Capítulo 32 - Fraternidade e valor
.
Primeiro: Eu estava fazendo essa parte 2, terminando ela e tudo, então percebi que já tinha chegado em 17.000 palavras e ainda estava no meio, então vai ter parte 3 e é iss. Vida que segue. Só espero que gostem.
Segundo: Eu to ruim da cabeça e insegura, tive que pedir para duas pessoas lerem esse capítulo e me falarem que não estava a merda que eu estava pensando para conseguir ter coragem de postar.
Espero que vocês, se gostarem, me ajudem a levar meu ânimo (tive que ler mais de um comentário de gente falando coisas como "pulei essa explicação", "aí não entendi essa parte", "aí ta maçante aqui" e coisa do tipo e isso me desanima, então pode ser um dos motivos de estar assim. Li até gente falando que não gosta do Lakroff e sim, isso me atingiu).
Então quem quiser me ajudar comenta bastante amor aí durante o capítulo, obrigada <3
Terceiro: Gostaram do arabesco aqui em baixo? Acho que eu prefiro os risquinhos, mas talvez seja só porque é novidade...
Lembrem-se se está gostando dessa fanfic e do trabalho dessa autora, tenho um livro publicado na amazon e adoraria ter sua opinião e apoio. O nome é "Aquilo que se vê no escuro" por Bárbara Regina Souza e está gratuito para assinantes do Kindle Unlimited, além de que o prólogo está disponível nesse perfil para quem quiser descobrir do que se trata. Vá lá e dê uma olhada para descobrir se te interessa, vai ajudar muito!
No capítulo anterior...
- Você é uma pessoa inteligente e sempre soube se virar, você tem constantemente um adulto, por mais insano que ele seja, te ajudando também – Lakroff esperou que Tom reagisse de alguma forma, mas o mesmo estava quieto e de cabeça baixa, parecia estar perdido em seus próprios pensamentos, então deixou quieto. – Eu geralmente posso confiar que você saberá o que fazer porque é alguém consciente e, sei que isso é estranho, mas dificilmente algo vai conseguir te machucar com Riddle te vigiando. Mesmo assim, você é o pouco de tudo que eu tenho, eu jurei para mim mesmo que te protegeria, que faria tudo a meu alcance para te manter bem e seguro sempre. Vou continuar fazendo, mas me daria bem menos dor de cabeça saber que, independente do que aconteça, você vai me falar! Você tem medo do que afinal?
- Não é medo... exatamente... eu só...
- Você fica com receio de eu não te apoiar quando quer fazer algo verdadeiramente estúpido como roubar dois anéis de um Lorde das Trevas?
- É...
- Harrison... – ele soltou um pouco o abraço para olhar diretamente nos olhos verdes para dizer: - Eu juro, você poderia querer fazer qualquer coisa, se me disser que é o que quer, eu vou te apoiar.
- Qualquer coisa?
- Qualquer.
- Promete?
- Eu juro pela minha vida e magia. Você é meu príncipe, sua alteza. Se me mandar executar alguém, eu perguntarei se quer rápido ou criativo – e acariciou o cabelo do menino.
Harrison não viu como a magia do avô reagiu, afinal estavam com as lentes para impedir, mas podia imaginar. Uma pequena corrente, talvez rocha ou preta como sua magia, rodopiando o peito antes de se dissolver entre o resto de sua energia.
Ele riu.
- Rápido ou criativo?
- Posso pensar em várias formas de matar alguém. Métodos bruxos e trouxas. Lembre-se que eu já assisti por anos o pior que eles podem oferecer. Você ficaria surpreso...
- Mas você vê o futuro...
- Se já foi feito um dia, pode vir a se repetir. Nunca duvide da capacidade humana para ser terrível.
- Eu não duvido.
- Você não vai mais esconder coisas de mim?
- Não.
- Jura de dedinho?
Harrison sorriu, mas ofereceu a mão e deixou que o avô juntasse os dedos mindinhos em uma promessa totalmente trouxa, que não afetava em nada suas magias, uma puramente simbólica. Mesmo assim disse em voz alta:
- Eu juro.
E isso deixou o mais velho imensamente feliz.
- Eu agradeço.
- Harrison... – chamou Tom, baixinho.
O menino se virou para lhe responder, percebendo naquele momento que a horcrux estava estranha e um tanto diferente. Talvez, para outras pessoas que não o conheciam, não havia nada ali, mas Hazz sabia que Tom estava receoso com algo. Porém, antes que Harry pudesse perguntar o que o estava incomodando, eles ouviram o som de aparatação.
- Não... – sussurrou, a voz recheada de tristeza.
Tom e Lakroff gastaram tanto tempo naquela brincadeira deles, que ele não pôde aproveitar mais.
- Oi, onde vocês estão?! – perguntou Sirius do hall.
Marvolo e Harrison se encararam por um longo segundo. Muitas coisas se passando por suas cabeças antes da horcrux correr e abraça-lo:
- Vamos ter outra chance.
- Mas...
- Você logo iria se cansar de me sustentar assim, está tudo certo. Outro dia. Foi possível hoje, então...
- Oi?! – chamou o animago de novo e todos puderam ouvir seus passos andando pelo corredor, se aproximando.
- Na cozinha! – respondeu Lakroff correndo até Harrison enquanto retirava o diadema/anel do dedo. – Tom tem razão, você vai cansar – sussurrou enquanto puxava a mão do neto e colocava o objeto em um dos dedos livres, num movimento rápido também puxou o medalhão para fora da cabeça e colocou em seu próprio pescoço, escondendo por baixo da roupa.
- O que está fazendo? - perguntou o menino ao ver aquilo.
- Dando uma chance – disse se virando para porta e gritando em seguida: – Sirius! Tem uma pessoa que você precisa conhecer!
Capítulo 32 - Fraternidade e valor
"Harrison talvez, enfim, tivesse uma família completa da qual pudesse se apoiar
Não era nada tradicional e estava cheia de homens quebrados, mas ao menos juntos eles podiam formar algo completo e muito útil".
- Grindelwald! O que raios você está pensando em fazer?! - sussurrou Tom, correndo até o loiro.
- Vocês não conseguiram passar tempo juntos, não é? – Lakroff perguntou firme e Marvolo parou surpreso. – Finja jantar conosco, passe a noite, ou até eu e Harrison não aguentarmos mais.
- Mas.... Por que eu faria isso?! Você quer me apresentar para eles?! – indignou-se Riddle.
- Sim.
- Isso é ridículo e insano, não faz sentido, eu e Harrison podemos fazer isso outro...
- Não podem fazer outro dia. Não isso – e apontou para a porta. – Riddle, você faz parte dessa família a anos, criou Harrison tanto quanto eu, estou te dando a oportunidade de oficializar de vez. Tome ela. Nos avise se sentir algo diferente para eles não descobrirem e Harrison, jogue perfume nele. Remus vai perceber que não tem cheiro e seus instintos vão ser de atacar – e saiu da cozinha, para dar tempo ao adolescente fazer o que foi pedido, e talvez terminar de convencer a horcrux também.
Sirius estava a poucos metros da porta para o local quando Lakroff apareceu na sua frente.
- Boa noite, Sirius. Espero que goste de pizza e queijos diversos.
- Queijos diversos? – questionou.
- Cometi o erro uma vez de comer pizza no Brasil. Nunca mais foi a mesma coisa, todo o resto do mundo perdeu a graça, é um caminho sem volta. Tenho sempre que encomendar minhas pizzas em lugares específicos e pagar valores absurdos para convencê-los a colocar cinco queijos na minha.
- Cinco queijos em uma única pizza? – ficou surpreso.
- Acredite, isso é o mais comum lá, nem vale o comentário. Comi uma certa vez que tinha batata frita, bacon e cheddar.
- Como é?!
- E outra com brócolis, calabresa, muçarela, catupiry e palmito que estava divina. Recomendo muito. Estrogonofe de frango também me agradou.
- Estrogonofe?!
- Uma versão brasileira dele, não a russa. Pessoalmente eu acho ainda melhor, mas Harrison detesta qualquer versão dessa prato, ao que aparenta, então não comi tanto.
- Estamos falando mesmo de pizza?! Qual o tamanho de uma dessas?!
- Maior que as nossas, em recheio, mas o diâmetro permanece o mesmo. Eles são bem criativos nos sabores, ficaria encantado. Vamos um dia todos juntos, Hazz gosta bastante do país. Já lhe contei que quase o matriculamos em castelo-bruxo?
- Não, na verdade não...
- Bem, nós ficamos na dúvida entre Durmstrang e Castelo-bruxo, visitamos as duas escolas e avaliamos bastante as possibilidades, mas, no fim, Harrison preferiu ficar na europa por causa dos irmãos. Viagens internacionais já precisam de autorização do ministério, mas intercontinentais... você sabe, são uma complicação. Ele teria que se limitar ainda mais para vê-los.
- Entendi... Você disse que eu tinha que conhecer alguém?
- Sim, desculpe, me distraí. Venha.
- E Remus?
- Ainda não...
Mas naquele momento eles ouviram o som da porta abrindo e o Lupin entrou no ressinto.
Todo molhado e tremendo.
Também parecia furioso.
- Remus! – Sirius chamou correndo até o mesmo. – Por que você...
- Eu nunca – interrompeu Remus, fungando e levantando a mão para interromper o namorado. – Me lembre disso, Sirius, é importante: eu nunca devo aceitar um desafio de um maldito alpha.
- Como é?
- O que Leandro fez com você? – choramingou Lakroff, levemente preocupado.
O que poderia dar de errado ao deixar um lobisomem alfa sangue puro e brasileiro, com humor duvidoso e paciência de formiga, com uma pessoa sozinho?
Tudo.
Parando para pensar, não foi uma péssima ideia?
Para apresentar dois cães o certo não era exatamente evitar deixá-los sozinhos nos primeiros dias? Ou ele estava sendo muito babaca ao compará-los com cães?
- Leandro colocou uma maldita coleira dele em mim! – fungou Remus, fazendo o Mitrica voltar para a Terra. – Eu parei debaixo de meio metro de neve, tive que cavar para sair! Não é muita maldade isso que fazem com ele, a propósito? Essas coleiras não tinham que aparatar em um lugar menos aleatório? – tremeu.
Sirius puxou sua varinha e transfigurou um cobertor para cobri-lo com um objeto aleatório que pegou do aparado ao lado, acrescentou um feitiço de aquecimento nele também.
- E porque você continua molhado da neve? – questionou Lakroff. – Não usou um feitiço de seca...
- Eu tentei! Mas aquele infeliz colocou alguma maldição em mim que nada do que tento funciona! – reclamou. – Já esvaziei meu arsenal de contra maldições e eu sempre continuo assim!
- Que história é essa de coleira? – questionou Sirius confuso.
- Leandro Spinosa usa coleiras mágicas na Durmstrang que medem os níveis de hormônios do estresse no sangue. Devido a sua condição de lobo alpha sangue puro... – os quadros pelo corredor arfaram e começaram a questionar se aquilo era mesmo possível, mas o Mitrica ignorou e começou a andar na direção do casal. – Muitos pais tinham medo da ideia dele dando aulas. Não é qualquer criatura das trevas, é A criatura das trevas. Ele tem total controle de sua forma de lobo, pode acessá-la sempre que quiser, não é uma figura humanoide, mas sim um lobo gigantesco e mortal, além de que mantem a força, em seu corpo humano, que o lobo teria. É quase como uma formiga aguentando dez vezes o seu peso, devido a estar tudo comprimido no humano, mas se estamos falando de um lobo de quatro metros ou mais, dez vezes o peso dele... bem, sabemos que uma tonelada é o equivalente de segurar um bebê para Leandro. – Sirius arregalou os olhos.
- Você não tinha me dito isso.
- Devo ter esquecido – deu de ombros. – Já me acostumei. Mas Leandro é realmente um monstro, um predador no topo da cadeia alimentar. Para acalmar os nervos do comitê de pais e mestres, criamos as coleiras. Ele sempre tem que usar, só pode tirar uma, se já tiver colocado outra, nem mesmo no banho saem, ele as troca porque diz que ficam com cheiro. Não vou questionar os sentidos de um lobo daquele nível, é claro, se diz que começam a feder, eu faço mais para que possa trocar e polir – comentou próximo o bastante para observar bem o lobisomem molhado. – Elas percebem os níveis de cortisol, adrenalina e noradrenalina nele, se chegam a níveis considerados minimamente perigosos, começa a se acender e aquecer, avisando-o, se passar do médio se torna vermelha e imediatamente o manda para um lugar randômico no mapa dos terrenos da Durmstrang, mas longe de qualquer pessoa.
- A parte do randômico que é errada... – reclamou Remus tremendo. Lakroff estendeu a varinha para ele, que imediatamente ficou seco. – Como você...?
- "Maldição do ponto reset", é como os alunos chamam para se lembrar. Você estava tentando se secar, mas a maldição que Leandro colocou estava fazendo, a cada uma quantidade de tempo, você voltar para o estado inicial em que ela foi lançada. Você tinha que desfazê-la antes de se secar, ou esperar que perca o efeito da concentração do lançador. É bem boba, ele sabe que você ainda é um bebê nas artes das trevas e usou em você, mas é algo de terceiro ano, feitiços fortes acabam com esse efeito. Os alunos usam em aulas que trabalharão com tintas, por exemplo, e programam para o tempo do fim da matéria, assim não precisam tomar banho antes da próxima, suas roupas voltam a ficar limpas. Mas se eles usassem numa aula de poções, por exemplo, e derramassem um químico em si, ela não se manteria, eles não conseguiriam voltar porque qualquer coisa mais intensa a quebra. É realmente mais comum para tarefas simples ou... – e riu ao terminar: - pegadinhas.
"Ótimo, esse é nosso futuro consorte! Enganado por uma maldição infantil!" reclamou um dos quadros e tantos outros bufaram em concordância.
Sirius, Remus e Lakroff ignoraram.
- Por que ele fez isso com você?! – indignou-se o animago.
- Eu posso ter provocado... – comentou o lobisomem baixando os olhos.
Em sua mente ele se lembrava de alguns comentários que, decididamente, não devia ter feito para o homem que era capaz de parti-lo ao meio. Pensando agora, foi sorte sua o brasileiro ter levado na esportiva cada um.
- Como provocado?
- Nada não – suspirou. – Eu também não devia ter dito que aguentaria mais que ele, essa é a verdade.
- Você disse isso? – provou Lakroff achando a coisa muito divertida.
- A coleira dele vivia se acendendo e eu posso ter deixado escapar que ele não era tão controlado quanto queria que fosse só porque era abençoado pela genética...
- Deixe-me adivinhar – interrompeu Lakroff. – Ele ofereceu alguma coisa muito tentadora se você aceitasse experimentar uma coleira e provasse que conseguia se sair melhor, ele pode até ter feito uma jura mágica de que cumpriria com sua parte, então gastou, no momento que você colocou a coisa, todo o tempo e cada frase que saia de sua boca para tirá-lo do sério até que você foi arrancado do castelo?
- Algo assim.
- O que ele disse por último? O que te fez aparatar?
- Não lembro. Fiquei tão irritado com a história do gelo que... Olha, de verdade, porque não programar a coisa para um lugar só?! De preferência que não seja de baixo de metros de neve ou no maldito lago?
- Lago? – surpreendeu-se Sirius.
- Ele me disse que já foi parar lá... E estava congelado! Isso é muito errado!
- Nós não podemos programar para um único lugar, porque, primeiro, os alunos tem que ter o direito de acessar qualquer parte dos terrenos da escola, então a coleira só procura o lugar mais distante de todos os humanos. Seja onde for. Leandro concordou com isso. O segundo problema são as proteções antigas do castelo, elas interferem diretamente com aparatação e com nossa mente, seria muito mais difícil aparatar apenas para um lugar porque, para começar, não sabemos onde está o castelo. Teríamos que mexer com as proteções antigas de forma muito mais problemática. Ter uma ligação direta do castelo com outro ponto criaria uma brecha que vai contra todos os sistemas de segurança. A nossa localização é tão secreta exatamente porque existem essas proteções, uma confusão mental mágica em relação a nossa posição no mapa, então mesmo eu ou Karkaroff que sabemos um pouco melhor, se nós tentássemos aparatar lá podemos parar dentro de uma parede porque nossa mente não consegue decifrar as informações espaciais. Leandro achou muito desnecessário que tivéssemos que reprogramar todo o sistema antigo e funcional que temos de segurança por ele.
- Os alunos podem ir para qualquer lugar da Durmstrang? – Sirius franziu o cenho para aquilo.
Hogwarts sempre tinha uma lista bem extensa de lugares que não podiam ser acessados. A começar pela floresta proibida, seguindo para a maioria das passagens secretas onde Argo Filch colocava até armadilhas e assim por diante.
- Sim.
- Isso não é perigoso?
- Partimos do princípio da liberdade, seja da magia de qualquer tipo ou mesmo da ideia, desde que respeitando os limites humanos de cada um. Proibir a curiosidade dos alunos não é algo que iriamos querer. Apenas avisamos dos perigos de cada parte do terreno, colocamos placas, avisos mágicos, o que for possível para informar, mas se um tiver a ideia brilhante de entrar numa zona, sei lá, amaldiçoada, aí a culpa é dele. Magia sombria envolve seguir suas emoções e ultrapassar limites, nossa escola ensina como entender seus riscos e avaliar bem onde se quer ir, ou seja, ensinar que você colhe as consequências de seus atos, deve ser assim na vida, assim como é no quarto princípio da magia obscura.
- É uma forma interessante de se pensar... – comentou o Black pensando que a Durmstrang lhe parecia a cada instante mais interessante.
- Se te serve de consolo, Remus – continuou Lakroff. – Esses lugares só são tão aleatórios nos fins e semana, porque os alunos estão muito espalhados. Em dias de aula, ele geralmente cai apenas alguns metros da estrada. O objetivo é só afastá-lo de outras formas de vida, não do instituto em si.
- Entendo...
- Eu te garanto que fazemos questão de deixar Leandro totalmente confortável na nossa escola, nunca tivemos a intenção de trata-lo como uma simples criatura. Ele é um professor como qualquer outro. Estamos apenas respeitando sua força como algo a ser temido e ele respeitando o espaço que os pais de seus alunos se sentem mais seguros. Conversamos muito sobre coisas do tipo sempre e se, em qualquer momento, a coisa o incomodasse correríamos para procurar outra solução.
- Se é assim... Bem, mais importante: Eu vou precisar de um curso intensivo de magia escura – resmungou Remus retirando a coberta agora que estava seco.
- Não se preocupe, a Durmstrang...
- Não estou falando para dar aulas – interrompeu. – Estou falando para conseguir ser treinado pelos professores do instituto. Preciso de um curso antes do curso preparatório deles. Não vou deixar aquele cara me passar a perna assim!
Estava sendo um tanto irracional, sabia disso, ele não tinha chance contra um alpha. Sobreviver a uma conversa com um poderia ser considerado sucesso, mas não podia evitar. Praticamente ainda podia ouvir a risada debochada do Spinosa de quando, enfim, saiu da neve e ele estava esperando com uma maldita caneca de chocolate quente, um cachecol e murmurando:
"Sabe, eu sou muito resistente ao frio. No Brasil eu até pensava que era incapaz de sentir isso, mas quando parei no lago daqui vi que não era bem assim. A neve, entretanto, nunca me incomodou. E você?" quando Remus deu a primeira fungada, tremendo de frio, Leandro ainda deu um longo gole em seu chocolate para dizer: "Tem quentão no castelo. Você só precisa ir pegar, Griffon. Combina com sua casa de Hogwarts, não é? Entretanto, talvez Pug seja melhor dessa vez? Ou voltamos para chihuahua agora que está tremendo? Suas perninhas curtas vão levar o que? Meia hora até a entrada do instituto? Mais uns vinte minutos até a cozinha? Isso se for correndo... Uma peninha, beta, mas melhor acelerar ou ficará gripado. Mas não se preocupe, vou te fazer companhia e, como estou te adotando, não precisará passar por isso nas luas cheias".
"Eu não preciso me preocupar, não me estresso tão fácil normalmente".
"Claro. Eu levei cinco minutos, a propósito, e você já está aqui. Imagine o estrago que não posso fazer diariamente quando você estiver na lua cheia. E pensar que realmente posso, afinal, no pior dos casos quem se ferra é você. Nunca vai conseguir me atacar, será mandado a merda antes que possa chegar perto de mim ou alguém, a coleira garantirá isso. É fácil até demais...".
"É assim que quer me convencer a aceitar fazer parte da sua matilha?" resmungou irritado começando a andar.
"Eu já disse que não preciso te convencer. Nunca foi uma escolha, você já faz parte, só não entendeu ainda, meu caro pequinês".
"Eu não..."
"A propósito, o castelo fica para o outro lado. Eu te arrumaria um mapa, mas você não vai precisar, vou cuidar direitinho de você".
Remus rosnou no presente.
"Também preciso de uma maldita lista de raças de cachorro" pensou irritado.
- Cuidado Moony, você está mostrando suas presas já na primeira noite... – comentou Sirius com um sorriso bobo para o namorado.
A expressão que seu namorado estava mostrando era simplesmente excitante para o animago. O lobisomem entrando em seu modo competitivo, algo que o Black raramente tinha a chance de ver, mas que sempre que conseguia ter um fleche, já o fascinava. Adorava a selvageria do lobo e como ele parecia sempre escondido por detrás dos olhos de moony, tinha que aproveitar esses momentos.
Sempre ficou com ciúmes de James ser o maior responsável pelos comentários que faziam os olhos do loiro brilharem daquela forma na escola, mas ainda sim... era tão bom assistir, imaginar o que aconteceria quando não conseguissem segurar e o monstro saísse enfim.
Sacudiu a cabeça evitando aqueles pensamentos e outros bem menos puros que começaram a lhe invadir.
- Ao menos ele admite a mediocridade – comentou outro dos quadros revirando os olhos, enquanto alguns reclamavam mais do "lobisomem ridículo".
Dessa vez Lakroff não conseguiu ignorar totalmente. Acrescentou sério e com aquela forma gélida que conseguia alcançar e fazer você se sentir levando uma baldada de água congelada:
- Espero que vocês entendam que insultar o futuro consorte o fará preferir morar em outra casa e assim o lorde Black não vivera na Black Manor e a culpa será de vocês não conseguindo conter a língua quando ela obviamente não ajudará. Querem que a ancestral casa da família continue decrépita e abandonada? – ameaçou.
Os quadros se calaram e baixaram suas cabeças.
Sirius ficou quieto sobre como ele não moraria naquela casa nem que o pagassem, independentemente de como o tratassem.
- Que cheiro é esse? – questionou Remus.
- Pizza – respondeu Sirius feliz.
- Não é isso – fungou o lobisomem, indo em direção a cozinha.
- Bom... Monstro e nossa elfa também prepararam acompanhamentos, um prato de frios e uma salada de camarão que...
- Não é comida. É uma pessoa – interrompeu.
Lakroff sorriu satisfeito. Chegou a imaginar se Marvolo não se acovardaria com a ideia de ter um encontro daqueles, mas talvez Riddle, inteligente como era, tenha notado que Lakroff o estava testando de novo e decidiu fazer o que foi dito. Seja qual o motivo que o manteve ali, quando viraram para atravessar o portal da cozinha todos puderam ver, ao lado de Harrison, um homem alto, de cabelos negros, olhos castanhos e terno preto, injustamente bonito.
Os pelos do braço de Remus se arrepiaram quando a atenção do desconhecido foi para ele, Sirius sentiu-se estranho, provavelmente porque estava conseguindo sentir a magia do homem.
E era muito mais sombria do que estava acostumado a sentir em qualquer pessoa.
- Sirius, Remus – chamou Lakroff. – Deixem que eu vos apresente. Esse é Thomas Harris.
Tom encarou mortalmente Lakroff, apesar de ter tentado disfarçar um pouco, não conseguiu aguentar com aquele nome ridículo. Além de incrivelmente trouxa, Thomas era o maldito nome de seu avô trouxa (o que o loiro quase albino com certeza sabia) e Harris? Simplesmente um dos nomes mais populares do país. Quase um poço de mediocridade se também não fosse uma piada clara com o nome de Harry!
- Thomas me ajudou a criar Harrison – contou Lakroff ignorando a raiva no outro e sorrindo. – Sem ele... teria sido centenas de vezes mais difícil, sou muito grato por sua ajuda e achei que deveriam conhecê-lo.
Marvolo se acalmou um pouco com aquilo, mas ainda estava achando toda a coisa absurda demais. Com um suspiro interno ele se aproximou da dupla de sarnentos pensando qual melhor máscara a se usar naquela situação, mas sem conseguir pensar em nada, ainda mais considerando que sua mente não parava de apitar o perigo da situação (ele tinha acabado de descobrir que matara o tão amado irmão de Sirius, não tinha? Ele não devia estar ali!), decidiu manter os modos polidos. Afinal, sempre lhe serviram para falar com sangues puros, que eram pessoas prontas para criticar qualquer movimento seu, e também para interagir com pessoas em situações onde estava desconfortável e não queria demonstrar.
- É um prazer, Lorde Black, herdeiro Lupin – e curvou-se levemente. – Sinto muito já ter entrado em sua residência, sem a autorização explícita do lorde em pessoa, mas Harrison insistiu que eu viesse...
A voz do desconhecido, tanto Sirius quanto Remus pensaram, era desconcertante. Não era apenas a aparência perfeita, sua forma de andar, sua postura, mas também o som que saia pelos lábios era de se impressionar qualquer um.
O animago coçou a garganta e olhou para o namorado antes de se voltar para o visitante e estender a mão:
- É um prazer, senhor Harris. Não se preocupe, se Harrison o chamou, você é bem-vindo aqui. Ele é o futuro lorde, tem autorização para convidar quem desejar para a mansão.
- Obrigada pela gentileza, milorde.
- Venha nos ajudar a pôr a mesa, Thomas – disse Lakroff saindo da porta, correndo até o Riddle e o puxando na direção dos armários. Discretamente fez um feitiço para concertar o prato espatifado no chão por Tom mais cedo. – Sei que já comeu, mas espero que aceite meu convite para ao menos ficar.
- É indelicado ficar a mesa com outros comendo se não for se alimentar também – tentou fugir. – Eu preferiria deixar para outra oportunidade. Eu vim apenas verificar Harrison e...
- Tom – chamou Hazz firme. Todos se viraram para ele, que se aproximou do mais alto olhando-o diretamente nos olhos. – Por favor, fique – pediu.
Sirius e Remus assistiram a expressão totalmente neutra do homem quebrar momentaneamente, seus olhos brilharam em direção a Harry e ele hesitou antes de murmurar:
- Harrison, eu...
- Por favor – repetiu o menino e havia tanta necessidade em sua voz que abalou a percepção dos padrinhos àquela situação. – Eu quero que você fique.
Castanho e verde se encontraram de forma intensa e duradoura, parecia que os dois, mesmo sem mudar por um único segundo suas faces, estavam no meio de uma ferrenha conversa que só eles ouviam. A ligação era tão forte ali que era quase palpável.
Eles estavam no próprio mundo e podiam acessá-lo, só os dois.
Sirius e Remus entendiam isso, eles tinham isso. James também tinha. O grupo sempre foi capaz de se comunicar como se fossem um.
Então Thomas suavizou e ele fechou os olhos. Foi como se dezenas de muros caíssem por um segundo antes dele inspirar, voltar para a pose de antes e afirmar sem olhar para o adolescente:
- Se insiste tanto – dispensou como se nada fosse.
Mas era. Para Harrison ficou claro que era muito, pois ele se iluminou e se jogou contra o outro em um abraço.
Um abraço.
Sirius arregalou os olhos para isso. Mesmo Remus ficou muito surpreso.
Harrison não fugia de abraços?
Mas... parando para pensar agora, ele tinha o costume com Lakroff, não era?
Não... errado.
Ele retribuía, aceitava, mas não começava.
Thomas, entretanto, foi abraçado e bufou antes de retribuir o gesto e a forma como seu rosto se enterrou nos cabelos negros, como ambos pareceram se apertar o máximo que a educação permitia, mas ainda deixaram o tempo adequado passar alguns segundos deixou claro para todos que viam: Thomas era importante para Harrison.
E o menino para o homem.
As incertezas que Black estava tendo diante de um desconhecido sumiram instantaneamente, pois a forma que o afilhado e o homem pareciam confortáveis naquele gesto, duas pessoas obviamente bem frias e distantes, mas que se encaixavam um no outro, a forma carinhosa como os olhos de Thomas continuaram repousados no menino que não parecia nem um pouco ansioso para se afastar totalmente, provavam um afeto impossível de se negar.
- Obrigada – disse Hazz.
- As coisas que eu faço por você – sussurrou revirando os olhos e se afastando de vez.
- Tudo que eu pedir – brincou o menino.
- Au, au – latiu Lakroff, mas tossiu ao menos tempo para disfarçar.
Tom virou um tapa em sua direção, que foi prontamente evitado.
- Hazz, pegue as pizzas. Sirius, o que acha de vinho? Será que teria algum por aqui? – questionou Lakroff recolhendo algumas taças.
- Claro, deixe-me ver – disse já se dirigindo para o armário onde sabia que o pai guardava suas garrafas. Elas realemnte ainda estavam lá.
Tom foi puxado para ajudar com as caixas e Remus decidiu ajudar com os talheres. O lobisomem, entretanto, estava cauteloso. Tinha algo naquele homem que apitava seus sentidos, só não identificou o que ainda.
Fungou irritado (provavelmente precisaria de uma poção para resfriado depois daquela pegadinha), mas colocou uma expressão simpática no rosto quando Sirius começou a puxar conversa:
- Então Thomas, você é um amigo do Lakroff?
- Amigo? – Marvolo não conseguiu conter o questionamento e a forma ácida com que a palavra saiu.
O Mitrica riu e provocou:
- De acordo com Harrison, eu sou sua paixonite.
- Nem no inferno trouxa eu poderia achar criatura pior – ralhou.
- Soube que Lúcifer era o mais belo dos anjos – contou puxando uma das cadeiras e oferecendo o acento.
- Também foi aquele que nem Deus suportou e decidiu jogar fora – cruzou os braços.
- Quando eu era criança – interrompeu Harrison antes que a dupla voltasse a se atracar e se esquecessem dos demais na sala. – Eu não aparatei apenas para os Longbottons. Conheço Tom a quase tanto tempo quanto eles. Ele pode me corrigir se eu estiver errado, mas acho que ficou curioso sobre mim. Uma criança capaz de fazer aquela magia tão cedo, e me ofereceu comida várias vezes, me ajudou a me curar outras, assim por diante, então eu sempre voltava a perturbar sua paz, mesmo que fosse um tanto distante. Fomos nos entender realmente... acredito que em algum momento depois dos meus tios, quando estive no orfanato.
- Mesmo?
Sirius quis perguntar porque Harrison não colocou o homem nas memórias da penseira então, ou porque seu nome não aparecia em nenhuma das que vira.
Quase questionou também o porquê, se o homem estava ali a tanto tempo, ele não fez nada para ajudar Harrison. Mas conseguiu conter o impulso a tempo. Ainda mais quando sentiu uma coceira no peito e se lembrou do contrato mágico que o impedia de falar algo do gênero.
Mesmo sem ele, Sirius ainda tinha percebido que seria indelicado e errado. Mesmo os Longbottons estavam presentes e não puderam ajudar, já que Harrison era tão fechado. Com eles ainda havia outra criança por perto, então com homem adulto desconhecido de modos frios, como Hazz não evitava o tema?
Além disso, se Harris se importava mesmo, deveria se sentir tão culpado quanto Sirius, Remus ou qualquer outro por tudo, por não ter sido capaz de evitar. Jamais deveria jogar isso em sua consciência.
A parte de não o ter nas memórias, bem... haviam coisas que obviamente o Potter queria manter para si, talvez fosse uma questão da privacidade do próprio homem.
Tom, entretanto, com seus olhos bem treinados e instinto de manipulação, percebeu que aquele ponto deixou a dupla com o pé atrás. Sem ter certeza dos motivos que o fizeram ser sincero, tomou a cadeira que tinha sido oferecida e murmurou:
- Eu também sou órfão. – Sirius e Remus pararam o que estavam fazendo e o encaram surpresos. – Eu nunca fui muito de... interagir com pessoas. Não mais que o necessário. Eu era um órfão, filho de um casamento não aprovado, então praticamente um bastardo, além de mestiço, nem os trouxas do orfanato que fui parar com a morte da minha mãe, nem os bruxos em Hogwarts gostavam muito de mim. Eu aprendi a apreciar a solidão e o silêncio, aprendi a ser...
Ele olhou para Harry, que colocava um copo no lugar a sua frente (afinal Hazz sabia que não beberia vinho com os olhos, Lakroff nem Tom permitiriam. Principalmente Tom) então acrescentou:
- Sozinho. Só eu contra o mundo. Principalmente nos momentos difíceis. Então, um pouco depois do fim da guerra, simplesmente havia uma criança que caiu na minha vida. Uma que... bem... por algum motivo gostava de mim e tentava sempre conversar. Uma que nunca me olhou com o desprezo que eu estava acostumado a ser olhado. Pelo contrário. Eu não queria, mas... essa criança estava triste, me fazia lembrar de mim mesmo, e mesmo tentando ignorá-la, foi ficando cada instante mais difícil.
Harry sorriu e foi até o balcão onde estava uma jarra de suco.
- Eu mantive distância, porque... bem... vários motivos dos quais hoje posso me arrepender, mas que nada servem além de me martirizar. O importante é que eu não estava preparado emocionalmente para isso e fiquei no limite sempre. Fazia o mínimo, nem sempre ajudei da melhor forma, porque nunca entendia a mim mesmo e já tinha vivido demais, estava amargurado demais, para apreciar a bondade de uma simples criança.
- Mas ficou comigo, – acrescentou o adolescente – do seu jeito, sempre pude contar com você.
- Acabei me apegando. Quando Harrison foi para o orfanato... Foi o momento em que, sem que eu pudesse impedir minha própria mente, ele simplesmente entrou de vez na minha vida. Aprendeu sobre mim e comecei a me abrir também. Aceitar a aproximação como um todo. Falamos do meu passado em um orfanato durante uma guerra, como eu lidei com aquelas coisas e como minha magia acidental atrapalhava, mas sozinho dei um jeito de conviver com ela.
- Tom me ajudou a controlar melhor esse aspecto – comentou Hazz. – Ele era parte das cartas que recebia e sempre me ensinava muito. Tudo que eu quisesse saber. Me recomendava livros para pegar no beco diagonal se fosse, ou com os Longbottom.
- No fim, era agradável ter sua companhia – admitiu, levantando a mão até o rosto de Harrison, que estava passando ao seu lado para tomar seu lugar, e colocando um fio de cabelo rebelde para trás.
O fio caiu de novo exatamente no mesmo lugar e o homem mais velho riu divertido, bem baixinho, mas o som ainda era agradável o suficiente para que todos notassem.
- Cabelo Potter maluco – comentou com carinho.
- Desculpe, senhor cabelos perfeitos – brincou, mas inclinou a cabeça na direção do toque, que fez um carinho suave antes de dispensá-lo.
Ele se sentou sorridente em frente a Marvolo, à direita de Lakroff e esquerda de Sirius, na ponta. Este que se sentiu derreter com aquilo tudo aquilo.
Pensou que, afinal, pudesse ter se enganado em ao menos uma coisa sobre a vida de Harrison: ele conhecia muito mais do amor do que havia calculado. Os Longbottom, os Grindelwald e agora esse homem. Hazz teve sim pessoas para lhe estender a mão. Talvez só tivesse passado por coisas demais para saber lidar com a emoção, aceita-la facilmente, sem sentir que poderia se (ele tremeu quando a palavra veio à mente) queimar.
Mas aquele homem tinha conseguido quebrar aquela barreira, sem dúvidas.
Satisfeito e ansioso para saber mais, talvez receber a aprovação de alguém que obviamente a tinha de Harry, sentou-se pensando como poderia.
- Harrison lhe contou sobre Thomas? – perguntou Remus à Lakroff e percebeu que o único outro lugar posto à mesa era na segunda ponta, então seguiu para lá.
- Isso está certo? – questionou Sirius apontando para os acentos e tentando se lembrar de todas as aulas de modos à mesa.
Harry segurou o comentário sobre estar surpreso que o padrinho tivesse notado que haviam arrumado a mesa de acordo com as regras de etiqueta tradicionais.
- Do que está falando? – perguntou Lupin.
Sirius fez uma careta silenciosa enquanto mentalmente desenhava posições e lembrava cada exceção às regras, afinal aquela mesa estava cheia.
- Você é o cortejo do lorde da casa – explicou Harrison para o lobisomem, vendo que seu padrinho se encontrava concentrado demais para poder responder seu namorado.
- O que?
- O lorde senta numa ponta – explicou Tom, apontando de forma discreta para Sirius que acentuou sua careta (aquele homem até apontava de forma polida). – Sua parceira, ou parceiro nesse caso, senta-se na ponta à frente, quando há um número ímpar de "casais". Isso muda com casais pares, mas não importa muito agora. Estamos numa mesa só com homens, então o importante são os locais de honra. A sua direita sempre será o local de honra e deve ser preenchido pelo lorde de maior importância. A tradição pode mudar nesse ponto, entre colocar o parceiro do homenageado à sua frente ou não.
- Quando se quer um jantar comunicativo, o normal é que se evite deixar casais um de frente para o outro, para evitar conversas paralelas e juntar todos numa única conversação – explicou Hazz. – Nesse caso, a sua esquerda fica o segundo homem de maior importância. Ao lado de cada homem uma mulher e assim por diante, mas é só uma das formas de se organizar e nem é a mais comum.
- Ao lado do anfitrião, o lorde Black aqui – continuou Tom – sentam-se as mulheres de maior importância, nessa disposição a que estamos falando. Não é o caso, é claro. Então, devemos lembrar que apenas da regra absoluta que à direita dos anfitriões ficam os convidados de honra. Harrison é família, o herdeiro, ele não pode ocupa-los, a menos que seja seu aniversário ou um evento dedicado a ele, tornando-o a posição de honra. Por isso, preenchemos a direita do parceiro do lorde com o convidado de título mais elevado, Lakroff, como dita a regra. Depois, o único outro convidado ficou na direita do anfitrião, eu. Harrison poderia escolher sua posição, mas o mais adequado poderia ser em frente a Lakroff, como segundo homem mais importante em títulos.
- Isso é bem relativo. Entende que se eu tivesse uma acompanhante, na disposição que você indicou, sendo eu o próximo lorde mais importante e de frente para Lakroff então eu estaria oficializando você como a acompanhante do lorde Mitrica em frente a minha, né?
Tom estreitou os olhos para Harrison e quis muito jogar sua taça na cabeça de Lakroff quando ele riu:
- Considerando que estamos numa mesa onde todos os homens parecem se relacionar com outros homens, sua posição de agora, Harrison, também pode indicar Thomas como meu parceiro. Basta que você seja o consorte, não o lorde no seu relacionamento.
Uma luz se acendeu na cabeça de Sirius.
Ele já sabia que Harrison não parecia se importar com gênero na escolha de um parceiro, Lakroff se mostrou totalmente indiferente a quem seria o par desde que seu neto o amasse, mas (talvez por estarem na casa Black, tão tradicional e que tanto o julgavam, também por ser a "aberração gay vergonhosa") ouvir o tema ser tratado tão levianamente à mesa lhe deu uma sensação tão grande de felicidade repentina.
Ele estava mesmo numa refeição formal, onde o lugar a sua frente, da dama da casa, não precisava ser uma mulher, mas apenas seu companheiro e os demais não só respeitavam isso como... eram iguais?
Harrison não precisava ter medo de falar aquele tipo de coisa, assim como Sirius um dia teve. Ele podia ser o que quisesse e sabia disso. O máximo de debate seria decidir se queria ser o lorde ou o consorte? Isso era quase surreal.
Ali, com todos vestidos a caráter e em lugares... Sirius queria que toda a sociedade fosse assim.
E, por um segundo, ele olhou para Harrison com a sensação de que...
Bem...
E se fosse possível?
- Isso é ridículo! – reclamou Thomas, fazendo Sirius voltar para a realidade. – Eu teria que ser seu consorte nesse casamento hipotético absurdo!
- E você não seria? – questionou Lakroff.
- Claro que não! Além de tudo acha que eu me subjugaria a você?
- Subjugar? É disso que se trata? Se nos casássemos você ia preferir ser o lorde e manter o sobrenome do seu pai trouxa, à ser o consorte e pegar o meu? Tudo porque seu orgulho não permite que você não seja o líder do relacionamento, socialmente falando? – questionou franzindo o cenho. – Caramba, sua arrogância é maior do que seus daddy issues... e todo o resto – acrescentou baixinho.
- Escute aqui, eu...
- Tudo bem, Tomtom, eu não me importo de mudar de nome de novo. Pode ser o chefe da casa – sorriu com os dentes, os olhos azuis brilhando travessos para encerrar: - eu permito.
- Permite? – sibilou e o sorriso travesso do outro lado aumentou. – Harrison, muda de assunto antes que eu envenene seu avô!
- Sirius terá que ser o Lorde Black agora, em parte por minha causa, sinto por isso – comentou Harrison, fazendo o padrinho quase engasgar com sua taça e Remus cobrir a boca para conter a própria risada. – Mas é sua escolha agir dessa forma ou não. Na mansão Mitrica mantemos essas tradições, mas foi algo que meus irmãos mais velhos adotaram porque acharam que me ajudaria a me adaptar e nunca me sentir desconfortável entre bruxos importantes. Você não precisa assumir o papel completo, como participar das reuniões ou aceitar os convites dos outros lordes para festas e jantares, então isso tudo é bem inútil. Eu só...
- Não precisa se justificar – interrompeu Sirius. – Você é meu herdeiro. Futuro lorde da casa. É normal que queria manter alguma ordem nisso aqui e seria bom para mim recordar até certo ponto. Apesar de ser irônico fazer algo assim com pizza envolvida – e riu. – Eu preciso comer de garfo, imagino...
Harry se levantou e pegou um pedaço com a mão de uma das caixas. Queijo escorrendo, deu uma mordida nem um pouco decorosa enquanto sorria:
- Eu não conto que me servi antes de todos, se você não contar.
Sirius sorriu largamente e se esticou para pegar seu próprio pedaço. Remus e Lakroff foram em seguida.
- Harris. Não vai comer nada mesmo? – perguntou Sirius.
- Como o lorde Mitrica disse, já comi antes de vir. Realmente estou satisfeito. Eles que insistiram...
- Entendo, mas sinta-se à vontade.
- Fico grato pela hospitalidade.
- Então, nos contem, você e Harrison se conhecem antes mesmo dele estar com Lakroff. Como você descobriu sobre a nova família dele?
- De certa forma, Lakroff descobriu sobre Tom – contou Hazz.
- Mesmo?
- Desde o primeiro dia – respondeu o albino. – Eu notei que Harrison tinha modos muito adequados para um bruxo tradicional e, conforme conversávamos, descobri quem o ensinou essas coisas. Sem Thomas, tenham certeza que esse menino não teria metade da atitude nobre que estão vendo.
- É claro – reclamou Tom. – Se dependesse de você esse garoto não saberia nem a diferença entre os garfos adequados.
- Eu não me preocupo com isso, porque haveria de exigir dele?
- Você parece acreditar que só porque já está perto da data de validade pode agir porcamente em qualquer situação, se ela não lhe diverte. Você estava equilibrando um garfo como uma maldita criança no salão principal, pelo que Harrison disse.
- De certa forma você tem razão. Estou velho, não vou me preocupar em atingir expectativas sociais tolas e desnecessárias. Você deveria fazer o mesmo.
- Não são desnecessárias – revirou os olhos. – É uma questão de educação, impor respeito, mostrar uma boa imagem para garantir sua posição nos meios sociais elevados e a de Harrison...
- Eu não me importaria de me vestir com pijamas diante dos lordes no ponto em que estou da vida, então fique feliz que o mínimo estou fazendo por Harrison e a mania que você colocou nele de nobreza.
- Você parece acreditar que os únicos modos que precisava dar a Harrison eram tocar piano e reconhecer um livro com fontes adequadas – reclamou.
Sirius segurou sua risada quando percebeu que o foco da conversa, Harry, estava mascando um camarão enquanto sua cabeça ia de um para outro como em um jogo de ping pong, parecendo muito entretido. Remus também sorriu para isso e o fato obvio de que já era a segunda vez que os dois homens estavam discutindo.
E a forma como se olhavam e falavam ao discutir...
O casal nas pontas da mesa trocou olhares sugestivos.
- Quem precisa de mais coisas do que gosto musical e conhecimento sobre onde e como fazer suas pesquisas? – questionou Lakroff, mas consoante ao que falava, seus modos pareciam mais do que adequados, a taça de vinho segurada de forma perfeita, garfo e faca para comer sua pizza, um lenço sendo estendido no colo da forma mais polida.
- Qualquer futuro Lorde que queira ter valor na sociedade bruxa! – bufou Tom. – E caso tenha esquecido com essa sua mente quebrada, esse garoto agora é lorde de quatro casas, duas sendo algumas das mais velhas e importantes de toda a história bruxa europeia, e será de outras três, no mínimo, até o fim da vida. Se casar bem pode superar ainda mais o número. Ele precisava que alguém o ensinasse a se portar.
- Claro, porque eu queria que meu neto tivesse valor na alta sociedade, mais do que queria que ele aproveitasse a infância depois de tudo.
- Esse não é o ponto, eu venho ensinando essas coisas a anos. Já você é um molenga que deixava o garoto fazer o que desse na telha. Se tivesse tido a oportunidade, teria estragado Harrison por completo. Você literalmente deu autorização para que destruísse a casa sempre que quisesse e estivesse irritado! Isso lá é coisa que se faça?
- Crianças devem fazer o que quiserem. E eu podia consertar a casa depois.
- Você só não sabe impor limites, é um velho mimando o neto!
- Com muito orgulho!
- Se você não tivesse adotado uma criança com cérebro para me ajudar na educação de Harrison, as coisas teriam sido desastrosas seu gagá!
- Thomas gosta de mencionar minha idade, mas também não passa de um velho conservado no formol. – comentou para os outros e Tom revirou os olhos.
De forma educada e polida.
Parecia ser a única forma de agir que aquele homem tinha.
Sirius ia ter que pedir para que o ensinasse a fazer isso.
Adoraria poder revirar os olhos como um lorde. Parecer tão nojento como foi assistir a coisa. Regulus conseguia algo bem parecido, não era tão marcado como em Thomas, mas talvez fosse a idade. Sirius nunca conseguiu replicar só de olhar, afinal na maior parte das vezes que via era porque ele tinha bufado, então se irritava, batia na mesa e saia andando praguejando como a boa erva daninha que era no jardim de rosas Black.
- Ele é bem mal humorado e parece desgostar de todas as pessoas, não levem para o lado pessoal – continuou Lakroff.
- Eu "desgosto" de idiotas como você, apenas.
- Você acha que metade do mundo é composto de idiotas, Tommy.
- Eu estou avisando, se continuar me chamando assim vou cortar sua garganta.
- Por favor, use sua melhor faca – e soprou um beijo na direção do outro.
- Harrison – chamou Tom, de novo.
- Então, Moony – Harry puxou sorrindo abertamente e Sirius riu abertamente dessa vez. – Como foi a entrevista na Durmstrang?
- Fui contratado. Começo essa semana o treinamento – comentou bem humorado.
- Meus parabéns!
- Agora que pensei... pizza não parece adequado para comemorar algo assim... – Murmurou Lakroff.
- É adequado para mim – discordou Black, com um suspiro de satisfação. – Ela está divina.
- Eu disse que mais recheio compensava. Ainda é só uma versão improvisada, você vai amar ainda mais a versão brasileira.
- Nossos elfos fazem as vezes também, mas é mais interessante comer a dos trouxas – disse Harry. – Só não contem a eles. Acho que se dedicam tanto para fazer a coisa perfeita, que perde a essência, apenas.
- Onde está Monstro, a propósito? Você já o libertou? – perguntou Sirius.
- Não. E nem vou. Ele ficaria desolado. Não entenderia como algo bom. Ele gosta de trabalhar para a família Black, só não gosta de você.
Remus riu e Sirius lhe mostrou a língua.
- Justo. Não fiz nenhuma questão de que gostasse, é normal que não me tenha em bons olhos... Mas pela forma que falou, ele gostou de você, estou certo? – o menino acenou. – É claro que ele gostou, é você.
- E sua reunião?
- Bem... – O animago se remexeu desconfortável na cadeira e olhou para Remus, depois para Thomas e de novo para o namorado, incerto. – Foi interessante – respondeu por fim.
- O que foi?
- Sirius, meu caro – se intrometeu, Lakroff. – Se está na dúvida sobre falar qualquer coisa envolvendo Harrison na frente de Thomas, saiba que dificilmente existe uma única coisa no mundo que Harry não contará imediatamente à Tom. Nós lhe damos a liberação contratual também.
- Eu dou a liberação para tratar de qualquer tema protegido anteriormente por contrato na presença de Tom – afirmou o menino também.
- Se vocês dizem...
- Estou sendo sincero. Tom sabe tudo sobre Harrison. Quer ver o garoto tagarelar sobre si mesmo e não qualquer tema acadêmico? Esconda-se para que não percebam que está assistindo e os deixe sozinhos em um quarto. Podem ficar um total de vinte e quatro horas falando sem interrupção, sem nem perceber. Por telefone então? As contas em casa seriam astronômicas se não fossemos bruxos e não tivéssemos outras formas deles dois falarem – e sorriu para Marvolo enquanto dizia.
- Eu diria que são mais discursos quase unilaterais de Harrison, mas...
- Até parece. Você fala tanto quanto eu, se não mais.
- Calúnia.
- Cuidado, seu nariz vai crescer.
- Não caindo é lucro – murmurou Lakroff.
Harrison se sentiu muito idiota quando quase engasgou com a risada. Tom quis estar sentado de frente para Lakroff só para que tivesse como chutá-lo.
- Lorde Black, se o senhor estiver incomodado, entretanto, para tratar do tema comigo aqui, tenho certeza que todos entenderão seu ponto.
- Não, tudo bem. Se Harrison e Lakroff disseram que está tudo bem – ele suspirou, baixando o olhar para o prato onde deixou seu pedaço de pizza. – Harrisson, eu estava pensando... Você me libertou.
- Como?
- Da jura do meu pai, para a casa Slytherin.
- Sim. O que tem?
- Enquanto estava fora entendi uma coisa que não tinha antes e queria deixar claro uma coisa: nada mudou.
- Que quer dizer com isso?
- Eu. Meus sentimentos por você. Eu ainda o amo da mesma forma que lhe disse na última, mais do que posso explicar com palavras – Harry arregalou os olhos e Sirius riu quando se inclinou levemente para mais longe, fingindo ser para pegar alguns itens da salada de frios.
Levou sua atenção para Thomas, pelo canto dos olhos, só que este pareceu notar e manteve a face limpa, mas levantou uma sobrancelha confusa.
Se aquele homem dissesse que ama Harrison, o menino também fugiria instintivamente?
Aquele homem era do tipo que diria amar alguém? Parecia tão frio quanto qualquer outro lorde e se todos fossem como seu pai...
Não ser chamado de decepção já era alguma coisa.
Ser "o orgulho", como Reggie foi, seria o máximo.
Tinha que parar de pensar no irmão mais novo também, ou começaria a ficar muito emotivo.
- Eu posso não ser a melhor pessoa para ler os outros – continuou Sirius. – Mas você obviamente nunca vai querer que alguém seja forçado a estar do seu lado, você me libertou e eu imaginei se essa também não era uma forma de testar se eu ia continuar agindo da mesma forma. Sendo leal a você, como fui a seu pai. Eu nunca segui seu pai dessa forma, não era porque ele era um herdeiro de Slytherin, eu não fui atraído naturalmente, eu fui atraído por suas palavras, pela amizade que ele me ofereceu, eu o amava como meu irmão, não como... não sei, meu lorde? A forma que vejo que você pensa, talvez tenha o feito decidir testar essa conexão, me corrija se eu estiver errado.
Harry ficou calado. Tom ficou surpreso que o sarnento menor tivesse pensado nisso sozinho e imaginou se o sarnento maior não teria dito algo, mas... considerando como Lupin parecia entender menos que o Black sobre as juras e não sentiu o efeito de ser liberto, talvez ele não estivesse envolvido afinal.
Já era a segunda observação digna do homem em uma noite, talvez estivesse errado sobre o primogênito de Orion e Sirius não fosse um completo tolo.
- Eu ainda respeito o seu pai como dificilmente respeitarei alguém na vida da mesma forma. Ele ainda é meu irmão. Eu não era leal aos Potters pela jura dos Black, eu sei disso, eu sinto isso. Talvez ela poderia ser intensificada? Não sei, porque meus sentimentos por vocês continuam no máximo. Não tem como uma jura me fazer me importar mais, pois eu já estou no cem por cento. Harrison, eu ainda amo seu pai com a mesma força de antes e ainda desejo estar do seu lado como sempre desejei. Espero que confie nisso, porque sei que você não queria se sentir responsável por me forçar algo, mas se eu pudesse... – e sorriu travesso ao acrescentar. – Se você fosse um lorde das trevas...
- Ah, não! Não comecem!
Todos os adultos riram.
- Eu juraria para você – encerrou Sirius.
- Esse foi o mesmo raciocínio de tantos outros lordes. Pensei que você fosse contra.
- Bem... Eu não tenho herdeiros para jurar e o que sobrou da minha família bem que merecia estar presa a um Potter – sorriu travesso, seus olhos brilhando ao imaginar prender nem que minimamente Bellatrix a Harrison, então o sorriso se tornou um pouco sádico conforme a imagem ficava mais clara. Ele não sumiu enquanto acrescentava: – O que importa é: eu ainda sou o mesmo padfoot querendo conhecer o meu afilhado e faço questão de te ajudar em tudo que precisar.
Harrison ficou curioso com o que levou aquele sorriso torto ao rosto do padrinho, mas foi mais fácil retribuir o gesto daquela forma, então realmente mostrou sua satisfação ao dizer:
- Isso é bom.
- Dito isso... – e o animago olhou para Remus buscando confirmação.
- Eu e Sirius pensamos – Lupin continuou. – Você não precisa confirmar ou não, mas avaliamos suas últimas atitudes, o que disse sobre os outros herdeiros, seus títulos de lorde e afins, e chegamos a uma conclusão.
- Conclusão? – perguntou Harry.
- Podemos ser úteis – soltou Sirius.
- Como é?
Lakroff e Tom também reagiram àquilo, o loiro até baixando a taça para prestar mais atenção.
- Você não precisa nos dizer o que afinal está pensando – continuou Remus. – Não agora. Você obviamente ainda precisa de tempo para poder confiar em nós em seus planos, mas você tem planos. Sabemos disso, não somos tolos. A questão é que, seja quais sejam seus objetivos, queremos que esteva ciente que estamos aqui para ajudar no que precisar, para você pedir o que precisar. Nós vamos atender e até podemos prometer evitar questionar, o importante é que queremos que você se sinta à vontade para nos incluir e pedir o que achar que pudermos ser úteis. Por exemplo...
- O quadro do Phineas Nigellus Black em Hogwarts – contou Sirius.
- O que tem esse quadro?
- Durante a reunião eu prestei bastante atenção onde ele estava na parede. Aconteceu muita coisa na reunião em si e depois dela também, posso te contar tudo ou te dar as memórias, mas enfim. Quando eu tive uma boa oportunidade coloquei uns feitiços de não me note e camuflagem, tem um ótimo que me faz parecer exatamente como as paredes do castelo de Hogwarts, Argo já passou reto por mim uma vez e estava me procurando, são bem úteis e alguns foram feitos por seu pai e por nós, então são poucos que consegue percebê-los. Enfim. Eu peguei uma vassoura e fui até o lado oposto na torre onde está o quadro e entalhei uma runa. Cobri com terra, para ficar menos perceptível ainda, mas ela continua funcionando, precisariam tirar o tijolo agora para desfazer, ou quebra-lo.
- Que runa?
- Eu posso pegar o livro, Mons... Esqueça, deixe que eu pego, não vou saber explicar perfeitamente – e se levantou, correndo até a biblioteca antes que qualquer um pudesse dizer algo.
Todos ouviram o barulho de passos pela casa de madeira velha e um Walburga Black gritando de forma contida (para seus padrões): "Seus modos! Você é o lorde e está com duas visitas!"
- Ele poderia ter desenhado a runa para nós – murmurou Tom se segurando muito para não deixar seu rosto formar algo semelhante a nojo. Tolice sempre foi algo que o incomodava – Era só transfigurar papel e uma pena.
Harry riu. Decididamente, devia estar para nascer uma runa que justamente seus dois tutores, Riddle e Grindelwald, não pudessem reconhecer, ambos eram ótimos na matéria. Então riu mais um pouco porque até então, era tão natural que nunca tinha notado o absurdo da situação.
Ele foi treinado por um Riddle e um Grindelwald.
Merda, não era a toa que havia a piada do Lorde das Trevas.
Mesmo assim ele estava feliz que Sirius evitou chamar Monstro para algo que era perfeitamente capaz de fazer sozinho.
Não demorou muito para o lorde voltar a fazer barulhos de passos apressados e para todos ouvirem mais gritos de Walbruga sobre "modos diante de visitas importantes" o que tirou a terceira onda de risadas de Harrison.
Realmente teve que colocar a cabeça na mesa e cobri-la com os braços para tentar conter sua crise nessa. Ao menos, dessa vez nem Tom aguentou e se juntou a ele.
Tom Marvolo Riddle devia estar oficialmente na lista de convidados importantes e a mulher ainda estava se contendo muito bem em sua histeria considerando tudo.
Imagine a confusão que não devia estar a cabeça daquele quadro? Primeiro o herdeiro de Gellert Grindelwald em pessoa aparece, com a exata cara de seu pai, e se revela parente de Harrison. O futuro lorde Black. Um herdeiro do legado de dois lordes das trevas.
Os nervos dela já estavam no máximo, então, como se nada fosse: Voldemort simplesmente aparece correndo pelas escadas (como uma criança ou um adolescente) em uma titude que, decididamente, nunca deve ter demonstrado diante da antiga colega de escola ou qualquer um, mas ainda com a aparência de quando era muito mais jovem e perseguindo Grindelwald.
Walburga teria imaginado que Voldemort, no fim, teve herdeiros? O vulto que viu seria um filho assim como Lakroff era. Esse seria sua linha de pensamento?
Ou ela teria se confundido tanto que nem sabia mais o que pensar?
Harrison apenas apareceu irritado um pouco depois e deixou claro que era para ela ficar quieta sobre ter reconhecido o homem de antes, que não queria um piu sobre o assunto, nem com nenhuma das outras pinturas da casa, que o infeliz que teve a "sorte" de saber quem era o homem de antes seria queimado, mas Walburga seria livrada desse destino desde que entendesse a importância do silêncio absoluto ali.
Diante de tudo, ela deveria entender. A antiga Lady Black apenas concordou com a cabeça desesperadamente e seus lábios não se moveram mais.
Sem dúvidas, se fosse verificar e tivesse fumaça saindo de sua cabeça Harrison não estranharia.
Marvolo estava conseguindo prestar atenção na cabeça de Harrison o suficiente agora para ver a cena e se sentiu pessoalmente realizado por ter feito aquilo com Walburga. A mulher o irritava desde Hogwarts, um ano mais velha e uma herdeira Black, praticamente já jurada ao lorde da casa (que ainda nem tinha idade para estar em Hogwarts no começo) e futura Lady. Claro que ela desprezava Riddle o tanto que podia antes dele subjugá-la.
Quando ouviu sobre Orion, Tom tinha ficado com dó da pobre alma que teria que aturar aquela mulher (prima, ainda por cima!), mas no momento que conheceu o futuro Lorde Black, achou que merecia a bruaca.
Orion era três vezes mais irritante desde o primeiro ano. Uma peste nojenta e arrogante!
Atrapalhou muito seus últimos passos para se tornar o líder da Sonserina.
Se não fosse a família de Harrison de alguma forma, Tom se sentiria feliz se todos sofressem pela dor de cabeça que tinham costume de causar. Harry, entretanto, pareceu ler esse pensamento (talvez tivesse, ele também teria acesso a mente do Riddle mesmo estando "fora" de seu corpo? Como aquilo devia estar funcionando?) e mostrou a língua para Marvolo.
"Nós Black seremos sua perdição para sempre, Tom" pensou encarando diretamente os olhos do companheiro, querendo que a frase lhe chegasse.
"Tudo que divide sangue com você parece seguir a regra" acrescentou da mesma forma.
Funcionou, pois Harrison respondeu:
"Engraçado como você também tem meu sangue".
"O que está insinuando com isso?"
"Nada, só que seus planos sempre foram muito sagazes, com certeza" ironizou juntando as mãos com os cotovelos na mesa e repousando a cabeça sorridente por cima.
- Seu pirr...
Sirius entrou na cozinha folheando o livro, o que interrompeu a interação. Remus a reservou na mente.
O animago parecia muito satisfeito que tivesse conseguido, não só lembrar da runa, mas do livro que lera a décadas atrás.
- Aqui – murmurou se sentando e estendendo com uma página aberta. Lakroff e Tom, ao mesmo tempo, esticaram a mão para pegar, mas a pararam centímetros antes de tocar ao perceberem o outro.
Grindelwald levantou uma única sobrancelha e deu um sorriso de canto de lábios, Riddle levantou ambas de forma bem mais discreta e polida, mas manteve um olhar de nojo, superioridade e desafio bem marcados.
Ambos ficaram, pelo menos, três segundos nisso antes do loiro murmurar:
- Fique à vontade, Tommy.
- Vou jogar na sua cabeça – ameaçou, mas mesmo assim pegou.
- Dessa vez tente acertar, o prato passou longe.
- É para evitar quebrar ainda mais essa sua cara torta.
- Eu diria que tem outra coisa torta para te apresentar, mas o meu não é...
Sirius arregalou os olhos e a boca, dando uma risada alta que mais parecia um ganso grasnando, Remus engasgou enquanto seu corpo se sacudia para conter a própria e olhou para Harrison que cobriu os ouvidos, mas estava rindo muito quando disse:
- Essa já é a segunda imagem mental desnecessária que você poderia ter me dado hoje! Ainda bem que minha mente não é tão imaginativa e não consigo visualizar se não focar para isso.
- Só a segunda? Estou respeitando o limite de idade permitida então. Não acha Thomas?
Todo o grupo olhou para o homem.
Então explodiram em risadas.
A expressão de Tom, que permaneceu a mesma o tempo todo, de repente se contorceu em uma careta irritada de olhos fechados, que levou a mão ao rosto para reclamar:
- Você não pode ter falado algo desse calão, à mesa!
Aquilo deixou claro que o homem fora o último a entender a piada suja e Sirius sabia que não era maduro para aguentar a inocência de um adulto, virou-se de lado na cadeira e curvou o copo para quase de baixo da mesa, enquanto gargalhava abertamente junto de Harrison deitado com a cabeça na madeira, Remus também foi incapaz e segurava a barriga com uma mão e a boca com outra.
Quer dizer, Harrison, que era o mais novo, pegou de primeira. Será que eles que eram os estranhos "indecorosos" ou sei lá? Os Marotos que, decididamente, fariam comentários como aqueles entre os amigos, na mesa ou em qualquer lugar? Como não teria sido a educação do Harris para que a implicação não estivesse clara como água?
Lakroff foi o único que tentou se manter em silêncio. Fechara os olhos e inspirava fundo para se conter, porque se risse, ele sabia que teria um Voldemort oficialmente pronto para saltar aquela mesa de novo e mata-lo.
- Certo... – murmurou Hazz inspirando fundo. – Não quero ouvir meus avôs dando tantos detalhes sobre...
- Seus avôs? – interrompeu Tom.
O adolescente sorriu para ele:
- Do que estávamos falando antes mesmo? A sim, a runa. O que acha dela, Tom?
- Você vai se ver comigo depois, pirralho – mas congelou momentaneamente ao perceber que chamara o menino de pirralho na frente daquelas pessoas.
Não precisou se preocupar, entretanto. Ninguém pareceu incomodado.
Por isso, baixou os olhos para a página e deu uma rápida lida, não precisou de mais que isso para reconhecer. Encarou Sirius muito surpreso:
- Você tem certeza de que colocou isso no exato ponto onde está o quadro? – sua voz era totalmente polida, a postura perfeitamente ereta, tão objetivo que era Sirius se viu retirando os cotovelos da mesa, como se sua mãe tivesse acabado de gritar que estava envergonhando o título na frente de uma visita adequada.
- Tenho.
- Essa runa é ideal, lorde Black. Foi um raciocínio muito adequado, realmente...
- O que é? – questionou Harry, ainda aproveitando sua pizza.
- Essa runa impede que um quadro possa se comunicar com outro que possua a mesma runa, a menos que quem a colocou dê autorização com seu sangue. Um não pode se dirigir até a moldura do outro. Claro, eles ainda podem se encontrar em outras molduras, mas se trancarmos o quadro desta casa a sua própria, então Phineas Black não poderá passar nada a Dumbledore do que foi conversado aqui. Nem a ninguém.
- A runa para trancar nossa versão aqui na casa está na página 32, se não me falha a memória – acrescentou Sirius.
Tom folheou até chegar no número 32.
- Exatamente – sussurrou contento seu tom impressionado. – É, decididamente, um conhecimento raro e sombrio, não me estranha que tenha um exemplar de algo do tipo na biblioteca Black, mas que você saiba, Black... – então percebeu seu deslize e pigarreou: - Quer dizer, soube que o senhor nunca foi muito ligado à arte da família...
- Não sou. Mas usei a runa da trinta e dois para trancafiar o quadro de uma das minhas tias uma vez, minha mãe ficou tão brava quando descobriu que, depois do castigo físico, me fez copiar esse livro dez vezes inteiro em inglês. Depois mais cinco em francês, o que foi bem mais demorado, já que tive que traduzir. Mas foi útil sabe? Eu decorei quase tudo aí então sei muitos feitiços, runas, rituais, enfermarias e encantamentos que funcionam em quadros. Usava-os nos de Hogwarts também, para descobrir as passagens para fazer o mapa... Ah, desculpe, vocês não sabem, mas...
- Sobre o mapa do maroto? – questionou Tom.
Sirius e Remus arregalaram os olhos.
- Como você sabe sobre isso?
- Está comigo – contou Harry, bebendo um grande gole do suco, muito satisfeito que Lala e Monstro fizeram e não trouxeram apenas algum pré-pronto que tinha qualquer sabor, menos o real da fruta.
Lala de certo avisou sobre o gosto pessoal de Hazz.
Um silêncio longo se fez na cozinha antes do adolescente perceber.
- Que foi?
A pergunta fez o casal voltar a reagir. Sirius sussurrou, cheio de alguma emoção, que Harrison não teve certeza qual:
- O mapa está com você?
- Estava com os gêmeos Weasley. Mas eu lhes contei que era do meu pai e imediatamente me deram.
- Como você sabia que era do seu pai? – questionou Remus e Tom não deixou de notar que ele era a pessoa na dupla que notava esses detalhes mais incongruentes.
Não seria só com o cheiro que Marvolo tinha que se preocupar, mas com a mente aguçada do lobisomem.
- Eu sou um Grindelwald.
- O que tem?
Hazz suspirou. Pensou por um momento sobre como tratar aquilo e tomou sua decisão.
- Meu pai... quando começou a aprender artes das trevas com o Gellert Grindelwald, quando passou a olhar os livros da biblioteca Mitrica, Gellert sugeriu um diário. Manter em um único lugar suas anotações, duvidas, e principalmente emoções. Ele deveria ler com frequência, assim poderia relembrar linhas de raciocínio por onde passou, entender quais suas dúvidas mais comuns, onde apresentava dificuldades para treinar, como tinha evoluído e como precisou agir para melhorar, mas principalmente se entender. Entender suas emoções e as variações dela. Perceber se a magia sombria o estava afetando com o treinamento intensivo que estava fazendo. O diário deveria ser o lugar onde fosse mais sincero consigo mesmo, não deveria esconder nada, em especial as inseguranças. Olhar para si mesmo no passado, para perceber, no presente, o que já tinha sido resolvido e o que ainda tinha que.
Harrison pensou no que ele próprio mantinha. Magicamente encantado com folhas quase infinitas. Enquanto continuasse escrevendo, continuaria a ter folhas, mas seu tamanho não mudava. Ele ganhava cores de folhas diferentes por ano e abrir no ano fazia as demais sumirem, só as daquele ano e uma de cada cor nos lados para poder acessar se quisesse.
Ele tinha vergonha de algumas anotações lá, mas era útil.
- Meu pai deixou um, só um, na mansão Mitrica que eu achei. Mas era um apenas de pesquisa. Com feitiços que tinha aprendido e que poderia adaptar para fazer novos, ideias que teve e que procuraria algo na biblioteca para descobrir se seria possível fazer um feitiço totalmente novo, mas eu sabia que haviam outros porque ainda haviam frases sobre seus sentimentos as vezes, mas era raro. O que não deveria ser, a intensão principal era perceber qualquer variação grave de humor. No banco, quando decidi entrar no cofre, foi para isso. Eu queria ver se tinham outros diários no principal, já que eu só tinha acesso a parte dos herdeiros antes. Não importa muito agora – dispensou com um aceno de mão como espantasse uma mosca. – James mencionou o mapa do maroto em algumas das páginas e quando fui para Hogwarts pensei em achar.
"Neville já tinha visto o mapa, uma vez com os gêmeos. Estávamos conversando por cartas sobre Sirius Black a alguns meses ano passado, eu lhe contei o que sabia sobre os três melhores amigos do meu pai e porque você tinha sido preso. Ele ficou com tanta pena de Pedro, na época, que não deve ter esquecido o nome. Então... não lembro o que ele foi fazer numa madrugada para o lado de fora e os gêmeos apareceram para ajuda-lo a não ser pego. Só que, quando lhe mostraram o mapa, ele viu o nome lá e ficou desesperado. Foi quando o resto foi acontecendo...
Remus se lembrava bem da época.
Numa madrugada tranquila Severo de repente lhe chamou pela lareira, ele estava para ir dormir, aproveitar uma noite de lua minguante tranquila, mas teve que ir atender. O homem o estava ajudando com as poções mata-lobo, não podia irritá-lo. Lá foi.
Quando atravessou para verificar o que o colega desejava, se deparou não apenas com o morcego ralhando, mas também os gêmeos Weasley sorrindo e acenando, e um Neville Longbottom apavorado e horrorizado.
"Eu o chamei" Snape tinha dito na época, o rosto contorcido de fúria ao seguir para sua escrivaninha esvoaçando a capa atrás consigo daquela forma cômica que Remus preferia não comentar. "Acabei de pedir ao Weasley..."
"Qual de nós?" perguntou um dos garotos.
"Gred?"
"Ou o Forge?" e um apontou para o outro ao mesmo tempo.
"Seria injusto punir ambos" disseram em harmonia.
"Ambos estavam envolvidos!" irritou-se Severo.
"Mas só um carregava a coisa que te chamou de grandessíssimo idiota".
"Eu lá tenho culpa pelo que meu irmão chama um professor?" disseram ambos cruzando os braços da exata mesma forma.
"Eu acho errado Fred" disse o que, talvez, poderia ser George e a cabeça de Remus deu um nó. De certo eles passavam tanto tempo juntos que até o cheiro era muito parecido.
"Menos cem pontos da Grifinória, querem continuar?" ameaçou Snape a cada instante mais vermelho de fúria.
"Se for continuar vai ter que chamar nossa chefe de casa ou irá está indo contra as regras da escola" disse o outro.
"Só a chefe de uma casa pode tirar mais de cento e cinquenta pontos sem autorização do diretor" acrescentou aquele que Remus ainda o estava chamando mentalmente de George (o com a língua mais afiada, sem dúvida) "E como imaginamos que queira tirar alguns de Neville ainda hoje, melhor controlar seus impulsos ou usar a lareira novamente".
O Lupin se segurou para não rir ou cobrir o rosto.
Aqueles dois pareciam tanto com James e Sirius que seus instintos de chama-los de idiotas inconsequentes estavam apitando.
Snape fez um barulho irritado e se virou para Remus:
"Eu mandei que esvaziassem os bolsos. E um deles trazia isto com ele" e apontou para o pergaminho, em que as palavras dos Srs. Aluado, Rabicho, Almofadinhas e Pontas ainda brilhavam.
Lupin quis sumir.
O morcego deve ter tentado usar o mapa e as proteções que os marotos colocaram no artefato fizeram Moony, Padfoot, Prong e Wormtail se personificarem para irritar seu alvo como estava programado.
O pior é que Severo deve ter dito seu nome.
E sua função.
Os quatro foram fatais:
"O Sr. Aluado apresenta seus cumprimentos ao Prof. Snape e pede que ele não meta seu nariz anormalmente grande no que não é de sua conta". Ele tinha que ter sido o maldito primeiro?! É claro que tinha! De certo sua versão no mapa quis vencer Prongs nisso, sendo o primeiro a acabar com o ranhoso que o amigo tanto odiava.
Fortalecendo a teoria, James era imediatamente o segundo:
"O Sr. Pontas concorda com o Sr. Aluado e gostaria de acrescentar que o Prof. Snape é um safado mal acabado". Sempre algo infantil. Ele tinha raiva de Severo desde que ouvira ele chamando Lily de sangue ruim pelas costas. Tentava provar a anos para ela que seu amigo era um "falso, flor que não se cheira", seus insultos para a maioria das pessoas eram bem melhores, mas se tratando do morcego que lhe dava tanto ciúmes, ele ficava bem infantil.
"O Sr. Almofadinhas gostaria de deixar registrado o seu espanto de que um idiota desse calibre tenha chegado a professor". O maldito do Sirius não podia perder essa, não é?
"O Sr. Rabicho deseja ao Prof. Snape um bom dia e aconselha a esse seboso que lave os cabelos".
Para piorar, no presente, duas reencarnações ruivas de maratos diziam:
"É só uma folha de papel encantada que compramos! Ela vai escrever o que a pessoa que tentar ler mais se irritaria em ver! Claro, as vezes ela acerta mais do que esperávamos e ofende o alvo com comentários que levam para o pessoal" disse o George de Remus (que, vejam só, era o verdadeiro George, ele descobriu depois).
"Mas imagino que o senhor, professor, não se ofenderia com algo tão pequeno quanto um comentário sobre nariz vindo de um pergaminho de pegadinhas" encerrou o outro com um sorriso travesso e apoiando-se no ombro do irmão.
Bem na hora, Ronald irrompeu pela sala. Estava completamente sem fôlego e parou diante da escrivaninha de Snape, a mão apertando o peito, tentando falar.
– Eu... dei... isso... a... George – disse sufocado. – Comprei... na Zonko's... há... séculos...
- Deu a Fred, você ainda se diz nosso irmão? – perguntaram os dois ao mesmo tempo.
– Bem! – disse Lupin batendo palmas e olhando à sua volta animado. – Isso parece esclarecer tudo! Severo, vou devolver isto, posso? – Ele dobrou o mapa e o guardou nas vestes. – Weasleys, Longbottom, venham comigo, preciso dar uma palavra sobre a redação dos vampiros, você nos dá licença, Severo...
Naquela noite, ele gritou com os três sobre o perigo que era, independentemente de como obtiveram o mapa da sala do Sr. Filch, não terem entregado a alguém responsável. Especialmente depois do que aconteceu na última vez em que um aluno deixou uma informação sobre o castelo largada por aí (um aluno da Grifinória anotou as senhas e as perdeu, Colin Creevey e Sirius Black entrara na comunal). Mas então tudo mudou. Neville disse que estava quebrado, Remus alegou que era impossível e, enquanto os gêmeos argumentavam que Neville deveria ter lido o nome errado, ele contou sobre Pedro Pettigrew.
Remus o procurou pelo pergaminho por dias e o encontrou alguns meses depois junto de Neville, Hermione e Ron. Quando foi verificar, eles já o haviam capturado e estavam a caminho do escritório de Dumbledore.
"Vamos provar a inocência de Sirius Black!" explicou o Longbottom animadamente.
Remus devolveu algumas semanas depois aos gêmeos. Pensando que o mapa ficaria feliz com eles.
George o encarou por um longo minuto enquanto Fred comemorava. Parecia ter entendido algo, mas não disse nada além de um agradecimento antes de ir embora.
- Neville me contou que você foi o primeiro a acreditar na minha inocência – contou Sirius no presente para Harrison. – Obrigada.
- Não me agradeça – suspirou. – Eu fiz o mínimo. Indiquei como achar o rato, como usar um feitiço para que não pudesse trocar de forma, como fortalecer uma jaula, apenas por garantia e mandei que fosse diretamente para Dumbledore com perebas e que exigisse a presença de um auror imediatamente para não correr qualquer risco de perder o traidor. O resto foi com ele.
- Isso já é muito – sussurrou Sirius de cabeça baixa. – Mais que a maio... – se interrompeu, quase dando um pulinho na cadeira. – Nada, desculpem...
Um silêncio se manteve por alguns segundos enquanto Sirius e Remus evitavam se encarar. Tom continuava folheando o livro feliz que pudesse ter um em mãos, obviamente ignorando os demais.
O merda do Orion limitava em muito os exemplares que emprestava. Alegava que haviam proteções de sangue e Marvolo não tinha tanto como provar se era isso mesmo ou não. Ele também não tinha tanto tempo para olhar a biblioteca de cada lorde que o seguia e a dos Malfoy era bem maior, então não se incomodou tanto.
- Vocês não se perdoaram? – perguntou Hazz de repente.
- Como?
- Você, Sirius, não perdoou Remus?
- Claro!
- Remus, você perdoou Sirius?
- Claro, mal tem do que perdoar!
- Claro que tem! – interrompeu o Black irritado. – Só porque todos te tratam como criatura você não pode deixar de se ofender quando fazemos o mesmo e te atingimos! É como Harrison disse sobre Monstro ou eu. Só porque estamos acostumados a merda, só porque é nossa única realidade, não podemos nos manter nela, nem aceitar quando as pessoas nos colocam.
- Sirius – murmurou Lupin. – Eu te perdoo. Eu juro. E não é porque estou acostumado, eu só te perdoei mesmo.
- Então, porque evitar o assunto? – perguntou Harry. – Vocês não evitam o nome de Voldemort – Remus e Sirius instintivamente olharam para a única pessoa na sala que ainda não sabiam como reagiria ao nome, Thomas levantou os olhos por meio segundo, percebendo as atenções em si, mas logo voltou para o livro despreocupadamente. – Por quê? Evitar um nome só faz aumentar o medo da própria coisa. Evitar o assunto fará o mesmo. Vai torna-lo tabu e, portanto, um peso, um elefante na sala. Se vocês se perdoaram não há porque evitar.
- Eu concordo... Bem, obrigada pelo que fez Harrison, já foi bem mais do que a maioria ofereceu.
- Eu não agradeceria totalmente. Pensei seriamente se te queria soltou ou não porque ainda estava bravo de ter me deixado com meus tios – então sorriu com a reação incômoda dos padrinhos. – Mas eu te perdoo, por isso falei.
Todos os adultos acabaram dando sorrisinhos para aquilo.
- Enfim. O mapa do maroto. Está comigo. É um artefato incrível, realmente impressionante. Vocês devem ter levado muito tempo para fazer e fiquei um tanto surpreso quando peguei. Eu já imaginava, pelas descrições no diário do meu pai, mas na minha mão ficou mais óbvio. Sirius, você que deu a ideia também dos feitiços?
- Eu? Dos feitiços do mapa? Não, eu seria uma peso morto na parte teórica da magia. Foram Remus e James sozinhos, como sempre.
- Remus? – Harrison franziu o cenho e olhou para o loiro que arregalou os olhos.
- Ele que sempre ajudava James a terminar os feitiços. Eu não era tão bom. Sabia essas coisas de quadros apenas, o resto dos meus conhecimentos sobre livros e magias vinham de Hogwarts, mal prestava atenção nas aulas dos meus pais, isso quando ia. Mesmo que tivesse – riu. – Eu só teria conhecimentos das trevas com eles. – Harrison foi de Padfoot para Moony com o olhar enquanto tomava outro gole de suco. Moony parecia estar perdendo a cor. – E eu também não tinha um histórico de prestar atenção em aulas no geral, ou ir para biblioteca. Que dirá na de casa. James tinha as ideias e Remus ajudava a terminar. Os dois viviam entre livros quando tínhamos um plano novo. James trazia alguns da casa dele nas férias também. Eu, por outro lado, só executava o que me diziam. Usei algumas das runas para convencer os quadros de me passarem a localização de passagens secretas e depois ficarem quietos sobre isso com o diretor.
- A é? – questionou o adolescente com um conhecimento de causa. – Eu achava que Remus seria o quarto princi... maroto – se corrigiu, olhando diretamente para o lobisomem.
- Quarto? Não. Todos trabalhávamos juntos, mas Remus era a segunda cabeça do grupo, se não a primeira as vezes. Nos livrava da maioria das consequências quando éramos pegos.
- Livrava das consequências é? Que interessante... – murmurou, o sorriso aumentando e Remus riu de nervoso, com a mão na testa.
Ele foi descoberto.
Mas de todas as pessoas, Harrison não o julgaria por ter feito sua cota de artes das trevas a mando de James, não é? Decididamente não, pela forma como estava sendo olhado agora, quase como uma criança que descobre um doce novo muito bom.
Uma luz se acendeu na cabeça de Remus sobre aquilo.
- Harrison – chamou.
- Sim?
- Você disse que o diário que você tem de seu pai é de feitiços e ideias inacabadas, correto?
- Sim.
- Você tentou acabar alguma?
- Uns dois apenas. Estou trabalhando nisso. Nem todos os livros que ele lia eu sou autorizado... – e encarou o avô irritado.
- Que foi? – perguntou Lakroff. – Seu pai estava em guerra, você deve seguir o fluxo natural e adequado para não sofrer com consequências.
- Eu posso tentar – ofereceu Remus.
- O que?
E todos se viraram para ele.
Mas a coragem Grifinória e a empolgação por ter visto algo que poderia ser útil falaram bem mais alto que a vergonha que normalmente teria.
- Eu sei como James pensa. Esses diários, imagino que ler seria o mesmo que ler as anotações que me passava na escola quando estávamos estudando algum tema. A única diferença é que estamos falando de artes das trevas – Harrison tossiu e Remus sorriu mais. – Mas eu estou na Durmstrang agora e vou estar aprendendo a coisa. Também sou um lobisomem, Lakroff mesmo disse que não preciso me preocupar tanto com as outras pessoas com a velocidade que avanço, então imagino que eu estaria autorizado a pegar os livros que James acessou... – e olhou para o lorde Mitrica.
- Sim, eu não teria problemas em emprestá-los.
- Eu posso terminar alguns para você. Eu entendia seu pai, como os raciocínios dele funcionavam, esse era eu no grupo, aquele que dava o ponto final. Terminava as pesquisas e fazia os feitiços. James me dava a ideia, a base e os recursos. Eu posso ser útil e terminar os que forem possíveis e também podem me servir para meus próprios estudos. James teve que aprender rápido, em menos de um ano para te proteger, eu também preciso.
- Bem...
- Claro, podemos tirar cópias mágicas dos originais, assim estes podem continuar com você. E posso usar a biblioteca Black também, além da Mitrica/Grindelwald. Tenho certeza de que posso tirar o suficiente de tudo isso.
- Imagino que possa mesmo... – murmurou, então fechou os olhos, levantando a cabeça.
- Harrison? – questionou Tom cautelosamente.
O menino soprou ar e tornou a baixar a cabeça. Quando abriu as pálpebras, todos os adultos sentiram ao menos uma das partes do corpo se arrepiar. Marvolo ainda levantou o rosto de volta.
Os olhos verdes brilharam, a exata cor da maldição da morte, seu rosto ficou frio e duro, quando se arrumou na cadeira, suas duas mãos repousadas juntas na mesa.
O som de sua voz atingiu aquele nível assustador. O tom sombrio, gélido e intenso, carregado e que sufocava como estar a mercê no espaço. Apertando a mente, o corpo gritando sem poder ser ouvido, sendo arremessado na imensidão sem fim, congelando o vidro, a promessa de vazio infinito.
Ou morte certa.
Agora, parecia mais vazio mesmo quando disse:
- E como Sirius pode ser útil?
- Como?
- Já é a segunda vez que usam essa palavra. Podemos ir direto ao ponto, não é? Vocês disseram que podem me ser úteis e que não preciso dizer os porquês de meus pedidos. Eu posso querer e vocês vão atender, sem questionar. Foi isso o que disse, não foi Remus?
Remus tremeu quando a atenção foi direcionada a si, mas concordou.
- Tom...
- Sim? – a expressão do homem também estava bem mais séria.
- A runa?
- É ideal para que o que aconteceu hoje não chegue a ouvidos curiosos, sem dúvida. Se tiver sido feita de acordo, só precisamos terminar o processo aqui e sua identidade como herdeiro Grindelwald continua em completo sigilo.
- Muito útil, não? – e olhou para Sirius que recuou levemente. A tensão na sala estava palpável, seus movimentos eram lentos e bem macados. – Você tem mais alguma coisa?
- Eu...
- Antes de responder – interrompeu e o animago se viu engolindo em seco.
[N/A: Aqui haverão leves spoilers de Animais Fantásticos e os segredos de Dumbledore. Nada que não poderia ser deduzido vendo os trailers e acontece nos primeiros vinte minutos de filme, mas deixo avisado].
- Uma outra pergunta, para vocês dois, Moony e Padfoot – os apelidos pareceram maldições saindo pelos lábios do Potter, sussurradas de forma quase sibilante, quase como uma cobra. – Em uma situação hipotética, onde eu... vejamos... mandasse uma mensagem a vocês. Por algum motivo, não pude estar presente pessoalmente então mando, não sei, Thomas. Ele lhes diz que estou bolando uma forma de enganar Voldemort, impedir que chegue até mim, mas ainda não posso confiar em vocês, nem que todas as pessoas do meu lado estarão assim... Afinal Pedro foi um bom exemplo, não é? Logo, se quero derrotar Voldemort e salvar o nosso mundo, o meu, o seu... Eu, então, não vou explicar meu plano para ninguém, como um todo. Minha melhor chance é confundi-lo. Mesmo que um seja o traidor, Voldemort não terá o plano completo, mesmo que todos sejam leais, se Voldemort pegar um, não lhe servirá. Eu teria feito, nessa situação, um número quase na casa da dezena, ou mais até onde vocês sabem, de planos. Seriam, portanto, planos sobrepostos, feitos para confundir meu alvo: O Lorde das Trevas.
Lakroff sentiu o peito doer conforme ouvia aquilo e realmente precisou inspirar fundo para se acalmar.
Ele estava entendendo onde o menino queria chegar e a memória doía.
O tempo da guerra...
Algum tempo antes de Creedence...
- Nessa situação, Sirius, eu te peço para entregar uma carta a Neville, uma gravata a Remus e uma varinha falsa para um amigo trouxa meu.
Lakroff apertou seu joelho com força.
- Quando vocês todos forem se separar e fazer suas partes do plano, dada por dicas rasas, Neville lhe arranca algo de extremo valor sentimental para você. Diz que é parte do plano. Você o deixa ir com a coisa? Por mais valiosa que seja?
- Claro – respondeu Sirius sem hesitar.
- Você tem algo assim? Algo simplesmente insubstituível?
Sirius pensou um pouco antes de responder:
- Meu primeiro presente de Natal nos Potter.
- O que era?
O animago puxou do pescoço um cordão, na ponta havia duas placas de metal, o que parecia muito com um colar militar trouxa, mas se prestasse atenção, na primeira placa estava entalhada a constelação Canis Major, o Cão Maior, a estrela Sirius estava com uma pedra no lugar, deixando-a bem marcada.
- Sirius – ele disse, puxando a segunda placa. – Orion – e lá estava a constelação de Orion, então ele girou ambas, mostrando o outro lado onde estavam entalhados em cada um, um ambigrama (ou Palíndromo), no primeiro com o nome Black, no segundo com Potter. – Só Sirius tinha o ambigrama – explicou. – Potter foi adicionado no primeiro natal que passei lá depois que fui adotado pela família. De alguma forma, consegui recuperar no ministério depois que fui solto. Ainda bem, porque eu mataria se descobrisse que deram sumiço nisso. Quando fugi pensei seriamente em procurar, mas não tinha tempo, então... tive que abandonar. Foi horrível.
[N/A: Ambigrama é uma palavra ou uma frase escrita ou desenhada de tal forma que suportam pelo menos duas leituras diferentes se vistas por diferentes pontos de vista. Trata-se de um exercício de design gráfico que brinca com ilusões ópticas, simetria e percepção visual.
Palíndromo é uma palavra, frase ou número que permanece igual quando lida de trás para diante.
Para que funcionem, às vezes, você precisa virar a imagem de ponta cabeça.
Em outras palavras: Tanto Black, quanto Potter, foram escritos de forma que, independente se você está lenda da direita para a esquerda, ou da esquerda para a direita, ainda formarão a mesma coisa. Segue a imagem de um ambigrama de Harry Potter].
- Você se sentiria péssimo sem ele então?
- Com certeza. É... possivelmente uma das coisas mais importantes da minha vida. Só perde para seres vivos, imagino.
- Mas se Neville te tirasse nessa situação hipotética?
- Eu daria.
- Entendo... Remus. Se você fosse preso, por causa do meu plano, quase morresse, mas Sirius o resgatasse usando a gravata que lhe dei como chave de portal, você continuaria seguindo minhas instruções?
- Sim.
[N/A: Aqui acabam os spoilers porque é tudo senso comum, até onde sei].
- Se eu contasse que menti para vocês, ou melhor... Desculpe, mentira é uma palavra forte, se eu contasse que escondi de vocês que tenho mais um irmão, além dos que já ouviram, vocês questionariam?
- Por que faríamos isso?
- Sei lá, não parece uma quebra de confiança só contar a vocês sobre algo da minha vida quando achar útil, mas estar constantemente vigiando as suas? Não só isso, até usar meu irmão só quando preciso?
- Não exatamente, você só não... tinha motivos para...
- Se eu deixar claro que os planos são perigosos e podemos todos morrer, afinal é Voldemort, vocês confiariam em mim cegamente e continuariam os planos aleatórios que estou ordenando? Sim ou não? – e a forma dura com que falou não permitia qualquer resposta além daquela.
- Sim – disseram Sirius e Remus, ao mesmo tempo, sem nem precisar se olharem.
- Muito útil, sem dúvidas – sussurrou, levando uma mão a testa.
Bem onde estava a cicatriz.
E coçando.
Lakroff inspirou fundo, preparado para o baque. Tom olhou para baixo.
- É isso que vocês querem?! – gritou Harrison irritado e todos saltaram em seus acentos, alguns por medo, outros por respeito (talvez?).
- Harrison – chamou Lakroff.
- Essa brincadeira de lorde das trevas não está indo longe demais?! – acrescentou o menino. – Pior! AGORA EU SOU A PORRA DO DUMBLEDORE TAMBÉM!
Sirius se encolheu no lugar, mas manteve o olhar fixado no afilhado que se levantou, incapaz de permanecer sentado.
- Hazz... – tentou Tom.
- Úteis?! – ralhou o adolescente. – Você pode pedir o que quiser sem dar satisfação? – ele começou a andar em círculos. – Vocês me seguem num plano suicida sem nenhuma informação porque EU disse que vocês não saberem nada era mais seguro e vocês apenas aceitam como perfeitas ovelhas num maldito rebanho?! Agora me digam, quem eu sou nesse show de horrores? Voldemort, mandando os comensais se curvarem, marcando vocês como gado, mandando com punho de ferro? Ou um maldito Dumbledore, sorrindo, dando justificativas rasas e diversas para mandar vocês, vendados, para a morte constantemente, enquanto fico protegido e só apareço no último minuto?! Afinal eu sou o líder! A mente! O cérebro! O grande Harrison! Alguém precisa controlar vocês! Ou não... Não, não não, o grande líder da luz não controla. Mesmo que tenha dado ordens explícitas, sem aceitar questionamentos e sumindo antes que vocês possam negar, as vezes nem falando diretamente para isso, um simples bilhete deve bastar para minhas ovelhinhas, meus "amigos", dando justificativas que os coloquem como errados se negarem ou duvidarem de algo ridículo como BOTAR A VIDA NAS MÃOS DE ALGUÉM QUE NÃO TE DIZ NADA SOBRE NADA!
Lakroff pensou em se levantar quando os olhos de Harrison começaram a ficar vermelhos, mas Tom foi mais rápido e seguiu até o adolescente.
Hazz, entretanto, pareceu nem notar.
- Eu sou o que nessa merda para vocês?! O lorde das trevas mal ou o Dumbledore, bonzinho que os usava como malditas armas desde o começo da fase adulta, até um morrer, outro fugir para o outro lado e trair vocês, outro ser preso e torturado por anos sem apoio algum, sem uma única pessoa lhe pedir um julgamento adequado, e o último ser praticamente abandonado agora que nenhum tinha mais utilidade porque a merda da guerra acabou?! É isso que vocês querem dizer com ser úteis?! Vo... – ele não terminou.
Tom o agarrou em um abraço apertado.
- Hazz... sabemos que você não é assim, se acalme – pediu em um sussurro, acariciando a cabeça do menino. – Seus amigos também sabem – acrescentou e isso fez Harrison retribuir o abraço, Marvolo ainda deu um beijo no topo dos fios.
- Eu... - começou, ainda claramente irritado, mas Marvolo o impediu.
- Você nunca foi atrás dos seus amigos porque eram úteis, eles vieram até você, eles querem estar com você. Você nem queria amigos, é normal que os afastasse no começo. É normal que você tenha testado eles, você teve uma vida antes para temer se apegar. Hazz, você esperava que eles fossem embora quando os tratasse mal, até queria isso, porque tinha medo do que seria no caso de se apegar a mais alguém e contra tudo... eles ficaram. Eles te aceitaram como é e você os aprecia por isso. Os quer perto. Assim como todos, eles querem você, exatamente com essa sua personalidade, porque desde o início eles a viram e acolheram.
"Não é errado pedir as coisas as pessoas se elas desejam te ajudar. Você não está usando ninguém, todos estão fazendo porque se não for assim, então tudo cai só nas suas costas. Eles confiam em você e nos seus planos e é normal que você não possa dizer tudo a cada um, porque você tem receio de se abrir. Não importa quantos anos passem e como eles se sentem seguros, você tem seu próprio tempo para cada coisa!
"Você não está escondendo sua vida porque não confia neles, você só se sente mais confortável mantendo com você. Não é errado, não é uma falha de caráter sua querer dessa forma. Você não é Voldemort e nem Dumbledore. Você não está usando as pessoas, nem criando um exército de "servinhos".
Lakroff se sentiu pessoalmente afetado com aquilo. Tom ainda o encarou com um olhar mortal que dizia que não era para interromper se desculpando por aquilo, pois não era hora.
- Você tem amigos que querem te ajudar a tirar um pouco da carga que você coloca em si mesmo para alcançar seus objetivos. É que seus objetivos são muito grandes, criança – e puxou o queixo do menino para lhe olhar nos olhos enquanto sorria afetuosamente. – Os ambiciosos precisam de mais gente ou de mais força. Você tem os dois, mas insiste em fazer tudo sozinho, por se sentir mal quando usa daqueles que querem te apoiar.
- Mas...
- Você não é Voldemort, nem Dumbledore e, principalmente, não é seus tios - os três outros adultos arregalaram os olhos. - Você não está usando sua força contra eles, não os força a trabalhar, nem os machuca por medo, você teme ser machucado, mas nunca machucou por isso. Eles não te temem, eles te respeitam. Bem... As vezes até eu temo te irritar, mas isso faz parte do respeito - o menino deu um leve sorriso. - Você ainda tenta, então se culpa por não ser tão emotivo como todo mundo, parecer distante, mas está tudo bem ser diferente! Você ainda gosta deles no seu máximo e não deveria comparar a sua forma de fazer isso com a deles. Só porque parece diferente, não quer dizer que é menor. Acredite – e puxou a franja do menino para trás, para revelar a cicatriz que ele havia coçado. Deixou lá mais um terno beijo que tornou o menino muito corado. – Você pode ser parecido com Voldemort, as vezes, mas também não poderia estar mais longe, ele nunca teria essa insegurança que está te remoendo, ele se maravilharia com as pessoas que você tem e a serventia delas, mas elas não estariam com ele, não todas, porque a diferença em você que as cativou. Seu carinho e dedicação pelas pessoas que te importam, como pular na frente de um lorde das trevas e atiça-lo para não olhe os demais. Seus tios eram covardes, que tentavam te controlar pelo medo, pela agressão física, você só impõem seus limites as pessoas, é absurdamente diferente. Por ser alguém poderoso pode parecer uma ameaça, mas... nem sempre é.
- Nem sempre? - sussurrou.
- Dumbledore, então - continuou, ignorando o menino que o apertou mais. - Credo! Se você fosse parecido com ele eu... nem sei, entrar em coma parece uma opção mais interessante.
Isso conseguiu fazer Hary rir e Tom se lembrou de seu pensamento de mais cedo, sobre como queria ver mais daqueles sorrisos do menino. Ele tornou a apertá-lo no abraço.
- Você não está usando as pessoas, está aceitando ajuda. Você tem direito a se manter cauteloso e todos que te apoiam sabem que você se importa, do seu jeito e isso têm que bastar, pois é o seu jeito. Eles são tão fieis – Harrison abriu a boca para falar, mas o outro o interrompeu. – Fieis não precisa ser tão pejorativo na sua cabeça, garoto. Ninguém é uma ovelha treinada no seu rebanho, mas eles ainda acreditam em você, daí a fidelidade. Eu sei que a chamei de Pet ainda hoje, mas acha que alguém como Luna Lovegood estaria te rondando se você fosse ruim? Se propositalmente tratasse todos como armas? Responda, é uma pergunta.
- Não... não acho...
- Acha que os Nargles dela aceitariam o seus Shinisus se você os estivesse usando para algo ruim, apenas para machucar pessoas?
- Não...
- Ótimo. Então não se sinta ofendido quando te chamamos de lorde das trevas, quando chamamos seus amigos de servos, ou qualquer coisa do tipo, porque não é assim – ele segurou os ombros de Harrison e o encarou diretamente sorrindo. – Você é nosso príncipe, nós somos a corte e só estamos ajudando nosso líder a tornar esse reino maior, mais forte e bom para todos. Essa é a verdade, então deixe-nos nos curvar, porque será uma honra.
- Desculpe... – murmurou baixando a cabeça.
- Esse é oficialmente seu terceiro pedido de desculpas só hoje. Sabe o que está acontecendo? Você dormiu um total de dezoito horas em uma maldita semana inteira! – reclamou irritadíssimo. – Você está ficando mais instável e mais emotivo que seu normal, porque seu cérebro não está aguentando a carga. Isso nunca te afetaria tanto, mas além de tudo aconteceram dezenas de coisas na sua vida e você não se deu o tempo para relaxar ou compreender totalmente nenhuma! Você tem que dormir e isso não é nem um pedido, estou avisando que vou te fazer tomar quantas dozes de sonho sem sonhos forem necessárias essa noite e não quero ouvir um pio sobre isso.
- Pio – piou Harry.
- Nossa, não é o Deus trouxa, mas tá oferecendo graça assim? Cadê a lona do seu circo?
- Sei lá, junto com suas roupas? Você pode ter confundido na hora de guardar.
- Não sabia que o picadeiro ia apresentar o burro falante essa noite!
- Você não sabia, sendo a atração principal?
- Desencosta pirralho – Tom o empurrou, o que o fez rir muito.
Os outros também sorriram para a cena.
- Agora que acalmamos os nervos do nosso lorde das trevas... – comentou Marvolo ignorando a carranca de Harry, até porque era falsa. – Nós...
- Sirius, Remus – interrompeu Hazz, caçando a cabeça. Em um ato extremamente parecido com James e que os marotos nunca tinham visto no filho, nem o imaginavam fazendo algo assim. – Eu agradeço que queiram me ajudar e tudo, mas eu não... Não me sentiria confortável de usá-los assim. Então, eu agradeço se fizerem esse tipo de coisas porque querem, eu realmente agradeço, mas façam por vocês. Eu não vou pedir coisas, nem exigir nada.
- Harrison... – Sirius tentou.
- Mas – interrompeu. – Eu realmente tenho planos, não quero envolve-los sem necessidade, não quero que se coloquem nisso por causa de alguma lealdade ao meu pai e sua função como padrinho. Porque... depois que entrarem não tem mais volta. Eu não vou gostar de ser traído, não vou gostar... de perder ninguém. Seja pelo que for. Não quero um rebanho treinado, quero que todos pensem por si mesmos e estejam comigo porque querem. Então, obrigada, mas... – e deixou a frase no ar, pensando como continuar.
- Nós entendemos – disse Remus. – Não precisa se explicar.
- Não quero colocar vocês como armas que eu manuseio, atiro e depois descarto. Quero que suas decisões de vida se encontrem com as minhas, então aí podemos trabalhar juntos, nada além disso.
- Ficamos gratos - sorriu afetuoso.
- Mas ainda queremos te ajudar – acrescentou o Black. – Então, quando precisar e se quiser pedir, venha até nós e, se fizer parte dos nossos limites pessoais ficaremos felizes em ser uma opção em sua mente.
- Certo. Eu vou considerar.
- Se não se importa que eu pergunte, lorde Black... – começou Tom, "arrumando" os fios do menino, vendo como ficavam bonitos quando refletiam a luz naquela coloração vermelha.
- Fique à vontade.
Depois do que ele acabara de ver, dificilmente haveria algo que aquele homem poderia pedir que Sirius não consideraria ao menos.
- Por que você colocou a runa?
- Como assim?
- Fica claro que você sentia que isso ajudaria Harrison de alguma forma. Qual foi sua linha de raciocínio?
- Também fiquei curioso – disse Hazz e aceitou se conduzido por Tom até sua cadeira de novo. – Por que você fez tanta questão de proteger meus segredos? Tecnicamente não há nada de mais no que aconteceu hoje aqui na mansão. Apesar de eu ter deixado claro que não queria o Phienas espalhando por aí, a única coisa que Dumbledore não saberá tão facilmente é que Lakroff é meu tutor e meu avô legítimo. Que eu sei executar a maldição do fogo infernal é conhecimento público na Durmstrang e... bem, já pretendo revelar amanhã minha posição como Lorde Slytherin no ministério. O que te fez ir tão longe?
- Dumbledore – respondeu Sirius.
- Como assim?
- Não queríamos que ele pensasse em te usar como arma...
- Ah.
- Achei um bom argumento e muito bem colocado – brincou Tom baixinho, sabendo que isso faria Hazz rir, o que foi o caso. – Articule mais, Black, seria possível?
- Nós sabemos que Dumbledore nos usava de certas formas... Bem... pela forma como você falou, isso parece ser bem mais recorrente do que temos conhecimento...
- Ele faz isso a anos – suspirou Lakroff. – O que Harrison falou foi um plano que fez com Newt Scamander na época de Gellert, mas talvez consigam pensar em outros exemplos onde pessoas foram "guiadas" por ele sem ter certeza de como, porque ou onde deveriam ir, mas exatamente por ser ele mandando, lá estavam. Alvos tem costume de colocar as pessoas em risco. É uma guerra, isso é normal, mas... Não acho que seja correto a forma com que ele faz. Igualmente não é justo com as pessoas que estão nisso. É manipulação... escondida por trás de figura de amigo, é uma facada maior depois que se percebe o quanto se foi usado. Ou... como foi criado e feito de porco a ser dado ao abate... – sussurrou a última parte sombriamente.
- Ele me mandava para matilhas de lobos para conseguir informações sobre os planos de Voldemort para eles – contou Remus.
Tom tossiu, Hazz ignorou o comentário mental que escutou de "eu sabia aquela cabra caquética dos infernos!".
- Aqueles lugares... eram horríveis, eu sempre voltava péssimo e nunca sabia se ia voltar. Ficava sozinho por semanas e... mal podia ficar na ordem que já era mandado para outro lugar. De novo e de novo.
- Eu odiava aquilo! – reclamou Sirius.
- Eu também. Mas era necessário. Só que eu ficava irritado e sei que foi meu distanciamento causado por tudo que fez começarem a suspeitar de mim. Fiz o que era preciso, sempre. Continuei fazendo. Pelos meus amigos, eles eram maiores que eu e minha segurança. Eu queria ajudar, fazer parte, proteger minha matilha...
- E ele continuava ignorando suas próprias necessidades e te mandando?
- Sim. Então... fico feliz que se preocupe tanto em não ser assim, não nos tratar assim, Harrisson... Só porque estamos acostumados, não precisamos continua aceitando, não é?
- Sim – sorriu.
- Mas eu ainda adoraria ajudar com os feitiços do seu pai. Pessoalmente, terminar os últimos trabalhos de James seria uma honra tremenda – e sua voz saiu carregada de melancolia até o final.
- E eu... – começou Sirius. – Queria poder te ajudar em Hogwarts e não só lá.
- Como assim?
- Já que estamos falando disso, eu estava pensando durante a reunião, também em uma conversa que tive com Dumbledore, mas... e se você não contasse amanhã que é o lorde Slytherin?
- Como?
- Escute, apenas pense aqui comigo. Eu sou péssimo nessas coisas, mas fez sentido na minha cabeça. Hoje, as únicas pessoas que sabem disso, somos nós nessa sala, nossos elfos, os goblins e sua família. Certo? Nós fomos no ministério conseguir sua emancipação, mas por se tratar de um caso de menor de idade, eles designaram apenas um funcionário para resolver as coisas e ela era Amelia Susan Bones, ela facilmente não contou a ninguém o que viu nos seus registros, só íamos formalizar amanhã diante da suprema corte quando você reivindicasse, como adulto, suas posições e acentos. Correto?
- Sim.
- Então o segredo ainda não vazou. Você não tem Slytherin no nome, nem Gaunt, ninguém sabe da sua linhagem, seu teste de sangue sempre foi muito bem guardado e Dumbledore nunca fez um em você, eu sei disso, eu confirmei.
- Confirmou?
- Gritei com ele por não ter feito a coisa hoje uma segunda vez e ele não negou. O que estou dizendo é que você não precisa contar isso.
- Por que eu haveria de esconder?
- Para que eu possa ser útil, e não me olhe assim! – riu. – Estou falando sério. Se você se mostrar o lorde Slytherin Dumbledore vai ficar no seu pé. Eu lembro como ele dependia de James, um simples adolescente, em seus planos, ele usava seu pai, mas não tinha certeza de sua linhagem, isso eu sei. Se tiver, com você, não sei como vai reagir. Ele já está botando muito foco em você, quer tentar convencê-lo a abandonar as artes das trevas e soube que conversou até com Neville.
- Como é?! – praticamente gritou.
- Ele está se movimentando, está de olho em você e muito de perto. Acho que dizer que você é o Lorde Slytherin vai ajudar os herdeiros, mas não é como se eles não pudessem esperar, a jura deles já está feita, desde que você consiga impedir que Voldemort os marque diretamente deve ser o bastante, não é?
- Bem... sim.
- Aí que está. Dumbledore acha que estou do lado dele ainda, mesmo que balançando um pouco, Remus me aconselhou a contar sobre nossa corte, então ele provavelmente pensa que estou balançando por causa de Remus e você, mas eu pedi que ele me ajudasse a entrar no mundo político e aí que está. Eu posso fingir estar do lado dele. Posso fingir que lhe darei meu apoio sempre e que estou sendo convencido pelos seus discursos, eu poderia descobrir todos os planos políticos da luz e você não precisa se arriscar tanto logo de cara.
- Voldemort já...
- Ele sabe. Voldemort sabe que você tomou seus títulos, mas os comensais não. Acha que ele teria falado?
Harry olhou para Tom e respondeu:
- Não.
Remus percebeu aquela movimentação.
- Eu também acho que não - continuou o Black. - Ele não vai querer que saibam. Primeiro pelos motivos que você explicou mais cedo: os lordes das casas não podem te tocar. Se ele simplesmente disser que quer pessoalmente se vingar, eles vão aceitar, mas se souberem que você tem essa vantagem, que você é o lorde e Voldemort só o herdeiro, então você ganhou de novo. Você não está nem tentando tanto, é só uma criança...
- Eu...
- Para eles vai ser assim. Voldemort tem que manter uma imagem absoluta, faz parte dele essa posição de poder, é necessária para continuar com seu exército leal e com medo. Ou seja: ele é a pessoa que mais vai tentar esconder a coisa. E ele ainda vai querer te matar. Com toda certeza e com todas as forças. Você ainda vai estar atazanando-o, mas não terá tanto risco, porque ele terá que ser discreto e cauteloso. Não poderá chegando e te atacando com seu exército, porque alguns podem suspeitar quando ele não mandar seus mais fortes, os lordes. É como você disse, ele não pode mandar todos os comensais, então diminuímos sua área de ação com seu título, mas ele sabe que você tem um segredo dele em mãos agora, então temos uma arma: ameaça.
"Você está em um torneio assistido, os olhos do mundo estarão em Harry Potter, que voltou depois de anos sumido, o prodígio das artes das trevas, a contradição ambulante, o herói do mundo bruxo num torneio mortal aos quatorze. Não tem um olho que não estará apontado. Uma frase sua e Voldemort será desacreditado novamente e você tem A plateia.
"Não são simplesmente os herdeiros, é tudo que Voldemort construiu! Você pode derrubar. Você é o seu maior inimigo e está com a vantagem aqui. Você o venceu anos atrás, fez o impossível ainda bebê, agora uma segunda vez? Isso destrói o respeito que lordes tem por qualquer homem. Se você mantiver isso quieto, Voldemort sabe que você sabe, mas...
- Você está sugerindo uma espécie de guerra fria? - questionou Tom. - Talvez até uma negociação velada?
- Como assim?
- Harrison tem algo contra Voldemort, o Lorde das Trevas sabe disso.
Remus tomou um gole da taça de vinho. Ele não estava contando, mas estava notando a quantidade de vezes que aquele homem dizia "lorde das trevas", não qualquer uma das outras opções comuns para as pessoas... Que não eram comensais.
Tom continuava:
- Mas Harry não contou. Por quê? A dúvida fará com que o lorde não corra para o ataque, afinal é uma incógnita perigosa, considerando a atenção que está em cima deles dois agora. Ele precisa de mais respostas, então...
- Ele precisará de tempo para tê-las.
- O que da tempo a Harrison para se preparar, seja lá para o que deseja fazer daqui em diante.
- Isso! - animou-se Sirius, coçando a garganta em seguida, levemente envergonhado que sua voz tivesse saído mais aguda do que deveria.
Mas a forma como o de olhos castanhos o encarava e agia...
Ele se sentia tão meticulosamente avaliado e julgado, que quase pareceu uma criança de novo, diante dos "amigos" de seus pais em um jantar.
Até aquele momento da noite, de certo Sirius já teria comprovado que não era o melhor e mais preparado dos lordes, assim como quando criança já teria feito sua mãe odiá-lo por ser insuficiente.
Era estranho pensar isso com o homem sendo de um mestiço, mas Thomas Harris era tão impressionantemente parecido com um nobre bruxo, daqueles que se poderia encontrar na mesa de jogos de Lucius Malfoy, que simplesmente ter uma ideia aceita por ele (talvez também porque o próprio Harry parecia se importar muito com suas opiniões), Sirius se sentia feliz e mais confiante.
Continuou:
- Exatamente porque Voldemort sabe que você pode humilhá-lo a qualquer segundo expondo para todos como você é o verdadeiro lorde da Sonserina e não fez isso, ele terá de pensar em você mais do que um simples inimigo que deve ser executado, mas uma ameaça. Não só isso: porque ele não pegou o título antes? Nós sabemos: ele é mestiço, o anel não o aceitaria fácil. Xeque-mate! Não existe justificativa, quando se está com a imagem enfraquecida, que seja plausível para se manter como herdeiro apenas. Ele tinha que ter ido atrás antes de você, não é? É então que a verdade fica mais óbvia, o anel não o aceitou. Você se torna a prova da maior falha dele, da maior hipocrisia de Voldemort e algo que se metade de seus apoiadores descobrir, de certo acabaria com ele, que ele é um mestiço! Temos uma bomba trouxa nas nossas mãos, pronta para explodir, basta um botão.
- Mas não apertamos e o lorde sabe, então ele não vai correr o risco de apertarmos até ter algo contra nós... - murmurou Tom pensativo.
- Isso se ele achar! - Lakroff bateu uma palma.
- Mas... - Harry tentou, só que foi impedido.
- Você não precisa que os herdeiros venham até você para libertá-los, Harrison, outra que você mesmo disse que não poderia fazer isso ainda, porque precisa tratar direto com o poder da casa: os lordes. Então não tem para que contar agora. Você está na mesa com eles, pode ver se algum realmente precisar e ajuda-lo individualmente, se um que já tem idade se tornar lorde você já o libera, mas fazer isso discretamente e se tudo ainda estiver bem, o anonimato pode lhe ser útil nesse momento.
- Faz muito sentido, se quer saber... – apoiou Lakroff.
Harry olhou para Tom, que estava contendo sua reação. Não queria admitir que o sarnento tinha um bom argumento...
Mas ia.
Porque era bom. Porque Sirius Black tinha um plano realmente válido e era sua melhor chance de tirar Harrison do alvo fácil que estava se pondo. Daria tempo a Lakroff para matar Voldemort, ainda deixaria a versão principal ansiosa como precisavam, ele não veria de onde estava chegando o golpe.
Tom quase sorriu ao se imaginar indo até Walburga para lhe dizer que seu primogênito, no fim, não era uma vergonha total. Estava sendo bem útil.
A reação dela não seria deliciosa?
- Não só isso... – continuou o Black. – Veja bem, se você esconder que é o Lorde Slytherin também vai deixar Dumbledore distraído. O cenário onde você conta envolve olhar por trás do ombro sempre, para ter certeza de que ninguém está vindo atacar, seja diretamente ou tentando trazê-lo para um lado, como Alvos...
- Ele não é mais que um inseto que faz barulho eventualmente, na minha opinião - dispensou Hazz.
- O que é uma pena, seria ótimo vê-lo empenhado em matar a cabra velha, não duraria um mês – reclamou Tom. Lakroff riu enquanto os outros o encaravam assustados. – A questão não é essa. O lorde Black tem vários pontos pertinentes aqui. No cenário atual, você já tem muito o que pensar e ficaria imaginando o que pode te atingir, ou a seus amigos, que são uma preocupação constante sua e só pioraria. Dumbledore já foi atrás de Neville, mas sabemos como as duas forças rivais são perigosas, não podemos dar margem para erro. No plano do Black, você está com um segredo que lhe da mais de segurança ao redor. O Lorde das Trevas nunca irá atrás dos seus amigos para usar de reféns, porque é muito perigoso para ele, se errar no que se diz respeito ao valor dessa pessoa para você, se ele pegar alguém que você considera dispensável, ele sabe que então você irá atrás de vingança e é quando ele perde. É um xeque.
- Mas ele teria que pensar que Harrison vê seus amigos como dispensáveis - comentou Remus, mas no mesmo instante percebeu o que disse e murmurou: - Oh!
- Sim - sorriu Tom, para Hazz. - Justamente o que te incomoda, Harrison, protegerá seus amigos: eles parecerem apenas armas dispensáveis.
Harry riu. Primeiro baixinho, como se percebendo a ironia, depois mais alto e, por fim, gargalhou, afinal como as coisas haviam girado, não é mesmo?
- Então eu só teria que continuar parecendo um lorde das trevas para que Voldemort ficasse cauteloso comigo?
- E nada disso atrapalha seus planos originais.
- Você acha que ele vai chegar a essa conclusão?
- Sobre seus amigos? Praticamente certeza, piada do velho ali ou não - Lakroff piscou o olho esquerdo.
- Velho, inteligente, rico e gostoso, você que está perdendo - comentou com um sorrisinho brincando entre os lábios.
- Isso só seria útil se eu quisesse enriquecer fácil.
- Não é você que estava tão interessado em me matar? Se fizer o trabalho direito, os aurores não te pegam e você tem tudo. Posses, títulos, até a guarda de Harrison.
- Tentador! Vejam, essa foi sua melhor ideia até agora - respondeu sínico.
- Podemos marcar o casório então?
- Vai a merda, Grindelwald!
- Estou te oferecendo me levar até lá, querido - e levantou sua taça em um brinde, terminando o copo.
- Do que eu estava falando? - perguntou Tom à Harry.
- Vocês iam marcar a data do casa...
- Pirralho!
- Meus amigos e Voldemort - esclareceu sorrindo.
- Mesmo que seu tio-avô esteja brincando quando o chama assim - Marvolo continuou seu raciocino, agora que havia se lembrado. - Você está a poucos passos de um verdadeiro lorde das trevas, existem etapas pelas quais a maioria passou e, de longe, parece que está conquistando elas...
- Etapas? - questionou Remus.
- Senso comum de algumas famílias das trevas, que estiveram na ascensão de algum lorde do tipo - explicou Lakroff. - Ter ideais fixos, princípios com os quais você quer reger a sociedade, espalhá-los, formar exército e então ser nomeado oficialmente pela massa.
- O importante é que, se o lorde acreditar que é seu caso, que seus discursos e movimentações na Durmstrang são para a sua ascensão...
- A profecia - comentou Lakroff de repente, parecendo bem sério.
- O que tem? - perguntou Harry.
- "Aquele com o poder de vencer o lorde das trevas"...
- Não sabemos que profecias são inúteis?
- Para nós!
- Ele acredita nela - murmurou Tom entendendo onde o outro queria chegar. - O Lorde das Trevas acredita que você nasceu para derrotá-lo. Mas em que estará vencendo?
- Exato - concordou Lakroff. - "e um dos dois deverá morrer na mão do outro, pois nenhum poderá viver enquanto o outro sobreviver".
- Que tem essa parte? - questionou o adolescente.
- Bem, você não pode ser O lorde, se existe outro competindo - disse Tom. - Vocês teriam que se matar para que um se mostrasse o verdadeiro líder entre todos aqueles que seguem as trevas, é assim que funciona. Na cabeça dele, ao menos, isso e certeza, ele nunca aceitaria dividir o poder.
- Tudo gira para que Voldemort pense exatamente que você é como ele, as semelhanças entre vocês só ajudam, afinal...
- "E o lorde das trevas o marcará como seu igual" - recitou Tom. - Ele já fez antes, simplesmente por terem origens semelhantes. Continuará assim, sabemos disso, é como a cabeça dele funciona. Nela, você será o eleito e isso que conta. Ele não acreditará que você é um fraco que se importa com as pessoas que usa, continuará comparando vocês e ele não poderia se importar menos com as pessoas, essa é a diferença principal entre os dois mas ele não sabe. Se assumir esse papel, não que precise mudar alguma coisa já que suas dificuldades para aceitar afeto de pessoas, e não acreditar que elas o trairão, já fazem isso por você.
Os alarmes em Remus estavam piscando, mas ficou em silêncio.
Apenas observando.
Nada do que Thomas Harris disse não era conhecimento de Lakroff também.
Mas Lakroff era o filho de um lorde das trevas e nunca disse com tanta certeza saber como a mente "do lorde" funcionava.
- Hei! - Harry reclamou.
- É a verdade e será útil - Tom dispensou. - Se continuar agindo normalmente, seguindo seus planos, o próprio homem cavará sua cova com suas paranoias, como fez na última.
- Eventualmente as pessoas vão descobrir que você é o Lorde Slytherin - Sirius comentou cautelosamente, como se tivesse medo de errar justo agora, depois que ficou claro que teve uma ideia que estava sendo apoiada. - Isso pode vazar e nem sempre poderemos impedir, mas você pode se preparar melhor até lá com seja lá o que quer fazer. Você pode ajudar as pessoas que queria, mas com cautela...
- É mais sua cara, lorde Slytherin - disse Lakroff. - Não acha?
- Voldemort também será mais cauteloso.
- É mais fácil avaliar o que ele vai fazer quando está pensando, é previsível - disse Marvolo. - O idiota raivoso é falho, mas muito mais perigoso, insano, inconsequente e assassino. Ainda assim, ele é impaciente, quanto mais tempo demorar para ter algo contra você, o que acontecerá, mais erros pode cometer. Podemos lidar com isso, já íamos, mas agora temos seu segredo, assim como o Lorde Black sugeriu, como escudo extra.
- A coroa então...
- Os planos originais permanecem.
- Acho que eu preciso pensar sobre isso...
- Pense então, mas saiba que eu concordo com o lorde Black nessa.
O sorriso de Sirius foi muito grande para ser considerado adequado, mas ele não pôde evitar.
Ele tinha acertado! Ele entendeu, seja lá como e até que ponto, mas entendeu e se colocou no esquema daqueles três!
Não tinha ideia do que estava acontecendo, mas estava tão orgulhoso de si mesmo de simplesmente ter feito algo, que não importava as falhas que ainda tinha: ele tinha tido um acerto! Um dos grandes pela a forma que Harrison o olhou.
Quase se parabenizou por isso.
- Ministros! – disse Lakroff, de repente, chamando a atenção de todos para si.
- Como é?
- Estava pensando aqui. Tom disse que fazemos parte da corte e eu percebi que se Harrison é o príncipe eu seria o que? Rei? Fazia muito pouco sentido, então assumi que não havia nada por cima de sua alteza e parti daí. Fui olhando envolta. Krum é o grão-duque, Ivan e Axek marqueses, assim por diante... Então eu percebi: ministros! Ou Comissários do Rei, mas aí fica muito grande... Um bando de velhos que aconselham o rei e desempenham papel dentro da administração provincial. Representantes oficiais do governo central nas províncias. Cuidam de prevenção e ocorrência de desastres, fazem visitas oficiais regulares aos municípios de sua região. Eu e Remus na Durmstrang, Black em Hogwarts e na política. Damos conselhos, te representamos quando está longe. Ministros também recebem títulos de nobreza, mas...
- Minha Morgana, você tem cérebro de passarinho! – reclamou Tom se acertando um tapa na testa. Harry riu. – Você estava preocupado em arrumar um título nessa brincadeira tola?!
- Acho útil nos localizar na hierarquia.
- Eu acharia útil você se localizar mentalmente! Quer que eu te desenhe um mapa?!
- Você é um bom desenhista Tomtom? Vai precisar, minha cabeça é uma confusão sem fim.
- Fica óbvio!
- Eu posso... Harrison cubra os ouvidos, essa você não tem idade para ouvir.
- Não cobre! – pediu Tom imediatamente e o menino riu alto, com Sirius dando risinhos do lado. – Será que você consegue calar a boca e ser menos irritante?
- Já disse que não sobre a parte do irritante, também te aconselhei uma forma efetiva para me calar, se me lembro bem.
- Eu vou é arrancar sua língua!
- Tenta, só não chora quando eu te derrubar.
- Você é muito convencido se acha que tem chance!
- Que pagar para ver, quando eu ganhar você me dá um beijinho.
- Harrison é sua chance para trocar o assunto de novo, porque eu vou cortar a jugular dessa praga.
- Você tem um fascínio pelo meu pescoço, né? Te deixou dar uma experimentada se quiser - ofereceu Lakorff.
- Harrison! – pediu Tom de novo.
- Então... Os diários do meu pai! – Remus e Sirius engasgaram com suas risadas da fuga do garoto. – Eu gostaria que me ajudasse a completar os feitiços sim, Moony, mas ainda vou querer participar do processo, se for possível.
- Até onde seu tio-avô deixar, não vejo porque não - respondeu o lobisomem com um sorriso calmo.
Mas Tom percebeu que aquele homem estava tenso, discretamente se cheirou, para verificar se o aroma teria ido, mas era difícil, Harrison acrescentou a maldição do reset.
- E sobre o mapa, obrigada, aliais - continuou o adolescente.
- Obrigada?
- É. Vocês... bem... sei que não era a intenção quando fizeram aquela segurança, era apenas para os marotos brincarem com aquele que estivesse com o mapa. Irritar os que não são marotos como eles, ajudarem os que são, mesmo assim, foi a única conversa que tive com meu pai na vida. Então eu gostei muito dele.
Aquilo congelou o casal.
Mais um momento longo se seguiu enquanto a frase era digerida pelo casal.
"Foi a única conversa que tive com meu pai na vida."
Os olhos de Sirius se encheram de lágrimas, Remus estava com a boca aberta e quase tremendo quando perguntou, tão baixo que parecia com medo de falar:
- Você falou...
- Sim. "Aos senhores aluado, rabicho, almofadinhas e pontas, eu Harrison J. M. Potter, dou meus cumprimentos e parabenizo pela produção do mapa. Ao senhor pontas, meus cumprimentos. Oi pai". Algo assim, não recordo exatamente o que eu disse... – murmurou.
- Você falou apenas com seu pai, nessa hora – lembrou Tom.
- A sim, verdade – e tornou a mastigar sua pizza, já estava acabando o último pedaço de que sentia que aguentaria.
A ação foi quase totalmente alheia a um Black e um Lupin de olhos e nariz vermelhos. Sirius estava inclusive com a respiração ofegante.
- Você estava lá? – questionou Remus para "Thomas", a forma como, mesmo com a emoção a frase saiu mais cautelosa deixou claro para Marvolo:
O lobisomem suspeitava de algo.
Claro que sim. Ele não conseguiria ser espião entre matilhas se não fosse atento.
O único lobisomem aceito e educado em Hogwarts em mais de dois séculos, talvez um tempo ainda maior. Uma arma muito maior que o próprio homem que o criou. Hazz podia não ver os dois unicamente como utensílios, mas Tom não descartaria essa possibilidade, essa é a verdade, Remus era uma arma biológica muito boa na mão de qualquer um, que foi pessoalmente polida e aperfeiçoada por Dumbledore. Ao ponto que já havia até se acostumado com o posto de recurso para um outro alguém. Não podia deixar aquela coisa virada para o lado errado. O seu.
Bem... Remus Lupin podia suspeitar, mas não sabia com o que estava lidando.
- Não exatamente - comentou, mantendo a voz fria e limpa de sempre, mas tentou mostrar alguma simpatia nos olhos. Só precisava de um pouco mais de tempo para saber como lidar com o sarnento maior. - É que Hazz estava nervoso, apesar de não querer admitir - usou o apelido, sabendo que o menino não reclamaria e o lobisomem perceberia como outro sinal claro de sua ligação com o garoto. - Ele tinha medo de como James Potter reagiria ao filho sonserino, praticante de artes das trevas, então acabei dando apoio.
- Seu pai... James... – Sirius tentou falar, mas as palavras saiam fracas pelo seu turbilhão de sentimentos. – Ele te disse algo? - sussurrou, mas ainda audível o bastante para os outros.
Seu coração batia acelerado de expectativa enquanto Harry pensava na resposta.
- Bem, depois que rabicho – e ignorou as expressões e reações furiosas dos outros dois ao nome. – Perguntou qual seria meu nome de maroto, vocês todos meio que me parabenizaram por invadir o ninho de cobras. Acho que as exatas palavras do meu pai foram... "Espero que meu filho esteja honrando o nome Potter e balançando as estruturas daqueles ridículos engomadinhos arrogantes, mas se não, que ao menos seja o melhor deles". Algo assim.
- Foi exatamente isso – concordou Tom.
Harry sorriu para o companheiro e baixou a cabeça ao continuar:
- Os Potters não fazem quadros mágicos como outras famílias. Geralmente se deixa para fazer quando se já está mais velho, principalmente os lordes, mas a maioria deles... não sei, talvez os Potters se esqueçam disso, ou não se incomodem com a coisa toda...
"São necromantes, eles querem seguir com a morte, partir para a próxima aventura, conhecer mais dela, não se prender à Terra" pensou.
Sempre foi a resposta que deu a si mesmo para o fato de que não haviam pinturas encantadas de sua família.
Mesmo assim os Grindelwald e Mitrica tinham dezenas deles.
Já tinha conversado por horas com Lakroff Mitrica original, aquele que "o seu Lakroff" decidiu homenagear. Os Potter...
- Tantos outros da família morrem cedo demais para ter um de toda forma... – o sorriso não saia de seu rosto, um tanto deprimido, um tanto distraído, enquanto brincava com a borda de seu copo. – Eu fiquei grato pelo mapa. Sei que ele não tem tanto assim da personalidade do James, vocês não fizeram para ter mais do que uma versão simplificada dele, apenas um adolescente que está ali unicamente para proteger o artefato. É prongs, o maroto, não meu pai. Não James Fleamont Potter. Ou mesmo só o James - riu, lembrando-se do que Sirius havia dito. - Mesmo que seja apenas Prongs... Ele queria ter filhos, não é? Vários. Um time de quadribol inteiro, pelo que me disse – outro risinho lhe escapou. – Ele ficou feliz de estar comigo e sempre que abro o mapa, me pergunta se sou eu e faz questão de puxar conversa. Foi ontem mesmo que o consegui e isso já prova como ele gosta de falar. Também é uma péssima influência já me deu até umas dicas tortas de como sair do castelo para conseguir coisas em Hogsmeade e disse que se já sei aparatar então só não é para esquecer o horário de voltar.
A risada de Remus saiu, mas ficou tão parecida com um fungo de choro que ele virou o rosto.
Foi um som desolador, na opinião de Lakroff.
Tom tentou se focar apenas em Harrison e ignorar os sentimentalismos dos quais não partilhava.
- Acho que estarei dando mais personalidade para aqueles quatro do que vocês tinham intenção originalmente, porque converso com eles e praticamente não uso a coisa para o que deveria. Realmente nem vou, ano que vem será definitivamente inútil para qualquer outra coisa, me desculpem por isso...
- Não se desculpe! – disseram os dois rapidamente, fazendo, enfim, o menino tornar a olhá-los.
Sirius estava fungando naquele ponto, e Remus, Harrison não tinha certeza se era pelo resfriado que parecia estra prestes a desenvolver, ou se também estava emocionado, mas ambos pareciam fracos. Instintivamente ele acabou se afastando um pouco, nem percebeu até Tom rir dele e fez questão de tentar chutar a perna do irritante.
Que teve a pachorra de chutar de volta!
Se não estivessem acompanhados isso seria guerra oficialmente!
E Marvolo, é claro, leu seus pensamentos, rindo divertido como se o desafiasse a continuar com aquilo depois.
- Nós só... – o animago tentou, fazendo Hazz se concentrar nele, mas sua cabeça estava uma bagunça grande demais para conseguir continuar.
Imagens de James não paravam de passar e ele sentiu que precisava de um momento, porque uma dor tão aguda veio para seu peito que realmente se levantou e foi pra a pia molhar o rosto.
Nossa...
Como ele nunca pensou nisso?
Eles realmente tinham, através do que lhes era um simples mapa para pegadinhas, dado a Harry... o único contato com seu próprio pai.
Isso era absurdo e o fez ter uma vontade gigantesca de ter um quadro seu. Quer dizer, ele não sentia que tinha que deixar um desses para alguém. Remus talvez não fosse querer algo do gênero (no caso de Sirius partir cedo e antes que ele próprio), afinal serviria para ficar lembrando-o do passado, o acorrentando a um cadáver, impedindo que seguisse em frente e conhecesse alguém. Nunca desejaria essa tortura para o namoro, preferiria que achasse outro.
Ou outra, que fosse.
E superasse. Fosse feliz de novo.
Era o que o animago sempre pensou sobre essas coisas. Inúteis, além de incomodar os vivos e seus sucessores depois deles. Mas... ouvir Harrison falando como os Potter não tinham exatamente a única chance dele de entender a própria família...
Aquilo quebrou seu coração em pedaços muito grandes.
Ou absurdamente pequenos. Para que fossem vários caquinhos impossíveis de colar.
Sirius sempre teve todos os detalhes sobre suas origens e nunca ligou para isso, pelo contrário, o irritava, mas exatamente por estar ao alcance da mão, nunca entendeu a importância que era para alguém que não tinha ninguém para lhe passar sua própria história...
Imediatamente pensou em Regulus e teve a certeza de que, se não parasse de pensar naquilo, estaria oficialmente aos prantos e destruído.
O que não faria agora (talvez qualquer coisa fosse uma troca justa nesse ponto) para que o irmão tivesse sido pintado.
Os dois.
Regulus o ajudaria, não ajudaria? Mesmo com a raiva, que provavelmente ainda mantinha de Sirius por tê-lo deixado, Regulus era perfeito. Jamais deixaria que a casa Black fosse mal administrada. Sirius o colocaria no escritório com ele e teria assim alguém realmente capaz, que aprendeu tudo que devia e o ensinaria, mas não da forma que Walburga ou Orion adotaram. Regulus não o faria se sentir péssimo. Ele teria paciência e toda a inteligência para tornar Sirius bom.
Alguém que ouviria com toda atenção seus problemas, poderia torna-lo um lorde adequado, mas também o apoiaria depois de tudo, o faria se sentir em casa depois que o perdoasse.
Reggie também teria amado Harrison.
Praticamente podia imaginá-los conversando e zoando Sirius por suas gafes em qualquer evento social, porque o afilhado o deduraria para o irmão, que o insultaria aos montes por não ter se esforçado o bastante nas aulas, apontaria que estava sendo medíocre quando podia ser mais, só que nunca faria o suficiente para magoar.
Nunca para fazê-lo sentir-se inferior. Apenas educando seu consanguíneo tolo. Ele teria amado, seria simplesmente... tudo.
Harrison não tinha nada.
Nada além do mapa.
- Muito bem, essa é a deixa para eu buscar mais vinho – comentou Lakroff para tentar acalmar o clima, vendo como Sirius tremia e Remus parecia momentaneamente incapaz de abrir seus próprios olhos.
- Essa é sua solução? Ficar bêbado? – reclamou Marvolo revirando os olhos.
- Essa é a solução rápida para qualquer problema emocional, Tommy.
- Inferno, Grindelwald! Vou começar a te chamar de Albert!
Sirius já tinha tirado o rosto da água e se virado para a mesa, então conseguiu ver como a expressão de Lakroff imediatamente mudou.
Remus, por outro lado, não viu apenas a feição do lorde Mitrica se tornar sombria, ele sentiu como seu cheiro ficou mais forte.
Considerando que suas narinas estavam estranhas, aquilo era um sinal gritante de injeção de adrenalina.
As mãos do loiro mais velho tremeram quando ele levou uma delas lentamente para sua nuca e apertou, o suficiente para a pele ali ficar vermelha, fechando os olhos e inspirando fundo, uma tensão tão forte e incomum no corpo que assustou muito o casal que nunca o vira assim. Ele movimentou a região e ela fez um estalo alto, mas ele continuou apertando quando murmurou:
- Pode deixar, não o chamo mais por qualquer apelido – e se afastou.
Sua voz não era nem uma lâmina de gelo. Era uma nevasca completa. Queimou a pele como se rasgasse com rajadas de vento com gelo, fez cada parte das pessoas ali se arrepiarem e os corações dos namorados erraram uma batida.
Harry olhou para Tom e viu, pela forma que o companheiro reagiu, que havia entendido e se arrependido daquele comentário. Ele imaginou que Marvolo ficaria quieto e esperasse Lakroff se acalmar, eles sabiam que logo jogaria seus traumas para o fundo da mente e os ignoraria, como sempre fazia, mas se surpreendeu com o moreno se levantando e indo até a cristaleira junto do Grindelwald.
- Você não vai pedir desculpas, vai? – brincou Lakroff com a voz já totalmente leve, realmente sorrindo.
Lá estava. A máscara de bom moço de volta nos parâmetros. Suas emoções completamente descartadas numa velocidade que Riddle dificilmente viu mais alguém demonstrado com tanta maestria.
Não enganaria Tom com ela, entretanto. Já tinha visto o suficiente do verdadeiro para cair nessa. Mais de seis anos convivendo diariamente através de Harrison, mas sempre lá.
- Eu nunca me desculpo, Grindelwald. Enlouqueço antes de chegar a esse ponto com alguém como você, ainda por cima. Se um dia acontecer, pode matar, não sou eu em absoluto.
O loiro riu daquilo, o som parecia o mesmo de sempre. Só que não era. Riddle sabia.
- Então o que está fazendo?
- Escolhendo um vinho decente porque você, Lakroff Mitrica, é péssimo com isso.
- Que absurdo! Perjúrio completo!
- Sim, sim, claro. Vindo de alguém que certamente estava para pegar um tinto, quando esta, além de ser a opção versátil usada para quem não pensa além do comum e irrisório, está claramente errada considerando o ótimo Rosé Sangiovese bem ao lado.
- Um Sangiovese? Mas...
- Você não queria curar o emocional fraco desse grupo de desajustados com álcool? Um mais encorpado é necessário, use o cérebro! Sei que ainda sobrou um pouco aí dentro.
- Olha que fofo, acho que esse foi o maior elogio que você deu para a minha cabeça até agora – comentou pegando a garrafa e se aproximando de Tom.
Marvolo não se afastou, continuo encarando-o em desafio.
- Espero que tenha gostado, é o máximo que minha simpatia a você permite.
- Adorei, meine liebe schlange – sussurrou em alemão.
(Adorei, minha querida/amada cobra).
Tom podia jurar que teria tremido, se não fosse ótimo em manter qualquer reação apenas para si. Se odiou pelo primeiro, comemorou pelo segundo.
Jogou para o fundo da mente a impressão de que nunca antes achou a língua alemã tão atraente.
- Ich gehöre nicht zu dir – respondeu na mesma língua levando a mão até a garrafa, para pegá-la, mas Lakroff estendeu o braço impedindo o movimento e fazendo Tom se aproximar mais para tentar alcançá-la.
(Eu não sou seu/eu não pertenço a você).
- Die Lieblingspflanze meines Enkels – falou pausadamente, sem cortar o contato visual, o braço ainda no ar.
(A planta preferida do meu neto).
- Glaubst du ich interessiere mich? – questionou dando ainda mais uma passo a frente.
(Você acha que eu me importo?)
Agora eles estavam a questão de centímetros um do outro, se balançassem um pouco, seus peitos se chorariam, se expirassem muito forte, o ar tocaria o rosto do outro.
Lakroff, sem perceber, prendeu a própria respiração.
- Eu sei muito bem quem sou e qual o meu valor - comentou Tom firme e o ar que saiu dele era gélido, confirmou a teoria do Mitrica e lhe gerou uma onda de arrepio que seguiu até os pelos das pernas. - O capacho de homem aqui é você - provocou firme.
O Grindelwald poderia pensar em muitas respostas espirituosas para aquilo, muitas que deixariam aquele engomadinho totalmente desconsertado e novamente uma bagunça raivosa.
Mas ele gostou. Tanto quanto a versão furiosa e infantil, gostou deste olhar confiante, da forma como, por terem quase o mesmo tamanho, estavam cabeça a cabeça e mesmo assim Riddle conseguia olhá-lo como se estivesse por cima. Estava tentando reduzi-lo, mas não por acha-lo menor, era exatamente por vê-lo como um igual digno que estava recebendo aquele tratamento de desprezo.
Sorriu e ofereceu a garrafa, que Marvolo pegou no mesmo momento, mas manteve firme entre as mãos para perguntar, sem que o outro tivesse tanta chance de se afastar agora:
- Te incomoda tanto a forma que te chamo?
Tom suspirou e, desta vez, ele mesmo aproximou os lábios do ouvido alheio para dizer:
- Você não é o único com problemas com os pais, Grindelwald.
Aquela impressão de antes voltou. A quase certeza de Lakroff que ele e Tom se entendiam, mas justamente nas piores partes de suas vidas.
Torceu internamente que a forma como todos os seus pelos tornaram a se arrepiar foi exatamente por isso, não qualquer outro motivo mais irritante que o fizesse estar segurando o impulso de agarrar a cintura de Tom Riddle e mantê-lo no exato lugar em que estava, onde aquelas lufadas de ar gelado o atingiam junto com a beleza de sua voz.
- Sou só melhor que você em ignorá-los. Esquecê-los – acrescentou Marvolo, se afastando um pouco, mas apenas um pouco, como se não visse um motivo para não estar ali.
- Vai beber conosco? - ofereceu Lakroff, um tanto distraído.
- Eu passo – e puxou a garrafa.
Grindelwald decidiu enfim soltar o vinho e permitir que Riddle seguisse até a mesa, faria bem para seus próprios sentidos. Tentou não olhar para as malditas pernas que ainda podia imaginar entre os dedos enquanto o outro andava.
Igualmente evitou olhar para a bunda redonda...
E para os sorrisos e expressões em Harry, Sirius e Remus, muito sugestivas.
- Estávamos falando dos planos do lorde das trevas? – questionou olhando para o neto.
- Você só pode estar de brincadeira! – ralhou o menino rindo. – Claro, vamos voltar para meus planos de dominação mundial. Quem é o próximo dos ministros a sugerir algo?
Sirius e Remus ainda trocaram olhares antes de ambos rirem baixinho e decidirem que era melhor não comentar mesmo.
Eles quiseram voltar a falar sobre o mapa, também entender o que havia de tão errado com o nome Albert para Lakroff reagir daquela forma, mas ambos, internamente, preferiram manter o clima agradável. Jogaram aquelas coisas para (talvez) algum momento futuro e focaram no presente.
- A propósito... – chamou Padfoot.
- Sim?
- Eu estava pensando... você poderia libertar qualquer herdeiro?
- Bem, sim, eles foram jurados como parte de uma casa a minha casa, como eu havia explicado.
- Você pode libertar Severo Snape então?
Remus se surpreendeu muito com aquilo, mas depois imaginou que Sirius só estaria preocupado com um comensal tão perto do afilhado. Mesmo que...
Bem... Não faria tanto sentido tendo Karkaroff, não é?
- Eu não me importaria, de certa forma eu tenho algum tipo de dívida com o homem...
- Como assim? - questionaram os dois do casal.
- Longa história, mas em resumo... quando Voldemort decidiu que mataria os Potter, Snape pediu pela vida da minha mãe. O interessante é que Voldemort atendeu. Na noite de Samhain, quando ficou diante de Lilian, Voldemort lhe deu a escolha de ir. Ele realmente insistiu que ela saísse, mas minha mãe se recusou. Ele ficou bravo e é um homem bem instável bravo, como já mencionamos na conversa, desmaiá-la também não haveria de funcionar, ele teria uma viúva irritada lhe perseguindo, então o lorde desistiu de cumprir uma palavra com um simples comensal e a matou. Isso que salvou minha vida.
- Como é?
Os marotos preferiram nem pontuar a frieza com que o menino falava do tema.
- Minha mãe, o ritual de sacrifício que ela fez, precisava que uma pessoa se sacrificasse de livre vontade para poder proteger outra. Não seria sacrifício se ela já estivesse condenada, mas Snape pedindo por sua vida, lhe deu escolha. A escolha permitiu que ela fosse o sacrifício para colocar uma magia de proteção antiga em mim. Meu sangue me protege de Voldemort. Ele não pode me tocar sem se ferir, se for considerado um risco a mim. Até onde se sabe, é claro, não é como se eu tivesse testado...
Tom segurou a risada. Aquela proteção era o inferno de sua vida, em muitas situações.
- Isso é... – Sirius não tinha palavras.
- É claro que, Severo pediu apenas por minha mãe. Não vou dizer que foi fácil pedir algo assim ao Lorde das Trevas e sei que se ele pedisse por qualquer outro em casa, então seria negado no ato, Voldemort precisava dos Potter mortos. Lilian era Evans, podia ser desconsiderada. Entendo os motivos do professor de poções. Voldemort poderia poupar a mulher que nada tinha a ver e matar só os Slytherin problemáticos, apesar de que não acho que ele saiba dessa parte, e o menino da profecia. Mesmo assim, sei que ele não estava tão preocupado comigo ou com meu pai.
- Bem...
- Também sei que meu pai tem parte da culpa no cartório, ele maltratou por anos o homem. Todos foram pessoas péssimas jutos, não estou julgando a decisão que um bando de adolescentes fez para a vida e as amarguras que carregaram. O fato é que o homem não me cheira mal, nem bem... ou melhor, ele me cheira mal, trata de forma cruel sem necessidade crianças, pelo que Neville contou, é rude e tem pouco ou nenhuma paciência para ensinar, mesmo que seja exímio em sua área. Eu repudio várias de suas atitudes como profissional da educação, mas entendo outras. Entendo que queira desenvolver independência nos alunos, mas chega a beirar o absurdo em alguns casos. Claro, é uma falha de Dumbledore também por não dar qualquer treinamento para seus professores e nem observar suas aulas para poder guiá-los um pouco que seja. Snape também não foi cruel ou desnecessariamente antipático comigo em nenhum momento, em sua aula eu era só mais um aluno todas as vezes, então... De novo... não cheira muito, para nenhum dos lados.
"E ele tem uma jura comigo" acrescentou mentalmente, uma vez que tinha notado a ligação da alma do professor de poções consigo e rido muito internamente, pensando como podia tirar vantagem disso.
"Não é você que não queria tirar vantagem das pessoas?" questionou Tom em sua cabeça.
"Dos meus amigos, Tommy" esclareceu.
"Você não comece!" irritou-se, quase bufando de verdade.
- Como você sabe todas essas coisas? – questionou Remus com uma expressão perspicaz.
Harrison, porém, deu de ombros (afinal, ele era um Grindelwald, isso deveria bastar).
Tom, entretanto, sabia que Remus não entendia a extensão disso. Uma ideia lhe veio, resolveria o problema se soubesse como usá-la. E se Harrison era um Grindelwald, Tom era Voldemort, ele saberia exatamente como lidar com mais um lobisomem, um racional ainda por cima.
O menino continuava:
- Soube ainda que Snape foi até Dumbledore igualmente pedir para ajudar minha mãe. Acho que ele não esperava que seu lorde cumprisse com a palavra e, ao menos, um bom amigo ele se mostrou. Traiu o lorde por Lilian, mesmo estando ambos brigados. De novo, não julgo que ele tenha ignorado o bebê que era o alvo de Voldemort, não havia o que se fazer, eu já estava condenado na cabeça de qualquer comensal, mesmo Dumbledore não poderia fazer nada nesse sentido, afinal se ele foi para o lorde das trevas é claro que ele não acreditava tanto na força de Dumbledore desde o começo. Ele devia estar desesperado para salvar minha mãe... Me irrita ser ignorado assim, só que para um comensal era lógica básica. Eu não podia ser salvo e ele não se importava com um simples bebê em comparação com uma mulher adulta que ainda tinha muito a oferecer ao mundo e que já conhecia.
- Acho que ele merecia ser torturado por não pedir por sua vida para a cabra velha... - comentou Tom olhando suas unhas novamente e Lakroff riu de como os outros reagiram, novamente, aos comentários daquela horcrux.
- Mesmo, é? Qual seria o sentido dele fazer isso?
- Sei lá? Ter um caráter um pouco menos duvidoso? Ele estava pouco se importando que a família da mulher morresse.
- Você está pedindo caráter de um comensal e numa guerra, ainda por cima? Onde todos perdiam entes queridos constantemente? Ele entendia de lealdade, ele foi leal a amiga, não espere bondade de alguém que apoiava a matança de pessoas iguais a essa mesma mulher. Pior ainda: você está falando de caráter depois desse comentário?
- Eu nunca disse que prestava, ele jurou diante de um parlamento que sim.
Harrison sabia que Tom estava irritado que Severo, que foi criado por um trouxa abusivo, ignorou Harrison como todos os outros. Tom culpava o mundo todo pelo que aconteceu a Harry.
O menino era indiferente desde que, assim como fizeram quando precisou, continuassem longe de seu espaço pessoal ou arcariam com as consequências.
- Mas também não sabemos se ele não pediu por mim para Alvos vários nomes...
- Duvido muito.
Sirius também, mas Harrison tinha alguns pontos ali para justificar a atitude do ranhoso e o animago estava vendo que não era uma pessoa tão desprezível assim, então...
Mas como Thomas sabia disso? Ele falava como se conhecesse Severo, mas não estudou com eles.
- Dito isso, Alvos não aceitaria que um comensal, um que era um tipo espião - continuou Harry olhando para o padrinho. - Como aliado seu assim fácil, ele não é tolo, é um guerreiro grifinório querendo ou não. Acredito que pode ter feito Snape jurar de alguma forma antes de aceitar que realmente trocou de lado.
- Você acha que ele está jurado a Dumbledore?
- Não a Dumbledore. Não acho que um comensal, nessa situação, seria tolo o bastante para jurar a outro senhor e sendo ele Alvos Dumbledore ainda mais. Talvez só a algo. Um objetivo em comum a qual poderia ser leal. Se você pudesse descobrir seria bom. Quanto mais detalhes, melhor. Não posso libertar Severo e correr o risco dele se tornar um problema. Mas... de toda forma, acho que nem posso fazer algo em relação a ele...
- Por quê?
- Severo é um herdeiro Prince, mas ele jurou a si mesmo. Ele, Severo Snape, jurou a lorde Voldemort. Pessoa com pessoa.
- Como você sabe?
- Bem...
- Você não tem como ter certeza, não é? Se eu pudesse descobrir com ele que jura foi feita, você ainda poderia liberá-lo?
- Se a jura dele fosse familiar, mas não é o caso.
- Como você tem certeza?
- Eu o vi jurando – disse Tom.
Todos o encararam.
- O que?
- Severo Snape jurou como qualquer homem sem posses. A casa Prince não o deserdou diretamente, mas sua mãe sim, por ter casado com um trouxa. Harrison não tem como libertá-lo. Se ele quer trair o lorde, deve fazer por sua própria força... e risco. Mas não é como se já não estivesse acostumado, não é? Se sua preocupação é dele próximo de Harrison, o melhor é descobrir a nova jura dele e se isso protege Hazz ou não.
- Como assim você o viu jurando? - questionou sério.
- Eu estava lá.
- Mas...
- Eu era um comensal da morte – e virou a cabeça para olhar diretamente para Remus Lupin quando disse.
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
Gostaram? Espero que sim. Por favor, me deem suas opiniões.
E, a propósito, queria dizer as pessoas maravilhosas que fazem comentários grandes que parecem discursos que eu amo muito cada um deles, eu tenho vontade de imprimir e colar na minha parede, mas nunca sei o que responder porque acho que nada do que digo é o suficiente para a dose de felicidade que vocês me deram. É isso, desculpem ;-;
Vou tentar a parte três ainda essa semana, mas não posso prometer porque mesmo nas férias o pessoal do meu trabalho fica me ligando pedindo para fazer coisas e eu sou trouxa.
É isso. Beijos e boa noite (esse saiu cedo, olha só)!
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro