqui?

O que estava acontecendo com sua cabeça afinal?

- Neville, sem pressão. Gina vai se acalmar – mandou sério. – E eu vou botar outro feitiço. Isso é algo importante, não guarde para si.

- Eu não tenho certeza, entende? – disse o Longbottom. – Eu não me importo de responder as perguntas de Hermione, Ginny, também estou tentando entender e não posso... ir acusando Dumbledore sem ter certeza, não é?

- Mas... – começou a ruiva.

- Claro que não – disse Hermione e George repensou tudo que já aprendeu sobre mandar damas a merda. – Você não teve as eletivas da Durmstrang, Gina, mas eu, Ron e Neville sem dúvidas lembramos alguns conceitos que Katherina Wakrot deu. A Legilimência intencional e mágica é contra lei, uma arte sombria e desincentivada até em interrogatórios.

- Ótimo, deveria ser contra lei mesmo! – reclamou Gina cruzando os braços.

Hermione suspirou:

- Você não está me ouvindo... Estou dizendo que é uma invasão de privacidade severa e mágica, que mesmo aqueles que decidem aprender Oclumência através de enfrentar um Legilimênte, o correto é que seja um especialistas da mente ou alguém de plena confiança, médicos jurados a não lhe prejudicar ou incapazes da mesma forma de espalhar o que viram. No mínimo uma pessoa que confiamos o suficiente para não tornar a experiência dolorosa, desconfortável, constrangedora ou até traumática porque pode mexer diretamente com inseguranças e barreiras psicológicas.

- Neville sentiu dor! Você está querendo chegar onde? Por que, até agora, eu só quero ir lá matar o infeliz que fez isso com ele!

- Estou querendo chegar que Dumbledore nunca cometeria um crime desses!

- Por quê?! – a ruiva questionou furiosa. – Por que é um professor? Um diretor? Por que é o líder da luz usando um recurso que é mais comum entre bruxos das trevas? A merda com isso! Nós devíamos estar indo...

- Neville – chamou Hermione encarando diretamente o Longbottom. – Você sentiu só uma pequena dor?

- Puta que pariu! – reclamou Ginny e Fred a segurou, enquanto George já estava no seu terceiro feitiço de silêncio.

- Foi. Ele me fez uma pergunta repentina e quando olhei para ele... veio a dor.

- Você olhou diretamente para ele? – perguntou Hermione. – A professora disse que é necessário encarar diretamente e...

- Sim. Mas... – e baixou a cabeça. – Eu sei que pode não ser bem isso, porque já tive a mente lida antes...

- Já? – perguntou Gina surpresa. Na verdade, todos estavam.

- Hazz – explicou. – Ele estava treinando oclumência com o avô e eu perguntei se podia saber como era. Antes de aceitar o avô me fez várias perguntas. Me explicou que era para descobrir quem seria menos desconfortável na situação, disse que por eu estar deixando eles poderiam acessar tudo com muita facilidade, como entrar em casa com a porta aberta, mas eu não pratico oclumência, minha casa podia estar toda bagunçada e eles poderiam achar uma cueca em cima da TV ou coisa do tipo...

- O que? – Ron riu e Gina quis lhe bater.

- Desculpa, mas foi engraçado!

- Ele explicou que nossa mente era um palácio, nossa casa, oclumência também para organizar e saber como fechar as portas para as visitas ou aprender como retirá-las a força, vigiar quem entre e tudo o mais. Ele só queria saber se eu preferia que Hazz encontrasse alguma coisa constrangedora ou ele, porque poderia aparecer. No fim, eles só queriam ter certeza que eu estaria confortável com tudo.

- E Harry leu sua mente? – questionou Hermione.

- Ele foi me fazendo perguntas e pedia para eu só pensar na resposta.

- Você sentiu dor?

- Não, mas ele continuou fazendo isso por um bom tempo, até que eu entendesse quando ele realmente estava olhando as respostas ou quando não.

- Como assim?

- Por exemplo. "Qual sua cor favorita?" então eu pensava: "vermelho", ele dava risada e falava: "o perfeito grifinório" e continuava assim, mas tinham vezes que ele não estava olhando a resposta. Demorou um tempo para eu perceber a diferença de quando ele estava na minha cabeça e quando não, mas, em algum ponto, comecei a entender a diferença. Perceber a presença dele lá.

- Você teve essa sensação com Dumbledore?

- Não exatamente.

- Como exatamente? – questionou George.

- Hazz me explicou – suspirou. – A diferença sobre os tipos de legilimência, entende? Não é sempre a mesma coisa. Existem legilimêntes naturais, por exemplo, e eles não invadem seu subconsciente, além do fato de não fazerem de propósito sempre, eles não entram até onde estão memórias, fazem apenas o que Hazz mostrou na maior parte do tempo, veem a superfície. O exato pensamento que você tem naquele momento, a imagem, a emoção, apenas o superficial. É muito difícil perceber alguém na sua cabeça quando é assim, porque é... é como se só estivesse olhando pela janela. Ela nem entrou. Ela pode te fazer perguntas, te direcionar para o que quer, dar a volta na casa, pegar uma escada, encostar na parede e olhar as janelas dos outros andares, mas nunca saberá tudo. Nunca o que você esconde nos armários, gavetas, debaixo do assoalho. O que dói, o que machuca é a invasão e revirar tudo, entende? É arrombar uma porta, quebrar o piso ou até as paredes para achar o que quer. Nem sempre concertamos a casa tão facilmente, dependendo de como ou quantas coisas a pessoa teve que tirar do caminho para conseguir o que queria.

- Você sentiu dor – lembrou Gina.

- Mas ele disse que a sensação não era a mesma, Ginny – disse Hermione.

- Porra, claro! Harry estava pedindo autorização, estava propositalmente tentando ser notado, ele queria ensinar o amigo e a pedido dele próprio, a situação não podia ser mais diferente!

- A professora disse que era uma sensação muito ruim ser invadido assim!

- É ÓBVIO?! Se não fosse, eu ficaria preocupada com os rumos da magia!

- Nós nem teremos aulas de Legilimência – continuou como se não tivesse sido interrompida. – Só algumas demonstrações individuais no semestre que vem, para aprender a sensação, e com a autorização contratual dos nossos pais...

- Um minuto – pediu Fred vendo que não tinha como, Gina não conseguiria parar tão cedo de se exaltar, então saiu da área do feitiço do irmão.

Olhou em volta do salão da casa, com os braços cruzados e seu melhor olhar ameaçador. Ficou feliz quando um dos garotos mais novos desviou assustado, pegando suas coisas apressadamente.

- Peguem o exemplo dele! Todo mundo, vai cuidar das suas vidas! Parem de ficar querendo bisbilhotar nossa conversa e já para o dormitório! Sai daqui ou eu explodo uma maldita bomba de fedor nos seus malões, se não dentro da boca de alguém! Vocês não me testem que eu sou louco para isso! – mandou enquanto afastava todos, alguns até aos pulos.

George se segurou para não rir. Como ele amava seu gêmeo!

Neville, por outro lado, corou e se sentiu culpado com aquela situação, mas não conseguiu manter a emoção totalmente, já que as duas meninas do grupo continuavam a discussão:

- Ótimo, então a Durmstrang tem moral o suficiente para nos oferecer uma professora que sabe o quão errado é sair arrombando a intimidade de alguém e que tomará todos os cuidados para criar uma experiência tranquila como Harry Potter, o tal do bruxo das trevas, deu a Neville. Enquanto Dumbledore, o mesmo que estava julgando a magia sombria fez uma porra dessas! – insistiu Gina.

- Ele sentiu apenas um incômodo! Deve ter sido estresse ou algo do tipo – suspirou. – Não podemos sair acusando uma pessoa de um crime de violação sem provas...

- Porque Dumbledore cometeria um crime desses e deixaria rastros óbvios! – reclamou Gina. – Que parte de bruxo poderoso você está esquecendo nessa equação?!

- Harry Potter é um...

- Vai a merda! – gritou a Weasley e a maioria recuou, surpresos com sua reação.

- Ginny! – avisou George.

- Dumbledore não faria isso com Neville – insistiu Hermione. – Você entende que temos que pensar com calma numa situação dessas? O diretor não...

- Um diário, a princípio, também não seria capaz, mas vejam só o que aconteceu comigo! – gritou e todos se calaram em choque.

- Eu fui possuída – admitiu fechando os olhos, em uma frase tão carregada e firme, zangada... Magoada. Ela não abriu os olhos, como se a escuridão pudesse ajuda-la. – Eu sei o que é ter sua mente invadida e sei o quão difícil é admitir isso e me recuso a ouvir você questionando Neville dessa forma. É claro que foi diferente, são situações diferentes, quando... Quando foi comigo, mesmo sendo a mesma pessoa, foi diferente.

Hermione piscou, incapaz de dizer algo sem sentir que estaria ferindo a amiga. Tentou. Abriu a boca, mas a fechava em seguida, várias vezes.

Ron quis se levantar para ir até Ginny, mas Fred entrou naquele instante e quando viu a expressão de todos, principalmente da irmã, já se adiantou até ela.

- Gina... – murmurou.

- Um simples objeto – continuou a menina. – Algo que eu nunca pensei que iria me ferir e também alguém a quem me abri, alguém que sabia sobre mim melhor que ninguém, me enganou, então entrou na minha mente, o lugar mais íntimo que temos, tirou de lá informações e me usou. Invadiu, não só minha cabeça, como meu corpo em certo ponto. Eu tive vergonha, eu tive medo, eu não queria admitir e foi difícil. Eu tentei contar a vocês e não consegui – e sua voz ficou vazia, como se, de repente, não estivesse falando de si mesma. Calma. Ela abriu os olhos e encarou Neville. – Eu sei que não é a mesma coisa, mas...

"Talvez seja" pensou. Porque ela confiava em Riddle, porque gostava de conversar com ele, lhe contou tudo, mas foi apenas usada...

Cada frase escrita por ele. Cada conselho. Cada aula sobre magia e livro que recomendou e que, nem sempre, ela dava atenção (mas afinal, estava no primeiro ano), cada vez que a consolou por usar roupas de segunda mão, livros e o que mais fosse...

"Eu também usava tudo de segunda mão" contou ele "Isso não nos faz menores, inferiores ou incapazes em comparação aos outros. Mostra apenas que o mundo nos deu mais desafios e, se os superarmos, então é a prova de que sempre fomos melhores. Esfregue isso na cara deles".

Tudo mentira.

Ginna gostava de Riddle, ele esteve lá no seu primeiro ano, quando não passava da "Weasley fêmea", a sétima em Hogwarts, a garota esquisita com cabelo de água de salsicha, amiga da "lunática". Quando quase começou a evitar Luna, porque estava incomodada com como olhavam-nas nas aulas, quando se sentia um nada, só mais um Weasley...

"Eu morava num orfanato. Não era nem mesmo Tom, era aberração ou demônio. Você é Weasley. Uma bruxa, membro de uma família dos Sagrados Vinte e Oito, a única herdeira mulher da família, que se importa e te parabeniza até pelas menores coisas e você reclama? Você faz parte de algo. Desculpe se não me compadeço da sua choradeira, está apenas se pondo como fraca quando tem tudo para ser forte. Ninguém vai te por no pedestal que sua família fez, você tem que conquista-lo e não está nem se esforçando. Essa é a coragem e a garra dos leões? A lealdade? Sua amiga que tinha do que reclamar, você é apenas mimada".

Na época, Gina ficou magoada, foi a coisa mais "grossa" que Riddle já lhe dissera e dali em diante vieram outras, depois ela começou a perceber que estava sendo possuída.

Segredos, intimidada, mente e corpo. Ele lhe tirou tudo e ainda tentou tirar a vida. Nem hesitou para isso.

Sim, a situação de Neville era diferente, mas a traição estava ali. Alguém que confiava o estava usando e Gina não podia assistir acontecer!

Ron, enquanto isso, estava se sentindo péssimo.

Como ele não viu aquilo? Tremeu, porque se lembrava. No seu segundo ano, Gina havia se aproximado e sentado ao lado dele no café da manhã. Parecia tensa e nervosa e Neville chegou a reparar que torcia as mãos no colo.

"Que foi que aconteceu?" perguntou Rony na época, servindo-se de mais mingau, sem lhe dar atenção. Gina não disse nada, mas olhava de uma ponta a outra da mesa da Grifinória com uma expressão apavorada no rosto. "Desembucha logo" insistiu observando-a. Neville de repente percebeu que Gina parecia muito com o elfo estranho que havia aparecido para ele recentemente. Estava se balançando para a frente e para trás na cadeira, exatamente como Dobby fazia quando estava hesitando, pouco antes de revelar a informação proibida.

"Tenho que lhe contar uma coisa" murmurou Gina, tomando cuidado para não olhar para Nev.

"O quê?" perguntou o Longbottom. Gina fez cara de quem não consegue encontrar as palavras certas.

"Que é?" perguntou Rony.

Gina abriu a boca, mas não saiu som algum. Neville se curvou para a frente e falou baixinho, de modo que somente Gina e Rony pudessem ouvir:

"É uma coisa sobre a Câmara Secreta? Você viu alguma coisa? Alguém se comportando estranhamente?"

Gina tomou fôlego e, naquele exato momento, Percy Weasley apareceu, com a cara cansada e pálida e sua aparição imediatamente fez a menina recuar e fugir.

[N/A: Trecho presente no livro original. Na minha versão, página 205].

Ela tentou buscar ajuda, mas não teve coragem com Percy.

Ela queria Ron e ele falhou.

- Uma pessoa morreu pela minha covardia – disse Gina. – Eu nunca vou poder me arrepender o bastante, mas você não precisa esconder da gente, Neville!

Ron tremeu, sentindo-se péssimo.

- Dumbledore não é Voldemort, ele nunca faria! – o Longbottom imediatamente disse.

Gina nem reagiu dessa vez ao nome, pelo contrário, pareceu invocar ainda mais firmeza dela:

- Riddle, em algum momento de sua vida, também foi um humano que ninguém acreditava que faria. Foi assim que saiu empune, assim que levou Hagrid à Askaban!

- Você está comparando Dumbledore a Voldemort?

- Se ele foi capaz de invadir sua privacidade assim? Sim – respondeu no ato. – Talvez pior.

- Pior?! – indignou-se o menino.

- Gina! – Hermione exclamou.

- Ele é o diretor, se diz uma pessoa boa e quer nos ensinar, mas faz isso com um aluno? Sem dúvidas, é pior.

- São situações diferentes – disse Neville imediatamente. – Riddle, como você mesma disse, te possuiu, te usou, você não tinha controle mais de si mesma, o que ele fez foi incabível, Dumbledore só...

- Só? – questionou Ginny. – Acha que ele não está te usando? Porque até onde vi, o diretor tentou tirar informações de você sobre uma pessoa que, por algum motivo, ele está interessado e que quer distância dele, então leu sua mente para isso e ainda te convenceu a questionar seu melhor amigo que, quando falamos da mesma magia, tentou te ensinar a identifica-la para se proteger ao invés de te tirar algo realmente.

George estava dividido entre um sorriso de orgulho de sua irmã e um quase bufo de frustração.

Ele concordava com Ginny, mas decididamente não era a melhor forma de lidar com Neville agora, ele via na forma como o garoto estava hesitando. Se o puxasse mais que aquilo, talvez fugisse de vez.

- Eu...

- Eu vi que Rosier sentou perto do grupo em que você estava hoje durante o jantar – contou a ruiva. – Rosier não se dá bem com Adrian Pucey desde que Marcos Flint se formou em junho. Os dois nunca mais sentaram nem perto e mal falam, só que Félix estava do lado dele e falando com você. Hermione disse que Legilemência é crime. O pai do Félix é advogado...

Certo. Já era.

Hermione arfou abrindo a boca e tapando-a com a mão. Neville esbugalhou os olhos e corou, além de que parecia apavorado.

George quis se acertar um tapa na testa. Tinha que ter arrancado Gina de lá a força, porque agora estavam ferrados. Neville, sem dúvidas, havia entrado na defensiva depois dessa e era o que vinha tentando evitar.

Ele não agiu antes porque não queria deixar Ginny mal, agora que finalmente estava falando sobre o tema, mas ela não parecia estar entendendo a diferença da situação.

Neville confiava e gostava de Dumbledore como pessoa, e como uma figura de apoio quase familiar. Um amigo de sua avó e de seus pais, alguém que sempre esteve em sua vida (nem que só em palavras, histórias) e na escola esteve próximo, de olho em si. O "salvou" no primeiro ano, em sua visão distorcida e fantasiosa da vida como criança. Para Nev, que não tinha os pais, os tios viviam longe e a avó era mais fria e exigente do que alguém dócil como ele gostaria, ou se sentia verdadeiramente acolhido.

O Longbottom nunca pensaria que Alvos leu sua mente (menos ainda diria em voz alta), se não fosse algo muito provável e identificável, algo tão claro para si, que mesmo sua necessidade em colocar o homem com bons olhos podia ignorar totalmente. Só que manter essa certeza era muito mais difícil do que perceber.

Se Gina se sentia na mesma situação, era uma possibilidade, mas para Neville podia ser ainda mais intenso porque havia a imagem de herói de Dumbledore para desacreditá-lo até para si mesmo. O diário era só um objeto, Dumbledore era o homem ao qual o Qilin se curvou, o dono de uma fênix. Alguém de "coração puro". Era dolorido, bem mais que "o diário amaldiçoado por Voldemort".

Se para a Weasley foi difícil, ela tinha que perceber como seria para Nev.

O processo não era fácil. Muitas crianças e adolescentes, em situações diversas onde um adulto que confiavam as machucava, agiam assim. Escondiam. Se retraiam e se contradiziam.

George não sabia disso simplesmente por saber. Ele havia pesquisado. E perceber o motivo fez seu peito doer.

O motivo foi Harry Potter.

O que o garoto de cicatriz de raio falou antes da aula de defesa contra as artes das trevas no seu primeiro dia em Hogwarts, quando estava passando alguns minutos em todas as aulas. Alastor confirmou sobre muitas crianças bruxas ainda serem atacadas e sofrerem com agressões em seus lares, simplesmente por serem bruxas.

George foi atrás de informações sobre aquilo, porque queria entender, a frase de Moody o assustou: "Há pelo menos um caso por ano no ministério de criança mágica assassinada por ser bruxa". Parecia absurdo que nunca tivesse visto num jornal ou em qualquer lugar, mas porque mentiriam sobre isso?

As coisas que ele achou sobre o tema...

O ruivo apertou o próprio braço tentando ignorar como sua mente deu alertas vermelhos gritantes.

Harry avisando as pessoas sobre essas coisas, as pesquisas que deixavam claro que a maioria dos casos nunca eram descobertos ou iam até o fim, com julgamento e condenação, porque as vítimas escondiam, tinham vergonha, ou mudavam de ideia por diferentes motivos.

Então o contrato mágico cheio de cláusulas e a necessidade de poções médicas para o Potter.

Os tios dele eram negligentes...

Ou a palavra "negligência" foi um eufemismo?

[N/A: Eufemismo. Figura de linguagem. Palavra, locução ou acepção mais agradável, de que se lança mão para suavizar ou minimizar o peso conotador de outra palavra].

- Eu não... – recuou Neville muito envergonhado e apertando a mão com força. – Eu...

- Você disse ao pessoal da Sonserina que achava que Dumbledore leu sua mente? – perguntou Hermione cautelosa.

- Hermione! – gritou George, sentindo-se prestes a explodir de raiva e dessa vez realmente se levantou.

Fred entrou no meio para tentar acalmar o mais novo da dupla. George tinha a tendência a desligar seu lado racional quando ficava muito irritado e já estava quase lá e Fred sabia que aquilo não era boa coisa.

- Eu não estou dizendo nada! – se defendeu a menina.

- Eu disse... – admitiu Neville sentindo-se péssimo. – Eu contei para a Sonserina, eu não devia...

- Neville, está tudo bem falar da situação, você tem que falar para entendê-la – acrescentou George imediatamente. – Você acha que Dumbledore não fez, não é? Que foi só uma confusão momentânea? Então vamos pensar em como podemos coletar alguma certeza. Assim você saberá que não estamos acusando ninguém de nada, só estamos tentando entender a situação para que você saiba como agir.

- Isso mesmo – concordou Hermione. – Se você se sentir confortável para nos dar detalhes, podemos averiguar essa história.

Gina olhou para os irmãos desesperada, mas George também estava, decidiu se sentar diante da mesinha, no chão, tentando organizar as ideias e Fred o acompanhou, apenas a garota entre os Weasley continuou de pé, abraçando o próprio corpo.

Neville começou a falar.

Detalhou como chegou na sala de Dumbledore, as amenidades que debateram a princípio, então continuou:

- Ele foi... perguntando se poderíamos ter uma conversa franca, disse que não sabia por onde começar, que eu era uma boa pessoa e sentia que podia falar comigo.

George evitou a careta que queria fazer.

"Isso, colocou o menino numa situação onde se não fosse apenas um ouvinte passivo, se julgasse, estaria decepcionando seu professor querido" irritou-se. "Evite pensamentos homicidas, George Weasley..."

- Até então, tudo certo. Como eu disse, eu prefiro que seja assim, estou cansado de me tratarem como criança e que omitam as coisas de mim.

"Então ele te tratou como adulto, quando não devia" pensou Fred.

- Claramente, falar comigo já era uma decisão que tinha tomado e... por isso talvez eu tenha metido os pés pelas mãos supondo que ele leu minha mente, eu não deveria ter falado nada, ainda mais na Sonserina e para o Rosier, quer dizer, ele pode usar isso contra...

- Neville – chamou Gina. – Continue, não precisa se justificar para nós. Antes tentar falar e descobrir se é verdade ou não, do que esconder de todos e ferir alguém no processo, como eu fiz.

O Longbottom acenou com a cabeça.

- Dumbledore então me perguntou sobre o Voldemort. Se eu achava que ele tinha morrido ou não.

George, dessa vez, não conseguiu evitar a careta incomodada e raivosa, mas ficou quieto.

- Depois disso.... o assunto trocou para a minha vó.

- Sua avó?

- É, o que ela achava de tudo isso. Eu... a maioria dessas coisas eu já contei para vocês, não é relevante. Amenidades. Então ele comentou sobre Harry, nossa amizade, a quanto tempo nos conhecíamos para estarmos tão íntimos e eu fui respondendo, porque não tinha nada demais. Eu ainda... não sabia nesse ponto que ele era o antigo guardião – Neville parou e pensou. – Realmente o começo foi bem tranquilo, ele chegou a elogiar o Harry.

Os gêmeos se lembraram dos conceitos que vinham aprendendo em oclumência, como um legilimente poderia tentar te confundir de colocando em um espaço seguro, com perguntas simples e uma conversa natural, onde sua mente vagasse sem limitações, te atrair para uma zona de conforto para liberar suas barreiras com um tema que te deixava confortável e tornar a invasão mais fácil depois.

Podia não ter sido a intenção, mas...

Mesmo que não fosse, haviam técnicas de manipulação ali. George as via claramente. Ele mostrou respeito por Harry Potter à Neville primeiro, para depois questionar suas ações, assim não parecia um ataque pessoal. Continuaria parecendo que queria ajudar.

Talvez o Weasley estivesse exagerando, poderia ser que Dumbledore não era o vilão que sua mente estava pintando, não era alguém que escondia informações de alunos, limitava o conhecimento por preconceito em uma área específica, colocava outros deliberadamente em perigo por negligência e arrogância, não cumpria com seus deveres como guardião mágico, não se importava o suficiente com a educação, tinha um cargo de poder político e o jogava no lixo sem realmente usar para fazer grandes diferenças, lia a mente de crianças, manipulava pessoas...

"Sem pensamentos homicidas e julgamentos sem provas" repetiu mentalmente apertando mais o pulso por baixo da mesa.

Mas ele precisava de provas?

Que prova ele apresentou além de "Gellert Grindelwald era parecido com Harry e ficou insano" para Neville?!

- Dumbledore comentou como queria achar e punir aquele que colocou o nome de Harry no cálice e eu concordei é claro – continuo o Longbottom. – Então ele me perguntou se eu me importava com Harrison, e é claro que eu concordei então...

- Então? – perguntou Ron.

- Ele perguntou se eu podia dizer com quem Harry estava morando.

- Assim? – questionou Fred segurando sua indignação o máximo que pôde. – Uma mudança abrupta dessas?

- Foi...

- Você sentiu alguma coisa nesse momento? – perguntou Hermione.

- Sim. Uma pontada na cabeça, como disse. Nada de mais – acrescentou Nev. – Então... Ele me fez mais perguntas e o próximo momento que isso aconteceu foi... quando ele contou que era guardião mágico de Harry. Eu fiquei bravo, entende? Furioso, na verdade, eu entendo seu ponto Mione, sei como se sente sobre a questão das visitas para nascidos ou criados entre trouxas, mas Harry era um órfão também e acho que devia ter tido visitas para entender sua adaptação na nova família, que Dumbledore foi sim ingênuo em simplesmente assumir que os tios saberiam como lidar com ele e se dedicariam a ele como a um filho, mesmo que nunca tenham concordado diretamente com o arranjo.

- Nunca tenham concordado? – ela perguntou.

- Até onde eu sei, ninguém perguntou se eles aceitavam Harry. Só assumiram que era a melhor opção e o deixaram lá... – comentou, tentando não dar detalhes.

George se jogou no chão, com as mãos no rosto.

- Gred? – perguntou Fred.

- Um momento. Podem me ignorar, continuem aí.

"Evite pensamentos homicidas, evite pensamentos homicidas..." repetia mentalmente. "Não é possível essa porra!"

- Quando ele contou isso você sentiu dor de novo? Olhou para ele? – questionou Hermione.

- Sim. E gritei com ele e ele reagiu e a reação... ela foi estranha, parecia que ele tinha ouvido o que pensei, mas sei que pode ter sido porque gritei...

- Ele mudou o assunto? – perguntou Gina.

- Como?

- Ele trocou o assunto? Ou a abordagem? De alguma forma a conversa pareceu mudar, nem que fosse um pouco, de rumo depois disso?

- Eu... talvez?

- Ele leu sua mente, Neville! Você precisa contar para sua vó, ele...

- Gina, é um crime e, nessa situação, você está supondo que Dumbledore realmente tentou arrancar a informação da moradia sigilosa de Harry Potter da cabeça de um aluno?

- Não estou supondo, estou dizendo que foi isso!

- Você não...

- Gina, eu também acho que Dumbledore não faria – concordou Neville. – Eu não devia ter contado para os Sonserinos, agora que parei para pensar. Acho que pensei que eles só não levariam a sério, que já pensam o pior de Dumbledore e eu estava irritado, precisava descontar minha raiva, mas depois de conversar com vocês eu vi que era infundada e...

- INFUNDADA?! Você não poderia ter mais razões para acabar com aquele homem!

- Eu acho que quero dormir, estou cansado.

- Neville!

- Eu... – e ameaçou se levantar.

Fred e George tentaram pensar em uma forma de evitar que o garoto fugisse, mas Fred não era bom com isso e o outro sabia que a situação estava muito mais complicada do que poderia se pensar superficialmente.

Neville estava em negação.

Retratação.

Neville estava em uma das fases de uma pessoa que passou por uma situação complicada de perda de confiança. Sua lealdade estava abalada, tudo que se apoiou um dia, porque era como Ginevra disse, a mente é um lugar íntimo, tudo que somos está lá, é nosso tudo, cada momento vergonhoso, cada pensamento estranho, cada evento que queremos esquecer ou que nos tornou a pessoa de hoje.

É pessoal, particular, delicado, expositivo.

Sentir que isso podia ser invadido tão facilmente e por alguém que confiamos...

É difícil.

Além disso, a mesma pessoa que quebrou uma barreira pessoal, fez isso no dia que colocou Neville em situações delicadas e o fez questionar a magia das trevas, portanto Harry também.

Outra âncora.

Se uma o enganou, outra não o faria?

Ele destruir muito da mente daquele menino e aquilo era tão errado!

Aconteceu. Dumbledore leu a mente de Neville, George tinha certeza, pois nem a necessidade de colocar o homem em bons olhos, conseguiu ignorar totalmente o feito. A dor, ainda por cima. Legilimência era uma arte obscura exatamente por gerar uma experiência de violação do espaço pessoal, assim como as meninas vinham sugerindo. Só que Neville estava tentando esquecer, tentando mudar a realidade, se prender a algo, quando tudo foi questionado.

Como fazê-lo confiar em algo agora, mesmo que em si mesmo?

Como fazê-lo ver com clareza?

Naquele instante, com o Longbottom quase se levantando, Gina apelou:

- Ron! Me ajuda, aqui! – pediu.

E aquilo, impressionantemente, ou não, mudou tudo.

- Neville – chamou Ron e o amigo, imediatamente parou. – Você sabe que também confio em Dumbledore, parceiro – sorriu. – Tenho certeza de que quando entendermos o motivo para tudo isso, Ginny vai se acalmar. Não saia, sim?

Neville acenou e tornou a se sentar.

George franziu o cenho.

- Vamos lá. Você sentiu uma dor leve, mas foi diferente de quando Harry estava propositalmente lendo seus pensamentos. São situações parecidas, é claro, mas... Você já não disse algo assim?

- Como?

Ron riu e George, decididamente sentiu que havia algo estranho. Ron não estava agindo...

Natural.

- Você disse que ficou bravo com Dumbledore quando soube da parte do guardião, mas desde que ele puxou o tema da família de Harry você ficou cauteloso. Talvez não tenha sido mais que um incomodo, foi logo no café da manhã, você estava sensível por causa do jornal de ontem, foi muita emoção.

- Sem dúvidas foi o tema sensível que te deixou com dor – concordou Hermione, aliviada que Ron estava do seu lado.

Gina, entretanto, viu no brilho dos olhos do irmão.

Não era bem assim.

- Certo, isso já aconteceu antes? – perguntou Ron na mesma hora. – Quando passamos por todas aquelas coisas, alguma vez você sentiu dor de cabeça? Alguma vez, em toda sua vida e com todos os perigos e situações de quase morte, você já teve enxaqueca por estresse?

- Eu... – Neville tentou se lembrar de alguma.

- É uma condição sabe? Algumas pessoas sempre tem enxaqueca quando estão numa situação tensa, você poderia ser assim e só nunca ter dito-nos...

- Eu não sei... eu...

- Ou pode ter adquirido – deu de ombros.

- Eu posso, não é? – questionou Neville com um sorriso estranho.

Não mais que o sorriso falso que Ron deu em seguida:

- Claro. Você passou por muita coisa nesses anos e teve os Dementadores ano passado, entende como podem ter te afetado? Eles mexem com a cabeça e com as emoções, você desmaiava na sua presença, imagino que o efeito poderia ser mais profundamente do que pensávamos. Deve ser isso, não é? Você nunca teve dor de cabeça por estresse na vida, não é?

- Não. Nunca.

- Entendo... Podem ter sido os Dementadores...

E George teve que segurar o impulso de abrir a boca em um perfeito "O" quando viu o que Ron acabou de fazer.

Ele literalmente acabou de conseguiu que Neville respondesse e admitisse que não era uma condição comum sua a dor de cabeça.

Ele tirou a resposta de Neville!

Descartou o estresse, que foi algo raro e daquele momento específico, mas deu uma escapatória para Neville não ficar com medo de admitir. Ele direcionou a mente do amigo para conseguir o que queria...

Isso era...

Ron tinha acabado de ser inteligente aquele ponto? Mesmo?

Gina sorriu, Neville nem Hermione estavam olhando-a, então pode mostrar todo seu orgulho e satisfação.

Fred e George não entendiam, nem puderam perceber a profundidade da troca rápida que os dois mais novos tiveram naquele momento.

Eles conheciam a emoção, mas nunca pararam para pensar, era algo que só Ron e Gina criaram: pareceria.

Entre sete irmãos, os dois eram os com idades mais próximas, os únicos que sempre seriam os caçulas. Eles tinham uma certa rivalidade, é claro, suas personalidades eram diferentes, Ron sentia que Ginny nasceu para ter tudo de mão beijada aquilo que ele tinha que lutar por, atenção, segurança, força, Ginny sempre parecia mais capaz ou mais querida por todos.

Mas era para ele que ela sempre recorria.

Mesmo quando falhou no evento da câmara em evitar o acidente, ele correu para dentro e contra o monstro quando precisou (não o alcançou, mais foi e seguiria até o fim). Isso nunca mudou. Sempre que a menina precisava, batia em sua porta, olhava para ele, buscava-o no meio da multidão que era a família. Ele. Era o irmão que mais a entendia, o que foi criado praticamente junto, que a defendia das pegadinhas de Fred e George quando não sabia fazer sozinha e levava o dobro por isso. Agora não foi diferente, Gina lhe pediu ajuda.

Ron não iria decepcionar.

Se Ginevra tinha tudo, por ser a mais nova e a única menina, ela sempre deu tudo que Ron mais queria: ser importante. Mesmo com toda a auto confiança que a menina criou, mesmo com sua popularidade, beleza, com cada coisa que conquistava de forma quase natural, quando se sentia mal, não era George, Fred, Bill, Charlie, Percy, nem ninguém além de Ron que ela precisava para conseguir sua força de novo.

Aquela emoção, de não ser inútil, de ser o apoio de alguém, ser olhado, ser capaz de assumir o papel de irmão mais velho para, pelo menos, um daqueles seis e claramente ser aquele que ela mais confiava nos momentos de fragilidade, Ron considerava o maior dos presente. Naquela casa onde ele poderia passar como invisível.

Ele não era para Gina, nunca ela. Era o bastante, se não tudo que desejava.

Não era a toa que ficava tão super protetor com a menina, não era a toa que agora sua mente trabalhou mais rápido do que nunca. Ele tinha um dever e uma lealdade com sua irmãzinha, da qual não podia falhar, nem iria.

- A propósito... Tenho quase certeza que você já mencionou isso antes... – comentou "distraidamente" olhando para cima. – Sim! Foi na época da câmara. Gina, se importa?

- Pode falar – ela dispensou, fingindo estar emburrada para não atrapalhar Rony. Ele conhecia melhor Nev e confiava que saberia o que fazer.

- Bem... Neville, no Halloween você disse que escutou uns chiados estranhos, que eram familiares, mas não se lembrava porque, logo que saímos do aniversário do Nick, então achamos a gata petrificada e Filch ficou irritado, dizendo que foi um de nós, Snape também. Naquele dia, tenho quase certeza que você mencionou depois como, as vezes, o olhar de Dumbledore te dava a impressão de estar sendo radiografado. Mencionou isso porque ele ficou te encarando antes de te defender. Lembro bem porque Hermione teve que me explicar o que raios era "radiografado".

- Que é isso? – perguntou Fred.

- É um tipo de fotografia trouxa, feita por meio de raios X. Usamos para enxergar o interior do corpo de uma pessoa, ver seus ossos – explicou a Granger.

- Isso é possível?

- É.

- Não foi o único significado – lembrou Ron. – Você deu outro também.

Hermione corou.

- Ron, você está sugerindo...

- "Na Literatura" – recitou. – "É usado como um termo para analisar com precisão e objetividade alguém". Algo assim, se não me engano.

- Você está sugerindo que Dumbledore já fez algo assim?

- Não, claro que não – e a frase saiu tão sínica e sarcástica que os gêmeos levantaram ambas as sobrancelhas e entreabriram a boca. – Quer dizer, Neville nem admitiu no nosso primeiro ano que Dumbledore nos mandou para Voldemort de propósito.

- Como é? – questionaram todos.

- Outra coisa que lembro, sabem? Perfeitamente. Tínhamos, finalmente, sido liberados para ver Neville na enfermaria depois que Voldemort o desmaiou. Ele queria saber o que aconteceu depois disso, nós também. Trocamos histórias. O que aconteceu depois da partida de xadrez e Hermione ficado me ajudar. Eu não esqueço um detalhe daquele dia porque estávamos criando todo tipo de teoria, mas aquela era uma das raras ocasiões em que a história verdadeira é ainda mais estranha e excitante do que os boatos fantásticos. Neville contou tudo: Quirrell; o espelho; a Pedra e Voldemort. Quando Nev contou o que havia sob o turbante de Quirrell, Hermione, você deu um grito, mas eu perguntei da pedra.

"- Então a Pedra acabou? – perguntou Rony finalmente. – Flamel simplesmente vai morrer?

- Foi o que perguntei, mas Dumbledore acha que... como foi mesmo?... que para a mente bem estruturada a morte é a grande aventura seguinte – respondeu Neville.

– Eu sempre disse que ele era biruta – disse Rony, parecendo muito impressionado com a grande loucura do seu herói.

- Então o que aconteceu com vocês dois? – perguntou Neville".

O que aconteceu depois, Ron talvez fosse muito novo para entender na época.

Agora, olhando para o desespero nos olhos de Ginny, sua única irmãzinha, a única que o via como capaz, maior, mais velho, como forte. Vendo George, que era um de seus exemplos, que sempre (junto de Fred) lhe mostraram o que era ter força de vontade para se levantar e lutar contra as exigências dos outros quando elas não lhe cabiam. Olhando como Fred estava transtornado e irritado, como George estava se forçando para tentar pensar e não reagir até se jogando no chão, se lembrando do que Harry Potter disse acerca da magia sombria...

Artes das trevas eram emoção, eram reagir nela, tirar força de qualquer sentimento.

Dumbledore disse que era errado e perigoso, que ficamos inebriados pela magia... Mas era a magia? Isso não era simplesmente humano? Seus irmãos queriam reagir e não eram bruxos das trevas. Eles facilmente invadiriam o escritório do homem e o atacariam, movidos por suas emoções, mas se fosse um bruxo das trevas a culpa seria da sua magia?

Aquilo não batia.

Olhou diretamente para Hermione quando disse:

- Você contou, Mione, que voltou sem problemas. Me fez acordar e, quando estávamos estávamos correndo para o corujal para nos comunicar com Dumbledore, o encontramos justamente no saguão de entrada. E ele já sabia, você admitiu isso, ele nos encarou e só disse "Neville foi atrás dele, não foi?", e saiu desabalado para o terceiro andar. E eu, eu Hermione, fui o que questionou se vocês pensavam que Dumbledore queria que fizéssemos aquilo. Se foi tudo planejado e de propósito. Que deu a capa da invisibilidade e tudo para Neville.

[N/A: Toda essa cena está no livro pedra filosofal. No final, só troquei Harry por Neville].

O Longbottom tremeu, se lembrando daquele momento, ele viu como Gina e os gêmeos reagiram e sentiu sua pele corar.

- Eu disse que era improvável! – reclamou Hermone.

- Não. Você disse, com todas as letras, que se ele fez isso era horrível, porque Neville podia ter sido morto e você, por acaso, lembra-se da resposta de Neville para aquele absurdo?

- Eu...

– Não, não é horrível – disse Neville muito incomodado, sentindo um peso no peito. – "Ele é um homem engraçado, o Dumbledore. Acho que meio que queria me dar uma chance".

- Como é? – perguntou Fred e George segurou o irmão para que não falasse mais que aquilo.

Ron continuou:

- Você disse: "Acho que sabe mais ou menos tudo o que acontece por aqui. Imagino que tivesse uma boa ideia do que íamos tentar fazer e em lugar de nos impedir, ele simplesmente ensinou o suficiente para nos ajudar". Você admitiu, Neville, admitiu que Dumbledore fez armadilhas que nós três, propositalmente saberíamos passar.

[N/A: Gente, juro que isso ta no livro, página 167 do meu PDF, CAPÍTULO DEZESSETE. O homem de duas caras].

- "Não acho que tenha sido por acaso que me deixou descobrir como o espelho funcionava. Era quase como se pensasse que eu tinha o direito de enfrentar Voldemort se pudesse..." – encerrou Ron olhando para Neville. – Disso, até ler sua mente acha que é um caminho tão longe?

"É, a marca de Dumbledore, com certeza – disse Rony, na época, orgulhoso que eles realmente tivessem sido escolhidos como os heróis. Tivessem sido testados e passado por isso."

Ele se viu como importante e reconhecido.

Mas agora, em seu quarto ano, depois de Gina quase ter morrido por negligência, depois do que Fred e George disseram sobre os perigos e tudo ali... Naquela noite ele enfim entendeu.

Ele não devia ter sentido orgulho. Mas enojado.

Nev que só saiu vivo da câmara porque a fênix de Dumbledore o achou e, se ela podia achar o maldito lugar, como não achou antes para impedir a morte de Tracy Davis quando ela precisou? Assim como George disse, como o diretor não percebeu algo que Harry só precisou de cartas? Porque eles sempre tinham que resolver os problemas?

Acenou com a cabeça.

É isso.

Gina viu no brilho nas íris de Ron uma certeza:

Dumbledore estava ferrado, nem que fosse a última coisa que aquele grupo de Weasley fizessem.

- Isso é absurdo! Tudo é, Dumbledore... você está supondo uma espécie de esquema de manipulação gigantesco e acusando ele de tantos crimes! Sem provas, são apenas suposições.

- Hermione, com todo o respeito, cala a boca! – pediu Ron, com tanta firmeza que a menina sentiu seus olhos lacrimejarem. – Eu espero Neville, que a Sonserina tenha colocado alguma razão nessa sua cabeça, porque o mínimo, depois de tudo isso que vimos hoje, é denunciar!

- Mas...

- Mas nada. Neville, ele te mandou de propósito para as garras de Voldemort, ele foi negligente com Harry e nunca se importou em verificar se uma família adotiva estava cuidando bem de uma criança, ele te olha nos olhos sempre que fazemos algo errado e você se sente lido como um livro. Você nunca sentiu dores de cabeça por estresse, eu disse sobre os Dementadores, mas você sentiu dor de cabeça quando houve o ataque na copa e você e Harry estavam em perigo?

- Não, mas é diferente!

- Diferente como?

- Tinha Harry – respondeu rápido demais e corou quando percebeu.

- Que quer dizer?

- É que... bem... As coisas sempre dão certo quando Hazz está por perto, então eu meio que... mesmo preocupado, sabia que nós dois daríamos conta e ele tirou a gente de lá bem rápido, eu fiquei mais preocupado com as outras pessoas...

- E não sentiu dor de cabeça – interrompeu Ron. – Não foi?

- Mas...

- E esse amigo, que pode ser a causa de você não se preocupar em uma situação de perigo, você está com medo de ele estar sendo afetado pelas mesmas artes das trevas que Dumbledore usou em você para descobrir informações pessoais dele?

- Eu senti dor de cabeça quando o nome de Harry saiu do cálice! – disse Neville imediatamente. – Eu me preocupo com ele, eu só...

- Tem certeza?

- Como é?

- Tem certeza que ficou com dor naquele dia? A mesma de quando Dumbledore olhou diretamente para seus olhos depois de fazer uma pergunta direta? Depois dele perceber que você, claramente, estava se irritando com ele, indo contra Dumbledore e então, ler sua mente, poderia ser o último recurso para saber como lidar com sua raiva e trazê-lo para seu lado de novo? Te usar como arma pelo que pode ser o quarto ano seguido? – questionou certeiro, cruzando os braços.

Dessa vez Gina, Fred e George arfaram.

Surpresos, incrédulos.

Orgulhosos.

Ron revirou os olhos "Sempre o tom e as expressões de surpresa" pensou. Sempre era assim, quando ele mostrava que era capaz, que não era um idiota e quando batia o pé e protegia os seus, mesmo com medo, todos se esqueciam logo em seguida e continuavam o desacreditando.

Memória curta, das pessoas, não é?

Por isso se irritava tanto. Todos diziam que Neville era incrível, o perfeito garoto de ouro, aquele que derrotou um basilisco com 12 anos. Ron era o escudeiro, medroso e glutão.

Todos continuavam sempre surpresos que se lembrasse quem era Tom Riddle, porque viu seu nome na sala de troféus, que fosse estrategista ao ponto de nunca perder uma partida de xadrez bruxo, que tivesse sido o único a notar que Hermione contava histórias inconsistentes em seu terceiro ano e estava em mais de um lugar ao mesmo tempo, que soubesse a resposta de perguntas que Hermione não tinha, que entrara num ninho com simplesmente seu maior medo (uma ameaça de nível mata bruxo e uma das maiores do mundo da magia) para não deixar Neville sozinho, que soubesse dirigir com doze anos (quando a idade para os trouxas era dezesseis, no mínimo e alguns, pelo que seus amigos confirmaram, ainda reprovavam algumas vezes antes de conseguirem a carta). Claro que ficava irritado, claro que se sentia injustiçado e tinha inveja, porque não importava o quanto ele se mostrava bom...

Ele nunca era o suficiente.

Ele continuava recebendo aqueles olhares, continuava tendo que se provar.

Continuava apenas o último homem Weasley, o único que não chamava a atenção, preso na sombra dos irmãos tão especiais, na sombra do amigo herói e na amiga genial, que mesmo sendo apresentada tardiamente para a magia era a mais talentosa.

Seu esforço não era recompensado.

Ele tinha inveja, sim, mas era por causa dessa merda toda.

Mas ia ignorar. Ele estava acostumado. Ia engolir aquele sapo, olhar para o problema do seu amigo e fazer seu papel: ser um leão leal.

Ia proteger Neville até de sua inocência.

- Dumbledore...

- É só um homem. É um guerreiro. Um soldado, sobrevivente de duas guerras e que pode muito bem estar traumatizado. O que um único homem pensa, não pode passar por cima de tudo que você acredita. Harry, sua família, seus amigos da Durmstrang. Acha que todos estão errados, de repente, porque Dumbledore disse?

- Eu não falei que estão errados! Eu só...

- Você tem medo de deixar uma droga viciosa com seu amigo. Entendo. Vamos conversar com sua avó sobre os charutos dela, então?

Fred deu uma única palma.

Ron merecia.

Um salão delas, mas não queria interromper. George acabou rindo daquilo e Gina os encarou com raiva.

- Ron! São coisas diferentes! – reclamou Hermione.

- Mesmo? E o que você sabe? Como George bem colocou, Dumbledore fez questão de esconder parte do conhecimento dos seus alunos, principalmente os das trevas. Como você poderia falar com certeza? Não tem nenhum livro para te apoiar.

- Ron, você está sendo indelicado com Mione – reclamou Neville.

- Estou tentando fazer vocês cabeças duras notarem o problema aqui. Vamos aproveitar, Félix te disse algo? Sobre como você poderia conseguir uma prova, para um julgamento?

- Julgamento?! – indignou-se Neville.

- Se não fez, aproveite o café da manhã e faça.

- Ron! Você não está pensando com cautela. Você entende o que um advogado como Rosier poderia fazer se ficarmos incentivando a coisa? Mesmo sem provas?

- Ser Evan Rosier é a melhor parte dessa história – reclamou Ron. – O homem nunca vai deixar Dumbledore descansar sem, no mínimo, colocar a coisa em todos os jornais!

- Mas...

- Neville, você entende que se Dumbledore foi negligente com seu melhor amigo, te mandou para a morte e agora ainda pode ter lido sua mente, isso mostra que ele, sem dúvidas, comete crimes como se não fosse nada e sabe por quê? Porque as pessoas agem como você, sem dúvida alguma. O defendem, se recusam a acreditar que faria algo assim e, mesmo quando tem provas, não conseguem denunciá-lo por que não tem quem os apoie, quem também vá lá e mostre para o mundo que Dumbledore não é o homem que foi no maldito ano de 1930, a mais de sessenta anos, quando ele tinha coração puro e não tinha o poder que tem hoje! Nunca ouviu falar que o poder corrompe um homem? Acha que ele é íntegro até o fim? Depois que pessoas traiam, mentiam, e tentavam esfaqueá-lo pelas costas em duas guerras, ainda por cima? Não é absurdo pensar que ele criaria, como defesa, a mania de ler a mente das pessoas antes de confiar. Mas, mesmo que você considere isso uma justificativa, é um maldito crime e você não pode ignorar. Não quando você sabe que, no mínimo, seu melhor amigo sofreu por culpa dele e suas decisões tortas! E se você me falar que ele pode ter lido a mente dos parentes de Harry, eu juro que te xingo, porque então ele estaria além de todos os outros crimes que já ressaltamos, indo contra todas as leis de sigilo em magia e proteção de trouxas!

- Eu...

- Você acha que o que ele fez, seja o que for, com Harry foi justo? Acha que Potter deveria esconder o fato, assim como você está? Responde!

- Não...

- Então já chega. Toda essa história de magia das trevas ser boa ou não, não importa. Você pode se preocupar o quanto quiser com Harry, é muito nobre da sua parte, parabéns a nós grifinórios, mas também faz parte da sua lealdade lembrar que Harry estava com você tanto quanto pode e por mais tempo que Dumbledore e Alvos nunca foi punido pela negligência com uma criança órfã. Mostrar para as pessoas que Dumbledore erra pode ser sua forma de ajudar seu amigo tanto quanto evitar que ele use uma magia nociva. Então que tal eu, você e Mione irmos amanhã no barco da Durmstrang? Nós dois te esperamos do lado de fora e você aproveita que tem autorização para entrar na Durmstrang e conversar com Katharina Wakrot sem qualquer interrupção externa.

- Ron... – chamou Hermione.

- Que foi, Hermione?

- Mas e se não for isso? A fofoca vai se espalhar assim, pode criar um atrito ainda maior entre as duas escolas e...

- Hermione, eu quero que se exploda o atrito e a fofoca. Já inventaram coisa pior sobre cada um aqui. Disseram que Neville estava petrificando gente, pelo amor de Merlin! Só porque achava as pessoas! Ninguém vai acreditar de primeira, assim como Neville não está acreditando, que Dumbledore fez isso.

- Mas é uma denúncia séria, a professora não vai ignorar.

- Que bom, não é? Que abra um inquérito no ministério e no departamento de aurores! Alguém está fazendo seu trabalho! Katharina é a professora da matéria, parece entender muito bem da própria área e não tem filtro nenhum para brigar pelo que acredita, tenho convicção de que ela ajudaria a ter essa certeza. Você, Mione, acabou de nos lembrar: um especialista da mente tem um acordo sobre nunca contar sobre seus "pacientes" ... não tenho certeza se é esse o termo, mas não importa. Se Neville está com medo das consequências para Dumbledore se não for bem isso, então ela é ideal, porque é jurada ao sigilo. Não vai contar se você conversar direito e não houver provas.

- Eu... – começou Neville, mas não terminou, seja lá o que tinha o motivado a começar a falar sumiu.

- Você devia, ao menos, saber se aconteceu ou não – insistiu Ron e George decidiu que daria um presente de aniversário para o irmão com o dinheiro que ganharia da poção de Harry Potter.

Ele merecia depois dessa.

O melhor deles.

Uma vassoura nova? Inferno, ele nem tinha dinheiro o bastante para dar algo que valesse todas aquelas palavras.

- Você não concorda, Hermione? Que Neville devia ir atrás da professora especialista e tirar essa dúvida da cabeça? Se foi realmente uma enxaqueca, está resolvido. Se for um crime, estamos lidando com profissionais da educação que você tanto respeita.

- Mas será que é possível perceber isso?

- Acho que só ela poderá dizer.

Hermione suspirou. Parecia resignada ainda. Custava acreditar que Dumbledore pudesse ser...

Tão baixo.

Mas Ron tinha razão em tudo.

- Talvez Mcgonagall – sugeriu de repente.

- O que?

- Sei que ela não é especialista na área, mas é nossa responsável legal em Hogwarts, é chefe da casa, confiamos nela e ela fica disponível para falar, mesmo nesse horário.

- Você quer ir lá agora?! – ralhou Neville.

- Em casos de... – Hermione hesitou. – Violação, o melhor é denunciar o quanto antes, assim, se houver algum resquício de evidência ainda pode ser coletada.

- Você está fazendo uma comparação assustadora! – reclamou o loiro.

- Eu também acho assustadora, entendo a diferença das situações e não acho que nosso diretor faria, mas Ron está certo. Em... tudo que disse. Não custa ir atrás de provas. Vamos, ao menos, conversar com um adulto mais neutro.

George duvidava sobre a parte do neutro. Afinal Minerva parecia ser muito amiga de Dumbledore, mas era alguma coisa, com sorte.

- Posso ir com vocês – ofereceu. – Vamos Neville, Hermione e eu, apenas pedir a opinião dela.

- Amanhã, nós três vamos no barco também. No fim, vamos atrás de provas com adultos antes de supor demais, o que acha? Não tem nada de mais nisso – disse Ron.

- Eu não tinha pensado nisso – murmurou Neville corado e bagunçou seus cabelos frustrado. – Eu devia ter feito isso antes de sair falando por aí...

- Discordo – disse Ron.

- Como assim? – questionou Hermione.

- Oras, se Neville estava com medo de ter sido invadido e não teve coragem de contar diretamente para nós, e eu até entendo seu medo, nossa casa teria a tendência imediata de defender Dumbledore, um dos nossos, lealdade e tal, mas a Sonserina ia ficar do lado de Neville, ele teria o apoio que precisava para relaxar e pensar com calma, sem contar que eles não vão te deixar esquecer. Então são um incentivo ainda maior para buscarmos as provas. Seja para defender nosso diretor querido ou, no mínimo, dar uma boa bofetada nele e assistir Augusta Longbottom jantando ele entre os dentes! – brincou, para tentar aliviar o clima.

Funcionou.

Neville tomou uma lufada de ar e se levantou.

- Certo. Vamos... procurar Mcgonagall? – perguntou.

George pulou de felicidade e esfregou a cabeça de Ron, que reclamou.

- Amei. Vamos. E amanhã, barco.

- Certo – concordou Neville.

- E Nev – chamou Gina. – Coragem, sim? Você é o maior dos leões, não se esqueça disso.

O menino corou, desviando o olhar e acenou com a cabeça.

- Ok.

Quando o grupo saiu, deixando apenas Ron, Fred e Gina, o mais novo olhou para seus irmãos e disse:

- Nada de retaliação. Não ainda.

- Que? – perguntou Gina.

- Neville ainda está na defensiva, vamos perdê-lo se ele sentir que Dumbledore está sendo injustiçado. Para todos os efeitos, estamos dando o benefício da dúvida – então olhou para Fred. – Se você e George forem fazer algo tem que ser discreto e não pode dar a entender que estão envolvidos.

Fred pensou em responder que Ron não mandava neles, mas seria infantil:

- Nem precisava avisar, Ronikins. Faremos de forma irrastreável.

- Mas farão?

- Talvez? – sorriu, os olhos brilhando.

Ron retribuiu o sorriso.

- Bom. Espero pelo pior.

- Eu também – pediu Ginny.

- Não vou decepcionar – respondeu o gêmeo.

Enquanto isso, Neville, acompanhado de Hermione e George para o quarto de sua chefe de casa, se recordava das palavras de Ron e tentava pensar em momentos em que o olhar de Dumbledore o deixou se sentindo...

"Lido como a um livro" foi assim que Rony se referiu...

Ele tremeu, porque se lembrou, também em seu segundo ano, que quando estava no diário de Tom Riddle, o diretor deu o mesmo olhar para o menino.

Mas então, se Alvos via a mente das pessoas, ele teria prendido Voldemort, não é? Impedido que fosse tão longe?

Não...

Tom era um bruxo das trevas, ele poderia saber oclumência, nem que aprendesse escondido na câmara. Era, no fim, um lugar para praticar magia escondido. Dumbledore sempre suspeitou dele, nunca tirou o olhar do garoto, ele poderia ter pensado, no instante que viu o conceito num livro, ou escutado sobre, em formas de se proteger.

Talvez Dumbledore não pudesse lê-lo e isso o deixava suspeitando?

Só esconde quem deve?

Não... Não devia ser. Negou com a cabeça. Quer dizer, se ele continuasse paranoico daquele jeito poderia até pensar que nunca fez um teste de sangue em Riddle para descobrir seus parentes, porque suspeitou dele desde o começo e não queria que tivesse um anel de herdeiro para protegê-lo e aquilo já era viajar demais. Afinal, o que faria suspeitar de uma simples criança ao ponto de lhe negligenciar uma família?

De certo Riddle deveria ter alguma, nem que primos distantes, que não se importariam em adotar um mestiço. Uma linhagem antiga como os Slytherin.... Talvez alguém nos Estados Unidos? Um teste de sangue um pouco mais caro, mas enfim, nada justificava não procurar pela família e Tom era ofidioglota, dificilmente seria um nascido entre trouxas.

Mas Dumbledore não fez um teste de sangue, não é? Tom continuou num orfanato durante a guerra... Ninguém o deixou ficar em Hogwarts nas férias, mesmo implorando...

Neville negou com a cabeça de novo.

- O que foi? - perguntou Hermione.

- Nada. Estava distraído pensando.

- Não desistiu, não é? - perguntou George. - Sabe que você só vai...

- Não desisti. Eu vou falar com a professora - disse para tranquilisar o gêmeo que acenou com um sorriso amistoso.

Neville suspirou.

Não confiaria em algo que Riddle lhe disse. 

Claro que não. 

Pararia de pensar nessas teorias malucas. Devia haver uma explicação para tudo aquilo. Mesmo que não conseguisse pensar...

-x-x-x-

-x-x-x-

Pansy Parkinson desceu as escadas apressadamente e olhou para toda a comunal da Sonserina.

Durante a noite, o lugar ficava escuro. Naquele horário da madrugada, então? Breu parecia um termo adequado. 

Iluminado por tochas e algumas velas, poucos raios refletidos da lua entrando pelas imensas janelas do lago negro, formando padrões no chão que podiam ficar tenebrosos se uma criatura passasse, e a lareira de chamas verdes. Os lugares onde a luz não chegava eram quase impossíveis de enxergar qualquer coisa e os outros, você ainda tinha que se concentrar. Tudo estava quieto e meio frio, ela apertou mais seu roupão esmeralda no corpo e seguiu para um grupo de mesas ao canto à passos firmes e decididos, feliz que os meninos que queria estavam acordados.

Zabini e Nott pararam o jogo de xadrez que aproveitavam debaixo de uma luminária para dar atenção à colega. Ambos podiam ver em sua linguagem corporal que trazia problemas e dor de cabeça.

Para eles.

Não para ela.

Era sempre assim. Pansy era um turbilhão que os arrastava. Provavelmente a Channel havia arrumado alguma ideia maluca que obrigaria, à sua própria maneira, os amigos para completar e se não concordassem, bem...

Parkinson sabia como ser especialmente infernal.

Ela parou diante dos garotos e os encarou.

Zabini, alto, magro (mas não demais), cabelo raspado sempre mais ralos, olhos castanhos, pele negra e sorriso simpático, mas astuto. Era bem parecido com Nott, se quisesse saber, no começo chegou a se perguntar se suas linhagens não se misturavam, mas depois entendeu que era a atitude mais discreta acima de tudo.

Theodor não era tão alto e tinha um porte mais musculoso, de que poderia treinar e crescer muito, mas se mantinha no básico, tinha a pele mais clara, só que ainda era negro (se não pardo, mas eles já tiveram uma discussão sobre isso e Pansy não queria entrar no tema), o cabelo era mais cumprido e ondulado, quando deixava crescer tinha uma característica muito interessante, a raiz sempre se mantinha escura, mas conforme crescia os cachos ficavam mais claros, transitando para o castanho até, contra a luz, tornarem-se loiros (quase como ela já viu com os cabelos de Harry Potter, mas sem aquele efeito vermelho sangue assustador e fascinante do menino que sobreviveu). Nott fazia aquele efeito apenas... bonito.

Harry era uma pintura renascentista de um anjo caído.

Preto, vermelho e olhos da morte. Pecaminoso.

Não que Theo não fosse atraente. Sinceramente? Pansy diria que só haviam homens bonitos em volta dela ultimamente. Só que Potter tinha tudo, inclusive a atitude, que Nott dispensava a maior parte do tempo em prol de não chamar atenção.

- Onde está Draco? - perguntou assim que percebeu que tinha a atenção deles.

Aquilo era má notícia. Tanto que Zabini gemeu na cadeira que estava e encarou a mesa frustrado sabendo que não poderia acabar o jogo. Geralmente, quando envolviam Draco, as ideias de Pansy eram ainda mais irritantes.

Nott deu um risinho fraco da reação de seu melhor amigo enquanto respondia:

- Decidiu ir dormir não tem nem dez minutos, mas foi tomar banho, disse que dava uma passada aqui antes de realmente deitar.


- Isso me dá tempo, ótimo. Pelo menos uns quarenta minutos antes dele aparecer... Depois vocês trocam de assunto e quando ele sair, se não tivermos acabado, a gente termina.

- Tempo para que? - perguntou Theo divertido.

- Quarenta? - questionou Blaise quase bufando.

O que raios era dessa vez que precisava de tanto tempo?

- Draco não sairá da banheira em menos tempo que isso - disse a morena procurando uma cadeira para si. - Não com os visitantes aqui em Hogwarts, pelo menos - acrescentou e olhou para Nott com uma expressão pidona, apontando para um assento vazio a alguns metros.

Ele revirou os olhos e puxou sua varinha.

- Accio cadeira - entoou para que o objeto flutuasse até eles, assim permitindo que Parkinson o puxasse e acomoda-se.

- Preguiçosa - murmurou Theodore.

- Não sou boa com esse feitiço, você sabe. Sem contar que é de quinto ano, nem estudamos ainda. Sou melhor em poções, como Draco, ou herbologia e...

- Coisas que não precisa fazer feitiços no geral? - Questionou e levou um olhar mortal da amiga em resposta.

- Não fique exibindo minhas falhas em voz alta assim.

- Relaxe, não tem ninguém do grupo do Pucey ainda acordado.

A Sonserina sempre foi uma casa de líderes, por isso, a briga pela liderança entre as cobras era constante e os fazia divididos a gerações. Ser considerado chefe de casa ou mesmo um lorde ali dentro lhe traria vantagens pelo resto da vida, pois as pessoas aprenderiam na escola a te respeitar e fariam o mesmo futuramente.

Para toda a Hogwarts eles se mostravam unidos, andavam em grupos, sempre comiam na mesa do salão principal (aspecto que estava em suas leis), nunca demonstraram qualquer animosidade entre si sem uma necessidade, eram uma frente de força compartilhada em todos os sentidos, mas na segurança das masmorras era diferente.

Cada grupo tinha seu líder assumido e dificilmente interagiam, apenas para que pudessem se sobrepor uns aos outros. Tinham que estar sempre atentos a possíveis emboscadas e cautelosos para não perder suas posições, estabelecidas por influência, dinheiro e, principalmente, alianças. Quanto maior a posição do seu grupo, mais você podia mandar na casa no geral.

Então haviam os "príncipes da Sonserina".

Os únicos capazes de acabar com essa divisão, mudar as leis, acrescentar, retirar e surgiam raras ocasiões, quando alguém conseguia subjugar cada grupo individual, convencer cada nome importante a aceitá-lo como maior e, então, deixar de ser apenas mais um lorde e realmente criar uma corte formal. Príncipes da Sonserina eram raros. Com tantos ambiciosos, você precisava ir além para que se curvassem. Não era simplesmente nascer com um nome forte, mas se mostrar capaz de liderar aquele bando de cobras traiçoeiras.

Tinha que ser o melhor deles. Ou ganhar, no mínimo, o respeito de todos.

Quase príncipes... eram mais comuns, mesmo que já fizesse mais de uma década que não houvesse nenhum, a maioria concordava que se uma geração ofereceria um novo, seria esta. Com tantos herdeiros dos maiores nomes da Bretanha estudando, seria difícil não acontecer.

Dito isso, atualmente a Sonserina estava dividida com três líderes principais disputando.

O maior, sem dúvidas, era Félix Rosier.

Desafiá-lo era, a cada dia mais, suicídio social.

Os Rosier eram uma família grande e influente, parte dos sagrados vinte e oito e estiveram ao lado desde a ascensão de dois lordes das trevas, Félix era monitor chefe da casa e tinha apoio da maioria dos alunos por sua idade e, portanto, mais tempo para erguer sua força. Junto dele estavam outros sétimos como Lucian Bole, Peregrine Derrick e Gemma Farley. Ele tinha tempo, experiência, influência na casa e atitude, então todos acabavam por respeitá-lo. A maioria das regras atuais de convivência foram estabelecidas por ele.

Quase um príncipe.

Mas além de Gemma e dele próprio, em seu grupo ninguém fazia parte dos sagrados vinte e oito e logo ele se formaria.

Isso abria o espaço para a concorrência, afinal quem assumiria depois que isso acontecesse? A primeira possibilidade era Adrian Pucey.

Pucey também não estava na lista dos vinte e oito, mas ele tinha o apoio de quem estava. Adrian praticamente tomou para si o grupo que antigamente era de Marcos Flint, ainda era chefe da equipe de quadribol da casa, artilheiro, inteligente, detinha notas exemplares, ganhava números muito significativos de pontos para a casa e o próprio Rosier já lhe foi um igual na corte anterior. 

A questão é que naquele ano, como Flint havia se formado e Adrian parecia ambicioso o suficiente para tentar instalar uma liderança antes de Félix sair (garantindo sua posição de sucessor de Flint), as coisas estavam interessantes por ali, para dizer o mínimo.

Rosier tinha apenas ele mesmo como maior força de sua corte sonserina (o que era impressionante para mostrar a própria força, mas pouco prático em um viveiro onde todos sabiam como aliados eram necessários para grandes objetivos), já Pucey tinha Diana Shafiq, Vanessa Burke, Nicola Avery, Cassius Warrington, Miles Bletchley e Graham Montague, todos que acreditavam ser mais vantajoso apoiar um líder que ainda duraria dois anos e não apenas um como Félix.

Adrian era um desafio para a autoridade do Rosier.

Então, no meio disso, havia Malfoy.

Um nome capaz de te dar o título de quase príncipe só por nascer. Provavelmente perdia apenas para Black, mas vejam só, não havia um herdeiro Black naquela geração se não o próprio Draco, então...

Mesmo estando só no quarto ano, Dray era cotado como uma espécie de líder e, exatamente por estar no quarto, criava-se uma promessa de que quem se juntasse a ele ainda teria quatro anos inteiros de vantagem social, para poder se erguer na nobreza londrina. Consequentemente seus apoiadores eram muitos.

Os mais velhos da Sonserina brigavam entre Pucey e Rosier, enquanto todos abaixo do quinto ano obedeciam a Malfoy. Até para os próprios Adrian e Félix era melhor deixá-lo, pois o apoio de Draco os colocaria na liderança, já que viria junto de Greengrass, Bulstrode e Parkinson, três dos sagrados vinte e oito. Além dos Zabini, Crabbe e Goyle, que estavam em crescimento e tiveram relevância nos tempos de guerra e tantos outros.

Sem contar Nott, também dos sagrados e que, entre as opções e considerando o círculo com que andava, provavelmente estaria com Dray.

Não era tão simples, entretanto. Nunca era com cobras envolvidas.

Pucey estava de olho em Malfoy.

Afinal, no ano seguinte a briga seria entre os dois. Por isso, o círculo íntimo de Draco tinha que mostrar força. Tinham que fazer valer seus nomes e conquistar aparência para que, no ano seguinte, Adrian não tivesse chance de se sobrepor. Por isso Pansy não gostava que dissessem que ela era ruim ou pior em algo em comparação a outros, em público eles tinham que ser perfeitos. Ela tinha que ser forte para que Draco fosse e assim continuassem sendo influentes para as cobras.

Jogo de poder, nada mais.

Nott preferia se manter fora, se quisessem saber, mas nem sempre era uma opção.

A vida era uma vadia.

- Mesmo assim, cuidado - a garota suspirou olhando em volta, percebendo que além deles acordados, haviam apenas alguns quintos anos nos sofás e uma garota do terceiro lendo um livro próxima às prateleiras do outro lado do salão. - Preciso da ajuda de vocês - contou em tom sério se aproximando mais.

- E quando é que não precisa? - perguntou Zabini.

Pansy puxou a varinha, ameaçando também com aquele olhar gélido dela.

- Vai ajudar vocês idiotas, se tudo der certo ano que vem Draco se torna o lorde da casa. Nosso príncipe, se ele souber como manter.

- E você, de todas as pessoas, tem um plano para tornar Draco lorde sonserino? – zombou Nott.

- Que quer dizer com isso Theodore? - perguntou cruzando os braços, as pálpebras já tão estreitas que o menino se perguntava como ela ainda conseguia tornar aquilo ameaçador.

- Nada, minha querida, só estou ansioso para ouvir o plano que você acha ter. Um que confiamos na sagacidade de Draco, ainda por cima? Será brilhante, com certeza.

Zabini riu do tapa que o amigo levou, Theo nem sempre gostava de medir palavras.

Parando para pensar, ele tinha a péssima tendência a ignorar qualquer filtro.

Com a amiga muito menos e os dois concordavam que era muito divertido provocá-la as vezes, mas Blazz tinha de admitir que Nott exagerava o ponto. Não que o berço de ouro não ajudasse o cínico a escapar de consequências mais severas sempre. Além de, é claro, sua própria capacidade para usar suas vantagens.

- Vocês dois me tiram do sério!

- Mas você nos ama – disse Blaise mandando um beijo à garota.

- Eu os odeio.

- Não foi o que você disse quando ficamos na sua festa de aniversário, minha linda.

- Credo, eu podia viver sem saber que vocês deram uns amassos – comentou Theo.

- Como se você não soubesse – reclamaram Pansy e Blaise ao mesmo tempo, a garota ainda revirando os olhos.

- Claro que sabia, só fui educado em não comentar nada enquanto vocês não me contassem por vontade própria.

- Quem te contou afinal?

- Tenho minhas fontes.

- Draco? - questionou Zabini.

- Vocês três realmente deram um beijo triplo? - perguntou rindo, confirmando que sim, o loiro tinha sido sua fonte (mesmo que não de forma intencional. Quase nunca as pessoas percebiam que estavam falando demais para Theo antes de ser tarde). - Isso é possível? Não é desconfortável? De onde tiraram essa ideia esquisita?

- Será que podemos focar no meu assunto e esquecer essa história da minha festa de aniversário?

- Arrependida Pansy?

- Nem um pouco. Draco e Blaise beijam muito bem, se quer saber Theozinho.

- Se for do seu interesse comprovar... - comentou Blaise, se esticando para se aproximar do amigo do outro lado da mesa.

Theo fez uma careta e fingiu vômito, enquanto se afastava.

- Credo, não! Blaise, você não comesse com essa história de paquera assustadora. Sua mãe é uma péssima influência.

- Minha mãe é ótima. Ela apenas me ensinou a não ter medo do meu corpo e me abrir as experiências, desde que me sinta pronto para elas. Além de que tenha as informações necessárias para tal e a segurança de conversar com ela sempre que preciso.

- Mas daí precisava perder a virgindade com a Marietta Edgecombe logo quando chegamos das férias?

- Marietta?! - exclamou Pansy horrorizada. - Quinto ano da Corvinal?!

- Essa mesma.

- E vocês não me contaram?! - reclamou a Channel horrorizada.

- Cadê aquela parte de ser educado e não falar até que a pessoa decida contar por vontade própria? - perguntou Blaise apesar de estar sorrindo para Theo.

- Ops?

- Ok, chega! - reclamou Pansy. - Depois eu quero detalhes sobre isso, Blaz, mas o agora o objetivo da conversa é outro e estamos perdendo tempo assim.

- Podemos dizer para Draco que Potter o acha cheiroso, aposto que ele fica mais uma hora no banho – comentou Theo e Blaise o acompanhou nas risadas.

- Talvez duas.

- Ótimo, chegamos onde eu queria – comemorou a menina e sorriu travessa quando ambos os garotos a encararam confusos. - Meu plano envolve fazer Draco e Harry Potter um casal.

Zabini fez uma careta que dizia que Pansy era louca e Theodore começou a rir.

- O que foi, hein Theodore?

- Nada... - e coçou a cabeça.

"Só faltava" pensou voltando-se para o xadrez, sentindo que era uma atividade mais produtiva que tentar entender a mente da amiga.

- Você bateu com a cabeça onde? - perguntou Blaz.

- No bom senso dela, por isso o dito cujo não se encontra, tá nocauteado em algum canto do castelo - comentou o Nott.

Pansy o encarou mortalmente, o menino (como sempre) nem ligou. Das maldades que saiam por sua língua venenosa aquela nem era digna de nota. Crabbe recebia piores como "bom dia" se estivesse especialmente inspirado ou querendo se vingar por explodir mais um maldito caldeirão, depois de Snape forçá-lo a cuidar do desastre ambulante com "melão no lugar do cérebro".

Talvez devesse pedir o feitiço de "aquece/esfria mãos" que Potter usou? Parecia uma boa ideia e Vicente conseguiu completar a tarefa, aparentemente não era tão burro ao ponto de falhar com algo tão óbvio.

Fez uma anotação mental para pedir a coisa quando voltasse.

- Escutem minha ideia, pode ser? - pediu Pansy e Theo se forçou a voltar para a menina.

- Eu sei que não temos escolha, então desembucha.

- Você consegue ser menos grosseiro?

- Consigo. Não quero. Articule, Parkinson.

- Ele acordou do lado errado da cama hoje? - perguntou, no lugar, para Blaise.

- Acho que ele está irritado porque não conseguiu alguma coisa que queria, mas você sabe que nem sempre me conta.

- Entendi.

- Pansy, minha doce amiga, dona de incrível beleza e simpatia, futura rainha da sonserina se todos forem espertos, me daria a honra de ouvir suas doces palavras indo direto ao ponto? - perguntou Theo com um sorriso no rosto que fez os outros amigos rirem.

- Você é um cínico e falso, mas também não quero perder tempo - disse a menina.

- Ótimo, chegamos a um acordo. Cheque - murmurou movendo sua torre.

- Atenção aqui na minha linha de raciocínio - começou a menina se arrumando melhor na cadeira. - Nós sabemos que Harry Potter foi um balanço nas estruturas da Sonserina. Ele é Presidente do conselho estudantil da Durmstrang, ter o apoio dele é o mesmo que ter de quase todo o Instituto, o que ficou ainda mais claro depois da amizade dele com Luna. Adrian Pucey está atrás disso, Potter foi selecionado para a Sonserina e, mesmo não sendo dos Sagrados Vinte e Oito, nem ser de uma linhagem tão antiga, é herdeiro de uma família que está nos holofotes atualmente, a mais importante se falarmos da questão histórica. O menino aparece nos nossos livros e ainda nem se formou! E, pelo que pesquisei, se conseguir mesmo se formar ano que vem, vai ser o bruxo mais novo formado no sistema de educação moderno desde os últimos três séculos...

- Aham! - Theo pigarreou de forma nada natural.

- Certo, pelo que o Theozinho pesquisou.

- Obrigada Pansyly.

- Potter também tem sangue Black pela avó, mesmo que numa ramificação que não dos chefes da família, os corvos ainda são os únicos capazes de brigar em poder, influência, dinheiro e história com os Malfoy atualmente. Os Potter são bem ricos também, até onde se sabe. Ele pode não dormir aqui ou participar ativamente da casa, mas é um membro como todos os outros pelas próprias palavras de Félix ontem. E o Rosier quem dita as regras então...

- Ele oficializou Harry Potter como membro da casa e alguém que pode tomar partido - murmurou Blaise surpreso que não percebeu o fato antes.

Devia estar distraído com todo o resto.

- Isso! - concordou Pansy animada. - E não podemos deixar Adrian tomar a vantagem com ele, porque vai levar quase toda a casa junto. Adrian se mostraria capaz de conquistar os estrangeiros da escola de artes das trevas, e a coisa faria os anos mais novos o apoiarem ano que vem, não Draco. O que diminui a força do Dray e nos prejudica como corte dele.

- Entendo seu ponto – disse o Zabini, movendo sua torre e levando o cavalo de Theo com isso. - Mas isso nos faz querer o apoio de Potter.

- E você não disse isso. Você usou a palavra casal – concluiu Theo, roubando a torre com sua rainha.

- Por que não unir o útil ao agradável? - questionou a menina. - Potter é uma voz capaz de desempatar a briga pela liderança da casa e Draco é nosso amigo.

- Não entendi ainda onde quer chegar...

- Não se faça de idiota Theodore! Você está longe de ser um, quando se trata dessas coisas.

- Dessas coisas? Quer dizer que sou idiota em outras?

- Você é um idiota do tipo babaca, na maior parte do tempo.

- Com isso eu concordo - murmurou Blaz.

- Não fique do lado dela, traidor - reclamou Nott.

- Sejamos sinceros meninos, Draco gosta do Potter, está bem claro, e ele é nosso amigo. Será muito útil se o juntarmos - continuou Pansy.

- Ele realmente parece interessado, não nego isso, minha maior diversão vem sendo provocá-lo com a ideia. Mas daí seu plano é, me corrija se estiver errado, dar uma de casamenteiro para juntar Draco e Harry e conseguir que Malfoy tenha a liderança e um namorado?

- Sim.

- Cheque - exclamou concentrado no jogo.

- Theodore! - reclamou a menina.

- Que foi? Isso é absurdo, você quer que eu ajude? Nem sabemos se Potter estaria interessado em homens, então em Draco?

- Me poupe! Potter não podia ser mais óbvio! Claro, ele também disfarça muito bem, consegue sempre um jeito de fugir assim como foi no corredor, quando disse a Draco que podiam ser mais que amigos se estivessem ambos na Durmstrang.

- Ele estava querendo dizer irmandade - brincou Nott se lembrando do momento icônico em que decidiu que gostava de Potter.

Alguém que sabia se divertir às custas dos outros com simples palavras, tinha o apreço de Theo. Lhe ofereceu um show incrível.

- Nem você acredita nisso - bufou Pansy. - Harry estava brincando com Dray, testando para ver qual seria sua reação à sugestão. É bem o tipo de coisa que você faria, inclusive.

- Provocar a pessoa até tirá-la do sério para ver sua verdadeira face? Sim, minha cara. Mas então você está certa de que Potter estava mesmo paquerando Draco? Ele poderia ter qualquer outra intenção.

- Tipo?

- Não sei, ver como é engraçado um Malfoy sem palavras? Também é mais agradável na maior parte do tempo, do que quando estão soltando estrume pela boca grande e oxigenada deles.

Zabini riu alto, quase derrubando seu rei enquanto escolhia a próxima jogada.

- Theodore! - ralhou Pansy.

- Certo, eu também acho que Potter não é do tipo inocente, que não perceberia o duplo sentido das coisas que fala ou de suas atitudes. Só que Pansy, Harrison parece agradavelmente satisfeito em sugerir coisas do tipo para qualquer um, isso inclui Longbottom com ainda mais frequência.

- Harrison?

- Ele foi rebatizado, pelo que soube.

- E como soube?

- Essa eu te dou a resposta: Draco. Não é um grande segredo, de toda forma. Aparentemente ele não tem paciência para ficar corrigindo as pessoas depois que colocaram o nome "Harry" em todos os livros e ainda é o nome dado pela mãe, mas é por isso que demora para responder se não o chamamos de Hazz e também o motivo de sempre pedir para usarem o apelido. Ouvi que Sirius Black ainda pediu que as listas de chamada fossem ajustadas para a identidade correta.

- Tem isso também! - apontou Pansy. - Potter é afilhado do lord Black!

- Apenas Black - corrigiu Zabini. - Ele não assumiu o título de lorde.

- Errado - disse Theo com um grande sorriso. Blaise sempre foi melhor que os dois para ler as pessoas (apenas um pouco melhor, se quisesse a opinião do de cabelo mais claro), mas em se tratando de conhecer informações, Nott o supera em anos luz. - Sirius Black assumiu como lorde da casa dos corvos. Hoje mais cedo. Chegou em Hogwarts com roupas bruxas e tudo no fim da tarde para uma reunião.

- Como é? - A dupla de amigos se surpreendeu.

- Claro, os boatos eram apenas de que ele estava vestido diferente. Até cortou o cabelo. Mas consegui algumas fontes mais confiáveis de que estava com o brasão da família, anel no dedo e, se querem saber, considerando os fatos era um desenrolar óbvio: Harrison James Potter sendo afilhado, ganhando emancipação, a preferência por parceiros de Black e ele ter deixado Hogwarts para acompanhar Potter, sendo que não tem mais direito nenhum sobre o menino, mesmo depois de livre... Quase certeza que pegou seu título para poder nomear Hazz como herdeiro Black oficial.

- O que?! - Blaise arregalou os olhos.

- Não se surpreendam se "sua alteza" - brincou - voltar chamando-se Harrison James Potter Black. Nada que uma pequena adoção de sangue não fizesse para o anel aceitá-lo, mas considerando a linhagem de Harry nem será necessário, ele sempre foi um herdeiro da casa, agora é o futuro lorde, com o atual lhe dando a posição pessoalmente... Sim, ele conseguiria reivindicar o título fácil.

- Isso é... - o mais retinto estava em choque.

Aquilo seria a notícia nos salões e na alta sociedade londrina. Havia um sucessor para o título de Lord Black com idade e sem contrato de casamento...

- Isso é ainda melhor para meu plano! - exclamou Pansy. - Harry então é o próximo Lord Black?

- Eu acho - Theo deu de ombros. - Suposições, histórias cortadas, não tenho nenhuma prova até que Potter volte e perguntemos seu nome.

- O professor Black não pretende ter filhos? - questionou Blaise. - Ele ainda é bem jovem, teria...

- Dizem que exposição prolongada a Dementadores pode afetar fertilidade - comentou Theo, fazendo os outros hesitarem.

Mesmo que fosse um grifinório e não estivesse perto de ser o melhor, até os sonserinos respeitavam Black em certo ponto. Ele dava boas aulas e realmente tentava tratar todos igualmente, ajudava como podia, estava sempre disponível e tinha passado por algo verdadeiramente traumático, mas sempre sorria. Não levava para o lado pessoal as provocações dos Sonserinos, mas impunha respeito quando precisava.

E os livrava da inépcia do guarda caça maluco que, se fosse professor oficial e não assistente, sem dúvidas teria os matado.

- Mas os Black tem um histórico disso também, então não posso supor qual seria a origem da coisa. Além de tudo, ele parece preferir outras opções...

- Preferência por parceiros, você tinha dito? - questionou Blaise.

- Ouvi boatos que está com um homem.

- Ouviu boatos - reclamou Pansy revirando os olhos. - Você é útil e irritantemente vago ao mesmo tempo.

- Ao menos eu não espalho tudo como fato até ter certeza. Estou apenas passando adiante.

- Fofoqueiro - reclamou Blaise.

- Bem informado - corrigiu Theo.

- Espero que esteja com um homem - a menina acrescentou.

- Como é? - os outros dois questionaram levantando as sobrancelhas.

- Se tudo isso for verdade, só me ajuda a cada nova informação com a ideia de juntar Hazz e Dray, então tomar a Sonserina. Se um Malfoy estiver com um Black, então ele consegue o título de príncipe.

- Não exatamente. Lucius estava jurado a Narcisa Black - lembrou Theo. - E nem todo mundo o considera príncipe, mesmo tendo sido monitor.

- Entretanto Regulus Black, no tempo dele, nem se esforçou, sequer estava jurado a ninguém, mas conseguiu tomar a casa - acrescentou Pansy. - E estamos falando agora do futuro lorde Malfoy e do futuro lorde Black. Meu ponto permanece, o apoio de Harry será tudo que alguém precisa.

- Ok. Chega. Você não se importa o suficiente com a briga de liderança da casa, nós dois sabemos. Você está interessada mesmo no possível casalzinho, admita.

- E se for?

- Por quê?

- Como, por quê?

- Pensei que você tivesse uma queda em Draco desde... sempre?

- Ela está interessada em outro tipo de loiro agora - comentou Zabini com um sorriso. - Um loiro que tenha coisas diferentes entre as pernas, use pronomes femininos e quase nunca faça algum sentido e que, claramente, já tem o apoio de Potter.

- Ta! - interrompeu Pansy. - Já entendemos onde quer chegar.

- Você não vai negar? - perguntou Theo interessado na nova informação.

- Não. Eu realmente quero Luna Lovegood.

- A herdeira Parkinson está interessada em mulheres! - comentou Theo em tom fingido de surpresa.

Ele estava suspeitando, mas se o perguntassem teria negado, simplesmente porque Pansy nunca pareceu interessada em mulheres. Sempre tagarelava sobre homens (e Draco) ao ponto de levar o Nott quase à loucura. Mas desde que conhecera Luna... essas conversas vinham morrendo mesmo.

- Uma Lovegood ainda por cima! - continuou provocando. - Nem chegam aos sagrados vinte e oito, além de serem uma família da luz. Que escândalo, herdeira Parkinson!

- E você ficará quieto seu fofoqueiro, ou lhe arranco a língua.

- Não sou fofoqueiro. Eu sei das coisas porque as pessoas são ridiculamente óbvias e péssimas em esconder seus segredinhos idiotas. Se eu não me importo em guardar uma informação que nem a pessoa envolvida teve a capacidade de manter anônima, a culpa não é minha. Cheque.

Zabini bufou encarando o tabuleiro frustrado.

- Que ótima forma de dizer que você é um enxerido, metido a esperto e que usa os segredos das pessoas contra elas – reclamou Pansy. - Além de que se diverte assistindo o caos de quando algo é revelado.

Nott lhe ofereceu um sorriso convencido em resposta:

- Eu nunca faria isso com você, Pansy, minha querida. Se te serve de consolo.

- Duvido muito disso - respondeu séria.

- Não sou idiota para atrair sua raiva. Você me irritaria até no pós vida, sem dúvida me acharia nas próximas reencarnações também.

- Que bom que sabe - ela sorriu.

- Mas já que estamos falando das informações que colho, soube que você tem uma rival na sua paixonite pela senhorita Luna.

- Rival? - questionou levantando uma sobrancelha e se aprumando na cadeira.

- Ginevra Weasley.

- Eu repito: rival? Você apenas mencionou um inseto, até onde me diz respeito.

Zabini e Nott se encaram ao mesmo tempo com sorrisos surpresos idênticos.

Não precisaram dizer nada, uma simples mexida de sobrancelha e Blaise já sabia o que o amigo estava pensando, então comentou:

- Luna mal fala dos amigos dela na Corvinal, mas fala bastante de Ginevra. Elas moram próximas, não foi isso que Lovegood te contou Theo? Que são amigas de infância?

- Sim. E fiquei sabendo que as duas estão juntas em todas as aulas que Corvinal e Grifinória dividem.

- Aquela Weasley idiota de cabelo de água suja não foi capaz de ajudar Luna com os malditos babacas que pegavam suas coisas e escondiam. Não só isso, vocês ouviram como ela falou da própria amiga quando quis passar um recado ao Potter dias atrás. Ginevra não merece nem a atenção da Luna.

- Mas a tem - disseram os dois, para provocar.

- Por pouco tempo. A coisinha será esmagada o quanto antes, se demonstrar ser uma ameaça verdadeira, mas não passa de uma sonsa sem personalidade alguma.

- E se Luna disser que gosta dela? - questionou Nott.

- Querido, que diferença faz? Eu a pegarei para mim eventualmente.

Theo sorriu abertamente.

Essa era a Pansy que gostava.

- Ivan Tshkows?

- Que tem?

- Pela forma que os dois conversam parecem estar ficando bastante íntimos.

- Amore, aquele lá acha que o torneio tribruxo é uma desculpa boa para bufê de degustação de frutas exóticas. Ele não encostava na Luna.

- Por que acha isso? Você está interessada na fruta dela... - perguntou Blaise.

A Chanel fez uma careta antes de responder:

- Ofenderia Harry - os meninos riram e Pansy bufou. - Ele deixou bem claro que a colocou sob sua proteção, até pediu para Ivan cuidar dela em sua ausência e tem a diferença de idade, estavam chamando-a de princesa em questão de dias. É claro que Potter não ia querer que a tocassem.

- E Harrisson Potter declarou, em alto som e para qualquer um que estivesse perto no salão, que ama a senhorita Lovegood...- murmurou Theo com conhecimento de causa. - Sejamos fracos, minha querida, você não quer unir Draco e Potter apenas por Dray, não é? Você ficou com ciúmes do "minha Lua" no bilhete? Ou do sorriso que ela deu pelo presente que ele, tão atenciosamente, deu sem nem ser pedido?

- Eu disse, não disse? Unir o útil ao agradável... - respondeu a garota confirmando suas suspeitas.

- Qual sua ideia, afinal? - perguntou agora mais interessado em ajudar.

Pansy percebeu a diferença de atitude do amigo então suspirou antes de tornar a falar:

- Sei que vocês não se importam com quem Draco se relaciona ou não, mas eu sim, além dos meus motivos mais egoístas, ele parece gostar de Harry, que não parece avesso a ideia. Se recebemos seu apoio e a liderança da casa, vocês também gostariam, além disso Dray é nosso amigo. Ele não vai ter coragem para tomar uma atitude, exatamente por Potter ser homem...

- Por ser homem? Ele não pareceu incomodado quando a língua dele estava na minha garganta – resmungou Blaise fazendo Theo quase engasgar para conter uma risada especialmente alta.

- É diferente - dispensou Pansy. - Estávamos curtindo uma festa e ele beijou a mim e a você, confirmamos a sexualidade dele, grande coisa. Estou falando que Draco ainda é um Malfoy, a família dele já está negociando um contrato de casamento com os Greengrass até onde ele ouviu falar, do qual só conseguiria se livrar com um relacionamento mais vantajoso aos olhos de Lucius.

- Ah! - exclamou Nott. - É isso que você quis dizer com querer que o Lorde Black tenha oficializado Harry como herdeiro... E, por isso, quer que Sirius esteja mesmo com um homem.

- Como assim? - perguntou Blaise.

- Potter não oferece vantagem sozinho, ele não pode dar herdeiros aos Malfoy e não é... o bastante, mas como futuro lorde Black a coisa muda de figura. Mesmo que os Malfoy tenham mais cadeiras, Black ainda é o nome mais importante, a família que recebeu o nome da magia sombria! Presente nas linhagens de quase todos os bruxos nobres. Não há o que dizer nesse sentido. Não temos casamentos entre dois lordes a gerações, eu nem sei mais como são as leis acerca disso, mas...

- Se o novo lorde Black, um grifinório que sem dúvidas teria coragem para enfrentar os preconceitos iniciais e reaver as leis sociais para a união homoafetiva, começasse com a corrente... Mesmo com o que tenhamos a dizer ou não de Sirius, ele é um professor de Hogwarts, uma das maiores escolas de magia do mundo, sobreviveu a uma injustiça ministerial, o governo está em débito com ele mesmo com as indenizações, tem um dos maiores títulos, riqueza e sangue, além do apoio do chefe do Wizengamot, Alvos Dumbledore... Ele tem o poder para mudar as estruturas nesse sentido. Se souber como mexer os palitos. Não que eu aposte minhas fichas na sagacidade dele, mas por algo tolo como "amor", sem dúvidas a cabra velha resolveria. Então, se Sirius Black for o primeiro...

- Conseguiria normalizar um pouco a situação, além de que reaveria as leis. Se elas forem favoráveis, então existir uma possibilidade para Draco se tornar lord Black-Malfoy...

- Mas Potter é mestiço - lembrou Blaise.

- Os Malfoy não se importam com mestiços - dispensou Nott. - Há uma autorização implícita de que, se for de uma boa família, está tudo bem, mas é o limite deles. Ainda evitam filhos diretos de trouxas, mas Harry é filho de um sangue puro com uma... Bruxa nascida entre trouxas. A união ainda colocaria os Malfoy em bons olhos de novo com o público geral, se apoiarem essa terminologia de Harry. Além disso, só os Black ainda tinham problemas com mestiços.

[N/A: Terminologia. substantivo feminino. 1. conjunto de termos específicos ou sistema de palavras us. numa disciplina particular (p.ex., a terminologia da botânica, da marinharia, da matemática, de linhagem e tradições bruxas); nomenclatura. 2. uso de palavras peculiares a um escritor, a uma região etc.]

- Só que Harry pode ser o próximo Lord Black - sorriu Pansy.

- O que aumenta a aceitação das duas famílias entre votantes que não sejam diretamente da câmara dos lordes - pensou em voz alta o Zabine.

- Você pensou rápido, queria. Faz sentido - concordou Nott. - Se Sirius Black jogar nesse sentido, Potter na verdade se torna a melhor opção para todos.

- Melhor opção? - perguntou Blaz.

- Os lordes que querem casar suas filhas, é claro, mas também aqueles que forçariam os filhos à repressão e à mulheres. A vantagem política de um lorde Negro sendo o símbolo da luz é muito boa para não pensar em ignorar seus preconceitos com a produção de herdeiros tradicionais. Seu filho poderia, não só atrair mais votantes para qualquer partido que decidir se unir, que antes nem pensariam em trocar mas iriam por Harry Potter, ainda estaria na frente dos holofotes como revolucionário. Uma boa campanha midiática e política sobre apoio de minorias e respeito ao amor e essas baboseiras que agradam a luz... - Theo riu. - Seria até meio fácil demais aprovar algumas leis disfarçadas no meio do alvoroço. Então Potter. O prodígio das trevas da Durmstrang, poderia conseguir votos para mudanças favoráveis à luz dos próprios sombrios se os convencesse que são vantajosas a longo prazo, mas também "o menino que sobreviveu" faria o pessoal da luz pensar em leis sombrias que descartariam de primeira em outra situação. Ele é uma mina de ouro política, na verdade.

- Você acha? - perguntou Blaise. - Mas e a questão dos herdeiros? Não é literalmente o que faz o casamento homoafetivo incomum no mundo bruxo? Harry não pode dar um isso a Draco, que é o único Malfoy.

- Barriga de aluguel. Muitos nobres já apelaram para isso, só fazem escondido, quando suas mulheres são inférteis. Fingem a gravidez, quando é outra pessoa que está gerando a criança e depois uma simples adoção de sangue, injeção de DNA, torna um herdeiro de ambas as casas.

- Então já há uma falha. Sabemos que os Malfoy seriam totalmente contra a adoção de sangue mágico, são tradicionalistas demais para isso.

- Claro, mas e se você não achar uma prima que concordaria e já tem a linhagem? Como foi lembrado aqui: sangue Black temos em muitos lugares. Não precisa de muito se Harry nomear a criança como seu herdeiro, o anel aceitará e fará o resto de forma tão natural que ninguém se importaria ou julgaria menos digno, assim como está sendo com ele próprio. O herdeiro gerado ainda será totalmente natural. A barreira é realmente mínima com as vantagens que Hazz pode oferecer, para Draco ainda? Ele tem sangue Black, não precisa do Potter para gerar um futuro Malfoy-Black, o filho dele já teria direito a coisa se Sirius não tivesse dado o anel, o título, a Harrison primeiro e antes de morrer. Basta que esteja no contrato de casamento que ele pode ter um filho com uma mulher e ele será o herdeiro de ambos. Mas talvez eu devesse ler mais sobre casamentos entre lordes, parando para pensar não tenho ideia do que aconteceria... estou muito no espaço do achismo.

Blaise riu.

- Entretanto, se todas essas suposições forem certeiras, então podemos dizer que Harry Potter será o prêmio do mercado casamenteiro, não é?

Ainda mais do que já estava pensando a priori.

- Sem dúvida alguma - sorriu Pansy. - E se ele se mostrar um desafio a altura, conquistá-lo também vai dar prestígio a casa por ter conseguido superar as outras. Ele será a voz que decidirá o rumo da alta sociedade.

- Não é meio exagerado isso? Quer dizer, apenas por ser futuro lord Black?

- E o menino que sobreviveu, maior voz na Durmstrang e aquele que conseguiu enganar até o ministério e Alvos Dumbledore. Seja lá quem for o tutor de Potter, não acho que seja pouca coisa depois de ter sumido com Hazz sem ninguém conseguir nenhuma pista. Pelo que falou, ainda é um necromante, uma arte quase perdida. Só famílias sombrias muito antigas tem coisas sobre isso, mesmo nos países mais liberais.

- Você está supondo que ele também teria o nome da família que lhe cuida?

- Com sorte. Talvez até uma família com ligação em outros ministérios e, por isso, conseguiu fugir do nosso. São muitas possibilidades, mas ele não parece, nem de longe, pouca coisa para subjugar todos os nomes que vimos na Haus Feuer.

- Só uma pergunta - disse Theo de repente, chamando a atenção dos amigos. - Isso tudo é relevante? Vocês estão debatendo casamento, mas Pansy, um foco de cada vez, que tal? Não basta que Potter namore com Draco e pegue a Sonserina? Já conseguiria isso só com ele sendo o apoio do Instituto de magia das trevas.

- Você não entende, Theo - murmurou. - Você separa uma coisa da outra, só que nem todos são como os Nott.

Theo revirou os olhos, mas ficou quieto.

Ele era tão grato por ter nascido um Nott.

O casamento era uma de suas últimas preocupações. Eventualmente, quando estivesse passando do limite do aceitável, seu pai escolheria uma herdeira bonita e que não fosse absurdamente burra, então teria seus herdeiros com ela, que também seria uma capaz de entender que se ele não quisesse dar afeto, seu papel era apenas ser uma Lady adequada e não uma companheira, além de uma parteira. Para os Nott não havia amor, casamento era um negócio.

Sentimentos podiam ser desenvolvidos, é claro, seu pai claramente era fascinado por sua mãe, ainda sofria com o luto e Theodore sabia disso, mas ele não vinha com nenhuma promessa além do título de Lady e das obrigações. Todos sabiam e não casariam suas filhas se não estivessem de acordo. Um herdeiro vinha como parte do contrato. Um filho para Theo, todas as riquezas e prestígio dos Nott para a garota "de sorte".

Sua família não tinha necessidade que Theodore fosse apressado para isto. Poderia se divertir enquanto era jovem e, desde que não fizesse nada para desonrar o nome da família (como aparecer com um bastardo, seu pai acrescentou uma vez), não lhe exigiam absolutamente nada.

Seja alguém que ficará bonito como lorde, não cometa gafes e conquiste aliados, nem que a força.

"E mande um Malfoy a merda enquanto pode" frase icônica que Theo decidiu que jamais esqueceria. Seu pai tinha seus momentos, sem dúvidas.

O fato de ser gay era igualmente irrelevante para o lord Nott.

O menino contou apenas porque queria ver o velho reagindo à notícia, nem pensou direito além de "se ele me bater, tenho que tentar desviar", só que...

Theomore apenas o encarou e disse "Se conseguir fazer seu esperma chegar numa mulher um dia e fecundar, pouco me importa como fará isso, nem o que fez com outras amostras antes. Uma mulher adequada, é claro".

"É claro" respondeu Theo e eles continuaram o jantar na mesma monotonia de sempre.

Restava apenas mostrar o mínimo de seus relacionamentos (preferencialmente nem mostrar) e não seria obrigado a mais nada.

Não haviam tantas regras para ele como os Malfoy, Black, Greengrass, ou Lestrange colocavam, mesmo estando no mesmo patamar político se pensasse nas cadeiras e participação nos círculos nobres.

Notts faziam o que queriam, aproveitavam o nome, dinheiro, influência e seu arsenal de informações para manipular todos, curtirem a vida então ganharem um ou outro herdeiro que continuaria com isso. Assim por diante.

A ambição deles, no geral, era ser a pessoa mais esperta da sala (se não a mais informada), ter alguma coisa sobre cada um sempre que chegava em um lugar, usar o conhecimento como seu maior poder, então ter uma vida confortável pulando de galho em galho dos lordes que realmente queriam fazer alguma coisa.

O que oferecesse mais, teria um Nott.

Theodore não era diferente, ele apenas discordava de uma coisa: jamais se curvaria a outro bruxo como seu pai.

Sabia que fazer parte do círculo interno de um lorde das trevas poderoso (e que tinha tudo para ganhar uma guerra) era vantajoso, mas duvidava que um dia teria lealdade tão grande a uma pessoa, seja quem fosse. Ou o medo que lhe causasse.

Podia até usar aliados vantajosos e fingir lealdade para se colocar em posição confortável sem precisar do esforço para ser o líder, assim como fazia com Draco, mas realmente acreditar e reverenciar alguém como sua família fazia em relação ao lorde das trevas....

Nunca.

Ainda o dava ojeriza pensar que o forçaram a essa merda. Que ele, assim como tantos herdeiros, estava jurado. Chegou a pensar a ser deserdado e fazer o maldito ritual para se desvencilhar da jura... Mas perderia todo o conforto que tinha.

Também decepcionaria seu pai.

Mesmo sendo filho da puta que o enfiou nisso, além de um velho distante rabugento que era na maior parte do tempo, Theo foi amado e cuidado como um filho que veio quase nos últimos minutos de jogo seria. Tinha o que pedia, mesmo que não tão mimado como Draco, foi o bastante. Se sentia mal, até em pensar como sua mãe reagiria se soubesse que o filho abandonou o pai, possivelmente enfurecendo o lorde das trevas, o colocou em risco na idade que tinha por seu egoísmo.

Não, ele continuaria jurado e rezando a deidade que quisesse ajudar para que o Lorde das Trevas estivesse morto. Que Harry Potter tivesse feito a coisa direito.

Mas... Cada dia parecia uma realidade menos provável.

E lá estava: confiar nos outros não levava a nada. Pessoas serviam para ser úteis à sua jornada, não sua esperança para torná-la melhor. Você tinha que coletar o próprio sucesso sempre. Além da dor de quando falhava (ou seus pais).

Suspirou.

Ele realmente não ligava para os jogos de poder da casa e de um bando de adolescentes, desde que estivesse no time que ganha e que não fosse servo de ninguém.

Até ser forçado a isso pela vida de seu pai e dele próprio.

Sobre o presente, Malfoy ganharia a liderança da casa de um jeito ou de outro, no fim, nem que tivessem que esperar até a formatura de Pucey e Theo estaria lá, como o agregado do trio esmeralda formado por Draco, Pansy e Blaise. Não precisava se preocupar com sua própria posição, mas mesmo que Dray desse um jeito de perder para alguém (talvez Daphne Greengrass? Ela não parecia feliz com a ideia de Astoria sendo submetida ao oxigenado), no fim do dia absolutamente todos os lados vinham até Theodore para conseguir informações úteis de alguém.

Ou para proteger as suas. Ter certeza se ele já sabia e se manteria guardado.

Poderia sempre trocar de lado e ficar na corte certa. Estaria ganhando, sempre abaixo na hierarquia, mas não almejava o topo mais que o conforto.

O chapéu seletor quase o considerou em outro lugar que não a Sonserina por "ambição de menos", mas a outra opção era Corvinal:

"Inteligente, curioso e sabe usar o conhecimento como sua maior força".

Só que, entre colocar Theodore, que facilmente venderia informações para tirar vantagem, na casa das cobras ou das águias, as cobras fizeram mais sentido.

- Você separa um namoro de um casamento - continuou Pansy para Theo. - Mas as outras famílias não são assim. Harry ainda é famoso... Harrison - se corrigiu. - Se ele e Draco estiverem juntos... durante o torneio, nossa isso acaba na primeira página, certeza! Os relacionamentos dos Malfoys só existem se isso puder gerar algo no futuro, nossos namoros só podem existir se o parceiro for digno de ser cortejado, então gerar um possível casamento. Não se deve perder tempo e energia com algo apenas por prazer, não se deve estar com alguém enquanto seus pais preparam um contrato de casamento do outro lado.

- Dito isso, Draco não consideraria Harry facilmente - disse Blaise.

- Como assim?

- Ele ficaria com muito medo da reação de Lucius. Mesmo com tudo... o casamento com Astoria está quase certo. Trazer um escândalo assim para os jornais, antes mesmo que Sirius Black inicie a corrente e leve os golpes do preconceito primeiro... Não, ele não faria isso.

- Se ele não fosse um mimado que só pensa em agradar o pai, então consideraria – disse Theodore encarando o teto e sem nem voltar sua atenção ao tabuleiro continuou: - Cavalo na H7, cheque.

Zabini avaliou a possibilidade de jogar aquele cavalo na testa do amigo.

- Theo... - murmurou Pansy em tom de ameaça.

- Harry Potter não é nem de longe progressista - avaliou o menino. - Fica claro que ele é um bruxo pagão até que bem dos tradicionais. Se desconsiderarmos algumas frases de apoio a causas igualitárias e de inclusão, não haveria nenhuma diferença dele para a maioria dos herdeiros aqui. Os modos dele são perfeitos, ele tem Sirius Black, o atual lorde da casa como padrinho... Rainha na B3, cheque. Além de tudo Harry tem uma posição de poder na sua escola e maior ainda na sua casa, a Haus feuer, que está cheia de futuros políticos europeus. É uma influência continental que ele tem. É basicamente tudo que um sonserino almeja alcançar até sua formatura em Hogwarts, é suficientemente rico, além de que foi selecionado para a nossa casa. É uma opção adequada e vantajosa em muitos níveis. Mas Blaz tem razão sobre os Malfoy abominarem ser os primeiros a aparecerem como rosto nos jornais por isso. Talvez nem Potter gostaria de expor algo assim.

- E Draco sempre pensa no que aconteceria se seu pai descobrisse e a auto preservação dele... - lembrou Blaise.

- O medo de deixar de ser o filhinho do papai - corrigiu Theo e levou da Chanel, bem forte no topo da cabeça. - Ai! Que isso? Você não é de bater!

- "Estou pegando o exemplo da Haus Feuer" - recitou, lembrando-se das próprias palavras do Nott naquela semana.

- Obrigada - agradeceu Zabini rindo. - Seu arrogante.

- Eu? Arrogante? Nunca - brincou fazendo uma expressão tímida forçada e ajustando sua postura para ficar menor e mais fraco visualmente. - Vocês são cruéis comigo...

Zabini não deu atenção ao fingimento do outro.

Os dois sempre foram assim, Zabini naturalmente se misturava e se escondia entre as pessoas, conseguia passar despercebido, enquanto Nott fazia de propósito, era bom em fingir ser mais invisível e... nada. Ninguém dava nada para Theo se não passasse um tempo com ele, o suficiente para a língua dele começar a soltar, sua postura começar a mudar e ele se tornasse a cobra que era. Assim conseguia informações nos cantos dos salões. Ficaram amigos dessa forma. O que se misturava e sumia naturalmente, o outro se forçava a fazer, no fim os dois ficavam nas sombras e atacavam só quando era estritamente necessário.

Mas Zabini atacava com força e almejava crescer. Tanto como um herdeiro Zabini, mas também como pessoa. Blaise queria ser mais que o filho da "viúva negra", a única cria que Samantha deixou ir adiante e outras maldades que ele sabia que diziam. O herdeiro do único nome que sobreviveu no meio de um rastro de lords mortos. Blaz queria passar por cima desses comentários insuportáveis.

Nott imaginava que um dia, a ambição de Blaise para ir além e sua falta de vontade de fazer o mesmo, os separaria, mas por enquanto eram uma boa dupla.

Uma dupla de fantasmas.

- Aha! - comemorou Blaise. - Xeque.

Theo moveu sua rainha, comeu o peão de Zabini e murmurou.

- Xeque-mate. Seja menos previsível na próxima.

- Pansy, se importaria de bater nele de novo?

- Vocês podem focar em mim agora que acabaram? - ela reclamou.

- Qual seu plano, afinal Pansy? - questionou Theo. - Eu já disse o que penso, Potter nem causaria tanto estresse entre os Malfoy se Draco não fosse fraco de personalidade e batesse o pé em relação a isso. Se você quer juntá-los para deixar seu amigo feliz, primeiro você tem que convencê-lo a levantar a cabeça e lutar pelo que quer. Eu ou Blaise não temos nada a ver com isso, então o que quer de nós?

- De você - corrigiu a morena sorrindo.

- De mim?

- Quero que dê em cima de Harry Potter.

Houve uma pausa silenciosa.

Foi cortada após um tempo pela risada de Zabini gerada pela expressão que Theodore fez.

Quando Nott ficava realmente chocado com algo tinha a tendência a perder todas as expressões faciais enquanto sua mente trabalhava para processar a informação que o deixou assim e, como isso raramente acontecia, o mais alto ali gostava de apreciar o momento rindo da "cara de taxo" do amigo.

- Como é? - questionou o de olhos castanhos esverdeados assim que finalmente se recuperou, uma careta bem marcada agora o enfeitava.

- Draco é competitivo – disse a garota como se esclarece tudo.

Mas o mais interessante é que esclareceu.

- Não... - indignou-se Theo.

- Faz sentido – disse Blaise.

- Isso é idiota! – resmungou o outro.

- É perfeito para fazer Draco acordar – acrescentou Pansy.

- Não é! - negou se virando para a colega incrédulo. - Credo, metade de Hogwarts está caindo aos pés de Potter, que diferença eu faço nessa equação?

- Você é um Nott – lembrou Blaise.

- Que isso tem a ver?!

- É um rival por natureza, na cabeça de Malfoy - disse Pansy grata que ao menos um dos amigos estava entendendo sua linha de raciocínio. - Draco já te vê como alguém a altura, mas você sempre foi passivo, sempre baixou a cabeça para ele e se colocou como aliado, então nunca tiveram qualquer conflito além de você o provocando eventualmente. Mas se quiser algo que Dray também quer, a coisa mude de figura.

- Você e sua família tem quase o mesmo nível de poder político, social e econômico que ele.

- Se decidisse ser um líder da Sonserina facilmente levaria alguns dos aliados do Draco com você. É tão inteligente quanto, em se tratando de notas, mas alguns pensam que talvez seja ainda mais em... "vivência"?

- Astuto. Draco é do tipo que consegue as coisas encarando de frente, dando o bote. Você se camufla e ninguém vê até já estar com suas presas na jugular - explicou Blaise.

- A única grande coisa que faz Draco chamar bem mais atenção, além dele ter uma atitude de...

- Pavão? Gostar de ser o centro das atenções? - Ofereceu Theo.

- É que ele joga quadribol e ganha alguns por isso. Enquanto isso, você já deve ter ameaçado ao menos metade aqui, já provocou ainda mais que isso, mas nunca dá em nada, porque ninguém tem coragem de te enfrentar no mesmo nível. Não é como Draco, que consegue isso porque "meu pai vai ficar sabendo disso", você só é tão arriscado de mexer contra que as pessoas evitam. Ninguém sabe o que um Nott terá contra você. Todos são cautelosos na sua presença, todos te veem como uma arma do Dray que não querem que seja apontada para si.

- Só que Draco não é besta, ele sabe o perigo que é ter uma arma desleal. Você baixou a cabeça até aqui, qualquer ação mais agressiva sua o deixaria alerta por todo o resto - completou Zabini.

- Exato! - concordou Pansy. - Essa sua pose de fracote funciona mais do lado de fora que aqui dentro, sabemos que você é uma cobra rasteira e muito boa em usar as pessoas, principalmente jogar com suas fraquezas, ninguém ficaria contra você diretamente além do próprio Draco. Ele poderia perder seu posto se você se dedicasse a alguma maldita coisa, uma vez que fosse, na vida. Dito isso, demonstre real interesse em Potter, mostre que o quer para si...

- Você acha que eu ia ativar algum instinto primitivo de rivalidade e superioridade em Draco? – Questionou Theo, encabulado com o raciocínio dos amigos. - Acha que ele tentaria mostrar a todos que é melhor que eu me tirando Potter no ato?

- Sim – disseram os dois.

- Isso é ridículo!

- Mesmo? - questionou Blaise. - Já sabemos e concordamos que o apoio de Potter faria diferença na escolha de líder da casa. Se Harry apoiar você, então se tornará a escolha mais óbvia para a maioria e mesmo que continuasse de cabeça baixa Draco ia se remoer de inveja. Vencer você numa briga por Potter mostraria a ele próprio, a você e a toda a casa da Sonserina que ele é melhor, que nem os Nott, com tudo que tem, são melhores que um Malfoy. É uma oportunidade de ouro, ou melhor, é uma armadilha gigante, porque se ele deixa que Potter te escolha, estará praticamente te dando a liderança e ele não aceitaria isso.

- Então se Dray for idiota demais para perceber que gosta de Harry Potter, ou inseguro demais para admitir isso para si mesmo e os outros, no mínimo usará a desculpa de que não quer te deixar levar a liderança. Estamos dando para ele todos os caminhos e motivos bons e aceitáveis para ir atrás da paixonite sem ser julgado: Poder, influência e provar a todos que é melhor que você. O que, com a arrogância de um Malfoy, é a melhor parte.

- Draco é muito competitivo - repetiu Blaise. - Mas a competição atual em cima de Potter é tanta que as pessoas não têm rosto ou relevância, a maioria realmente nem estaria interessado em tentar, só quer observar de longe, não são "dignos da atenção" do Draco. Mas você já é um rival velado para ele.

- Se você for atrás de Harry Potter, teremos o Draco que sentimos orgulho, aquele em força total, que não desiste até conseguir o que quer, seja pelos meios que forem, porque perder para você nisso implicaria uma queda que ele não pode se permitir. Os pais teriam de perdoá-lo por se relacionar com um homem mestiço, porque isso implicaria em manter a liderança da sonserina! Ser O príncipe depois de uma década sem ninguém com o posto! Arrancar isso da mão de um Nott, ainda por cima, vai fazer Lucius arfar de orgulho!

- Isso me faz ter que enfrentar o Draco de frente e me tornar um possível líder de casa! - sussurrou de volta Theodore, irritado.

- Desde quando você tem medo do Draco? - perguntou Blaise.

- Não tenho medo, mas ele vai ficar especialmente chato quando eu perder de propósito! Sem contar o trabalho!

- Mas é como você falou, você perderá de propósito, isso não te serve de consolo? Saber que o manipulou com sucesso?

- Não é assim que eu sou. Gosto de resultados, não de me sentir superior.

- Depois que Draco e Potter estiverem saindo nós contamos para o Dray o que fizemos e ele vai ficar grato a você, apesar de tudo, então você terá seus resultados - sugeriu Pansy.

- Muito fraco. E é bem possível que ele se irrite ainda mais! Nem ferrando participo disso.

- Sem contar que vamos ser a corte da sonserina ano que vem com certeza, se tudo der certo! - continuou.

- Ele vai me manter na corte só para me zombar o resto dos anos letivos e se sentir superior! Não, não e não.

- Pansy, o quanto você quer isso? - perguntou Blaise de repente.

- Muito! Eu quero ajudar Dray, ele só precisa de um empurrãozinho, Potter já deixou claro que teria interesse e gosto mais do Draco quando ele está feliz.

- Muito nobre - brincou Theo. - Ela só quer o amigo feliz, é uma pena que esteja querendo me usar para isso!

- Que tal uma aposta? - perguntou Blaise e, como o esperado, aquilo calou a dupla que olhou imediatamente para ele.

Nada como uma boa aposta para atrair alguns sonserinos.

- Uma aposta? - questionou Theo. Aquele, em especial, adorava uma. Testar suas capacidades para manipular o mundo a volta e ganhar dinheiro com isso.

Ou coisa melhor.

- A aposta de Pansy é que Draco consegue conquistar Potter, só precisa de um incentivo. A minha aposta é que você não consegue ficar com Potter nem se tentar.

- Como é? - Pansy ralhou.

- Você se acha Nott, eu sei disso. Falou até agora que o plano é ruim porque deixaria Draco irritado, mas então está dando certeza que conseguiria fazer Potter te olhar o suficiente para incomodar o Dray, mas eu duvido.

- Como é? - agora foi Theo a questionar.

- Harry Potter é um alvo difícil demais para você.

- E porque seria? - indignou-se.

- Você não vai conseguir enganá-lo, entendê-lo, manipulá-lo ou lê-lo como faz com os outros. Você daria de cara com uma parede se tentasse. Dito isso, estou apostando que você não é tão bom quanto pensa.

- Isso é...

- Se Pansy estiver certa sobre Draco, se ele tomar atitude, usar nossa brecha para virar líder da casa e conquistar Harry Potter, ela ganha nossa aposta, mas você ainda pode ganhar de mim. Se conseguir ao menos um beijo de Potter.

- Como assim?

- Um beijo?! - Pansy questionou em tom agudo.

- Se, enquanto você estiver paquerando-o, conseguir que Harrison Potter te dê ao menos um beijo, Theodor, intencionalmente e por livre arbítrio, você ganha e eu te dou a fórmula de um veneno que minha mãe criou e me ensinou a fazer.

- Veneno que sua mãe criou? - Theodore sussurrou olhando envolta cauteloso, então se inclinando na mesa para falar ainda mais baixo e encarando os olhos do amigo: - Você está sugerindo o que eu acho que está?

Zabini de repente se levantou de sua cadeira e foi até a poltrona onde estava Nott, aproximando seus rostos até estar com a boca no ouvido do amigo, onde sussurrou algumas coisas que Pansy foi incapaz de ouvir.

Sua curiosidade chegou a níveis astronômicos quando Theo suspirou de forma audível e Blaise se afastou com um sorriso convencido:

- E então? São resultados o bastante para você? - Questionou colocando uma mão em cada apoio da poltrona e ficando com o rosto bem de frente para o amigo. Pansy teve que se esticar para o lado para conseguir ver suas expressões. - Se ganhar um beijo de Potter, se ganhar a aposta, eu te dou algo que você poderá usar para se proteger da minha família em uma bandeja de prata.

- Por que raios você apostaria tão alto numa coisa assim? - Nott perguntou muito desconfiado.

- Por que se eu ganhar, e sei que vou, você vai me dar algo igualmente bom.

- Que seria?

- Primeiro, você vai usar sua influência e poder, herdeiro Nott, para me ajudar. Eu estarei te dando uma arma se perder, então se eu ganhar você pessoalmente será a minha. Vai garantir que eu suba na hierarquia, que esteja no topo que você nasceu para ter, mas nem luta para alcançar. Você sabe o que quero e vai jurar que deixará a coisa mais fácil o possível. Tapete vermelho e tudo.

- Bem... - sussurrou.

Sua mente pensava nos prós e contras daquilo e não conseguia parar de pensar nos prós. Blaise saberia como a viúva negra matava! Blaz poderia estar enganando-o e daria algum veneno que usavam no contrabando de animais, mas mesmo isso ainda seria útil, porque o amigo acabara de lhe confidencializar que era algo ilegal e que podia ser rastreado para denunciá-los, era uma oportunidade boa demais. Deixaria Zabini em sua mão.

Só precisava de um maldito beijo?

De um garoto que, decididamente, não era de se jogar fora.

Seu corpo tremeu de expectativa. O maior segredo de Diana, antes Zabini, agora Xatwin (se já não tivesse trocado), nas mãos de um Nott.

Ele poderia rir com aquilo.

Mas se perdesse... Seria colocado na mão do outro.

- Você está sugerindo que eu teria que dar minha lealdade a você?

- Nada tão extremo quanto uma jura de lorde, é claro, ou uma de vida. Apenas uma que estabeleça que, o que estiver ao seu alcance, você vai me ajudar, sempre.

- Dá quase no mesmo...

- Você estaria ajudando um amigo. Ah é, também me paga um boquete.

Tanto Pansy quanto Theo arregalaram os olhos para aquilo.

- O QUE?! - gritaram.

- Se enxerga garoto, olhe sua idade! - ralhou Pansy incrédula.

- Você nem pisca para falar uma coisa dessas?! - Questionou Theo de repente, consciente de como Blaise estava muito próximo dele.

Aparentemente era a intenção do garoto mais retinto, pois ele sorriu e se aproximou mais, ao ponto das respirações se misturarem, desconcertando ainda mais o de cabelos mais claros, que quis se fundir a poltrona em suas costas.

- Seria interessante ver essa boca arrogante à minha mercê. Não, Theo, eu nem pisco, já ouvi coisa muito pior em casa e estou longe de ter medo de relações sexuais. E então? Como é que vai ser? Vai apostar com a gente?

- Você não acha que está indo longe demais? - questionou no lugar.

- É um risco, mas por um resultado muito maior. Como Zabini nós sabemos minhas dificuldades em crescer, mas se você mexer os pauzinhos de forma dedicada, não precisarei me esforçar dez vezes mais que os outros, como normalmente acontece para alguém na minha situação.

- Você está apostando em algo que não está a seu alcance. Está apostando em Potter.

- Eu confio em Harrison para acabar com essa sua marra de invencível e te chutar para a realidade: você não é tão bom quanto pensa. Mas terá que ser, depois e para mim.

Theodore sabia que Blaise estava dizendo aquilo apenas para provocá-lo e tentar fazer com que aceitasse a maldita aposta, apenas por seu orgulho sonserino ridículo.

Mas, o pior, é que estava funcionando:

- Terei apenas que te ajudar, não importa o que aconteça. Simplesmente uma lealdade de iguais?

- Isso. E um boquete.

Theo fez uma careta.

- O que eu ganho de Pansy se Draco não levantar a bunda mimada dele quando for desafiado a perder Potter?

- Pansy? - questionou Blaise virando o rosto para a menina. - Está na hora de mostrar o quanto você quer isso.

- Te levo em casa e deixo pegar qualquer livro que quiser da mansão Parkinson - ofereceu.

- Pouco - reclamou Theo enquanto enfim Blaise se afastava dele e voltava para a própria cadeira. - Você só ganha com essa merda toda. Tem, Luna Lovegood mais livre e estará na corte de Draco.

- Mas não depende de mim, estou apostando na atitude do Dray! - reclamou a menina.

- Blaise também! E eu terei que gastar tempo e energia para conquistar uma pessoa...

- Me faça rir - reclamou a garota revirando os olhos. - Como se fosse um grande sacrifício ter a atenção de Harrison Potter de todas as pessoas. Eu babava nele fácil.

- Sentava - sussurrou Blaise.

- Fica quieto! - pediu Theo tremendo. - Olha, eu não pedi pela atenção do Potter, nem a raiva do chato do Malfoy. Mais, Pansy Parkinson, ou não vou ajudar.

- Te conto cinco segredos das meninas da sonserina.

- O que? Que isso...

- Uma delas ficou grávida semana passada e abortou - os dois garotos arregalaram os olhos muito surpresos com a revelação. - Quer saber o nome? Quem é o pai? Como ela fez o aborto? É uma arma gigantesca, não acha? Você gosta de coisas assim, poderá usar contra ela e sua família para sempre quando for útil. Eu tenho isso e mais outros podres que vocês garotos não tem nem noção.

- E você pode contar? Como descobriu? Tem provas? - a forma interessada e agitada de Theo mostrava como, mais uma vez, os amigos haviam atingido seu ponto fraco.

"Fofoqueiro" ambos pensaram juntos, mesmo que não soubessem.

- O método que ela usou era muito óbvio e eu escutei uma conversa, então não estou presa a nenhuma jura ou coisa parecida. Não tenho provas além da minha memória, dito isso tenho cinco memórias interessantes para te dar, vai depender de você como usá-las a seu favor.

- Quero o livro também e estamos feitos - disse estendendo a mão.

- Certo. Então a aposta é quem vence a conquista por Harry Potter: você ou Draco - concordou apertando a mão oferecida.

- Que assim seja - disseram terminando de firmar o acordo.

- Tenho certeza de que Draco tomará as rédeas quando ver o que você está fazendo – continuou Pansy ajeitando os cabelos.

- Parabéns Theo, você é oficialmente um pretendente de Harrison Potter - comentou Blaise rindo.

- E você?

- A nossa aposta é que Hazz irá embora no fim deste ano letivo sem te beijar.

- Um único beijo? - questionou Theo com um sorriso. - Vou te dar uma chance, Blaise, para não se sentir injustiçado depois.

- Tudo bem arrogantezinho. Namoro?

- Muito longe, não iria até isso sem gostar dele, magoar seus sentimentos sem motivo...

Pansy e Blaise riram.

- Sim, com certeza você está preocupado com os sentimentos de alguém - ironizou a menina.

- Três beijos, de verdade, com língua e que durem mais de dez segundos. O primeiro pode ser curiosidade, o segundo para verificar, o terceiro é porque ele gostou, então você ganha. Que tal?

- Acho válido - disse Theodore.

- Que assim seja – disseram também apertando as mãos.

Theo se recostou folgado na poltrona.

- Essa vai ser ótima - comentou sorrindo para o teto. - Vocês dois não deviam ter feito isso.

- Ou Draco te derrota totalmente e você que se arrependerá - acrescentou Blaise divertido.

O Malfoy ainda demorou dez minutos para aparecer e se despedir com um boa noite.

-x-x-x-

Pum, pum, pum, pum, pum, pum....

PUM!

PUM!

PUM!

PUM!

PUM!

- QUE MERDA! - gritou Aberforth descendo as escadas apressadamente enquanto batia o pé com firmeza a cada degrau, o som abafado de alguém batendo à porta já o irritando além da conta.

Batendo não.

Isso estava incorreto de uma forma que o fazia querer abrir a madeira com uma maldita garrafa direto na cabeça do bêbado insuportável.

Sua porta estava sendo esmurrada como se fosse a merda dum canguru raivoso tentando brigar com ela.

Já no térreo, olhou por um segundo para o relógio de pêndulo na parede e notou que eram infernais três e meia. Ele não conseguiu dormir nem duas inteiras!

- ESCUTA AQUI SEU FILHO DA PUTA! O BAR NÃO... - gritou, mas a frase morreu na boca aberta quando escancarou a porta e se viu diante de Minerva Mcgonagall.

- Boa noite, Aberforth. Sempre de ótimo humor, não é? - questionou a chefe da Grifinória.

O Dumbledore mais novo fez uma careta muito marcada:

- Isso são horas, Minnie? Minerva! - se corrigiu imediatamente, coçando a garganta quando seu tom ficou bizarramente agudo e deformado. 

Tossiu mais um pouco também olhando em volta, para a estrada vazia.

- Eu precisava conversar com alguém sobre... Um tema delicado - explicou a bruxa ajeitando seus óculos.

- E não podia esperar um horário de gente?

- Você dorme até às quatro da tarde, no mínimo.

- Perjúrio. Até as duas, apenas.

- Eu tenho deveres como professora, não posso me permitir...

- Mas são três e meia, mulher! - reclamou a interrompendo. - Que horas você pretende acordar vindo aqui nesse horário?

- As seis e meia. Sete, se estiver me sentindo especialmente...

- Que tal dormir uma quantidade de horas adequadas para gente?

- Pare de me interromper! - reclamou e uma brisa forte bateu, fazendo-a tremer e se apertar mais em suas roupas.

Só então Aberforth notou as vestes da outra. 

Um pijama de veludo verde (afinal, tinha que ser). Era sua cor. 

Minerva ficava linda em Esmeralda. 

Foda-se que era uma Grifinória, o filho do meio dos Dumbledore lamentaria o dia que a mulher trocasse qualquer um dos tons de verde das vestes, que refletiam perfeitamente em seus olhos castanhos, por outra cor insossa.

Então, junto do pijama apenas uma touca e uma capa (provavelmente aquecida por magia, pois estava muito frio para apenas aquilo). Mesmo assim a madrugada devia exigir mais do que ela tinha imaginado antes, afinal já estava procurando nas vestes a varinha e o mais alto se viu abrindo espaço para a visitante.

- Obrigada, achei que me deixaria do lado de fora a noite inteira - reclamou Minerva adentrando o bar sem esperar uma autorização verbal ou coisa parecida.

A atitude dela ao passar pelo batente e pelo interior do bar também era de alguém que se achava muito à vontade no lugar.

- Não me teste que faço exatamente isso - ralhou o homem, cuspindo antes de fechar a porta.

Minerva revirou os olhos da "educação" do irmão de seu melhor amigo, ignorando-o para colocar a capa no cabideiro. Já Aberforth ignorou seus pensamentos sobre como nunca seria capaz de fazer uma indelicadeza daquelas com Minerva, mesmo que ameaçasse.

- Eu te acordei? Sinto muito... - perguntou a mulher olhando em volta.

- Não, não acordou - mentiu. - Eu estava tomando coragem para fazer a barba. Está muito ruim, não acha? - questionou acariciando os fios enquanto procurava atrás do seu balcão um laço, que usou para fazer um coque na tentativa de disfarçar o ninho que estava seu cabelo.

Não que tivesse se olhado no espelho, mas sempre se sentia um trapo na frente de Minerva. Como não poderia? Mesmo de pijamas ela estava perfeitamente alinhada. 

Sempre se perguntou como o idiota do Albus podia parecer um mendigo do lado daquela mulher, sem se importar com isso e com a maldita imagem de diretor de Hogwarts e chefe do Wizengamot. 

Aberforth só tinha um raio de bar numa distância segura daquele maluco, não precisava manter uma imagem maior do que alguém capaz de acertar uma boa porrada no bêbado que fosse especialmente irritante, mesmo assim...

Ele fez o coque.

- Está um tanto bagunçada mesmo - comentou Minerva encarando a barba branca cumprida. - Quer que eu te ajude?

- Como é?! - ralhou.

- Não seja tão emburrado - a mulher revirou os olhos, cruzando os braços. - Eu ajudava com a do meu pai, mesmo que... - e riu baixinho. - A dele não fosse tão impressionante quanto a de vocês, Dumbledore's, nem que tentasse.

- Isso faz quantos anos mesmo? - perguntou seco e Minerva estreitou os olhos.

- Se está me chamando de velha, lembre-se que você é um dinossauro, Aberforth!

- Eu jamais seria indecoroso ao ponto de chamar uma dama de velha, Minerva.

- Duvido.

- Vamos para o meu quarto?

- Como é?

- Meu kit de barbear está lá, outra que a lareira já está acesa. Aqui vai demorar para aquecer e nem é tão confortável.

- Entendo. Se eu não for incomodar por lá.

- Não vai.

"Decididamente sua presença no meu quarto não incomoda" pensou e se odiou por isso, resmungou todo o caminho até a escada sobre mulheres que estão sempre trabalhando e batem na porta dos outros de madrugada, ao que Minerva retrucou reclamando sobre homens que só sabiam rezingar, beber e acumular uma boa pança de cerveja.

- Olha, jogou baixo nessa - o homem comentou, mas com um sorrisinho mal disfarçado (não que ela tenha visto, estando atrás dele).

- Você me chamou de velha! - reclamou.

Aberforth riu alto.

- Então você ficou ofendida. Não se preocupe, Minnie, você é a velha mais bonita que pisa nesse bar.

- Eu gostaria de lembrar que vou estar com uma lâmina bem próxima do seu pescoço - ameaçou.

- Como se uma bruxa como você precisasse de tanto para me matar, se quisesse.

- Agora está tentando me agradar para que eu não lhe corte a cara?

- Estou sendo sincero.

Minerva não respondeu, mas sorriu satisfeita. Não tinha problemas com sua aparência ou idade, não era insegura a esse ponto, mas nada a atingia mais do que alguém falando sobre suas capacidades. Ser reconhecida por suas capacidades e esforço, não por algo superficial que não tinha muito controle. Era um elogio muito certeiro por parte de Aberforth, que decididamente não era um bruxo fraco.

Nenhum Dumbledore era.

- Então? - o homem perguntou quando entraram em seu quarto. 

O lugar realmente estava mais quente. Ele pegou uma cadeira e colocou diante de uma poltrona mais ao canto. Depois, foi seguindo para o banheiro da suíte falando alto de lá: 

- O que a fez vir até aqui e não falar diretamente com meu irmão? Ou mesmo o garoto comensal, qual o nome mesmo? Shape?

- Snape - corrigiu Minerva revirando os olhos. - Você faz isso de propósito, não é possível.

- Você não tem como provar. Vai me responder ou não?

- Eu falei com Severo - confessou.

- Mesmo?

- Sim - suspirou e encarou o quarto.

Era bem mais arrumado do que pensava.

Mas a cama estava bagunçada. 

A professora foi até o móvel e colocou a mão no colchão entre as cobertas confirmando que sim, estava quente. 

Aberforth estivera dormindo. 

Mordeu o interior da boca imaginando porque o homem mentiu, apenas para deixá-la mais confortável? A cama também tinha o cheiro forte de Aberforth, cevada, poeira, pinheiros e carvão. Bruto como ele, o aroma de alguém que não usava perfume comprado, mas adquire a essência do que o cercava, ia com um machado cortar lenha ele mesmo todo dia e aquecer o bar com isso, então voltava para o balcão mexer com cervejas o dia todo. Ela deu um sorriso distraído pensando que, naquela idade, será que ele não havia desistido do velho machado e passou a fazer tudo com magia logo de uma vez?

Mas o irmão do meio dos Dumbledore sempre foi obstinado, era provável que não trocaria velhos hábitos só porque o tempo e o corpo decidiram que iam dificultar a coisa para si.

[N/A: Obstinado. Adjetivo 1. que persiste; firme, pertinaz. 2. que não se deixa convencer; inflexível, irredutível. 3. defensor ferrenho de uma opinião ou de um propósito; teimoso, casmurro. (Aberforth é um Dom Casmurro haha) 4. substantivo masculino indivíduo persistente, firme, perseverante. teimoso, turrão].

- Então? - perguntou ainda do banheiro. - Se já falou com alguém, por que veio aqui?

- Queria uma segunda opinião.

- Meu irmão?

- É sobre seu irmão.

Aberforth, como se tivesse sido invocado, apareceu no batente da porta com uma expressão muito séria.

- Ele te fez alguma coisa?! - perguntou também com um toque de fúria na voz.

- Claro que não! - reclamou a Mcgonagall (que, por sorte, já havia se afastado da cama)

Não queria passar por enxerida. Sem contar que devia ser desconfortável saber de alguém mexendo em seus lençóis. 

- O que acha que Alvos teria feito comigo, afinal? - ela perguntou.

- Não sei! Não confio naquele lunático.

- Aberforth! - ralhou.

- O que foi?

- É seu irmão!

- Exatamente?

McGonagall cruzou os braços em um olhar gélido e firme que só uma professora tão versada seria capaz de fazer:

- Você o ama.

- Há controvérsias - e voltou para dentro do banheiro, pegando as últimas coisas.

- Você mora perto dele por opção e sempre o ajuda - seu tom parecia também com um de uma professora do jardim dando bronca em dois irmãos que estavam se estapeando.

- Eu diria que estou aqui para evitar desastres maiores que o inconsequente pode vir a causar. Ao menos próximo dele, Albus tem a decência de pedir minha opinião ou me usar como apoio antes de assumir que porque "o incrível Albus Percival Wulfric Brian Dumbledore" pensou na coisa, então é boa ideia.

- Você não facilita em nada - reclamou Minerva sentando desanimada na cadeira. Aberforth já havia saído do pequeno cômodo para conseguir ver aquela ação, então não deixou de notar...

O peso.

Era como se Minerva estivesse carregando um peso nas costas que a estivesse cansando. Naquela hora, algo assim? Ainda envolvendo Albus? Aberforth se aproximou com cautela.

- Minerva... - chamou, sentando-se de frente a ela, na poltrona livre. - O que aconteceu?

A bruxa não respondeu de primeira, pediu silenciosamente pelos itens para barba e depois que o homem lhe entregou, começou a pentear os pelos. Estava ali, mas seus olhos pareciam em outro lugar e o mais velho decidiu lhe dar o tempo que precisasse, apreciando o vai e vem atencioso de uma escova. Após alguns segundos, entretanto, McGonagall riu.

- Que foi?! - questionou o homem envergonhado.

- Nada - sorriu. - Eu achei que estaria mais embaraçada.

- Você está me provocando?

- Talvez? - sorriu mais no que o outro bufou. - Que tamanho você quer deixar?

- Faça como quiser - deu de ombros.

- Nunca fizemos algo assim... - comentou para o vento, voltando para os movimentos.

- Eu prefiro cuidar de mim mesmo, obrigada.

- Mas, às vezes, é bom ter alguém que cuida de nós. Você não precisa ser o forte sempre.

- Dito isso, no que você achou que eu poderia ajudá-la, ao ponto de vir até aqui numa madrugada e direto para a minha barba?

Ela riu de forma grasnada, tentando prender uma risada alta ainda na garganta, mas sem muito sucesso. O homem lhe sorriu (não que ela visse tão bem por trás de tanto pelo, mas ao menos Aberforth havia amarrado os cabelos, então podia ver bem os olhos azuis brilhando com o fogo da lareira).

- Eu queria saber sua opinião sobre... Uma coisa que um aluno veio me contar esta noite - contou.

- O que seria? Eu não sou professor, realmente o Naspe...

- Snape - corrigiu.

- Seria um conselheiro melhor - continuou ignorando a interrupção. - Quer dizer, um problema de alunos? Sobre notas? O narigudo, então todos os professores de Hogwarts, depois meu irmão e só aí eu.

- Primeiro, não chame Severo de narigudo.

- Eu chamo meu irmão de coisa pior.

- Pensei que não gostasse tanto dele?

- Pensei que você tinha dito que eu deveria amá-lo? - provocou de volta.

- Nesse caso em especial, deste aluno, não... Ninguém é melhor para me ajudar que não você.

- Por quê?

- Você acha que Albus seria capaz de ler a mente de um aluno? - despejou encarando-o diretamente.

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Boa noite. Vou tentar ser objetiva aqui.

1. Espero que tenham gostado.

2. Desculpem (não pelo tamanho, está normal para meus padrões kkkkk) é que vai ter que ter parte três (os leitores que chocharam comentando isso estão felizes agora?). 

Faltaram TRÊS CENAS INTEIRAS (quatro se contar com essa da Minerva que "parou no meio"), então o bônu Wolfstar vai ter que esperar mais uma semana. 

Desculpem, mas meu foco agora é essa parte porque eu sei que vocês vão gostar da surpresa que vem. Enfim...

Até semana que vem e obrigada a todos que me deram suas opiniões durante (ou aqui no fim) do capítulo (palvras de afirmação sempre serão meu maior presente haha)!

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